Jogos Vorazes - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 45
Parte 45




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Cuspo imediatamente as amoras de minha boca, e o medo de que Katniss as tenha engolido chega a me sufocar. Ainda de mãos dadas vamos até o lago, e lavamos bem nossas bocas. Não deu tempo de processar o que acabamos de ouvir. Minha visão está turva, e eu estou ligeiramente desnorteado. Me deito no chão, e Katniss se deita comigo. Sinto que talvez eu não consiga me levantar novamente.

— Você não engoliu nada? — ela pergunta.

Nego com a cabeça.

— Você?

— Acho que estaria morta agora se tivesse — ela responde.

— Se isso tivesse acontecido, eu também as engoliria – digo, mas minha voz fica inaudível devido ao barulho que sai dos autos falantes. A multidão na capital está eufórica.
Um aerodeslizador se materializa acima de nossas cabeças, e duas escadas caem. Katniss me ajuda a levantar, e quando colocamos os pés na escada, a corrente elétrica nos paralisa, e tudo que eu consigo sentir, é o sangue que jorra sem parar de minha perna. Estou com tanto medo. Medo de não sobreviver. Medo do que irá acontecer, agora que os jogos acabaram. Enquanto a escada sobe, olho para Katniss, sem acreditar que isso foi possível. Sem acreditar que nós dois vencemos. Sem acreditar que ela preferiu morrer comigo. Está ficando muito escuro, estou com frio. A última coisa que me lembro, é do contato gelado em meu rosto, quando caio sem forças no chão do aerodeslizador.

Acordo, sentindo uma enorme dor de cabeça. Ha uma mulher ao meu lado, toda de branco. Ela arregala os olhos quando me vê a observando.

– Onde está Katniss? – pergunto.

Ela não responde nada, e sai apressada.

– Onde está Katniss? – grito. – Eu quero ver Katniss agora!

Um homem de meia idade aparece, também vestido de branco. Só agora percebo que tem um monte de tubos ligados aos meus braços. Mas estou tão desesperado, querendo ver Katniss, querendo saber se ela está bem, que não me importo com isso, com meu próprio estado. Com a força que sinto revigorar em mim, tento me levantar. O que vejo, é como um soco em meu rosto. O homem, que acredito ser médico, já está inserindo uma agulha em meu braço, enquanto lágrimas escorrem em meu rosto. É claro que isso é mil vezes melhor que a morte, mas não deixa de doer. As luzes do quarto, até então brancas, dançam amareladas em frente aos meus olhos. Tudo está girando, e eu me vejo obrigado a adormecer, com duas perguntas berrando em minha mente... Onde está Katniss? Porque amputaram minha perna?

Quando acordo novamente, me sinto relativamente melhor. E dessa vez é Haymitch que está ao meu lado. Nunca pensei que sentiria tanto alívio ao ver essa figura que soa quase paterna para mim, agora.

– Haymitch, onde está Katniss? Ela está bem? – pergunto imediatamente.

– Calma, calma. Ela está bem sim. Aparentemente bem melhor que você eu diria – dizendo isso, ele olha para minha perna. Para o que sobrou dela.

– Eles tinham mesmo que fazer isso? – pergunto, controlando as lágrimas.

– Sim. Não havia mais o que fazer. Mas a boa notícia é que a capital está providenciando uma perna mecânica para você, melhor até que a sua própria perna era.

– Olha se isso era para animar, não está da dando muito certo. Me diga mais sobre como está Katniss, por favor! – suplico.

– Peeta, primeiramente preciso dizer, que você foi genial. Preciso me desculpar também pelo sonífero. E...

É inacreditável, mas Haymitch parece emocionado.

– E? – pergunto.

– E ... Preciso agradecer, por você ter mantido sua promessa e mantido aquela garota viva.

– Haymitch, eu que tenho que te agradecer. Mas, sobre a promessa, eu tinha que cumprir. É como uma dívida.

Ele me olha, claramente confuso.

– Deixa pra lá, você não entenderia mesmo.

– Está certo. Vou deixar você descansar, pois mais tarde sua perna nova chega, e você tem que conseguir andar direitinho com ela, até amanhã quando se reunirá com Katniss e Caesar.

– Está certo. Haymitch...

– O que? – ele pergunta se virando para mim.

– Obrigado, mesmo – digo, e me levanto o suficiente para lhe dar um abraço.

Ele me abraça, e sai sem dizer uma palavra. Fico pensando em nossa breve conversa, e percebo que finalmente entendi o que significa ter uma dívida com alguém. Eu tenho uma dívida com Katniss desde o dia em que a vi, quando tinha cinco anos. Pois o que ela fez por mim, eu jamais conseguirei pagar, seja lhe dando pães, ou salvando sua vida. Ela me fez sentir o amor. Isso é uma dívida que eu sempre terei com ela.


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