As Crônicas de um Amor escrita por MitilTenten


Capítulo 4
Uma surpresa para Sakura




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Sakura acordou e foi ao banheiro escovar os dentes. Enquanto estava no banheiro ouviu a alguém bater na porta. Foi verificar quem era. Abriu a porta e deu de cara com sua senhoria.

— Hoje é dia de pagar o aluguel. – disse com rabugice.

— Você pode esperar até amanhã?

— Esperar até amanhã? Você não tem dinheiro?

— Tenho – Sakura apresou-se em responder – mas não está comigo.

— Como assim não está com você?

— Pedi prá um amigo meu pegar para mim o dinheiro, mas só vou vê-lo amanhã. – Sakura já suava frio. Tinha esperança que a senhoria acreditasse na mentira.

— Eu não costumo esperar mocinha. Quero que me pague hoje.

— Mas eu já disse que não estou com o meu dinheiro aqui. Por favor, espere até amanhã. – disse já desesperada.

— Já disse que não costumo esperar ou você me paga o aluguel ou rua.

— Por favor, tenha piedade. – sentiu uma lágrima escorrer pelo rosto.

— Se eu tivesse piedade de todos os inquilinos que passam por aqui eu já teria morrido de fome.

— Eu disse que tenho dinheiro, só preciso que espere até amanhã para te entregar. Eu estou te implorando que espere só até amanhã – a rosada já não conseguia mais segurar suas lágrimas.

— Eu não vou esperar até amanhã. Quero o meu dinheiro hoje ou rua, entendeu? Rua.

— Por favor, não. Eu não tenho prá onde ir.

— Isso é problema seu. Eu não tenho nada a ver com sua vida. Portanto, ou você me paga hoje ou eu chamo a polícia prá te despejar.

— Por favor... – disse com o rosto lavado de lágrimas.

— Depois eu passo aqui prá pegar o dinheiro. Do contrário pode ir arrumando suas coisas prá ir embora. Passar bem.

Virou-se e foi embora. Sakura desabou no chão. O que iria fazer agora? Correu pro seu quarto e pegou o celular. Começou a ligar desesperadamente para todos os contos da lista. Pedia prá um e pedia prá outro, mas ninguém podia emprestar. Entrou em desespero. Olhou em volta na esperança de encontrar algo de valor prá vender. Não tinha nada para o seu azar. Chorava e soluçava desesperada. Começou a pensar no Sasuke e seu nervosismo aumentou.

— POR SUA CULPA EU ESTOU ASSIM, SEU DESGRAÇADO. POR SUA CULPA. – berrou com força.

Sua raiva aumentou mais quando pensou na forma que foi tratada por sua senhoria. Custava esperar mais um dia? Custava? Não, não custava. Levantou-se da cama e preparou-se para sair. Pegou sua bolsa e colocou-a sob re os ombros.  Iria pedir um empréstimo para alguém. Qualquer um, não importava quem, mesmo que fosse com um agiota trataria de ter o dinheiro. Não tinha como pagar, mas também não podia ser despejada daquela forma. Assim que pôs os pés prá fora de casa sentiu uma dor em seu baixo ventre. Correu para dentro de casa e sentou-se. A dor, porém, só aumentava. Estava ficando sem ar. Sentiu por fim uma contração. A gravidez tinha sido complicada. Conseguira escapar o repouso, mas parece que não foi uma boa ideia. As contrações começaram a ficar mais fortes e rápidas. O desespero tomou conta da garota que deu um grito quando sentiu outra contração.

— Por favor...agora não...ahhn! – implorou.

O nervoso pelo qual passara se juntara com o stress dos últimos dias fazendo que a bolsa se rompesse. Sakura viu um filete de sangue escorrer por sua perna. A dor só aumentava. Sentiu mais uma contração. Pensou que estava perdendo o bebê. Ao fim de mais uma contração sentiu suas pernas encharcadas pelo líquido que escorria. Juntou o pouco de força que tinha e pegou o telefone. Ao lado da mesinha tinha uma pequena mala com coisas do bebê.  Neji a havia alertado da possibilidade de um parto prematura. Seu útero tinha o tamanho do útero de uma criança de dez anos. Por isso era provável que a criança nascesse prematura. Discou o número da emergência e pediu que uma ambulância fosse socorrê-la.

— Não demorem....Kami-sama me ajude...ahhh!

Não conseguia segurar seus gritos. A dor era lancinante. Insuportável. Torturante. Desejou nunca sentir aquela dor. Só queria que parasse.

— Ahhh....ham..ham...- soluçava e respirava com força.

Estava sentada na cama inclinada prá frente e segurando a barriga. As contrações estavam cada vez mais intensas. Os pensamentos em sua cabeça tropeçavam um no outro. Ora pensava em Sasuke, ora na sua senhoria, ora que morreria por causa da dor. Achou que o socorro nunca chegaria. Deitou-se na cama e deu um grito desesperado de dor. Não estava mais agüentando. Escutou um barulho na porta. Tentou se levantar, mas tudo que consegui foi cair da cama. Gemeu de dor. Ouviu a porta se abrindo e alguém andando em sua direção. Isso era tudo. Não agüentou mais a dor e desmaiou.

— Por aqui. Ela desmaiou. – um dos paramédicos a vira caída no chão.

— Kami-sama! Ela está toda molhada. – disse a enfermeira que os acompanhava.

— Vamos logo. Dêem início aos procedimentos. Tentem acordar ela. Precisamos dela lúcida. – disse o chefe.

— Moça acorde....vamos acorde. – chamou uma paramédica.

— Ahhhhh... – resmungou Sakura.

— Diga-me como se chama.

— Ai...Sakura...por favor...ahh,ai, ai...faça essa dor parar.- suplicou a rosada.

— Vai ficar tudo bem Sakura. Nós vamos levá-la para o hospital e vai ficar tudo bem. – tentou confortar a rosada.

— Só quero que essa dor passe.

— Fique clama, está bem. A dor vai passar.

— Nós vamos levá-la para o hospital o mais rápido possível. Sua bolsa rompeu e a única coisa que se pode ser feita é fazer o bebê nascer. Agora me diga onde estão algumas das suas coisas prá levar.

Sakura apenas apontou a mala perto da mesinha e bolsa na cama.

— Do bebê. – murmurou com dificuldade.

— Certo! E as suas coisas?

A rosada moveu negativamente a cabeça. Não havia terminado de prepara suas coisas. Apontou prá uma pequena mala por fazer perto do armário.

— Bom, vamos levar o que tem aqui.

Os paramédicos colocaram-na numa maca e a cobriram com um cobertor. Colocaram a rosada na ambulância e foram com toda velocidade possível para o hospital. Durante o trajeto mediram sua pressão e puseram uma máscara de oxigênio, pois Sakura já estava com certa dificuldade de respirar sozinha. Chegando ao hospital entraram pela emergência. Sakura olhou de relance e viu a imensa fachada branca. Um prédio com várias janelas e pessoas entrando e saindo. Pode vislumbrar a imensa cruz vermelha e o nome do hospital. Um dos paramédicos gritou que tinha uma mulher em trabalho de parto. Logo veio outro médico ver o que acontecia. Conversou rapidamente com ele e logo apontou para o elevador. A dor de Sakura continuava cortando sua carne. Ela mordia o lábio inferior numa tentativa falha de conter a dor. Ouviu algo ser dito pelo alto-falante, mas não conseguiu entender o que se dizia. Entraram no elevador e seguiram até o andar da onde estavam as salas de parto. O tal médico desaparecera. Chegando no andar já havia um grupo de enfermeiras esperando por ela. A levaram até a sala e puseram um jaleco de paciente e uma touca prá cobrir os cabelos. Deitaram a jovem na cama e passaram a lidar com os preparativos para o parto. Viu um rapaz alto de cabelos compridos e prateados presos num rabo de cavalo baixo. Ele se virou revelando a seringa que segurava. Ele usava um para óculos redondos. Entendeu que se tratava do anestesista.

— Por favor...faça essa dor parar...ahh.- suplicou.

— Vai ficar tudo bem. – respondeu. – Sua dor vai passar em alguns instantes.

Chegou perto e encaixou a seringa num caninho fino que estava ligado no braço da jovem. Aos poucos ele foi injetando a peridural na veia de Sakura. Não demorou muito e Sakura sentiu a dor diminuir. Olhou em volta e viu um batalhão de gente arrumando a aparelhagem em volta. Enfermeiras corriam de um lado para o outro com instrumentos cirúrgicos, monitores cardíacos e outros aparelhos que a rosada não conseguiu identificar.

— O seu médico vai chegar daqui a pouco, está bem? – Falou o rapaz de cabelo prata e óculos.

— Kabuto, avise o doutor Neji que estaremos prontos em instantes. – avisou uma das enfermeiras, fazendo Kabuto desviar os olhos de Sakura.

— Está bem.

O anestesista saiu de perto da jovem e foi chamar o médico solicitado. Enquanto isso Sakura continuou a olhar a sua volta. Uma enfermeira chegou perto e ergue seu jaleco. Passou um gel e em seguida um outro médico entrou na sala empurrando um aparelho que parecia ser para uma ultra-sonografia.

— Temos que ver se o bebê está bem. – explicou o médico.

Ligou toda aquela parafernália e pegou o transdutor convexo a fim da fazer o exame.

— Hum...Não é bom. – comentou o médico.

— O que não é bom? – perguntou uma das enfermeiras.

— O bebê não está encaixado adequadamente para nascer normalmente. Ele ainda está sentado.

— Podemos tentar o parto normal?

— Poderia, mas o cordão umbilical está em volta do pescoço pelo o que eu estou vendo... Espera... O que é aquilo? Por Kami é um nó e com um coágulo. – disse quase num sussurro para si mesmo.

— O meu bebê está bem? – perguntou Sakura.

— Sim querida. – a enfermeira se virou para ela a fim de confortá-la – Ele está muito bem. – respondeu sorrindo.

 - Por favor – implorou a rosada – Tem alguma coisa errada com ele?

— Vai ficar tudo bem! – respondeu a enfermeira – Não vai acontecer nada com o bebê.

— Matsuri – chamou o médico que fez o ultrassom – pegue o resultado dos exames e os leve para Ino.

— Sim. – se afastou da paciente e ajudou o médico a desligar o aparelho.

— O bebê da paciente está com o cordão umbilical enrolado no pescoço e com um nó. Isso permitiu o surgimento de um coágulo no cordão.  – segredou o médico para Matsuri. –

— Entendo. O parto normal está descartado, então? – perguntou.

— Sim. Este é um parto de emergência. Um coágulo no cordão umbilical impede a passagem de oxigênio e nutrientes para o bebê. Isso pode causar a morte da criança e até mesmo complicações para a mãe. É muito grave o estado da criança e devemos ter todo o cuidado nesta situação.

— Kami-sama.

— Leve isto logo.

— Sim.

Após ter em mãos os exames, Matsuri correu para junto de Ino a fim de entregar o resultado dos exames. Ino olhou tudo aquilo e o laudo do médico. Franziu o cenho.

— Pode ir Matsuri.

— Sim.

— Neji. – chamou Ino se virando para entrar no quarto. - Acho que a situação é mais complicada do que pensávamos.

Sakura estava deitada na cama com os braços abertos e apoiados em dois suportes. Em um deles continha uma agulha conectada a um cano que pendia de uma bolsa de soro. No outro a mesma coisa, mas ao invés do soro tinha uma seringa com anestesia. Do seu peito saiam vários fios que estavam conectados a um aparelho que media sua frequência cardíaca e sua pressão e respiração. A sua frente estava uma cortina de pano azul tampando a visão da sua barriga. Não sentia mais nada da cintura prá baixo. Ouviu vozes diferentes no quarto. Um homem se aproximou dela. Abaixou a máscara revelando seu rosto.

— Neji! – arregalou seus olhos tamanha foi sua surpresa.

Ambos se olharam com surpresa. Apesar de ele ser seu médico, não imaginou que pudesse estar ali. Pensou que estivesse de folga, já que no final do mês ele sempre folgava. Ele por sua vez, achou que ela conseguiria levar a gravidez até o fim, apesar do risco.

— Você está bem? – perguntou segurando a mão da rosada.

Sakura olhava com admiração os olhos exóticos de Neji. Eram duas pérolas lindas. Contrastavam com os longos cabelos cor de café que emolduram um rosto másculo. No momento ele estava com uma touca prendendo os cabelos e uma máscara, mas ela se lembrava dele muito bem.

— Estou bem. – apressou-se em responder assim que saiu do transe.

— Isso é bom. – respondeu.

— Bom Sakura nós teremos que fazer uma intervenção cirúrgica, porque o bebê não se encontra na posição correta para o parto normal. Além do mais o cordão está enrolado no pescoço e com um coágulo.

— Coágulo? – perguntou já ficando apavorada.

— Calma Sakura. Ele não tem nenhum problema aparente por causa disso. Acreditamos que é possível salvá-lo sem grandes problemas, no entanto você tem que manter a calma, certo?

— Calma? Como posso ter calma num momento desse? Meu bebê corre risco de vida e eu tenho que manter a calma? – disse indignada.

— Sakura, por favor. Nós vamos fazer o possível para que tudo fique bem. Você tem que manter a calma.

— Manter a calma...

— Doutor estamos prontos.

— Certo. Fique calma.

— Está bem.

Deram, por fim, início ao procedimento cirúrgico. Cortaram o ventre da rosada e após deixarem escorrer o resto do líquido puxaram o bebê para fora. Sakura não conseguiu escutar o choro da criança. Nem ninguém que estivesse na sala. Ino, que estivera o tempo todo ao lado da jovem mãe a olhou apreensiva. Depois se dirigiu para perto de Neji.

— Por que ele não chora? – sussurrou para Neji.

— O cordão está o sufocando. – respondeu neji

Uma das enfermeiras alcançou uma tesoura cirúrgica e cortou logo abaixo de onde a pinça prendia no cordão. Tiveram que cortar as laçadas que o cordão dera em volta do pescoço da criança. Logo em seguida veio outra enfermeira que recolheu os restos do cordão a pedido do médico. Por fim ouviram o choro do bebê. Todos respiraram aliviados.

— Seu menino nasceu Sakura. – informou Ino, que voltou para seu lado.

— Eu quero vê-lo.

— Já vai vê-lo. – respondeu Ino sorrindo por detrás da máscara.

Depositaram o menino em uma bancada para descongestionar suas vias aéreas. Enrolaram num cobertor azul e o levaram para a mãe.

— Um menino lindo. – disse Ino estendo o embrulho para que Sakura pudesse ver.

Sakura viu as feições da criança. Olhos verdes cabelos castanho claro. Se parecia mais com ela do que com o pai. Deu graças a Kami-sama por isso. Encostou seu rosto perto do bebê que logo parou de chorar. Queria poder pegá-lo, mas suas mãos estavam presas nos suportes.

— Você vai se chamar Sorata, menino do céu. – disse sorrindo.

— É um nome muito bonito. – disse Ino. – Agora precisamos levá-lo para a UTI neonatal. Ele vai precisar ficar em uma incubadora.

Sakura não queria deixar seu filho ir, mas sabia que se continuasse ali ele poderia ter sérios problemas. Com os olhos vidrados na criança, ela assistiu a enfermeira levá-lo para a UTI neonatal. Viu as outras enfermeiras voltarem para perto do médico. Neji passara a suturar o corte. Ela levaria três meses até ficar completamente recuperada da cirurgia. Porém sua maior preocupação ainda era com o estado de saúde da criança. Devido ao coágulo que formou por conta do nó, sabia-se que o bebê teria problemas sérios por conta da falta de oxigênio e nutrientes que eram enviados pelo cordão. Se demorasse mais para perceber, ou se Sakura não tivesse entrado em trabalho de parto aquele dia, Neji não queria nem imaginar o que poderia ter acontecido. Ino carregava o pequeno Sorata para a UTI neonatal. Já tinha uma incubadora preparada para recebê-lo. Deu um banho e colocou apenas uma fralda. As roupinhas que Sakura havia preparado eram grandes demais para o recém-nascido. Com a ajuda de Matsuri elas o colocaram no bercinho e ligaram alguns fios no bebê. Ele estava bem fraquinho. Precisava mamar logo.

— Matsuri, quero que fique cuidando dele. Assim que Neji sair da sala de parto ele vem examiná-lo. Faça toda a ficha dele e coloque a pulseira. Certo?

— Certo! – respondeu a enfermeira mais nova.

Assim que Ino pôs os pés no corredor deu da cara com um ruivo alto de olhos verdes e uma tatuagem na testa. Ele estava sério. Olhava para ela sem nenhuma emoção.

— O que faz aqui tão cedo, Gaa-kun? – perguntou se aproximando carinhosamente do ruivo.

— Hoje não tive muitos pacientes na clínica e pude sair mais cedo. – respondeu enlaçando a cintura da loira. – Então passei aqui para saber se podemos almoçar juntos naquele restaurante que você gosta. O que acha?

— É uma boa ideia. Faz tempo

— Sim. Eu só vou avisar o Dr. Neji que o novo recém-nascido está sob os cuidados da Matsuri. Me espera na recepção – disse se desvencilhando das mãos do marido e indo na direção da sala de cirurgias. – Vou tirar essa roupa também e colocar uma mais apropriada para a ocasião. – deu uma piscada para o ruivo que permanece impassível.

— Está bem. – respondeu se dirigindo para a recepção.

Gaara desceu até a recepção onde esperou a sua loira descer. Estavam casados há alguns anos. Não tinham filhos ainda. Ele, um médico neurologista, que junto com seu irmão, Kankuro abriram uma clínica particular. Tinha uma irmã mais velha que não quis seguir a carreira médica. Ouviu seu celular tocar. Procurou o aparelho no bolso. Viu no visor o número de sua irmã.

— Oi Temari!

— Oi Gaara. Estou ligando para desmarcar aquele jantar que a Ino tinha combinado para amanhã. Surgiu um novo caso mais complicado e não poderei me afastar da delegacia essa semana. Coloquei o Shikamaru como principal investigador.

A Ino vai ficar chateada. Sabe como ela é. Além do mais já faz algum tempo que ela vem programando este jantar.

Eu sei Gaara. Mas não dá para simplesmente largar tudo aqui e ir num jantar. Vamos ver no final do mês. Se a gente der sorte até lá já teremos fechado esse caso.

Está certo. Vou desligar. A Ino já está vindo aqui prá gente almoçar. Tchau.

— Tchau, Gaara.

Tchau!

Quem era, amor?

— A Temari. Ligou desmarcando o jantar deste final de semana. – falou com indiferença.

— O quê? Não acredito – falou com descrença e certa raiva – Há semanas que este jantar está marcado – falou sem conseguir esconder a frustração.

— Eu sei. Mas parece que surgiu um caso complicado. Ela não entrou em detalhes. Só disse que não poderia se afastar da delegacia. Disse que talvez até o fim do mês estará livre.

— Eu devia imaginar. Isso é típico dela e do Shikamaru. – falou irritada.

— Calma, loira. – disse abraçando ela. – É só essa semana. Depois nós jantamos todos juntos, do jeito que você quer. – falou calmamente.

— E quem garante que na próxima vez eu estarei disponível? – falou fazendo uma careta. – Eu tenho os meus plantões aqui. – disse. – Hoje, por exemplo, chegou uma adolescente em trabalho de parto se eu estivesse de folga teria que vir correndo atender. – falou com raiva – Se fosse a Temari que tivesse marcado esse jantar, com certeza ela ia ficar uma arara se eu desmarcasse. Sem se importar com o motivo.

— A Temari me explicou o motivo. Assim como você ela não pode simplesmente largar tudo por conta de um jantar com a gente.

— Ah, mais a Temari – e antes que pudesse terminar Gaara a beijou apaixonado, mais para ela ficar quieta.

— Vamos logo. Já estamos atrasados. – falou assim que se apartou da loira.

Gaara conhecia muito bem a mulher com quem tinha casado. Sabia que para lidar com as oscilações de humor da Ino precisava ter muita paciência e sangue frio, o que não faltava para ele. Temperamental até não poder mais. E era assim que ele gostava. Quando a conheceu, ainda na faculdade, achou que seria um desafio interessante domar aquela loira de roupas curtas e humor explosivo. Só não contava que ela também o domaria. Casaram um ano depois de se formarem na faculdade. Ele não poderia ficar longe daquela garota linda e temperamental.

                                                                                  ~o~

Sakura estava no quarto descansando. Ainda não tinha visto Sorata. Estava feliz no final das contas. Mas como na vida nem tudo são flores, Sakura se lembrou que não tinha mais casa. Não tinha para onde ir. E não sabia o que fazer. Viu uma enfermeira entrar no quarto e andar até ela com uma cadeira de rodas. Logo atrás estava Neji.

— Sorata precisa mamar. – disse a enfermeira.

— Seu bebê está fraco, Sakura. Ele vai precisar que você fique com ele direto. – disse enquanto ajudava a rosada a sentar na cadeira. – Você já viu um canguru?

— Só uma vez no zoológico. Por que você pergunta?

— Bom. Os cangurus nascem prematuros. Quando nascem não são maiores que o meu dedo indicador. A pele é tão transparente que é possível ver toda a estrutura óssea do filhote. Resumindo: eles nascem sem estarem prontos para nascer. Saem do útero materno e vão se agarrando no pelo da mãe até chegaram à bolsa onde terminarão de se desenvolver. Isso originou a ideia de fazer o mesmo com os bebês humanos quando nascem prematuros.

— O método mãe canguru. – Sakura falou.

— Exato. Lá no berçário eles vão envolver o bebê numa faixa e colocar sobre o teu peito. Então se passa uma faixa para que ele fique preso a você. Dessa maneira o bebê vai se desenvolver melhor.

— Os laços afetivos também. – Sakura falava automaticamente. 

Ela se lembrava das aulas do curso de medicina. Queria trabalhar na área de obstetrícia. Por que tudo aquilo tinha que acontecer? Por quê? As suas conquistas escorreram pelas suas mãos como se fosse areia. Não restou nada. Agora tinha um filho para criar. E precisava dar a ele um lar e uma boa educação. Não sabia como, mas seguiria em frente custasse o que custasse. Quem sabe alguma boa alma não poderia oferecer-lhe ajuda. Duvidava disso, mas ter esperanças não custava nada.

— Você sabe muita coisa para uma garota que só esteve no hospital a fim de fazer o pré-natal. – comentou Neji.

— Eu estudei dois semestres de medicina antes de engravidar. – revelou.

— Hum. Curioso. E como isso foi acontecer?

— A velha história da garota apaixonada e burra que se entrega de corpo e alma a seu amado. Quando a gravidez acontece o ‘amado’ foge da garota igual o diabo da cruz. E ela fica com uma mão na frente e outra atrás. – respondeu com um leve cansaço na voz.

— Complicado. – o médico disse após pensar no que falar.

— Você não imagina o quanto.

— Chegamos.

Neji parou a cadeira de Sakura ao lado incubadora. A rosada viu seu bebê com um caninho grudado no nariz. Ele estava com dificuldade para respirar. Sentiu um aperto no peito. A sua vida não estava horrível o suficiente. Seu bebê tinha que nascer prematuro e com problemas. Segurou a vontade de chorar, mas não pode conter uma lágrima. Neji viu a gota cristalina escorrer pelo rosto alvo da rosada. Entendeu o sofrimento dela. Matsuri pegou com todo o cuidado a criança e a enrolou numa faixa. Apoiou Sorata contra o peito Sakura de uma maneira que ele pudesse mamar. Depois pegou outra faixa e o amarrou contra o corpo da mãe. Sorata não conseguia mamar. Depois de algumas tentativas e a ajuda de Neji, finalmente o menino pode se alimentar. Sakura sorriu para o pequeno em seus braços. A cena de fato era linda. Mas isso não amenizava as preocupações da rosada. Ainda tinha que decidir para onde iria.


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