O Príncipe dos Sonhos escrita por Lisie


Capítulo 5
A morte batera sua porta...


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/538730/chapter/5

“– Você realmente acha que ele vem? É apenas uma maçã.

– O que é uma maçã para quem está morrendo de fome? – um sorriso malicioso invadiu seu rosto e os dois seguiram rumo ao seu destino ”

Ryan e Luke eram parceiros e amigos desde criança. Ambos tiveram vidas sofridas, ambos buscaram o outro para se ajudar. Ryan era sempre o que planeja, porém medroso o suficiente para executar, sempre nervoso sobre qualquer coisa que acontecia em volta dele. Luke era o oposto: nunca tivera muito conhecimento sobre como bolar planos, mas nunca hesitou em lutar por aquilo em que acredita. A dupla dinâmica.

As coisas começaram a ficar mais sérias quando foram convocados para serem rebeldes. Pessoas que queriam mudar o lugar onde vivem: acabar com a fome e a miséria, ajudar aqueles de vidas infelizes; ou assassinos que acham que a melhor forma de salvar é matar. Talvez a dupla ficasse no mínimo assustada com um pedido inusitado, partirem de jovens miseráveis para grandes heróis. Mas nada disso aconteceu. Se tornar um rebelde já estava no sangue assim que nasceram e os dois apenas esperavam que uma chance aparecesse para que começassem a agir de fato. Nenhuma surpresa.

Daria medo saber que jovens de apenas 22 anos estariam dispostos a sequestrar um garotinho de apenas 10 anos só para conceder os desejos dos representantes rebeldes. Mas não se engane em pensar que são marionetes cruéis e sem coração... o que você sabe sobre eles?

**

A voz de Max sussurrando em seus ouvidos. Seu toque em sua pele. Os beijos doces e delicados em seus lábios... Talvez o paraíso não estivesse tão longe afinal.

O forte romance que existe entre os dois não se extingue mesmo quando estão ofegantes, com sono ou com aquele medo constante (esse também não acaba em momento algum) de serem vistos por qualquer membro da Realeza. Zoey nunca se sentiria segura em uma cama com Max, até que ambos tenham se casados e deixado todos cientes do amor dos dois. Zoey também não acredita que esse dia possa chegar a existir.

Quando o casal adentrou no quarto, eles botaram uma música para tocar, tudo na intenção de não se afligirem com qualquer barulho vindo do lado de fora. Era uma noite absurdamente especial para os dois: primeira vez em meses que não dividiam a mesma cama. Já estava na hora de acabar com a seca.

Bem, a música e a forte concentração nos dois naquilo que estavam fazendo contribuiu gravemente para que uma terrível cena acontecesse.

Os passos eram desesperados, porém repletos de delicadeza. Ela abriu a porta e surpreendeu os dois: a Rainha estava parada diante da porta, boquiaberta, sem se mexer. Um longo momento de tensão se espalhou pelo ar, o silêncio e os olhos arregalados da mãe deixavam tudo ainda pior.

Apressadamente, Zoey se cobriu com a coberta e saiu de debaixo de Max, com o rosto absurdamente vermelho de vergonha. A Rainha que estava de roupão, se esforçou para sair qualquer som de sua boca, mas a única voz que veio foi um ruído rouco e cheio de determinação e rigidez:

– Saia de cima da minha filha e honre seu miserável salário. Estamos sendo invadidos – a mãe de Zoey estava olhando ainda para filha, de cara feia, com os olhos se recheando de lágrimas de raiva. – E você Zoey, nem mais o pio sobre o que aconteceu aqui. Vista-se e desça comigo. AGORA.

**

– Nós temos que descer – Chris sussurrou para Jennifer – O quarto-do-pânico fica no subterrâneo. Vamos, não tenha medo.

Jennifer estava tremendo. Sabia dos ataques no palácio desde que se entende por gente, mas para ser sincera, nunca dera muita importância. Agora estava vivenciando um, observando pessoas desconhecidas burlarem todas as barreiras de segurança do lugar considerado mais seguro do país. Mesmo assustada e com Christopher quase gritando “Anda, Jennifer!”, “Se mexe!”, “Faça alguma coisa!” ou “Não podemos ficar aqui!”, a menina simplesmente não parava de pensar em como essa multidão de gente pode ter invadido o palácio, até mesmo depois da morte do Rei por um ataque rebelde no início do ano, há três meses.

O príncipe murmurou alguns palavrões e desceu as escadas que davam na biblioteca, segurando Jennifer a ponto de chegar a machucá-la.

– Me desculpe, mas você não sairia do lugar se eu não tivesse feito isso – Christopher virou para olhá-la nos olhos, ainda no pé da escada. – Apenas me siga, ok? – Falou rapidamente, com raiva e preocupação.

– Chris, pare – a menina, que já estava assustada, arregalou mais ainda os olhos e apontou para trás de Chris.

Virando-se lentamente, com o suor descendo pelo rosto, o príncipe avistou duas pessoas ilustres desconhecidas: uma garota de cabelos cacheados pretos na altura da cintura, pele morena e altura mediana e um garoto, aproximadamente da idade de Chris, com olhos levemente azuis escondidos por trás de óculos.

Chris imediatamente ficou em choque. Não por estar diante de assassinos, mas sim de outra coisa.

Foi paixão à primeira vista, a primeira paixão de Chris também. De repente, seu mundo parou de girar e Jennifer, que estava ao seu lado, parou de existir. Seu coração começou a bater mais rápido e um sorriso começou a surgir involuntariamente em seu rosto. Uma vontade de sair dali, se esconder morrendo de vergonha, confrontou com a outra vontade de ficar ali, olhando para ele, do jeito que todo apaixonado olha para seu amante: fascinado.

Mas o príncipe não pensou que se apaixonaria por alguém de fora da Seleção.

Por um rebelde.

Por um homem.

**

Ally acordou com um barulho entontecedor, de tão alto que foi. Saltou da cama em um pulo e foi guiada pelas criadas, que nem sabia dos nomes, para fora do quarto. Quando abriu a porta, viu que várias das outras portas no corredor estavam abertas e viu muitas meninas gritando, com medo, as palavras “ataque” ou, como era mais comum, “não quero morrer, chama a minha mãe”.

Ally Oddair já ouvira falar dos ataques antes. Aprendera com os pais que aconteciam desde a Grande Guerra, desde que o país se tornou Ilhéia. Soube, não há muito tempo, que o último ataque no castelo foi recente e que uma pessoa faleceu: o Rei. O pânico cresceu ainda mais no coração de Allison, que não se preocupava só com a própria pele: sua irmã, sua melhor amiga, sua única família, estava no castelo também. E Ally não conseguia vê-la.

Na hora em que pensou em sua irmã, vários pensamentos terríveis ocuparam sua mente, deixando-a ainda mais e mais nervosa. Soltou o braço de uma das criadas e saiu em disparada pelo corredor, batendo em várias selecionadas e serviçais no Palácio Real. Sabia qual era o quarto de Annie – na verdade, gravara o quarto de todo mundo – e correu para em frente ao quarto dela. A porta estava escancarada mas não havia ninguém dentro. Ninguém.

Antes de Ally começar a chorar desesperadamente, a menina avistou algo diferente no quarto, algo que não deveria certo. E realmente não estava. A janela que fica lá atrás estava aberta, como em todos aqueles filmes de terror que as irmãs assistiam escondidas quando eram menores. Mas agora não era apenas uma brincadeira; era real.

Ao adentrar no quarto, deu uma olhada embaixo da cama, no armário, nas gavetas. Quando Ally ficava muito nervosa, não fazia as coisas rapidamente. Muito pelo contrário, ela fazia tudo de um jeito mais devagar, como se a ficha não tivesse caído. Algo chamou sua atenção: a cabeceira, que normalmente tem um porta-retratos e um abajur (é padrão em todos os quartos) simplesmente estava vazia. Avistou o abajur derrubado no pé da cama, mas não viu o porta-retratos em lugar nenhum. Talvez não tivesse procurado em tudo...

Virou para trás, com a boca levemente aberta e um terror invadindo suas veias, congelando seu coração. O vento frio da noite continuava entrando no quarto, com as cortinas se mexendo de forma sombria. Ally começou a andar, passos silenciosos, devagar. Foi caminhando, caminhando, até parar em frente a porta do banheiro.

Abriu a porta e gritou.

As três criadas estavam mortas no chão e o porta-retratos estava do lado delas, com uma foto das irmãs e uma mensagem cravada bem na cara de Annie:

De duas iguais, só deve restar uma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou? Meio sinistro né? Comente!