Equilíbrio escrita por Diane


Capítulo 18
Capitulo 18 - Truque de espelho




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/522046/chapter/18

–- Que cheiro é esse? –- Mary perguntou franzindo o nariz.

–- É o bolo –- Alec falou sorrindo angelicalmente.

Mary nos encarou espantada.

–- O que vocês colocaram no bolo?

Sentei em um banco e coloquei as pernas encima da mesa.

–- Uns doze ovos, eu acho, talvez seja mais, um pote de 500g de fermento, e água.

Ela olhou para minha cara e depois olhou para Alec. A expressão dela era totalmente incrédula.

–- Vocês estão brincando, né?

–- Não.

E para confirmar o que eu disse o microondas explodiu. Voaram pedaços metálicos, folha de alumínio, uma massa pegajosa com casca de ovo. Ah, caramba, esqueci que papel alumínio no microondas causa uma explosão, lá se vai o microondas e meu bolo de morango.

Em um segundo eu estava ensopada de massa de bolo estragada e fermentada, na verdade, todas as vítimas presentes ali estavam, e um pedaço do microondas que não existe mais atingiu a janela quebrando o vidro, e os vidros caíram no ármario que ficou com lindos pedaços de vidro entalhados na madeira.

Acho que destruir hotéis está virando hábito. Bom, eu não vou pagar a conta, Alec é que vai, a culpa é totalmente dele.

–- ISSO É TENTATIVA DE ASSASSINATO? –- Sam berrou –-TERRORISTAS.

Damien olhou feio para ele. Ele estava com um ovo grudado no cabelo e com a cara toda melada de massa, e

–- Cala a boca, o sindico do hotel via vir ver a causa da gritaria.

–- Vai ser muito engraçado quando o sindico ver a destruição –- Murmurei.

[...]

Engraçado foi ver a cara de Vanessa e Layla. Elas nem deram oi para Mary, Damien e San. Assim que viram a situação da cozinha, saíram correndo para trás do sofá, provavelmente pensaram que um monstro tinha atacado. Depois elas ficaram um tanto irritadas quando descobriram que não foi um monstro que atacou, mas sim eu e Alec.

O pior de tudo foi a fila para tomar banho. Digamos que tinham cinco pessoas cobertas de massa e apenas dois banheiros, e além disso a massa estava começando a secar encima de nós e formando uma casca. Agora sei como as formas de bolo se sentem.

Nunca vou entender esses hotéis, a diária é cara, mas eles nem tem a dignidade de colocar cinco banheiros.

Tentei sentar no sofá, isso mesmo, tentei...

–- NÃO DEITA, VOCÊ VAI SUJAR O SOFÁ, ESCUTOU?

Vanessa, aquela filha da mãe, parece que não sabe falar, só gritar.

–- Se você parar de gritar, meus tímpanos agradecem –- Falei e deitei no sofá, sim só para contrariar.

Pelo jeito iria demorar para chegar minha vez de tomar banho. Sam pulou igual um ninja elfo para um dos banheiros e trancou a porta. Já Damien pulou de cabeça na porta, literalmente. Consequência : Ele quebrou a porta, provavelmente vai ficar com dor de cabeça pelos próximos dois anos e ninguém pode ficar no corredor, por que estava sem porta e ninguém queria ver Damien tomando banho. Ok, Vanessa queria ver, mas tiramos ela de lá, assedio dá cadeia, e nossas vidas já estão complicadas suficientes.

Depois de dois milênios sentada no sofá conversando com Layla, ou melhor, reclamando do maldito bolo assassino, consegui convence-la a fazer um bolo de morango para mim. Layla pode ser desinformada, um pouquinho boba... talvez mais do que um pouquinho, mas a menina sabe cozinhar.

Pedi emprestado alguns livros a Mary, infelizmente ela só tinha livros de romance. Decepcionante essa parte da geração moderna que só lê romances, parecem que até esquecem o que é Jogos Vorazes, Heróis do Olimpo, Crônicas dos Kanes... Os melhores livros já criados.

–- Esse é o gato de olhos azuis que você me falou? –- Ela apontou para o Mingau.

Mingau olhou para ela satisfatoriamente e ronronou.

–- É esse metido mesmo.

–- Ele não é muito musculoso...–- Mary estava corada lembrando as gafe dela no telefone –- Qual é seu nome lindinho?

–- Mingau –- respondi por ele.

O animal revirou os olhos azuis e rosnou.

–- Mingau porcaria nenhuma –- Ele rosnou para mim e depois se virou para Mary e olhou para ela tão sedutoramente quanto um felino pode –- Me chame de Tigre, mi lady.

–- Deuses, onde fui arrumar um gato tão arrogante? –- murmurei.

Idia abriu a boca e fechava produzindo um som semelhante á uma risada. Ah, eu amo essa gata e aquele gato metido.

[...]

Aviões são entendiante, absolutamente entediantes, a única coisa boa é olhar para baixo.

Muita gente tem medo de voar de avião e fica gritando, tipo Damien no banco de trás. Eu não tenho medo, particularmente até gosto, é muito interessante observar o mundo abaixo de si, era como se todos os outros embaixo de mim fosse formiguinhas, quase insignificantes.

Tivemos muito trabalho para chegar aqui –- traduzindo: para convencer o hotel não nos processar.

Layla estava sentada do meu lado, no lado oposto da janela já que quando estou em um transporte eu sempre fico do lado da janela, é um hábito, ela estava vendo um filme que passava na televisão. Damien fechava os olhos com força, tentando não olhar para baixo e Sam tirava uma da cara dele. Vanessa e Alec estavam sentados na minha frente, Alec dormia com a cabeça encostada no ombro da irmã enquanto a ruiva lia uma revista de moda.

Já Idia e Mingau, estavam em caixinhas para gato no compartimento dos animais. Prevejo caixinhas de gato estouradas e carregadores assustados.

Outra coisa boa do avião era as comidas servidas pela aeromoças. Toda hora passava uma aeromoça servindo petiscos, algumas coxinhas, empadas e refrigerantes.

Uma aeromoça passou e me estendeu um prato com duas empadas e um copo de coca-cola. Estava estendendo a mão para pegar quando o avião passou por um turbulência e a coca-cola virou encima das empadas e de mim. Minha blusa branca ficou preta e duas empadas apetitosas ficaram com cobertura de coca-cola.

Peguei minha jaqueta e fui no banheiro. Obviamente eu teria que tirar a camisa já que o voo só acabaria á umas duas horas no mínimo.

Os azulejos do banheiro do avião, o piso e a pia eram todos brancos e na parde central tinha um espelho enorme que dava para me ver da cabeça aos pés. Todo aquele branco me dava um tipo de irritação. O estranho é que a maioria das pessoas tem medo do preto, mas eu estranhamente não me sentia confortável ali.

Tirei a camiseta e coloquei a jaqueta o máximo rápido que pude. Eu já estava com um mal pressentimento. Normalmente qualquer um se sente confortável em um lugar calmo e iluminado.

Me aproximei do espelho para ajustar a jaqueta. Tive a leve impressão que outro reflexo além do meu se refletiu ali. Olhei para trás para verificar se estava sozinha. Minhas mão foram automaticamente para a minha cintura aonde minhas katanas estavam presas apesar do trabalho de passar pelo detector de metal.

Você sempre se achou a mais esperta... Tão tolinha...

Ouvi alguém falar atrás de mim. Me virei na hora apontando as katanas para trás e não havia ninguém.

Ou estou louca, ou tem alguém aqui que não quer mostrar a cara.

Acha realmente que essas katanas podem me machucar?

–- Eu pelo menos mostro a cara –- Falei baixo, não podia dar o luxo de gritar, senão os passageiros iriam ouvir.

Mas é claro que eu mostro a cara... estou viajando no seu grupinho agora... Você realmente não esperava que eu fosse um dos seus amiguinhos.

Parei e olhei para o espelho, nele surgiu uma silhueta feminina, mesmo sendo só uma silhueta eu sabia que ela estava rindo.

Desde que eu casei com seu irmão, á milênios atrás, em Nárnia, ninguém me achava ameaçadora. Aprenda, as pessoas ameaçadoras são as que parecem mais inocentes.

Dizendo isso a silhueta sumiu do espelho. O vidro começou a trincar no local que ela apareceu e por fim, se quebrou, lançando cacos de para todo o banheiro.

[...]

Saí do banheiro e sentei na janela. Não tinha mais graça olhar para baixo. Trivia era alguém ao meu redor, e o pior, ela entendia mais de magia do que eu. Eu nem consigo mover um cristal, mas ela pode quebrar vidros, falar em lugares onde não está e criar sombras.

Olhei para cada um ao meu redor tentando pensar em qual deles era ela. Sam ria de Damien que ainda continuava de olhos fechados, talvez se ela assumiu uma forma masculina para despistar, mas eles pareciam tão naturais, igual a garotos normais, não conseguia imagina-los como uma feiticeira assassina. Layla estava tentando alcançar o nariz com a língua, acho que nem preciso falar minha opinião sobre isto. Vanessa estava acariciando o cabelo de Alec, que ainda estava dormindo no seu ombro, pela primeira vez eles não pareciam tão ruins assim.

Nenhum deles pareciam aquele monstro que se refletiu no espelho.

As duas horas passaram tão rápido que nem reparei. Assim que saímos do avião fomos á uma lanchonete no aeroporto, nem pizza melhorou meu humor.

Eu particularmente, se fosse ela, não iria falar que estava infiltrada no grupo, mas entendo por que ela fez isso, era para brincar comigo e me aterrorizar. Mas ninguém por mais poderosos que seja vai fazer isso comigo. Eu não sou uma garotinha que se esconde debaixo da cama.

Olhei para a cara de cada um sentado na mesa comigo.

–- Eu sei que um de vocês é Trivia. Não importa quanto eu goste da pessoa, ou quão simpática ela ou ele seja, assim que eu descobrir quem é ela eu vou mata-la.

Na hora apertei o punho da faca de cozinha que estava na mesa e a enfinquei na madeira, fazendo todos ali levarem um susto.

Eu sabia que ela estava lá, e que estava me olhando. E eu vou descobrir quem ela é.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!