As Crônicas de um Amor escrita por MitilTenten


Capítulo 2
Mathilda e a morte de Tenten




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Mathilda e a Morte de Tenten

Já era de madrugada quando ele saiu do Hospital Geral de Kyoto. Dirigiu-se para o estacionamento. Só queria ir prá casa depois de um dia como aquele. Céus! E que dia! Porque Danzou tinha que se incomodar tanto com ele? Já não bastava toda a correria do hospital? Tudo era motivo para ser criticado por aquele velho que já deveria ter se aposentado. Qual o problema do cabelo comprido? Ele gostava do cabelo longo. E o fato de manter uma relação amigável com os pacientes? Qual era o problema nisso? Já não basta as pessoas passarem por situações difíceis, ainda tem que aturar médico mal-humorado como o velho diretor do hospital. Hyuuga Neji não era o mais sociável dos seres humanos, mas sabia que uma palavra amiga, um sorriso, ou apenas um gesto de conforto era o suficiente para um paciente com graves problemas sentir-se melhor. O hospital por si só já era frio. Ele não precisa ser frio prá piorar a situação das pessoas ali.

— “Hunf! Explique isso para o velho mandachuva desse hospital.” – pensava.

O melhor que podia fazer no momento era ir para casa e dormir. Talvez tomar um banho quente prá relaxar também ajudasse. Sim. Tomar um banho e dormir.

Neji morava numa bela casa de dois andares, com um enorme jardim e uma varanda espaçosa. Precisava do espaço prá abrigar toda a energia que Mathilda emanava. Entrou em casa e jogou as chaves do carro em cima da mesa.

— Tenten, Mathilda, já cheguei! – avisou.

Andou até um canto onde havia duas poltronas e uma mesinha pequena de centro e sentou-se no seu lugar e conversou com sua esposa.

— Hoje foi mais um dia um dia daqueles, sabe? De novo o desgraçado do meu chefe implicou comigo por conta do comprimento do cabelo. Vê se pode? O que ele tem contra mim? Ah, sim. Já havia me esquecido. O cabelo! Hehehe. Ridículo isso, você não acha?

Ficou um momento em silêncio observando a paisagem pela enorme janela que ali havia, sentindo o olhar da esposa.

— Eu sei Tenten, não deveria me importar com isso, mas é inevitável. Hoje além do cabelo ele invocou com a minha “filosofia de tratamento dos pacientes” como ele mesmo definiu o meu modo de agir com as pessoas. Ah, por favor! Você sabe como são os hospitais. Qual o problema de oferecer um pouco de conforto prá quem ta com graves problemas de saúde.

Neji trabalhava na área neonatal. Via com freqüência pais desesperados prá salvarem seus filhos. Era doído ver aquilo, e por isso ele sabia que precisava ser gentil com esses pais. Afinal, ele já passou por aquela situação.

Olhou novamente pela janela e suspirou. Voltou-se para a poltrona a sua frente. Ela estava vazia. Na verdade a poltrona onde Tenten costumava sentar-se para conversar com seu marido Neji, estava vazia há três anos.

— Como você faz falta nessa casa, meu amor! – disse enquanto deixava uma lágrima escorrer pelo rosto.

Foi em direção a seu quarto, mas parou em frente a uma porta branca com um nome escrito com pequenas flores de papel onde se lia Mathilda. Quando descobriu que estava grávida, Tenten ganhou de uma amiga um dicionário quase completo, com nomes e significados. Por algum motivo gostou desse nome. Do alemão que significa donzela guerreira. Se fosse menina esse seria o seu nome. Neji preferia Michiko e até tentou convencer a esposa a mudar de ideia, mas Tenten gostava do diferente, daquilo que choca. Quando sua filha nasceu de seis meses, um pouco antes de Tenten falecer, sobrevivendo aos meses que ficou na UTI neonatal, suportando toda a dor das agulhadas, a fraqueza, e lutando para sobrevier, Neji chegou à conclusão que esse nome era perfeito para sua filha, pois ela mostrou ser uma grande guerreira enfrentando situações nas quais um adulto já teria desistido. Entrou no quarto e avistou sua filha dormindo como um anjo na caminha. Hinata estava ali do lado, dormindo numa cadeira.

— Hinata. Hinata. – disse chacoalhando um pouco a prima.

— Oi nii-san. – respondeu sonolenta.

— Vai dormir numa cama descente. Pode deixar que daqui eu cuido dela.

— Está bem nii-san.

Hinata se levantou pegou suas coisas e se dirigiu prá porta. Neji a acompanhou. Ao chegar à saída despediu-se com beijo na testa da prima.

— Obrigado por me ajudar durante todo esse tempo. Nem sei o que faria se você não estivesse aqui.

— Não tem por onde. Gosto muito da Mathilda, você sabe. Mathilda. A Tenten gostava mesmo do diferente. Mas eu vou prá casa. O Naruto já deve estar dormindo. Tchau.

— Tchau.

Voltou para o quarto da filha e mergulhou em lembranças passadas.

Flashback on.

Estava chovendo muito aquele dia. No hospital tudo parecia mais frio. Chegaram duas vítimas de acidente de carro. Um casal. Andando em alta velocidade foram fechados por um caminhão de duas carretas. Não tiveram chance de desviar em bateram na traseira do veículo. A mulher chegou morta, o homem morreu horas depois com uma hemorragia cerebral. Aquele seria um longo dia.

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Tenten tivera de viajar para uma cidade aos arredores de Kyoto. Como curadora de um museu de arte histórica, Tenten geralmente saía em turnês de exposição de obras locais e regionais. Dessa vez tinha que ir a pequena cidade de Yamashina. O museu ficava no centro da pequena cidade, e para chegar lá Tenten resolveu ir a pé, já que não era tão longe. Saiu da estação empunhado um guarda-chuva, mas ao tentar atravessar a primeira rua um carro veio em alta velocidade e a atingiu. A mulher foi arremessada a alguns metros de distância e caiu no chão já inconsciente.

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Neji estava observando o berçário ao lado de um homem que acabara de ser pai. Observavam o pequeno bebê ser envolvido numa manta azul pela enfermeira.

— Um belo menino! Como vai chamá-lo? – perguntou

— Vai se chamar Isao. – respondeu o pai da criança meio bobo.

— Belo nome. Como é a emoção de ser pai?

— Você tem filhos?

— Ainda não. Minha esposa está grávida. Daqui a três meses o bebe nascerá.

— Então daqui três meses você vai saber. – disse sorrindo.

Ouviu o celular tocando e se retirou prá atender.

— Alô?

— Hyuuga Neji? – perguntou a voz do outro lado

— Sim.

— Hyuuga aqui é o oficial Ueno. Houve um grave acidente de carro em Yamashina e sua esposa está gravemente ferida. Ela será levada para o hospital local. Receio que ela e o bebê não sobrevivam.

Aquela notícia foi um baque para Neji. Na mesma hora saiu correndo em direção ao estacionamento para poder ir ao local do acidente. Não ouviu quando o chamaram nem percebeu quando tentaram interceptá-lo. Ele tinha que ver sua Tenten o mais rápido possível.

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A ambulância não corria pelas ruas da cidade: voava. O acidente realmente era grave. Pelo que constava, uma mulher grávida de aproximadamente seis meses havia sido atropelada e corria sério risco de vida. O medo dos para-médicos era não encontrá-la viva. Segundo o comandante da polícia ela estava atravessando a rua e não viu o carro. No Japão os carros são silenciosos, por isso muitos acidentes acontecem, pois as pessoas não escutam o ronco do motor, então acham seguro atravessar a rua sem olhar se vem carro.

Quando chegaram correram para perto da moça. Estava com o corpo dilacerado.

— Será que vamos conseguir salvá-la? – perguntou um dos para-médicos enquanto davam início aos primeiros socorros.

— Não sei!

— Desconfio que não. Ela está muito machucada.

Puseram um colar para imobilizar o pescoço a fim de colocá-la na maca. Adentraram a ambulância e correram para o hospital.

Ao chegarem ao hospital avistaram Neji completamente desesperado.

— TENTEN!

Correu para a maca onde ela estava. Tentou abraçá-la, mas foi impedido pelos médicos.

— Calam meu senhor. Temos que levá-la para a sala de cirurgias.

Tenten estava deitada em uma maca. Os enfermeiros e médicos corriam contra o tempo para salvar a sua vida. Ela tinha várias hemorragias internas e uma ruptura no útero. A situação era tão grave que teriam de optar pela vida de Tenten ou pela vida do bebê.

— Olá senhor! Sou o doutor Taniguchi. Você é parente da vítima?

— Prazer, doutor Hyuuga. E sou o marido dela. O que vai acontecer? Por favor, salvem a minha esposa e o meu filho. – pediu entrando em desespero.

— Doutor Hyuuga, eu lamento não ser possível fazer isso. Vim aqui te dizer que terá de optar pela vida de um deles.

— O quê? Como assim optar pela vida de um deles? Não posso fazer isso. - disse quase gritando.

Não podia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Lembrou-se de sua infância, quando sua irmã morreu pouco depois de nascer. Parecia um pesadelo que se repetia.

— Acalme-se. Infelizmente não podemos salvar os dois. Sinto muito. Sua mulher está muito ferida. E se o bebê nascer agora talvez não sobreviva.

Neji estava desconsolado. Não podia simplesmente deixar um dos dois morrer. As lágrimas escorriam pelo seu rosto em grande quantidade. Queria entrar na sala de cirurgia e fazer alguma coisa, mas o que? Sentiu seu peito apertar. Queria a sua família. Queria optar pela sua família.

— Salve quem tiver mais chance de sobreviver. – dito isso caiu em uma cadeira e chorou.

O médico se retirou do local e adentrou a sala de cirurgias. Neji já ligara prá sua prima Hinata a fim de avisá-la do acidente e ela estava a caminho com Naruto. Seus pais provavelmente já sabiam de toda situação.Viu uma enfermeira saindo apressada do quarto com um pequeno embrulho nas mãos. Ele a seguiu até que ela entrou numa área restrita: a UTI neonatal. Parece que quem sobreviveu foi sua filha. Foi até o local para ver a criança, mas a enfermeira não o deixou entrar. Conduziu-o de volta a sala de espera. Ao chegar lá viu o médico com um semblante sombrio.

— Você já deduziu quem foi que sobreviveu. – vendo que o Hyuuga continuava sem falar continuou – Lamento pela sua esposa. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, mas não foi possível salvá-la.

— Por que isso tinha que acontecer?  Por que, Kami-sama? – dito isso caiu de joelhos no chão. – Como eu vou seguir em frente? Como eu vou criar nossa filha sozinho? – sussurrava.

Chorava inconsolável. Era demais prá uma noite. Uma das enfermeiras foi até ele e o ajudou a se levantar do chão. Sentou-o numa cadeira, enquanto outra buscava um pouco de água para acalmá-lo. Aquilo era um pesadelo. Não podia ser real.

— Tivemos de fazer uma cesárea, pois havia uma ruptura no útero que poderia causar o aborto. Sua mulher morreu em decorrência de hemorragia cerebral e uterina.

— NEJI! Por Kami! O que houve. – perguntou Hinata adentrando o local.

Sentou-se ao lado do primo o observando. Nunca o vira chorar. Nunca. Aquela cena era tão fora do comum que Hinata presumiu que o motivo do choro estaria ligado ao que de pior poderia acontecer com Tenten. Ficou muda olhando o primo chorar.

Lee tinha ido junto com Hinata e Naruto para o hospital. Amigo de longa data do casal, sempre esteve ao lado nos momentos alegres e nos momentos nem tão alegres assim. Mas também nunca havia visto Neji chorar. Algo estava muito errado.

— Você ligou dizendo que a Tenten sofrera um acidente. Onde ela está? – perguntou Naruto.

— O que houve com a minha flor? – perguntou Lee temendo o pior.

Nesse momento dois enfermeiros saíram da sala de cirurgias empurrando uma maca com o corpo da mulher. Na hora que o Hyuuga viu soluçou alto.

— Por Kami-sama, Neji. – Hinata deixou lágrimas escorrerem pela sua face alva.

— A minha flor está morta. – Lee não conseguia acreditar no que estava vendo.

— Eu sinto muito, Neji. – Naruto falou consternado com a situação – E o bebê? – perguntou o loiro notando que o cadáver não tinha a protuberância da gravidez.

— Está na UTI. Eles conseguiram salvá-la. – disse enquanto ainda soluçava.

— Vamos avisar os pais da Tenten sobre o ocorrido. – disse Naruto, num raro momento de sensatez.

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Aquele dia chovia como nunca. O caixão estava sobre a cova sustentado por bases para depois da cerimônia ser baixado. Todos os presentes no enterro vestiam preto e se abrigavam debaixo de vários guarda-chuva. O padre proferia as palavras de despedida, mas Neji já não escutava mais nada. Esperava para se despedir definitivamente de Tenten. Após o enterro Neji continuou parado em frente ao túmulo da esposa. Estava sozinho e debaixo da chuva, mas não ligava. Fechou os olhos e escutou o barulho da chuva. De repente escutou a voz de Tenten:

— Neji, meu amor. Quero que saiba que daqui onde estou eu continuarei amando a você e a nossa filha. Não chore meu amor, e nem se preocupe comigo. Eu estou bem.  Quero que cuide e ame a nossa pequena filha. Não permita nunca que ela sofra. Eu te amo Neji. Adeus meu amor... Adeus.

Abriu os olhos e nada viu. Fora a sua imaginação talvez. Mas decidiu fazer o que sua esposa queria. Cuidaria da filha e não deixaria que ela sofresse.

— Eu prometo prá você Tenten, eu não vou deixar a Mathilda sofrer. Vou amá-la mais do que já a amo. Isso eu prometo a você meu amor... Adeus.

Ainda soluçava quando fez a promessa. Sabia que Tenten jamais o perdoaria se rejeitasse sua filha.

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Os raios penetravam pela fina cortina rosa do quarto. Acordou com um leve peso em cima de si. Abriu os olhos e viu sua filha em cima das suas pernas.

— Já acordou? Como você acorda cedo, hein?

— Fome pai. Quéio blaxa. – disse a pequena menina a sua frente.

— Vamos tomar café, Mathilda. – dito isso deu um beijo na testa da filha e a carregou para a cozinha.

— Vamoooss! – disse a pequena erguendo as mãos e comemorando.

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Não sei se essa fic ta boa, afinal é a primeira que eu estou fazendo prá valer. Então por favor, deixem reviews. Mesmo que seja prá dizer que a história nem ta boa assim, mas dêem alguma opinião, prá eu poder continuar.

Beijos prá vocês.


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