A Coroa Olimpiana - Interativa escrita por not found, Candy Blue


Capítulo 31
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, aqui está o tão esperado capítulo! Espero que vocês gostem ;) Nos vemos nas notas finais!



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Tudo aconteceu rápido demais.

Nicolas mal havia gritado e a faca mal havia sido enterrada no seu peito quando uma multidão de monstros surgiu dentre as árvores. Como tantos monstros não foram vistos? Truques da Névoa ou algum mistério que a mitologia não pode explicar.

Hermes foi mais rápido que Helena, lutando contra os monstros com o seu caduceu que havia virado uma espada, impedindo que se aproximassem de Nicolas.

A princesa, de início, arregalou os olhos, surpresa. O que estava acontecendo? Mas não demorou muito para entender, afinal, sabia que gritos do seu meio-irmão só podiam significar duas coisas: monstros e mortes.

Lutando contra a sua vontade de gritar, de chorar, de avançar pelos inúmeros monstros, bater com todas as suas forças ou de dar um belo dedo do meio para eles, apenas ajoelhou-se ao lado de Nicolas. Retirando cuidadosamente a faca dele e tentando estancar o sangue com pedaços da camisa do próprio, a garota entoava doces sentenças de apoio. Mas era um caso perdido. O semideus estava morto.

Na velocidade da luz, o próprio Minotauro apareceu e pegou Nicolas. Helena, em um salto, ficou de pé e bateu no monstro, mesmo isso sendo inútil, pois os seus fracos braços não eram o suficiente para machucarem os exuberantes músculos do homem touro.

– Tadinha, acha que realmente conseguirá deter o Minotauro sem ao menos uma arma... – Uma voz sussurrou no ouvido da princesa e ela logo reconheceu como o do ciclope que matou Alessandra.

O monstro agarrou Helena, prendendo os seus braços e tirando os pés da garota do chão, de modo que a maior defesa dela fosse o seu insuportável grito e o chamado de socorro, mas ninguém poderia socorrê-la: Nicolas estava morto, Hermes desmaiado e a civilização quilômetros de distância.

A garota sentiu uma forte dor de cabeça, algo havia atingindo-a. E, relutantemente, fechou os olhos. Tudo estava escuro.

...

Helena estava no mundo dos sonhos, evidentemente desacordada. Na sua cabeça, ela revia a morte de Nicolas, de Alessandra, de sua mãe e os seus piores pesadelos. Era como se o pior dos monstros tivesse entrado na sua cabeça.

Então o ar foi sugado do local, os seus gritos sufocados, sua capacidade de movimentar impossibilitada e a escuridão pairando sombriamente. Será que agora, era a vez de Helena morrer? Não. A princesa lembrava exatamente daquilo e sabia o que estava por vir.

Apesar dela ainda estar na escuridão, conseguia respirar, falar e movimentar-se normalmente. Então uma luz prateada surgiu aos fundos, tomando forma aos poucos, até virar a alma de Alessandra.

O coração de Helena queimava de felicidade.

– Ale, Ale! Você não vai acreditar no que aconteceu... Ah, minha irmã! – A princesa falou com todo o esforço possível, pois não tinha folego o suficiente para pronunciar palavras e as lágrimas atrapalhavam os seus pensamentos.

– Ah, eu sei sim. Muuitos monstros te atacaram, certo? E pelo visto, as coisas não vão muito bem para você. – Alessandra falou calmamente, a sua voz soando como um sussurro.

– Como... Como você sabe?

– Fala sério! O Tártaro também é no Mundo Inferior e não é nem um pouco difícil perceber uma multidão de monstros saindo dele, sabe? E a notícia que eles iam te atacar vazou entre os mortos. Em qualquer caso, eles podem ser poderosos, mas são muito idiotas para escaparem tão facilmente assim... – A fantasma fala, olhando para os lados, como se certificando que ninguém mais estava por perto para ouvir o resto de sua sentença. – Por isso, acho que tem alguma outra pessoa colaborando com eles, e com certeza não é alguém de brincadeiras, afinal, o Tártaro não é nem um pouco fácil de abrir.

Helena assentiu com a cabeça.

– Entendi... Tem alguma suspeita de quem seja?

– Infelizmente, não. Mas tenho uma proposta: Hades me deu a permissão que, se você aceitasse, eu poderia compartilhar o seu corpo com você para te ajudar.

– Você está dizendo que Hades te deu a permissão para me possuir?

– Não seria exatamente possuir, já que você ainda teria total controle, eu seria como... Um extra, alguém por você recorrer. Mas seria por apenas seis horas, Hades não me deixaria passar disso.

– Eu não sei...

– Helena, confie em mim pelo menos uma vez! Sei que nunca bolei planos tão bons quanto você e nem sou tão inteligente, mas eu tenho certeza que dará certo. Por favor!

– Tudo bem. Acho que não tenho escolha de qualquer modo.

Então Helena abriu os olhos.

A garota ofegava, a respiração acostumando-se ao pouco ar do local. Ela estava numa pequena sala trancada, sem janelas e a única saída uma porta camuflada com a mesma cor das paredes: um verde pinho descascado. Várias goteiras formavam-se no teto, as gotas caindo no chão e o som repetido delas sendo uma tortura para os ouvidos.

O impressionante, porém, não era a sala, mas sim o conteúdo delas: três gigantes gaiolas enferrujadas, contendo em cada uma delas uma pessoa. Hermes, Nicolas e Helena.

O cadeado da gaiola está logo ali, por que você não tenta abri-lo? Alessandra sussurrou na mente de Helena.

– Talvez porque eu não esteja com a chave! – A garota exclamou. Provavelmente a chamariam de louca, pois mais ninguém sabia que Alessandra estava com ela, mas tudo bem, Nicolas estava morto e Hermes, desacordado.

Eu estou falando de quebrar.

Sério? Você acha mesmo que eu tenho forças para isso? Agora Helena conseguia sussurrar em sua própria mente.

Você não, mas eu sim. Eu sou um fantasma e tenho muito mais poder do que você pensa, irmã. Só que você está no comando, eu só posso lhe dar forças, não fazer coisas.

Tudo bem, tudo bem.

E, fazendo o que Alessandra pediu, a garota tentou quebrar o cadeado, separando, com as mãos, ao meio. De início, tudo parecia igual, mas então ela sentiu um formigamento nas mãos e uma gigantesca força apossou a si. Num segundo, pedaços de metal de um cadeado voaram pela sala.

– O... O que foi isso? – Hermes perguntou sonolento.

– Ah, fui só eu. – Helena falou sorrindo fracamente e, após sair de sua gaiola, quebrou o cadeado da gaiola de Hermes.

– Okay. Virou a incrível Hulka, foi?

– Mais ou menos isso. – Ela falou, para depois se sentar. Receber visitas de mortos por sonhos, dividir o corpo com a sua irmã e quebrar coisas mais duras que pedras aparentemente cansavam as pessoas. Quem poderia imaginar?

– Hum... Olá? – Uma voz fraca falou ao longe após demorados minutos.

– Mas quem...? – Hermes perguntou até olhar para a gaiola á sua direta. – Pelo raio de Zeus, Helena, olhe isso!

A garota preguiçosamente olhou para o local, afinal, não ouvira a tal voz e achava que Hermes estava com medo de alguma barata, mas então viu o que menos esperava.

Nicolas estava vivo.

– Deuses do Olimpo! Pelo elmo de Hades, pelo tridente de Poseidon, pelo raio de Zeus e pela vaca da Hera! Nicolas, você está... Vivo! Milagre, pessoas! Nicolas renasceu. – Helena falou estupefata, um sorriso na cara, esfregando os olhos, pois não acreditava no que via.

– Renasci que nada! Nunca estive morto. – Ele se argumentou. – E não tinha gaiolas mais confortáveis? Estou com dor nas costas de ficar nessa posição!

– Ah, me engana que eu gosto! É claro que você morreu, eu vi a faca ser enfiada no seu peito e você cair mortinho da silva.

– E você pode me dizer quem me matou?

– Naquela multidão de monstros? Você realmente acha que eu conseguiria ver alguém?

– Mas eu aparentemente “morri” antes da multidão de monstros, se bem me lembro. Então como você não viu ninguém?

Helena ficou em silêncio. Claro, até fazia um pouco de sentido, mas ainda assim não compreendia as palavras de Nicolas.

– Eu tenho uma explicação. – O semideus ditou após algum tempo.

– Pode contar, mas que seja rápida. Não queremos demorar. – Hermes avisou, olhando para a porta frequentemente, com medo que ela se abrisse e a multidão de monstros os engolfasse novamente.

– Então... Antes de eu embarcar na quadriga com vocês, Apolo veio falar comigo e me disse que viu parte do meu futuro e que eu precisava me cuidar. Por isso, ele me deu um remédio que me faria parecer morto por exatas vinte e quatro horas. O motivo, pelo que ele me falou, era que me queriam ver morto, então o melhor a fazer seria fingir morrer e depois, fugir.

Após a sua fala, Nicolas retirou do bolso da calça um pequeno frasco de plástico que aparentemente fora esvaziado, exceto por umas gotas persistentes no fundo.

Hermes assentiu com a cabeça.

– Sim, faz sentido. Para os outros não te matarem, você finge que morreu... Mas mesmo assim, ainda não explicou a faca.

– Ah, ela? Foi simples! Para parecer mais convincente, usei a minha bênção de Hécate para parecer que tinham enfiado uma faca em mim e para parecer que eu estava sangrando. Assim que desabei no chão, peguei o frasco enquanto me contorcia e, sem que ninguém percebesse, bebi o líquido.

– Nicolas! Deveria ter nos avisado! – Helena exclamou, apesar de contente.

– Me desculpe, mas eu queria que ficasse o mais real possível, e quanto menos pessoas soubessem, melhor.

A princesa sorriu e quebrou o cadeado da gaiola de Nicolas, para que este pudesse sair.

– Agora nós precisamos sair daqui, obviamente. E uau, da onde você achou essa força? Resolveu ser uma Mulher Maravilha?

– Eu também tenho uma pergunta. Por que vocês garotos só pensam em super-heróis?

– Não sei, pergunta pra Atena.

– Eu entendo que a conversa esteja bom, mas sabem, temos que sair daqui. – Hermes lembrou os dois irmãos.

– Ah, é mesmo! Um minuto e já quebro essa porta.

– Ou então, você pode me deixar abrir ela. Sabe, eu sou o deus dos ladrões. Consigo muito bem abrir portas.

– Então por que não abriu a sua gaiola?

– Primeiro porque eu estava dormindo e segundo porque quando nós, deuses, ficamos com a nossa essência aprisionada em um lugar, não conseguimos simplesmente sair.

– Isso é complicado, mas okay, abra a porta, Sr. deus dos ladrões.

O deus apenas revirou os olhos enquanto passava a mão pela porta, até depois de alguns minutos conseguir abri-la.

– Vamos. – Hermes instrui os outros. O trio andava na ponta dos pés.

A Medusa estava encostada na parede, apesar de usar óculos escuros, estava aparentemente cochilando. Provavelmente o papel dela seria cuidar dos prisioneiros, mas afinal de contas, todo mundo tem que dormir uma hora.

A construção onde se encontravam lembrava um castelo antigo, provavelmente de um cavaleiro das trevas, pois o local era feito de pedras escuras e frias, com pavorosas estátuas das mais horrendas criaturas.

Sem saber aonde irem, Hermes, Helena e Nicolas subiram a escada em espiral, que parecia nunca acabar. Eles passaram por corredores, esconderam-se atrás de pilastras para não serem vistos por monstros e viram as cenas mais estranhas: alguns monstros jogando baralho, sentados numa grande mesa ou criaturas das quais eles nem lembravam o nome dançando Macarena.

Depois de muito andarem, acharam, num fedido estábulos, os seus pégasos, sangrando e assustados, juntamente do que parecia ser as ruínas de sua quadriga.

– Cada um monte em um Pégaso e vamos embora daqui! – Hermes sussurrou para os outros.

– Nicolas, meu querido, você vai para algum lugar? – Uma voz rouca e fria surgiu dos fundos, logo em seguida a dona dela aparecendo: uma garota ruiva e antiga Selecionada, Caroline Vampirine. A garota mudara, pois os seus olhos expressavam raiva, a sua voz com uma dor que nunca viera antes.

– Carol, é... Você? Você é a responsável por isso tudo? – Nicolas perguntou incrédulo.

– Sim, Nicolas. Essa é a minha vingança.

– Vingança do que? Por eu ter te eliminado? Eu só fiz isso porque pensei que você gostasse de Apolo! Fiz isso pelo seu bem!

A garota apenas soltou uma gargalhada.

– Vingança dessa Seleção patética? É claro que não! Minha vingança é muito além disso! E agora, eu te quero mort...

Mas antes que ela pudesse terminar a sua sentença, caiu desmaiada no chão.

– Sabe, ela estava me irritando. – Helena falou com um pequeno sorriso. Enquanto a semideusa falava, a princesa aproximou-se por trás dela e deu-lhe um soco.

Sem precisar dizer mais nada, os três montaram em cada um dos três pégasos e partiram voando do local.

O meu trabalho aqui acabou, Helena. Agora vou voltar ao meu lugar. Alessandra sussurrou na mente de sua meia-irmã.

Não, espere... Helena também sussurrou, mas Alessandra já fora embora. Algumas lágrimas ameaçaram cair do olho de Helena, pois essa não sabia a próxima vez que veria a irmã. Mas não caíram, pois ninguém entenderia.

Depois de meia hora voando, os três finalmente chegaram ao Olimpo e, na sua entrada, Zeus os esperava, o rosto contorcido num misto de preocupação, raiva e alívio.

– Eu exijo explicações.


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Notas finais do capítulo

Eu estive pensando bastante, e decidi uma coisa: nas próximas duas semanas, não postarei novos cap. Por que? Bem, digamos que o meu estoque de cap. não está tão grande quanto eu queria, sem falar que como estou cheia de provas e trabalhos e vai ser difícil escrever nesse tempo, vou acabar ficando no prejuízo no final de tudo. Por isso, para não atrapalhar o equilíbrio de futuras postagens, não postarei nas prox. duas semanas.