_ Não me de outro susto assim. – Disse me aproximando de seu rosto e o beijando – Eu preciso de você, nem que seja pra brigar.

Dylan se afastou um pouco do meu beijo e me olhou confuso, depois olhou para seus pais.

_ Alguém pode me explicar o que aconteceu? – Ele perguntou olhando para mãe.

_ Não lembra? – Sandra perguntou e olhou preocupada para Alfredo.

_ Lembrar? Eu devo me lembrar de algo que me fez parar aqui nesse hospital não é? – Dylan olhou ainda confuso.

_ Dylan, você sofreu um acidente de carro. – Alfredo falou calmo.

_ Meu anjo, qual é a ultima coisa que lembra? – Sandra perguntou.

Dylan levou as mãos à cabeça e fechou os olhos com tanta força, de repente as máquinas começaram a apitar mais, aquilo não era um bom sinal.

_ Ah.. – Ele arfou de dor – Eu não sei. Está tudo confuso, mãe. Minha cabeça dói.

_ Vou chamar um médico. – Alfredo disse correndo.

_ Calma querido, não precisa pensar nisso agora. – Sandra tentava o acalmar.

_ Você só precisa se concentrar em melhorar. – Disse segurando suas mãos.

_ Ah , está doendo. – Ele disse passando a mão sobre a cabeça.

De repente um médico chegou ao quarto e pediu que saíssemos me deixando mais preocupada

...

Sentei ao lado de Carol em seu quarto, ela dormia tranquila, e Daniel se concentrava em um livro, enquanto eu olhava para o nada.

_ Sabe, esse livro é um saco!- Ele disse jogando o livro em cima de uma mesinha e sorri fraco.

_ Então, por que ta assim? Pensei que estaria mais animada, Dylan acordou.

_ Eu estou feliz. Mas é que ele esta diferente.

_ Ele está confuso, parece que não lembra do acidente. E os médicos não sabem ainda o quanto ele esqueceu.

_ Será que ele esqueceu mesmo de mim? – Falei apavorada e Daniel riu.

_ Ele mesmo falou que estava casado com você.

_Não seja boba, ele só esta meio que perdido com o trauma do acidente. – Ouvi Caroline falar e levei a mão no peito como um susto.

_ Você não estava dormindo? – Falei olhando para ela meio que tonta com o susto.

_ Como se fosse possível com vocês dois tagarelando. - A loirinha disse revirando os olhos e sentando na cama.

A mulher com um jaleco branco que tinha feito o coração de Caroline funcionar novamente entrou no quarto com um sorriso animado e simpático.

_ Oi doutora Meyer! – Carol disse animada – Me diga que me veio me dar alta?

_ Vim fazer alguns exames que podem nos responder isso.

...

Entrei no quarto e tudo estava silencioso, ouvia apenas a respiração de Dylan enquanto ele dormia, os médicos passaram o dia com Dylan e só agora podia vê-lo melhor, sentei na beirada de sua cama e peguei sua mão.

_ Desculpe pelo susto. – Dylan disse me tirando de meus devaneios.

_ Como está se sentindo? – Perguntei.

_ Bem, na medida do possível. – Ele disse tentando se ajeitar na cama, mas tive que ajudá-lo.

_ Desculpe por fazer você passar por isso. – Ele disse com a voz tremula.

_Não precisa se desculpar por isso, eu gosto de cuidar de você. – Falei beijando seu rosto e ele sorriu.

_ E o nosso bebê? – Ele disse passando a mão na minha barriga.

_ Está bem, forte como o pai. Ouvi o coraçãozinho dele ontem.

_ Espero que ele não herde minha irresponsabilidade. – Dylan deu uma risada rouca.

_ Então lembra do acidente? – Perguntei.

_Não muito, mas lembro de beber muitos copos de vodka com a Barbie. Sabia que somos amigos agora?

_ É, fiquei surpresa quando soube que ela estava no carro com você e não foi isso que fez o carro explodir. – Falei rindo.

_O quê? – Dylan perguntou chocado – Caroline estava comigo.. Ah meu Deus. Como ela está? – Ele perguntava ansioso e culpado.

_ Ei... Ei – Disse o segurando e mantendo ele na cama e impedindo ele de arrancar os tubos de oxigênio – Está tudo bem com ela, acho que pode até receber alta hoje.

_ Droga, eu sou um idiota. – Ele disse ainda com a respiração descompensada.

_ Sem sombra de duvida, mas é o meu idiota favorito. – Daniel disse aparecendo na porta do carro.

Dylan sorriu animado ao ver o melhor amigo.

...

As risadas de Daniel e Dylan ecoava todo o quarto, talvez todo o hospital, os dois conversavam tanto que pareciam não se ver a mais de um ano, observava os dois pela janela do quarto.

_Ele não se lembra do acidente não é? – Caroline disse se aproximando de mim.

_ Não muito, mas ele lembra um pouco da festinha que vocês fizeram no dia. – disse a encarando e soltei uma leve risada.

_ Eu tinha contado pra ele que minha mãe estava com câncer e então ele me apresentou o Sr. Whisky. – Ela disse rindo.

_ Contou pra ele? – Falei chocada.

_Foi espontâneo, eu só soube que podia contar pra ele. Somos bons amigos agora sabia? – Ela disse com um sorriso no rosto.

_ É, ele se lembra disso também. – Falei fazendo cara de tédio.

_Que bom, seria difícil a gente admitir esse elo de novo. – Ela disse rindo.

_ Eu não consigo aceitar que você contou pra ele e não contou pra mim. E mais, eu não consigo acreditar que você dois estavam com problemas e eu nem sabia.

_Não fica com ciúme, você é ainda minha melhor amiga. – Ela disse apoiando sua cabeça em meu ombro e olhando na mesma direção que eu olhava, vendo Dylan e Daniel conversarem.

_ Que bom, pensei que teria que esganar meu marido pra ter esse cargo de volta. – Falei a fazendo rir alto.

_ Então, vamos entra lá? – Ela disse me puxando para dentro do quarto.

_ Hey Sherman, soube que tiveram que abrir seu crânio, acho que os médicos devem ter se assustado com o tamanho minúsculo do seu cérebro. – Carol disse ficando ao lado de Daniel e perto de Dylan na cama e todos rimos.

_ Soube que seu coração parou por alguns instantes, mas vaso ruim não quebra. – Dylan disse rindo e a loirinha revirou os olhos.

_ Vocês não são amigos agora? – perguntei confusa.

_ E somos. – Os dois falaram juntos.

_ Mas é assim que somos amigos. – Carol falou com um leve sorriso no rosto. E desisti de tentar entendê-los.

_ Desculpe pelo acidente... Por quase me matar e levar você junto comigo. – Dylan disse cabisbaixo.

_ Não deve se lembrar de muito do acidente, mas eu também estava bêbada e eu te distraí da estrada. – Carol respondeu.

_ Ainda me lembro de você dançando em cima de uma mesa. – Dylan disse rindo e Carol corou.

_ Eu recebi alta e tudo o que eu mais quero é minha casa. – Carol disse suspirando e mudando de assunto.

_ Eu te levo pra casa. – Daniel disse dando um selinho nela.

_ Pelo menos pra uma coisa boa isso tudo serviu. – Dylan disse observando o mais novo casal que sorriu envergonhado

Os dois logo caminharam de mãos dadas para saída do quarto:

_ Daniel... – Dylan chamou e o mesmo o encarou de volta.

_ Oi?

_Cuidado. Se beber não dirija. – Dylan disse e Daniel revirou os olhos.

Os pais de Dylan logo chegaram ao quarto, depois Julia e Lucas que trouxeram pizza e inundaram o quarto de risadas e bastante farra, o que deixou Dylan mais confortável, pois antes o clima com os pais não estava nada muito legal.

_ Tenho que ir pra faculdade. – Julia disse dando um beijo no rosto de Dylan que logo fez careta.

_ E eu tenho que levá-la. – Lucas se pronunciou.

_Podia ficar mais um pouco. – Dylan pediu e olhou para os pais que estavam em poltronas opostas e se encaravam em fúria, Alfredo e Sandra ainda estavam brigados.

_ Desculpa, eu venho tolerando os dois há semanas, agora é sua vez. – Julia disse rindo e saiu de mãos dadas com Lucas.

Alfredo se levantou e foi até a cama perto de Dylan e logo Sandra também.

_ Não está na hora de trocar esses curativos? – Sandra perguntou olhando preocupada para o filho.

_ Quando estiver na hora, as enfermeiras virão. – Alfredo falou revirando os olhos e Sandra bufou.

_ Foi uma idiotice sair do bar bêbado e pegar o carro. Agora eu não estaria aqui nessa situação aturando vocês dois brigando. – Dylan reclamou pensativo.

_ Mas não se martirize, filho. A maioria das pessoas cometem idiotices depois que saem do bar, o seu pai, por exemplo, arranjou uma bastarda psicótica pra família depois de transar com uma vadia.

_ Estávamos separados na época, Sandra. – Alfredo falou irritado.

_ Não mesmo, nós tivemos uma pequena briga.

_ Uma pequena briga em que você não me deixou entrar na minha casa por dias.

_Bianca... – Dylan chamou perturbado pelas brigas dos pais.

_ Ah os pais são seus. – Disse continuando a folhear a revista em minhas mãos e sorrindo.

_ Acabou a hora da visita. – O Dr. Disse entrando no quarto.

_ Obrigado seres superiores. – Dylan disse dramático e suspirando.

***

Abri a porta de casa e com um pouco de dificuldade consegui entrar com Dylan apoiado em mim e caminhando bem lentamente. Alguns dias se passaram e sua recuperação vem sendo cada vez melhor.

A cada passo que dávamos para dentro de casa Dylan gemia de dor, além do trauma grave que sofreu na cabeça e que por fim estava melhorando, ele tinha lesões nas costelas e sua perna esquerda precisaria de fisioterapia para ele voltar a caminhar normalmente.

_ Eu fico aqui no sofá. – Dylan disse se apoiando no estofado e se deitando devagar, o ajudei com a perna colocando sobre uma almofada.

_ Sejam bem vindos! – Uma mulher de avental apareceu na sala e tinha um sorriso animador.

_ Ah.. – Dylan suspirou, acho que tinha se assustado – Quem é você?

_ Acho que deve ser a Maria não é? – Disse me aproximando e a cumprimentando. – Seu pai a contratou, ele acha que preciso de ajuda para cuidar de você.

_ É minha babá? – Dylan perguntou sarcástico e revirando os olhos.

_ Na verdade, vou ajudar com os seus remédios e cuidar da casa, Dona Bianca não pode ficar sobrecarregada por causa da gravidez, já não basta essas semanas estressantes. – Maria disse compreensiva.

_ Tudo bem. – Dylan disse por vencido.

_ E pode tirar esse “Dona” e me chamar só de Bianca. – Falei sorrindo pra ela que assentiu.

_ Vou preparar o almoço do Senhor Dylan então, acho que ele deve esta faminto, comidas de hospitais nunca satisfazem totalmente.

_ Exatamente, eu não aguento mais comer saladas e gelatinas de sobremesa. - Dylan disse bufando e jogando a cabeça para trás de forma dramática.

_ Ei toma cuidado. – Falei colando uma almofada sob sua cabeça, ainda tinha medo de interferir a recuperação da cirurgia.

_ Eu estou bem, amor. – Dylan disse me puxando e me sentando perto dele no sofá – Você deve se acalmar, Bia. Sei que passou por semanas difíceis ao meu lado e agradeço, mas precisa respirar, o pesadelo acabou, tudo bem?

Soltei todo o ar que tinha no pulmão e depois respirei de volta, relaxando. Me deitei com cuidado perto de Dylan que me puxou para mais perto e apoiei minha cabeça sobre o seu peito e sua mão acariciavam meus cabelos.

_Segunda feira foi marcada minha consulta para saber o sexo do bebê.

_ Isso é ótimo. – Dylan disse sorrindo, ele passou a mão em minha barriga e sorriu mais ainda empolgado – Ela está maior.

Nessas ultimas semanas eu estava evitando usar roupa apertada porque sim, minha barriga já estava aparecendo.

_ E eu vou ganhar aposta, vai ser uma menina. – Falei rindo.

_ Ah.. Ainda se lembra da aposta. - Ele suspirou rindo e então apoiei minha cabeça em uma posição em que pudesse ver seu rosto.

_ Está nervoso ainda?– perguntei enquanto ele brincava com os meus cabelos.

_ Ele ainda é apenas um pequeno serzinho em sua barriga, uma pequena saliência. –Ele falou encantado acariciando agora minha barriga com um sorriso bobo no rosto – Mas daqui a cinco meses eu vou segurar ele em meus braços, isso me deixa ansioso.

_ Tudo bem se te deixar nervoso também, confesso que eu estou morrendo de medo. – Falei e ele me olhou surpreso.

_ Que foi? Pensou que era só você que estava assustado? Eu vou ser mãe pela primeira vez na minha vida e tipo esse serzinho que está dentro da minha barriga... vai ter que sair.

_ Esta com medo do parto? Eu vou estar lá com você.

_ Ah acho que vai doer. – Falei juntando as sobrancelhas e suspirando.

_ Mas tudo vai vale a pena quando ele segurar o seu dedo com os dedinhos dele.

Dylan sentou no sofá cuidadosamente e me colocou em seu colo e levantou minha blusa até os seios e começou a beijar minha barriga.

_Você pode até nascer com meus cabelos e minha marra, mas vai ter os olhos de sua mãe. – Ele disse conversando com o bebê no intervalo de seus beijos. - E eu serei o melhor que puder, só pra te ver bem. Você é o meu futuro agora.

***

Entrei em casa empolgada, queria contar para Dylan o resultado da consulta no hospital, ele tinha ficado chateado por ainda está de repouso e não poder ir comigo, mas ele estava ansioso.

Eu estava emocionada, minhas pernas ainda estavam bambas podia sentir isso enquanto subia as escadas, ouvir o coraçãozinho do bebê foi a melhor coisa eu poderia ouvir. Com um sorriso bobo e largo no rosto que não queria se desmanchar de jeito nenhum, eu saltitava pelas escadas até chegar à porta do quarto e abri-la.

Dylan estava envolvido com o vídeo game e mal notara que eu entrei até eu fechar a porta e ele me ver. Ao mesmo tempo ele jogou o controle no chão e se posicionou na cama me olhando atentamente.

_ E aí? – Ele perguntou.

Fiz o caminho até a cama, de forma silenciosa, reprimindo o sorriso que tinha, fui tirando a sandália de forma tranquila, atiçando mais sua curiosidade.

_ A doutora disse que apesar de todos os riscos, eu estou saudável, me alimentando bem e tudo vem contribuindo muito bem para o bebê.

_ Isso é ótimo, ele... ou ela está saudável. – Ele disse assentido com a cabeça várias vezes, era notável sua curiosidade.

_ É perfeito, o coraçãozinho bate forte. - Disse fugindo de seu principal questionamento.

_ Você ouviu o coração dele ou dela? – Ele falou soletrando lentamente a frase e sorri dessa vez.

_Ouvi, foi a melhor coisa do dia. Quer dizer depois a doutora me contou algo que me fez mais feliz ainda.

_ Então é menina? – Ele perguntou ansioso com os olhos arregalados e se aproximando de mim.

_ Aí com essa noticia, eu já pensei em toda decoração do quartinho, mas acho que devo chamar Caroline pra fazer isso, ela é tão boa com decoração. O que você acha? – Perguntei me aproximando de seu rosto o provocando.

_ BIANCA! – Ele gritou irritado e gargalhei – Eu não to nem aí pra Barbie design. Quero saber o resultado. É menino ou menina?