É Megan! escrita por HuannaSmith


Capítulo 24
Samuel


Notas iniciais do capítulo

Obrigado a todos que continuam acompanhando fortemente a fic, queria avisar que mesmo com o término(terrível) da novela a fanfic continuará por mais algumas semanas, obrigada por todos os comentários e aqui está mais um cap.



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Pamela estava descontrolada, era como se lhe faltasse o chão, não podia acreditar no que acabara de ouvir da boca do próprio marido, com as pernas bambas ela desabou no sofá, lágrimas a acompanharam, o copo de água estendido a sua frente foi recusado.

Jonas estava doente, a palavra "aneurisma" circulava por sua mente, em uma velocidade tão grande, tão carregada de suposições, que Pamela não estava mais aguentando, o abraço acolhedor do marido fez com que tudo que estava preso em sua garganta, saísse em forma de choro.

O único homem que Pamela verdadeiramente amou em toda a sua vida, o homem que lhe deu um serzinho com olhos de borboleta, quando impediu que ela mesma o matasse, esse homem que sempre esteve ao seu lado, estava morrendo, e ela de nada podia fazer por ele.

A retribuição de Pamela ao abraço de Jonas já dizia tudo, ela estava com ele, não iria abandona-lo, mas as lágrimas também mostravam como tamanha era sua dor, em saber que o homem da sua vida pode morrer a qualquer momento, como ela vai conviver com isso? Como vai contar para Megan? Que seu "daddy" está morrendo?

Jonas se desfez do abraço secando com os dedos as lágrimas de Pamela, com um sorriso simples ele observava a esposa, um sorriso que assim como o abraço e as lágrimas, falava por si só, Jonas também estava sofrendo com tudo, aquele sorriso só mostrava o medo que incrivelmente, abateu Jonas Marra.

– Por que você não me contou antes, Jonas?

– Tava no início, eu achei realmente que isso pudesse retroceder mas não, a doença avançou, eu ia te contar, mas você acabou descobrindo da pior forma possível, me desculpe

– Aonde você estava ontem a noite? Eu vim aqui te ver e não te encontrei

Pamela falava com dificuldade por conta do choro.

– Brasília, eu tava em Brasília - ele segurou aos mãos de Pamela - é que tem um Pajé lá, ele faz uma espécie de seção de cura

– Pajé?

– Pra você ver o meu desespero - Pamela sorriu fracamente - me desculpa não ter te contado

Jonas beijou a esposa, um beijo muito carregado, mas que também exalava confiança e amor, o que os dois precisam nesse momento, e graças aos céus ou ao mistério, eles tem de sobra.

Mas parece que uma certa pessoa ficou bastante feliz com toda essa história, Verônica já estava no carro, com o telefone no ouvido, ela falava para Débora sobre tudo o que descobriu, e que a notícia merece primeira página e destaque no site, o pedido foi aceito.

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– Eai Davi? Será que você pode me explicar o que está acontecendo aqui?

– É que Davi...

– Eu não perguntei a você - Megan interrompeu Manuela - por favor só se dirija a mim quando eu ordenar

– Ordenar?

– Yeah, ou você esqueceu de quem eu sou filha?

O clima tava começando a esquecer entre a Manu e a Megan, a forma como elas se olhavam, pareciam querer engolir uma outra, em uma possível briga, não conseguiria separa-las.

– Calma vocês duas - fui para mais perto de Megan - meu amor, a Manu pediu pra eu dar uma olhada no projeto dela, agente só tava trocando idéias

– Manu? Oh god... ok vamos, eu tenho coisa muito mais interessante para você fazer

– Tchau Manuela! - me despedi

Eu e Megan fomos até nosso escritório, o clima tenso ainda estava um pouco entre nós, a Megan fica muito fofa com ciúmes, mas tenho que admitir que eu adoro isso, é uma espécie de certeza que ela me ama, apesar de já ter feito isso outras vezes.

Ela sentou, ainda de cara amarrada, no pequeno sofá, com alguns beijos fiz com que sua expressão aborrecida se transformasse em um sorriso, mas ela ainda estava mexida com o que acabara de ver.

– Megan... eu amei muito a Manu, mas passou, a partir do momento que eu me dei conta que já não era mais amor o que eu sentia por ela, era uma espécie de conforto ou sei lá - segurei sua mão - eu gosto de você, é contigo que eu quero ficar, mas ela é a chefe de programação da Marra, o nosso contato é inevitável

– I know... mas eu posso dar o meu jeitinho

– Acho melhor não, vamos focar no Marra Ideia, cadê o seu projeto?

Megan levantou rapidamente e foi até sua bolça, que estava em cima da mesa, de lá ela tirou o seu MarraBook, um dos mais lindos que eu já vi em toda a minha vida, era roxo, uma cor que não existe no mercado, e ainda por cima era repleto de símbolos e palavras em inglês.

– Uau, não sabia que existia MarraBook dessa cor, muito menos com esses adesivos, você que fez?

– Daddy mandou fabricarem em roxo, agora o resto fui eu que fiz

O de mais incrível estava dentro, Megan tinha instalado em seu software cada um dos programas já fabricados pela Marra, todos em sua mais nova versão, programas que eu nunca pensei que ela saberia usar, alguns semelhantes aos do meu MarraBook, a diferença é que o dela era genuíno, e o meu bem... digamos que eu não tenha essa mesma condição.

– Nossa Megan

– What?

– Seu MarraBook, você tem todos os programas da Marra?

– Yeah, tenho uma linha direta com o do meu dad, assim ele pode like ver o que eu faço, e sempre recebo os programas da Marra antes do lançamento, pra teste, pode pegar o que quiser, agora preciso da sua opinião

– Tudo bem, me mostre o seu projeto Megan Lily

Abrindo algumas pastas, mostrando alguns vídeos, Megan me deu uma pequena apresentação do seu projeto, aquilo iria simplesmente mudar a história dos smartphones, ainda estava perplexo de Megan ter tido uma ideia tão genial, mas não é para menos, ela é filha de Jonas Marra.

– Eu fiz isso aos quatorze anos, mas nunca tive a oportunidade de mostrar para dad, logicamente muitas das minha inovações já existem hoje, fiz algumas mudanças, tanto no software quanto no design, acho que podemos mudar o nome também

– Eu achei o nome perfeito, esse é o tipo de celular que todo mundo vai querer ter, o Megan's Phone vai inovar a história da tecnologia, é realmente um projeto incrível

Beijei Megan e passamos os restante do dia trabalhando em nossos projetos, vamos apresentar juntos o projeto um do outro, mas na área de programadores, que inevitavelmente é o que nós somos, Jonas só pode aceitar um projeto, mas não importava, só em estar trabalhando junto com a Megan, já faz tudo valer a pena.

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Na Plugar tudo estava sendo arrumado com a ajuda das crianças, Rita cuidava de cada detalhe, já tinha avisado para toda a Gambiarra, todos os amigos confirmaram presença, isso geraria alguns fundos, para pagar as contas, mas o medo de perder aquele lugar ainda habitava o coração de Rita.

Herval não estava ajudando, trancado em seu escritório ele disse ter muito trabalho, um trabalho que pode ser facilmente confundido com uma espécie de doença, de seu computador ele tentava a todo custo entrar no sistema da Marra, fracassando ele dava pequenos murros na mesa, resolveu então fazer uma ligação.

Manuela foi até o banheiro, lá se sentia segura para atender Herval, que lhe convidou para a festa de arrecadação de fundos para a Plugar, mais uma ordem que um convite, pois Davi estaria lá com Megan, sua presença era obrigatória, sem muito dialogo a engenheira aceitou o convite.

No escritório de Jonas, os dois permaneciam abraçados, Pamela descansava a cabeça no ombro do marido, que cuidadosamente passava a mão em seu cabelo, teriam que ser corajosos, um problema muito maior e delicado ainda teria que ser enfrentado, contar para Megan.

– Você sabe que teremos que contar para a Megan, não sabe?

– Eu não sei se consigo Pam, eu tenho medo de qual possa ser a reação dela, você sabe que ela não consegue conter as emoções

– É por isso que estou aqui com você - Pamela segurou sua mão - como sempre estive

– Eu te amo

Com um beijo emocionado, os dois passaram mais alguns minutos juntos, resolveram poupar a filha pelas próximas horas, a notícia seria melhor absorvida no conforto de casa, eles só não esperavam por uma coisa, Megan e Davi tinham um pedido inusitado.

– Uma festa?

– Yeah dad, a tia de Davi está arrumando tudo, deixo-nos ir mais cedo, ok? Para ajudar

– Megan...

– Pode ir Peaunuts - Jonas interronpeu Pamela - se divirta

– Está tudo bem com vocês? Brigaram de novo?

– No sweetie, pode ir, nós estamos bem

Megan conhecia bem os pais, e notou que algo de estranho estava acontecendo, mas já havia conseguido o que queria, a liberação de Davi do trabalho, os dois foram juntos para Gambiarra, ajudar Rita e supostamente, Herval.

Jonas e Pamela decidiram que seria melhor contar a Megan no próximo dia, tudo teria que ser feito com muita calma e delicadeza, desde uma experiência traumatizante na infância, é impossível prever qual será a sua reação, após uma notícia como essa.

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Chegamos a Plugar por volta das três da tarde, fui recebida com muitos beijos e abraços de pequeno porte, já estava com saudade daquela galerinha, rapidamente elas me arrastaram para o campinho.

Em quanto eu ajudava as kids a encherem os balões, Davi trabalhava junto com Matias em uma espécie de barraca, como a que Davi ganhou o meu ursinho no parque da Gambiarra.
Herval chamou Davi, que foi para dentro da Plugar conversar com ele, terminamos todos os balões e nada dele sair, deixei as kids brincando e fui até lá.

Estava acontecendo uma espécie de reunião, Herval, Rita, Davi e uma mulher conversavam seriamente, não queria atrapalhar mas minha curiosidade foi maior, queria saber o que estava acontecendo, o porque de rostos tão sérios.

– Davi?

– Oi Megan, que bom que você veio - Herval disse sorrindo

Respondi com outro sorriso e fui até Davi, que me acolheu com um abraço.

– Está acontecendo alguma coisa? Você estão tão sérios

– O que acontece que eu preciso levar uma criança que está aqui - a mulher me respondeu grosseiramente - o nome dele é Samuel

– Samuel? Mas eu conheço as crianças, não tem nenhum Samuel - respondi

– Ele é novo aqui Megan - Herval me informou - perdeu os pais a pouco tempo e achamos que convivendo com as crianças daqui, ele pudesse vir a esquecer tudo o que aconteceu

– Só que isso não deu em nada, o menino continua sem falar, e eu não cuido de criança doente no meu orfanato, vou transferir ele pra outro lugar, agora se vocês me derem licença...

– Você não pode fazer isso, se fizer talvez ele nunca mais volte a se socializar com as pessoas, a falar, ele precisa desse contato com as outras crianças, deixe-o aqui

– Qual seu nome?

– Megan... Megan Lily

– Olha Megan, Samuel ta na minha responsabilidade, também acho que isso pode ser bom pra ele, mas não posso deixar ele aqui, nem pra festa, não posso vir buscar

– Eu fico com ele, depois da festa o levo, prometo

– Se fizer isso o orfanato vai ficar vazio... - ela falava consigo mesma - tudo bem, ele é seu esse tarde, é no prédio da esquina não esquece

A mulher foi embora sem nem ao menos me dizer o seu nome, nunca poderia imaginar que ela cuida de crianças, uma pessoa tão grosseira dessa forma não deveria tomar conta de ninguém, acho que fiz um grande favor para essa criança. Rita me mostrou onde estava Samuel, me desejou boa sorte e foi com Davi e Matias terminar a barraca.

Com as mãozinhas sobre os joelhos e com os sapatos sujos, Samuel tinha pouco menos de um metro, sentado nos degraus ele observava as crianças brincarem, lentamente sentei ao seu lado, para não assusta-lo, mas ele nem se quer olhou para mim, os olhos estavam fixados no jogo de futebol, que eu participara uma vez, a sua frente.

Ele tinha o cabelo castanho e liso, estava usando uma bermuda azul simples, e uma blusa cinza bem velha, percebi isso pois o "University" escrito na frente quase não era mais legível, procurei as palavras certas mas estava difícil, quando se fala com alguém você tem a certeza que esse alguém vai responder, well... e quando esse alguém não fala?

– Oi - ele continuava olhando o jogo - ... eu sou a Megan, qual seu nome?

Samuel parecia simplesmente não me escutar, com os olhos cravados no campinho, o único movimento que ele fez com minha pergunta foi respirar fundo, como se estivesse entediado, talvez estivesse mesmo, todos passaram o dia tentando fazer com que ele falasse, quando o certo é apenas deixar com que ele mesmo fale.

– Olha eu sei que deve ser chato, todo mundo te pressionando o tempo todo, mas você também não pode ficar assim

Nunca fui tão ignorada por um garoto em toda a minha vida, mesmo que o garoto em questão não alcance nem sequer a minha cintura, ele não sabe com quem sou eu? Não sabe a honra de estar sentado ao lado de Megan Lily? Parker Marra?

– Tudo bem, já que você não tem nome eu vou te dar um, daqui pra frente você vai se chamar cebola, vou avisar a todos que...

– Meu nome é Samuel! Não é cebola!

– Samuel? I'm sorry, eu pensei que você não tivesse nome

– O que você disse? - ele perguntou com uma vozinha fofa

– I'm sorry? Significa desculpa em inglês, é que eu não nasci aqui no Brasil, nasci lá em San Francisco

– E onde fica isso?

– Fica na Califórnia, Estados Unidos - ele finalmente estava me olhando - eu também sou parte Francesa sabia?

– Nossa que legal!

Eu nunca fiquei tão feliz em conversar com uma criança, Samuel nunca falou uma palavra desde que os seus pais morreram, nunca confiou em ninguém nem para dizer seu nome, e por que eu? Porque ele confiou em mim?

Eu não sabia o porque, mas estava nascendo um sentimento diferente dentro de mim, ver aquele menino tão pequeno, com um rosto tão delicado e um olhar tão triste, me fez sentir que poderia fazer qualquer coisa por ele, seria capaz de tudo só pra ver aquele sorriso, que ele estava me presenteando no momento, pelo resto da minha vida.

==========

Finalmente terminamos a barraca, Matias agora estava pintando o "Delícias da Gambiarra" feito pela tia Rita em letra de forma, olhei para os degraus da Plugar mas Samuel não estava lá, será que Megan tinha desistido?

Eu estava completamente errado, de mãos dadas com Samuel, Megan estava vindo em minha direção, como ela havia conseguido pegar na mão dele? Ele nunca permitiu que ninguém fizesse isso.

– Davi, eu estou pra casa me arrumar, depois volto, pode ficar com Samuel?

– Não!

Samuel gritou e automaticamente seus olhos se encheram de lágrimas, ele abraçou as pernas de Megan em quanto soluçava por conta do choro, ela se abaixou para ficar da altura dela, mas mesmo assim ainda era maior.

– Hey Samuel, não precisar chorar, ok? Você não quer ficar com Davi?

Samuel mexia rapidamente a cabeça de um lado para o outro, em uma negação sucessiva.

– Ok, você vem comigo - ele segurou a mão dela

– Você acha uma boa idéia?

– Olha é só dizer para aquela mulher que eu não sai daqui, eu levo Samuel comigo, me arrumo bem rápido e depois voltamos, ok?

– Tá bom, toma cuidado

Com um beijo me despedi de Megan, que foi de mãos das com Samuel até o carro, aquilo estava me cheirando a encrenca, se a dona Carla muda de idéia e volta atrás de Samuel, quem vai pagar é Herval, visando que ela só deixou Samuel porque acha que Megan trabalha na Plugar.

Durante o resto da tarde, trabalhamos duro para deixar tudo pronto para festa, tudo estava impecável, as crianças já haviam se arrumado e eu também, o Trinca já estava fazendo a passagem de som, me sentei em uma das cadeiras de madeira próximas ao palco.

Alguém puxou o colarinho da minha blusa, tomei um pequeno susto, mas quando virei para ver quem era, acabei tendo uma grande surpresa.

– Manuela?


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Notas finais do capítulo

Quão fofo é Pamela e Jonas apoiando um ao outro? Será que Debóra vai publicar a notícia de Verônica? Qual será a reação se Megan ao saber que o pai está morrendo? O que será que Manuela vai fazer na festa da Gambiarra? Será que a Megan vai gostar disso? Não percam as emoções dos próximos caps. Beijos!



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