Passou poucos dias, nem uma semana foi, na verdade dois, isso se não foi de um dia pra outro (*Nat: Quê?). Minha cabeça estava tensa. Eu queria raciocinar para entender a verdade, o quanto a maldição do Smile afetou minha vida, mas eu não conseguia, pois estava entediado de mais, o que resulta em eu não ter a mínima vontade de pensar.

É meio estranho eu ficar entediado, mas o que estava faltando? Além de ficar lendo livros também gostava de ficar na frente da casa, olhando a floresta; dar uma volta rápida para apreciá-la mais, além de ficar encontrando pequenos animais; também tem o meu hábito de olhar as crianças brincando no parque... Será isso que falta? Eu sair daqui? Mas e se alguém me vir?

Bem, ficar confinado aqui não ajuda muita coisa. Para compreender melhor as coisas que faço tenho que fazer algo mais do que ficar num canto. Analisei um pouco o que havia em volta, não tinha nada além de pequenos animais, então saí de minha casa. Ainda está de dia, isso me traz medo, não posso permitir que alguém me veja e, se isso acontecer, o que devo fazer?

Tentei ignorar esses pensamentos e me movi um pouco. A minha capacidade de sentir tudo ao meu redor mesmo sem precisar "ver" trazia uma nova sensação. Até que era bom, definitivamente gosto dessa floresta.

Pelo visto continuo sem ter total controle na transportação (essa palavra existe?), num segundo percebi que estava perto do parque. Por sorte eu encontrava-me ainda numa área de floresta e as árvores, apesar de aos poucos estarem ficando com poucas folhas, estavam fazendo sombra. Fiquei atrás de uma e fiquei observando as crianças.

No começo fiquei um pouco tenso delas me repararem, afinal, algumas já me percebiam quando eu era humano, mas elas nem sequer notavam a minha presença. Provável seria se fosse por que eu estava atrás de uma árvore, mas, num momento, um grupo de crianças foi brincar de eesconde-esconde e uma passou rapidamente perto de mim. Quase entrei em pânico, mas ela não me viu. Por quê?

Era uma garotinha, ela se escondeu num arbusto bem próximo de mim, mas não me notou. Eu não queria que ela me visse e por isso não está me vendo? Será isso? E, será que devo testar se posso fazer o contrário?

Um lado de mim esperava realmente que ela não tenho me visto por que eu não queria que visse, mas o outro lado estava em pânico, já que agora ia tentar ver se eu conseguia fazer com que ela me visse. Me concentrei um pouco. Meus tentáculos começaram a aparecer também por que eu estava com medo. Fiquei apenas me esperando, sem dar um sinal nem por telepatia, entãoa menina olhou pro lado, com intenção de ver se a criança que estava procurando estava por perto e então ela me viu.

Ela gritou, então a calei envolvendo sua boca com um dos tentáculos. Droga! Droga! Droga!

– Lara?!

– Esse foi um grito da Lara?

O que eu faço?! O que eu faço?! O que eu faço?! Não pensei em nada do que fazer caso ela me visse mesmo!

A envolvi com auxílio de um segundo tentáculo, assim depois a ergui e me concentrei para que ninguém me visse. Umas pessoas passaram por nós e ninguém me viu, nem a Lara. Ainda bem...

– Lara? Cadê você? O que será que aconteceu?

– Ela pode ter visto um bicho e se assutou.

– Mas o grito dela veio daqui, cadê ela?

– Lara!

Eu posso escolher se as pessoas podem me ver ou não... Sair e me arriscas ao menos foi útil. Mas...

"O que será que vou fazer com você?"– eu disse a encarando.

Eu podia sentir o medo vindo dela e, estranhamente, esse medo não me deu pena. Ela não devia ter me visto. Sei que pesmiti apenas como teste, mas, ser a minha "cobaia" foi muita falta de sorte. Eu não posso permitir que ela diga que me viu. Não quero que ninguém saiba de nada.

"Mate-a. Mate-a." um lado dentro de mim dizia. Devo fazer isso? Não tenho escolha. Me tranportei com ela para a margem do lago. Ela é só uma criança, não devo fazê-la sofrer, então fui rápido, envolvi um tentáculo envolta do pescoço dela e apertei tão rápido e não levou um segundo pra arrancar sua cabeça fora.

"Me desculpe..."

Fiquei um tempo encarando aquele corpo ensanguentado no chão de um lado e a cabeça dela dum outro. Acho que, por não ser a primeira vez que mato, não estou sentindo tanta culpa, porém, não deixo de pensar de que fui um tanto cruel. Me aproximei da cabeça dela e olhei para o seu rostinho, até que ela era bonitinha. Decidi me transportar dalí e assim junto com o corpo eu estava no sóton de minha casa. Era um pouco baixo, então já me previni logo em me transportar agachado, evitando bater minha cabeça. Divido o corpo da menina, com auxílio dos tentáculos, que tinham uma força bem maior que a minha própria, em alguns pedaços e coloquei numa caixa. E fiquei novamente encarando aquele corpo.

Só posso ser doente pra não sentir nojo em encarar isso por muito tempo, ou talvez seja por que aos poucos estou mudando. Será que, se continuar assim, algum dia chegará um ponto em que eu serei tão frio que não sentirei nada?

Ouvi um som de toque na porta de casa. Havia uma presença feminina lá em baixo. Era Isabella de novo? Deixei os restos da menina de lado e apenas me deitei, encarando o teto e ignorando a presença de Isabella. Ela não sabe o que eu sou, apenas por isso não irei matá-la, por hora, também por que... Não posso. Eu não consigo fazer isso.