Slenderman: Beginning escrita por Beyond B Nat


Capítulo 9
O demônio nascido da tinta


Notas iniciais do capítulo

O título desse capítulo até parece nome de conto, kkkk XD
Enfim, aproveitem o capítulo.



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Nos meses que se passaram, consegui compreender um pouco mais do que sou capaz de fazer. Naquela vez em que não permiti que ninguém me visse, eu na verdade não tornei-me invisível e sim criei uma ilusão na mente das pessoas, assim, elas podiam me ver, mas a mente delas estava sendo enganada aí elas achavam que não havia nada onde eu estava. Percebi que posso entrar na mente das pessoas de maneira mais profunda do que achava, eu podia ver suas lembranças, posso fazê-las lembrar ou esquecer algo específico, alterar sua memória... Também posso afetar seus sonhos enquanto dormem, apesar de que isso não é uma boa ideia,pois sempre termino deixando as pessoas meio loucas.

Acabei descobrindo isso tudo com breves testes com algumas pessoas que cheguei a capiturar na floresta. Não estou mais com receio em matá-las e usá-las como cobaias, afinal, essas são pessoas que nunca me trataram bem mesmo, principlamente os mais jovens, que mesmo sem me conhecer como humanos saiam de perto de mim como se eu fosse uma coisa ruim.

Aos poucos, eu aprendia mais coisa e desenvolvia controle. Devo até dizer que hoje controlo bem a habilidade de me transportar pelos lugares, apesar de que a parte telepática é mais difícil. Porém, não é só isso que em mim notei mudar. Percebi o meu terno, que era perfeitamente justo, estava ficando pequeno, meus braços e pernas estavam ficando compridos. Alguns pelos do meu corpo etão aos poucos caindo e, não sei se é impressão, mas a minha pele parece estar ficando mais fria, eu estou ficando frio. Não bastesse ter ficado sem face, aos poucos eu estava ficando algo menos humano, até que ponto isso chegará?

Num dia eu estava na floresta, próximo ao lago, vendo e sentindo tudo, pra assim deixar-me mais tranquilo. De repende senti algo passando por perto. Não era um animal pequeno, era uma criança humana. Eu não quero ninguém aqui, essa criança tem que ir embora. Por que diabos está andando na floresta no meio da noite?

Me transportei para alguns metros próximo da criança. Era um menino. Morgan é uma cidade bem pequena, todos se conhecem, então quem é essa criança que nunca vi? Ele sentia medo por causa da ar sombrio da floresta, mas estava quase desesperado.

– Cacau! Cadê você, menina! Cacau!

Ele estava lá procurando uma cadela dele que sumiu de casa, ao menos foi isso que vi na mente dele. Ele se sentia triste pois gostava da cachorra. Isso não me importa, ele não devia sair num lugar desse a essa hora da noite, acha mesmo que vai conseguir achá-la assim?

Senti algo se aproximando, dessa vez era um adulto, e não demorou muito pra ele chegar.

– Droga, Sam! Eu já disse pra deixar pra lá!

O adulto era um homem, ele tinha 27 anos e, apesar de ser bem mais velho, é irmão da criança, que só tem 7 anos.

– Mas eu quero achá-la, ela pode estar perdida, sozinha!

– Você tem que sair daqui. Andar numa floresta dessa é perigoso.

– A culpa é sua por nós termos nos mudado pra cá.

Eles são de fora, por isso que nunca os vi antes...

– Não olhe pra mim com dessa maneira, ok? Agora vamos voltar pra casa, depois a procuramos, quando estiver claro.

A criança sedeu mesmo estando irritada e acompanhou o adulto. Tem algo naquele homem que de repente me chamou a atenção, mas eu não conseguia saber o que. Apenas que tive uma sensassão estranha. Eu ia deixar pra lá, mas aquela sensassão não saia de minha mente, então os segui.

Eles entraram numa pensão, devem mesmo ter se mudado bem recentemente pra estar num lugar desse. Eles foram para o segundo andar e fiquei observando através da janela.

Alí ficavam dois quartos que eram separados por uma parede com uma porta no canto. Era muito provável que essa estrutura não era original da casa de pensão, pois a única ligação com o quarto que possuía janela era atravez do outro quarto.

O mais velho conduziu o mais novo até o seu quarto e ficou junto dele um tempo até a criança dormir depois foi para o quarto do lado. Aí assim tive a oportunidade de observar melhor.

No segundo quarto a luz era fraca e possuía uns desenhos. Aquele homem era um artista, estava a muito viajando pelo país em busca de uma chance, reconhecimento. Apesar de isso não ser muito valorizado, ele queria conseguir algo com seus desenhos, ao menos o suficiente para sustentar a si mesmo e ao irmão mais novo, já que ele não era bom em mais nada e eles só tinham um ao outro.

Ele sentou-se numa mesa e ficou boa parte do tempo desenhando. Ele tinha prioridade em melhorar, seus desenhos eram apenas a tinta preto sobre o papel branco, mas estes traços que formavam as imagens. Um desenho que ele estava fazendo tinha um toque horripilante, parecia um demônio. Os traços nesse desenho eram mais agressivo que nos outros, mas parecia que o artista estava fazendo aquilo tudo com o seu total cuidado. O demônio era na maior parte com pelo negra e vários chifres, também possuía asas extremamente detalhadas. Aquela figura é um tanto horripilante.

– Seu desenho tá ficando cada vez melhor, não é, Zalgo? - Ele balbuciou.

Zalgo? Esse era o nome do desenho? Esse não é o nome dele, consegi ler que o seu nome era Thonson.

Eu não conseguia compreender, por que ele fazia isso? Os desenhos em volta do quarto eram ricos em detalhes, a maior parte com belas ilustrações de paisagens e outros de pessoas, mas esse era o único com um ar sombrio. O que passa na cabeça dessa pessoa?

Continuei o observando sem permitir que ele me notasse. Ele ficou horas se concentrando naquele desenho até terminar dormindo. Me aproximei e coloquei a mão sobre a cabeça dele para ler a sua mente, poder entendê-lo melhor. Eu consigo fazer esse tipo de coisa à distância, mas às vezes é um pouco difícil de ler quando a pessoa tá com a cabeça cheia. E também, outra complicação, é que acabo involuntariamente fazendo uns sons estranhos na mente das pessoas, além de algumas ficarem nauseadas. Por isso prefiro assim, é bom aproveitar enquanto ele está dormindo.

Thonson tinha desde pequeno o sonho de ser alguém reconhecido, ainda mais por que ninguém nunca acreditou no seu potêncial. O seu pai tinha uma saúde fraca e sua mãe não aguentou o parto do filho mais novo, então por anos foi uma luta difícil, tendo que sustentar a si mesmo, melhorar as suas técnicas de arte e cuidar do seu irmão.

Entre suas artes detalhadas de prédios e casas nos vários lugares que ele morou, paisagens e alguns retratos, ele desenhava algo que fica na sua mente desde seus 7 anos. Ele não sabia ao certo o por que aquilo vinha a sua mente, ele até tinha medo, mas com o tempo ele simplesmente ficou cada vez mais facinado com a tal criatura da sua cabeça, então ele passou a várias e várias vezes dezenhar a tal criatura que ele deu o nome de Zalgo.

As pessoas que não o compreendiam o achavam louco ou obsecado pelo demônio (afinal, era isso que Zalgo parecia), mas ele não era louco, o mundo simplesmente não compreendia sua percepção, seu ponto de vista.

É... Esse tipo de situação é lamentável. Mas, antes que eu terminasse de ler a mente dele tive aquela sensassão de novo, aí veio uns flash rápidos em minha mente.

Me assustei, nunca achei que eu fosse capaz de algo assim, mesmo depois de tanta coisa que descobri. O que eu vi parecia uma visão do futuro. Uma imagem dele bem mais velho, frutrado pela falta de sucesso e um tanto triste por seu irmão mais novo tê-lo deixado de lado na primeira oportunidade por não aguentar mais a situação que vivia. Ele considerou a possibilidade de algo chamado "tiras em quadrinhos" ter surgido fosse uma chance de ele ganhar algo em jornais, mas nada os chegava a interessar. Ele tava quase desesperado, depressivo com tudo dando errado. Ele não aguentou e certo dia morreu com o estresse.

O que me assustou mais, não foi eu ter visto como ele iria morrer, o que me assutou foi o que aconteceu depois. Não era algo tão claro, mas parecia algo como se o espírito dele tivesse se alojado no seu desenho mais precioso, ele de certa forma se tornou o Zalgo. Assim ele fez outras coisas, sendo um desenho, ele podia muito bem estar em outros desenhos, não é? Ele descontava sua frustração em obras de outros artistas como ele que conseguiram o sucesso. Aparentava ser algo inofensivo, mas os "originais" das tiras que ele mexia ao serem vistas levavam a vítima à loucura.

Uma pessoa normal que virará um monstro... Ele se tornará algo como eu!

Meus pensamentos foram interrompidos quando senti algo diferente de como estava antes, me virei e vi o irmão mais novo do artista me encarando e paralizado de medo. Mas que droga...

Rapidamente os meus tentáculos aparecerem e envolvi a criança com um deles, tapando sua boca para impedi-lo de gritar. Aproximei a mão do rosto do garoto e o fiz desmaiar. Parece que no fim das contas terei de matá-lo de qualquer modo.

"Não é justo... Me devolve..."

Ouvi uma voz parecida a de uma criança, mas com um ar um pouco sinistro. Olhei na direção que senti uma presença e lá estava, no canto entre a parede e a cama onde o menino estava dormindo antes, o que parecia um garoto de cabelos negros, porém sem boca, com olhos totalmente negros e garras enormes nas mãos. Era um monstro não tão diferente de mim, do Smile Dog ou do Rake.

"Devolver?"

"Me dá o meu brinquedo de volta... Se você quebrar ele, serei obrigado a te fazer sofrer..."

"É mais fácil você ter medo de mim do que eu de você." – Falei essa frase mexendo os tentáculos com irritação.

Sim, eu estava retrucando com uma coisa que parecia uma criança. Eu não estava nem me importando com isso, talvez esse jeito de responder seja algo que estava dormindo em mim a muito tempo, a única vez que isso se manifestou quando eu ainda era humano foi naquela vez no parque (N.A: cap. 2).

Ele se encolhei atrás da cama. Parece que o assustei um pouco sem precisar de esforço.

"Não é justo, eu só quero brincar... Eu gosto de brincar com esse brinquedo... Gosto de sentir o medo que ele fica com os meus sonhos, gosto de vê-lo ficar acordado a noite toda... Brinquedos quebrados não tem graça, eles não são divertidos..."

"Por que você o chama de 'brinquedo'?"

"Porque ele é meu brinquedo..."

Pra quê fazer esse tipo de pergunta? Ele é tão criança quanto sua aparência. Me sertifiquei de que o homem não acordaria, então voltei-me para o pequeno ser:

"O que é você?"

"Meu nome é Carazi..."

"Carazi"... Apesar se não ter me dado informações relevantes, Smile o mencionou.

"Como você gosta de 'brincar'?"

"Com sonhos divertidos pra mim... Gosto de fazer sonhos que deixam os humanos assustaodos, até mesmo quando os deixo acordados a noite toda é divertido... He... He..."

O suposto riso dele era um pouco fraco. Carazi é totalmente infântil. Bem... Eu não me importo de essa coisinha ficar com raiva de mim, como é um criança, logo vai esquecer. Porém, se eu matar o menino é possível, ou não, que Thonson deixe de se tornar o Zalgo, mas, pra quê eu o pouparia? Além disso, o que poderia desencadear se eu evitasse que um certo "destino" fosse cumprido?

"Você realmente não quer que eu o 'quebre', não é?"

"Não..."

"Que tipos de sonhos você é capaz de criar?"

"Qualquer um...

"Você fica quanto tempo brincando com o mesmo 'brinquedo'? Até cansar ou até que ela morra?"

"O que vier primeiro, eu acho... Por que quer tanto saber o que sou capaz de fazer?"

"Tudo bem... Se desistiu dessa criança e não se importa que eu a mate..."

"NÃO! Não quebre ele!"

" Vamos fazer o seguinte: Eu posso apagar a memória dessa criança e fazê-lo esquecer que me viu, mas já aconteceu de algum modo uma pessoa que fiz isso lembrar eu eu ter que matar de vez depois. Faça do melhor jeito que for que ao menos hoje ele ache que eu fui apenas um sonho, assim o deixarei vivo. Compreende o que quero dizer?"

"Mais ou menos... Mas acho que entendi..."

"Combinado."

Coloquei o menino sobre a cama e coloquei a mão sobre a cabeça dele para fazê-lo esquecer que me viu. Olhei por uma última vez para Carazi, que foi para baixo da cama, então transportei-me para fora daquela casa. A última coisa que vi ligado a aquilo foi o menino acordar com medo e o seu grito acordar o mais velho. Aquele o acalmou dizendo que era só um desadelo e não havia o que temer.

Não quero nem estar lá presenciando essa coisa "linda" de irmão mais velho protetor. Me tras até um pouco de raiva isso me fazer lembrar do meu irmão...

Ignorei os meus pensamentos e voltei para a floresta. Até que esse dia trouxe-me algo interessante. Reparei que algumas coisas do monstro que sou são características adormecidas em mim, das quais eram o que Smile queria dizer que "isso" que me tornei é: a junção do que eu sou com a maldição. Vi que uma pequena coisa, ou algo maior, pode tornar alguém um monstro.

Sim.

Todos têm um monstro dentro de si. Basta um pequeno incentivo para despertá-lo.


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Notas finais do capítulo

Não consegui chegar a pesquisar muito profundas sobre o Zalgo. No que entendi em pesquisas sobre ele é que ele é nada além de um meme que traz um ar sinistro a quadrinhos conhecidos como Garfield, Calvin, Marfalda entre outros. O mais interessante nele é que ele não tem uma história de origem, assim como o nosso querido amigo Slender então, claro que não podia descartar a possibilidade de criar uma, não é?

E uma presença do pequeno Carazi! Ele já foi citado antes pelo Smile, mas nunca apareceu (até agora, rsrs). Ele é uma criatura que se enconde de baixo da cama das pessoas e causa pesadelos e insônia (outro carinha "gente boa"). Só isso que eu tenho a dizer, pois não tenho nenhuma informação mais profunda que isso e o que eu disse já resume bem u_u