POV DRACO

Antes que eu possa disfarçar minha cara de surpresa Blas me cutuca perguntando pra onde estou olhando e rapidamente lanço um sorriso.

“Então quer dizer que só porque você não consegue uma mulher elas estão escassas?” pergunto sarcasticamente olhando pra ele e me recompondo do choque.

“Olha, cara... As mulheres andam muito seletivas ultimamente, não é meninas?” Blas pergunta se virando para Ast e Pans.

Enquanto elas respondem lanço um olhar por cima do ombro na direção dela e surpreendo seu olhar chocado e a Weasley fêmea a cutucando e olhando na minha direção para também arregalar os olhos e deixar cair o queixo. Sorrio internamente pensando em como as mulheres são previsíveis.

“Viemos aqui para encher a cara ou não?” pergunto cortando o assunto dos três a minha frente. Pans bate palmas e se encaminha para o bar conosco atrás.

Agora consegui reparar o bar é pequeno, bem em estilo inglês. Intimista, com um bar na parede do fundo de fora a fora; à esquerda estão as mesas de sinuca sob lustres bem tradicionais e baixos; à direita ficam as mesas... Redondas, com bancos altos e com uma iluminação fraca.

“Perfeito para o pecado!” penso comigo mesmo enquanto peço minha primeira garrafa de cerveja.

“Acho que devíamos brindar...” digo abrindo um sorriso de lado enquanto todos concordam com as cabeças.

“À noite mais inconsequente de nossas vidas!” diz Blas sorrindo e levantando seu copo. Nenhum de nós pensa duas vezes antes de levantar nossos copos para batê-los ao dele.

POV HERMIONE

“Não pode ser, não pode ser, não pode ser!” penso desanimada. Gina está me cutucando e tudo que eu consigo fazer é ficar olhando para Malfoy como uma idiota. Antes que eu consiga me recompor, Gina olha para a mesma direção que eu e abre a maior cara de chocada da história! Então se vira pra mim e antes que ela possa falar eu explico tudo o que estava entalado: nosso encontro na rua ontem, o pedido de desculpas injustificado e a surpresa da simpatia dele.

“Eu não sei o que dizer!” Gina exclama e eu fico mais chocada ainda... Gina sempre sabe o que dizer.

“E, agora, coincidentemente, estamos no mesmo bar! Os meninos vão surtar!” olho por cima do ombro em direção à Rony e Harry conversando com Neville e Luna. Gina revira os olhos e começa a sorrir.

“Por que está se preocupando tanto com isso?” ela me olha estreitando os olhos.

“Gina, você sabe como os meninos são e as desavenças que sempre tiveram... Vai ser um milagre se nada de ruim acontecer essa noite.” Digo em um só fôlego. Gina fica pensativa por um momento e pisca pra mim.

“Eu tenho uma ideia... Mas enquanto não posso colocá-la em prática vamos pegar algo pra beber e procurar uma mesa pra sentar.” Ela gira em seus calcanhares e vai na frente até o bar pedindo algo com vodca pra ela.

“Eu quero uma cerveja.” Digo para o bartender que me trás uma garrafa. Aponto uma mesa para Gina que segue até lá e se senta enquanto os meninos vão atrás de uma mesa de sinuca disponível.

Pensando no quanto essa noite pode dar errado viro a garrafa de cerveja na boca.

POV DRACO

A noite está bem divertida, na verdade. Astoria e Pansy beberam tanto que começaram a dançar se esfregando uma na outra bem no meio do bar. Por um momento pensei que fosse dar briga quando o Weasley pobretão e o idiota do Potter repararam nelas... Mas estavam tão bêbados quanto. Pra ser sincero, acho que o único menos bêbado naquele grupo era eu. Blas já tinha sumido com uma loirinha pra algum canto escuro do bar e eu estava apoiado no balcão olhando pra cada pessoa que vinha pedir algo tentando ver se alguém me interessava.

Até que uma mulher se apoiou no balcão com um vestido preto, justo, que denunciava as suas curvas acentuadas. O cabelo caía como uma cortina escondendo seu rosto de mim e ela ficava na ponta do pé, que calçava um sapato vermelho com salto agulha, apoiando a barriga no balcão pra ser notada e atendida rapidamente. Eu cheguei ao seu lado silenciosamente e coloquei a mão devagar na base de sua coluna aproximando minha boca de sua orelha.

“Devia ser um pecado com pena perpétua uma mulher ser tão linda assim!” disse roucamente.

“Então você pode me prender!” ela respondeu sensualmente virando-se com os pulsos estendidos em minha direção até olhar, de fato, para meu rosto. “Malfoy!” ela disse assustada se afastando dois passos de mim.

“Granger!” eu disse chocado. Ficamos os dois parados nos encarando e pesando a situação constrangedora em que nos encontrávamos.

“Finja que isso não aconteceu.” Ela disse pegando os copos do que tinha pedido do balcão e virando-se para voltar à mesa que estava instalada com a ruiva. Segurei seu ombro levemente obrigando-a a parar e se virar para mim.

“Por que eu deveria?” perguntei petulante.

“Malfoy, isso não... Não deveria acontecer. Não é normal!” ela disse ultrajada.

“Normal? Não é normal um homem e uma mulher se sentirem atraídos um pelo outro?” rebati.

“Atraídos? Não estou bêbada suficiente para isso, Malfoy. Não estamos mais na escola, conversamos e acertamos nossos pontos ontem, e abrimos trégua mas isso não significa que eu goste de você!” ela apontou com um olhar frio.

“Ótimo, Granger. Porque nem em outro mundo eu poderia pensar de me sentir atraído por você!” disse gélido. Ela arregalou minimamente os olhos, levantou a cabeça orgulhosamente e se virou para voltar à mesa. Eu a acompanhei com o olhar durante todo o percurso imaginando o que havia dado em mim para dizer aquilo. Atraído pela Granger? Justamente por aquela sangue ruim? Eu estava ficando louco... Ou mais possivelmente, bêbado.

Quando cheguei a esta conclusão, virei o que restava em meu copo e pedi outro para o bartender. Essa noite ia ser longa...

POV HERMIONE

O que diabos ele estava pensando? Ele é o Malfoy, pelo amor de Deus!

Cheguei na mesa com o copo da Gina que parecia não estar nada abalada pela quantidade considerável de álcool que havia ingerido enquanto eu, com certeza, já começava a sentir os primeiros efeitos. Com as pernas meio bambas me sentei no banco ao lado dela e bebi do meu copo.

“Eu vi um cara te abordar no balcão... Por que dispensou ele?” perguntou Gina indiscretamente.

“Ele não era muito interessante!” disse disfarçando.

“Ah, qual é Mione... Ele parecia muito gostoso!” Gina apontou.

“Era o Malfoy.” Eu disse displicente.

“Uau!” Gina exclamou surpresa. “Eu não fazia ideia de que ele pudesse estar tão gostoso assim...” comentou fingindo se abanar com um guardanapo. Eu ri. Não tinha mais o que acrescentar a conversa.

Eu não queria falar, pensar e nem me preocupar com o Malfoy então dei um pulo da cadeira e chamei Gina para jogar sinuca comigo. Ela foi resmungando durante o percurso dizendo que não sabia jogar e eu prometi ensiná-la. Encontramos uma mesa próxima ao bar que estava desocupada e logo me incumbi de arrumar as bolas com o triângulo e esfregar o giz nos tacos enquanto explicava a ela como funcionavam as regras.

“Então só o que eu tenho que fazer é bater nas bolas com isso...” disse indicando o taco que eu havia acabado de passa para ela. “E tentar fazer com que elas caiam nos buracos?” ela finalizou enrugando a testa.

“Basicamente sim. Não vou numerar as bolas já que você está só começando...” eu finalizei. Ela sorriu e rapidamente colocou o copo sobre a borda da mesa e se inclinou para bater na bola branca e dar inicio ao jogo.
“Essa já está no papo!” eu disse sorrindo depois que ela errou logo na primeira tacada. “Deixa que eu começo o jogo só pra espalhar as bolas.” Eu disse rindo para ela que fazia um bico enviesado.

Depois de espalhar as bolas peguei meu copo e virei o que tinha nele pensando que amanhã só o que me faria lembrar a noite de hoje seria a dor de cabeça causada pelo excesso de álcool.

POV DRACO

5 garrafas de cerveja depois da cortada que tomei da Granger percebi que ela e a ruiva estavam jogando sinuca mais próxima. Me aproximei lentamente até um canto do bar em que não pudesse ser visto mas pudesse ter uma visão clara e desimpedida. A ruiva não sabia jogar, estava claro! Mas a Granger sabia... E muito bem, por sinal. O que eu não esperava era que aquela visão dela se debruçando sobre a mesa fosse tão sexy e me estimulasse tanto. Sim, eu estava excitado. E estava, mais ainda, odiando admitir aquilo pra mim mesmo. Por mais que ela fosse gostosa... Era a Granger!

Balancei a cabeça tentando clarear os pensamentos mas estava empenhado em uma tarefa praticamente impossível com ela se esticando e se abaixando sob aquela mesa com aquele vestido curto e justo. Então resolvi que deveria sair dali para tomar um ar.

A noite lá fora estava fria, era meio de outubro e o inverno vinha chegando com força total. Mas ir lá fora cumpriu o seu intento... A brisa fria que soprava meus cabelos, bagunçados propositalmente, clareou minha mente. Fechei meus olhos e me encostei na parede ao lado da porta pensando no que estava acontecendo comigo. Era óbvio. Na verdade, deveria ser óbvio. Eu era homem. Ela era uma mulher. E uma mulher muito gostosa. Eu estava agindo fisicamente. Antes de conseguir agir racionalmente meu corpo já havia se intrometido e tomado à frente me fazendo passar vergonha. Enquanto pensava em como o corpo masculino é idiota, senti a porta ser aberta.

“Ei cara... O que está fazendo aqui fora?” ouvi a voz de Blas perguntar. Abri os olhos e o vi se encostar na parede ao meu lado me olhando atentamente.

“Tomando um ar. Lá dentro está meio abafado!” respondi ocasionalmente.

“Tem certeza que é só isso?” ele perguntou para se certificar.

“Hm...” respondi incoerentemente e voltei a fechar meus olhos e encostar minha cabeça na parede. Depois de um pouco de silêncio ele voltou a falar.

“Cara, eu vi você e a Granger no bar...” ele disse. “Estava voltando do banheiro, você sabe, e vi.” Ele acrescentou rapidamente.

“Hmm...” disse sabendo que Blas entenderia isso como um ‘prossiga!’

“Ela está maravilhosa... Por que não ficou com ela? Vi vocês meio alterados em uma parte... Vocês discutiram?” ele perguntou tentando esconder a curiosidade.

“É a Granger, Blas! Mesmo estando gostosa e tudo mais...” acrescentei chateado.

Por que justamente a Granger? Tanta mulher bonita e gostosa no bar... Por que tinha que ser exatamente ela ao se encostar naquele balcão?

“Qual o problema, cara? A Granger nunca foi de se jogar fora...” Blas acrescentou revirando os olhos. “E agora, pelo que sei, vocês estão em trégua. Você tem a chance de pegar a santa de Hogwarts e vai ficar nessa neura?” ele perguntou balançando a cabeça.

“Só estamos em trégua... Isso não quer dizer que sejamos amigos ou que eu possa chegar falando que quero ficar com ela.” Eu disse rispidamente.

“Calma, calma... Eu estou apenas comentando que você poderia tentar.” Blas estava com os braços levantados em sinal de rendição quando abri os olhos pra ter certeza de que ele havia dito aquilo.

“Não é tão fácil assim, Blas.”

“Por que não? Está com medo?” ele disse sarcasticamente com um sorriso de escárnio no rosto moreno.

“Claro que não. Eu consigo ficar com ela fácil...” eu disse. “Se eu quiser.” Acrescentei. Ele olhou pra mim com um sorriso malicioso nos lábios.

“Eu aposto que não.”

“O que?” perguntei sem entender.

“Eu aposto que você não consegue conquistar a Granger.” Ele repetiu mais alta e claramente e esticou o braço com a mão aberta à procura da minha para apertar. Olhei para sua mão enquanto pesava os prós e contras de toda bobagem que isso seria.

“Certo. Apostado!” eu disse esticando minha mão e apertando a dele com um sorriso vitorioso no rosto.

Não há nada no mundo que um Malfoy queira e não consiga, compreendam. E agora... Eu queria a Granger.