Jogos Vorazes - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 46
Parte 46




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Como Haymitch previu, minha perna nova chegou. Alguém a deixou em cima de uma mesinha, enquanto eu dormia. Eu a pego, e olho para o que será parte de mim o resto da vida. Assim como o amor que tenho por Katniss. Pensar nela, faz eu me lembrar que seu esforço de me manter vivo, acabou levando minha perna. Esse é um preço pequeno a pagar, já que eu estou aqui, vivo. Portia chega, e me dá um longo abraço.

– Você se sente bem Peeta? – ela pergunta sinceramente.

– Sim – respondo. – Meu corpo parece ter sido renovado. Nenhuma dor, nenhuma cicatriz. Eles fizeram um bom trabalho aqui. Só sinto pela minha perna.

– Eu imagino. Eles fizeram tudo o que podiam, mas no fim das contas, isso foi preciso. Vou te ajudar a se adaptar com essa belezinha – ela diz, pegando a perna mecânica.

A mesma mulher que estava ao meu lado a primeira vez que acordei, aparece e remove cuidadosamente as agulhas e tubos que ainda estavam conectados a meu braço. Me sinto livre, como nunca havia me sentindo antes. Ela sai apressadamente. Estou vestido com uma espécie de roupa hospitalar, tão branca que chega até a doer os olhos. Não sei quando me vestiram isso, pois me lembro de antes estar apenas com um macacão.

Portia me ajuda a levantar, e encaixa a perna metálica, no que restou da minha. Tento me equilibrar, mas caio, sendo amparado por minha cama. Depois de horas, consigo dar alguns passos, porém nada que seja garantido que eu não caia amanhã ao vivo, no palco.

– Bom, você fez um ótimo progresso, mas é melhor você usar uma bengala amanhã – Portia diz, aparentemente cansada.

– Você tem razão. Nos vemos amanhã então?

– Claro.

– Só mais uma coisa. Você tem visto Katniss? Como ela está?

– Bem Peeta. Ela está bem.

Ela se vira e vai embora.

Depois de um longo tempo, ainda estou trabalhando em minha adaptação, andando para lá e para cá, quando uma Avox aparece e deixa uma bandeja de comida para mim. Não havia percebido, mas estou faminto. Como as maçãs, em seguida a sopa. Para minha surpresa, me sinto cheio, antes mesmo de comer os pães. Tomo apenas um gole do suco de laranja e me deito, me sentindo exausto. Adormeço, num abismo de solidão. Sentindo falta de Katniss e do calor de seu corpo, que me confortou por todos esses dias.

Minha equipe de preparação me acorda, fazendo praticamente uma festa. Eles gritam, choram, me abraçam, mas logo começam o trabalho de tentar me deixar bonito. Eles falam sem parar, mas eu não presto atenção em nada, pois hoje eu verei Katniss. É a única coisa em que consigo pensar. Portia aparece, e depois do trabalho terminado, dispensa todos.

– Uma rápida refeição pra você – ela diz, e um avox surge com uma bandeja que contém as mesmas coisas que a do dia anterior.

– Oh, obrigado – digo e começo a comer rapidamente. Não consigo comer tudo, mais uma vez, mas começo a me sentir relativamente mais forte.

Portia, dá os últimos ajustes, e sai. Logo aparece com um pacote, que eu sugiro ser a roupa que vestirei hoje à noite. Uma camiseta amarela de um tecido que parece brilhar por si mesmo. Parece chamas, bem claras, bem leves. É realmente uma camisa muito bonita. Calças pretas, e botas de couro. Não era o que eu esperava, mas não contesto. Aprendi a confiar em nossos estilistas, e sei que tudo o que fazem, tem um propósito. Quando me visto, Portia fica em êxtase.

Me olho no espelho e quase não me reconheço. Seja lá o que tinha naqueles tubos ligados a mim, me fizeram um bem enorme. Pareço forte como nunca. A maquiagem leve aplicada a meu rosto, me faz brilhar, e destaca meus olhos azuis.

– Você está lindo – Portia diz, e me entrega uma bengala, com um designe digno da capital, do mesmo material de minha perna. Dou alguns passos, e com o auxílio da bengala, consigo andar quase perfeitamente.

– Vamos lá? – pergunto ansioso, para ver Katniss.

– Vamos – ela responde, e pega em minha mão.

Caminhamos por um longo corredor. Começo a suar, pela perspectiva de ter Katniss comigo novamente. Não consigo ao menos prestar atenção ao meu redor. Quando vejo estou no que parece ser um subsolo. Portia me encaminha para uma plataforma de metal, e diz para eu esperar ali, que logo estarei no palco. Ela sai, e me deseja boa sorte. Boa sorte para que? Penso. Mas seja o que for, nada é capaz de conter minha ansiedade para ver Katniss. Consigo escutar o hino tocando numa altura extrema, que chega até a tremer a placa de metal que estou em cima. Caesar Flickerman saúda a multidão, que está eufórica. Passo longos e intermináveis minutos esperando enquanto ele apresenta toda a equipe de preparação, nossos estilistas, Haymitch, Effie. Isso parece não ter mais fim.

De repente, sinto a placa de metal subindo, e luzes ofuscam minha visão. O barulho que a plateia faz é ensurdecedor. Mas eu não consigo olhar para mais nada. Mal consigo respirar, quando vejo Katniss do outro lado vindo em minha direção, e se jogando em meus braços.

Me desequilibro, e quase caio para trás, mas com a ajuda da bengala, consigo ficar em pé. Será que Katniss sabe da minha perna? Isso não importa. Não agora que tenho Katniss comigo, e posso finalmente fazer o que mais desejei todos esses dias sem vê-la. Sem me importar com nada, eu simplesmente a beijo. Não consigo mais imaginar, como seria minha vida sem Katniss. Esses dias em que passei longe dela, foram a prova de que é quase impossível viver, sem a pessoa que te mantem vivo. Minha vontade é de nunca soltá-la, ainda mais agora, que ela está correspondendo meus beijos, como se tivesse sentido tanta falta de mim, como eu dela. Alguém dá um tapinha em meu ombro, mas eu sou simplesmente incapaz de me afastar de Katniss, sem antes matar toda essa saudade. Haymitch entra em cena, e nos separa, nos empurrando em direção a um pequeno sofá vermelho, que é onde devemos nos sentar. Nas outras edições, era apenas uma cadeira, porém com esse feito inédito, improvisaram um sofá. Quando nos sentamos, Katniss senta praticamente em meu colo, de tão pouco espaço que temos. Só agora reparo como ela está linda. Um vestido deslumbrante amarelo, do mesmo tecido e cor de minha camisa. Pouca maquiagem, cabelo amarrado para trás. Ela está radiante como nunca. Seu corpo esbelto, sua pele parecendo porcelana. E seus olhos acinzentados, brilhantes como fogo. Ela tira as sandálias, colocas os pés para o lado no sofá, e se aconchega em meus braços. Eu a envolvo, e por um momento parece que voltamos a caverna, só que dessa vez, nenhum de nós está enfermo.

Caesar faz algumas piadas, mas eu estou suficientemente nervoso, pois o show está prestes a começar. Teremos que ver uma recapitulação dos melhores momentos dos jogos. Ou seja, todas as mortes. Abraço-a com mais força, e suas mãos envolvem minha outra mão que está em meu colo. As luzes vão diminuindo e aparece a insígnia da capital. Tento sair dali em pensamento e me apegar aos momentos de felicidade que vivi com Katniss. Quando olho para o telão, vejo tudo aquilo que eu lutei para esquecer. Tento não demonstrar minhas reações, mas acho que isso não e possível, quando estremeço ao rever eu assassinando aquela garota, e quando eu me surpreendo ao ver Katniss gritar meu nome, quando é anunciado que poderá haver dois vencedores. Revejo a luta de Katniss no banquete, a morte de Cato. É tudo tão terrível. O que está me mantendo lucido é o calor de Katniss, sua cabeça em meu ombro, me braço ao redor de seu corpo. Quando chega o episódio das amoras, o público parece petrificado. O filme acaba com Katniss gritando por mim, atrás de uma porta de vidro, no aerodeslizador, enquanto médicos estão tentando me ressuscitar sobre uma maca.

Estou totalmente sem reação. Ver Katniss daquele jeito, gritando por mim, só reforça a ideia de que meu amor deixou de ser platônico, para correspondido. Apesar de tudo, eu ainda não consigo afirmar isso. Eu ainda tenho medo de que seja uma mentira. O hino recomeça a tocar e o presidente Snow, sobe ao palco acompanhado de uma garotinha que traz apenas uma coroa. Fico perplexo assim como a plateia, pois são dois vencedores, e uma coroa. Para a surpresa de todos, ele torce o objeto até quebra-lo e coloca metade em minha cabeça, e metade na cabeça de Katniss. Isso não foi um ato, de alguém satisfeito com a situação.

A multidão nos aplaude, enquanto acenamos, sem nunca soltar a mão um do outro. Agora que finalmente estamos juntos, não posso solta-la. É como se, eu pudesse perde-la. Somos encaminhados até a mansão do presidente para o banquete em nossa homenagem. Mal conseguimos comer já que todas as pessoas presentes, disputam para conversar conosco, ou tirar fotos. Sinto que há algo errado com Katniss. Mas decido perguntar quando chegarmos a nossa torre, no centro de treinamentos. Está quase amanhecendo quando somos liberados, para finalmente voltar para o decimo segundo andar. Haymitch aparece e faz eu me soltar da mão de Katniss, e ir com Portia. Porque não posso falar com ela? Uma agonia enorme toma conta de mim, e eu decido que vou falar com Katniss, custe o que custar.

Portia me acompanha até meu quarto, e diz que nós podemos conversar sobre as entrevistas de amanhã. Eu recuso, dizendo que estou muito cansado. Ela assente, me deseja boa noite, e sai. Tomo um longo banho, e me vejo incapaz de dormir sem a companhia de Katniss. Visto um agasalho, e decido ir atrás dela. Para minha surpresa, quando giro a maçaneta da porta vejo que está trancada. Algo muito ruim está acontecendo. Só não consigo imagina o que. E nem o porquê de eu estar sendo mantido a distância de Katniss. Vencido, e sem ter o que fazer a respeito, vou para minha cama, para uma madrugada sem dormir, com meu corpo e mente, implorando por Katniss, e com a perspectiva de voltar logo para o distrito doze, onde finalmente terei Katniss comigo, para sempre, sem ninguém para me impedir. Ou não.


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