Equilíbrio escrita por Diane


Capítulo 17
Capitulo 17 - O Deus da Guerra e Bolos de Morango




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Eu a partir de agora detesto elevadores. De longe eles parecem uma alternativa muito boa comparada a cem mil degraus, mas é só você experimentar a experiência de estar presa dentro deles e você começa a amar escadas.

Entenda, seria até aturavel se eu estivesse presa sozinha. Como não fosse suficiente estar presa num lugar minusculo, é claro, tinha que estar presa num cubiculo com Alec e Vanessa.

Tenho certeza que as Parcas pensam assim : Hum... eu acho que os leões, o grifo, os abutres e os caras em decomposição não foram o bastante... O que acham de prende-la numa caixa metálica com pessoas que ela não suporta para vermos quem sobrevive por mais tempo ?

Velhas filhas da mãe.

Então lá estava eu, ocupando meu tempo de olhar a parede metálica enquanto Alec batia na porta e Vanessa e Layla se xingavam.

O mais engraçado de tudo é que ninguém se importa com o oxigênio. O oxigênio daquele cubículo acabaria em pouco tempo.

Encarei a porta do elevador. Ela estava cheia de amassados fundos em formato de punho. Pelo visto assim que esse elevador voltar ao normal, alguém vai ter que pagar pelos danos causados ao elevador do shopping, o difícil vai ser a criatura explicar como conseguiu amassar com os punhos uma porta resistente.

–- Alec, não entendo por que você quer sair daqui –- Ouvi Layla falar –- O sonho da maior parte dos garotos é ficar preso com uma loira, uma morena e uma ruiva.

Cara, não acredito que ela falou isso. Desde quando, Layla é tarada?

Dei uma cotovelada nas costelas, com força. Observei Alec se virar e levantar uma sobrancelha para ela, surpreso, mas por fim voltou a uma expressão cética.

–- A ruiva é minha irmã. A morena é psicotica e a loira aparentemente não tem cérebro.

Chutei ele.

–- Psicótica, eu?... a única psicótica que conheço é sua tia.

–- Eu nunca falei que Ilithya não é psicótica.

E por fim as portas do elevador abriram e uma moça que estava passando na nossa frente ficou parada encarando os amassados na porta.

Ah, nós fascinamos os mortais.

Acredite, passar á tarde com Vanessa e Layla no shopping é tortura. Eu teria feito tudo para evitar isso, mas infelizmente todas nossas roupas foram carbonizadas, então á menos que eu me vestisse com carvão, eu teria que ir no shopping com elas.

Assim que Vanessa viu a primeira loja de sapatos Alec deu tchau tchau e foi embora quase correndo. Bom, ele conhece a irmã.

Nunca entendo o problema dessas duas criaturas com compras. Seria muito mais fácil escolher uma roupa que você gosta, ver o tamanho dela, e se for do seu tamanho é só coloca-la nas sacolas, fácil. Mas Vanessa e Layla amam complicar, escolhem uma peça de roupa e passam horas na frente do espelho combinando elas com várias outras peças.

Nunca vou entender essa geração de adolescentes.

Eu estava sentada numa cadeira tomando uma casquinha enquanto Layla e Vanessa estavam trocando de roupa pela milésima vez. De repente o celular apitou.

Vá para a Shared, no shopping onde você está.

Tentem adivinhar? Mais uma dessas mensagens anônimas. Dessa vez resolvi pesquisar o que era Shared, fui fora da loja e perguntei á um dos seguranças o que era Shares, uma loja ou outra coisa?

–- É uma lanchonete.

Lanchonete? Que ser vivo seria burro suficiente para tentar fazer uma emboscada numa lanchonete. Ergam as mãos longe do hamburguer senão mato vocês. Okay, isso é patético demais.

Voltei para a loja e arranquei Layla e Vanessa do vestiário.

–- Vanessa liga para a criatura do seu irmão e fale para ele vir aqui agora!

[...]

–- Não entendo –- Alec falou enquanto olhava para mim –- por que você está tão desesperada para ir numa lanchonete.

Revirei os olhos.

–- Estou com fome –- menti.

–- E por que precisava me tirar da loja de roupas e me arrastar até a lanchonete ?

–- Para o caso de ataque de monstros em decomposição –- menti perfeitamente.

Então enfim chegamos na lanchonete. Bom, era uma lanchonete normal, normal mesmo, com azulejos na parede e monte de salgadinhos e lanches em exibição.

–- Filhotaaaaaa !

Virei para o lado e vi minha mãe, Charlotte e Henry sentados numa mesa comendo hamburguer com coca-cola e batata frita. Juro que um segundo atrás eles não estavam ali...

–- Mãe? –- Falei enquanto me aproximava da mesa –- Eu vim aqui por causa de uma mensagem anônima, por que estão aqui ?

–- De que porcaria de mensagem anônima você está falando ? –- Ouvi Alec falar atrás de mim.

–- Daquelas que recebi e não contei para vocês –- falei no maior cinismo.

–- E se fosse uma emboscada ?

–- Ninguém faz uma emboscada numa lanchonete. É patético.

Me sentei na mesa junto com eles. De repente apareceram mais três cadeiras e hamburguers, para os outros se sentarei. Minha mãe piscou para mim.

–- Eu que enviei as mensagens anônimas –- Henry falou.

Olhei para ele seriamente. A criatura comia um lanche de ovos cozidos e carne bovina, pelo jeito ele não perdeu a obsessão por ovos.

–- Eu francamente achava que iria encontra algo útil em São Francisco. De volta á escala zero novamente –- murmurei decepcionada.

–- Mas você encontrou Ares! –- Henry exclamou.

Olhei em volta de mim. Não tinha nenhum deus grego da guerra.

–- Cadê ele ?

Henry sacudiu me braço.

–- Eu sou Ares, Horus, Marte, o deus da guerra, entende ? Vim especialmente nessa loja por que aqui tinha uma entrada subterrânea que leva até a prisão de Alcatraz

Olhei desafiadoramente para ele.

–- Prove!

Charlotte se engasgou de rir enquanto tomava a coca-cola. Henry fechou as mãos e abriu, e no chão, uma lança de ferro brotou do piso e depois desapareceu.

–- É, até que pode ser verdade –- concluí.

–- Desde quando mortais fazem lanças surgirem do chão? –- Alec retrucou ironicamente enquanto tirava o hamburguer do seu pão e colocava no canto da mesa.

–- Por que você está tirando a carne ?–- minha mãe perguntou.

–- Sou vegetariano.

Fechei os olhos.

–- E quando penso que já vi tudo no mundo vejo isso... um vampiro vegetariano.

Alec ignorou o meu comentário maldoso e continuou tirando as partes de carne do lanche. Charlotte estava rindo da cara de Henry, ou Ares, sei lá como vou chamar essa criatura a partir de agora.

–- Ares, eu tinha falado que mensagens anônimas eram burrice –- Charlotte falou rindo –- Por isso você é o deus da guerra e não da inteligência.

Ares fechou a cara.

–- Ah, cale a boca, Hecate.

Ergui uma sobrancelha.

–- Hecate?

–- Ah, sim. Hecate perante os gregos, Heket, para os egipcios e Trivia para os romanos.

Vanessa se engasgou com seu hamburguer –- Que segundo ela era puro carboidrato, mas mesmo assim ela devorava ele como se fosse a última do mundo. Hipócrita.

–- Triva? Não é o nome da feiticeira louca não?

A expressão de Hecate era de quem não gostava do assunto.

–- Na verdade, Trivia é meu nome romano, mas aquela vaca de feiticeira roubou ele só para dizer que era quase uma deusa da magia. Aquela vaca dos infernos, mata meus filhos e rouba meu nome.

Ares deu uns tapinhas no ombro de Hecate.

–- Por favor não tenha um acesso de raiva aqui, você já explodiu aquele edifício em Los Angeles.

Olhei curiosamente para eles.

–- Tem mais algum conhecido meu que seja um deus?

–- Tem sim. Jessamine é Ártemis; Mattew é Poseidon; Amy é Atena; David é Hermes; e Eiewer é Hades.

Pisquei.

–- Bom saber que metade dos seres humanos que eu conheço são deuses.

Acabei o meu hamburguer e lembrei do fato que eu precisava da maldita adaga.

–- Bom, onde está a adaga ? –- Perguntei.

Ares tamborilou os dedos sobre a mesa.

–- Debaixo do meu templo no Ágora de Atenas.

Alec se engasgou com os alfaces do lanche.

–- Vamos ter que demolir um templo do patrimônio da humanidade ?

Ares o fuzilou com o olhar.

–- Se você demolir meu templo eu vou demolir você. Na verdade, o templo tem uma passagem para o subterranêo onde está a adaga.

E dizendo isso, ele, minha mãe e Hecate desapareceram numa nevoa vermelha, levando junto os lanches e as cadeiras. Bom as cadeiras sumiram e Alec, Vanessa e Layla caíram de bunda no chão.

[...]

Layla estava se digladiando com uma menina loira por causa de uma camiseta. Eu já tinha comido, e tudo estava okay. Resolvi sair daquele lugar.

Cheguei no hotel, entrei na sala peguei meu livro sobre vrykolakas –- O ataque dos monstros me deixaram curiosa –- e comecei a ler. Curiosamente cheguei na conclusão de os vykolakas eram servos de Trivia ( A Feiticeira louca), já que os defuntos não eram servos de nenhum deus.

Alec estava no outro sofá lendo um livro. Pela primeira vez na vida ficamos cinco minutos sem um tentar matar o outro. Um milagre causado pelo santo livro. Idia e Mingau estavam deitados no sofá dormindo igual dois gatinhos normais –- Coisa que claramente eles não são. Na verdade minha vida está tão estranha que nem meus animais de estimação são normais.

Cansei da leitura sobre mortos vivos voadores. Estranhamente senti fome, desde quando ler livros de monstros me dá fome? Ah, eu adoraria um belo bolo de morango. Cara, eu tenho que parar de comer pizza e bolo, senão vou virar uma bola.

–- Alec, você sabe cozinhar? –- Perguntei.

Ele levantou os olhos do livro.

–- Não.

Revirei os olhos.

–- Criatura inútil.

Ele largou o livro e ergueu uma sobrancelha.

–- E você sabe cozinhar ?

–- Na verdade, eu nem sei como se liga um fogão.

[...]

–- Christine, aqui no site se diz que para ligar um fogão tem que girar esse botão e apertar esse –- Alec falou enquanto segurava o celular.

Nem me olhem feio, e daí que eu não sei ligar um fogão? Pelo menos existem manuais online, isso mostra que não é só eu que tenho dificuldades para ligar um fogão..

Fiz o que o site dizia e de repente um lado do fogão acendeu.

–- Pronto, agora lê os manuais para fazer um bolo.

Ele me olhou feio.

–- Nem precisa, perdi as contas das vezes que vi Ilithya fazendo bolo eu acho que sei.

–- Okay, criatura. Só não coloque fogo nesse lugar, acho que já completamos a cota de incêndios –- Falei.

Alec ficou revirando os armários até achar uns ovos, farinha, e chantili. Peguei uma tigela e coloquei a farinha e misturei com água. O projeto de vampiro franziu a testa.

–- Não era para misturar a farinha com leite?

Dei os ombros.

–- Dá na mesma.

–- Eu lembro que agora Ilithya quebrava os ovos e colocava a clara na tigela –- Ele falou –- Como se quebra ovos.

Peguei o ovo e arremessei ele na tigela.

–- Assim.

–- Eu me lembro que minha tia colocava apenas a clara do ovo, não a gema e as cascas.

–- Mas assim é mais fácil –-protestei.

Alec pegou a bandeja de ovos e despejou todos eles dentro do pote. Será mesmo que precisava colocar doze ovos no bolo? Mas tanto faz.

Fui no armário e peguei o fermento. Abri a lata e despejei tudo na vasilha.

–- Er... Christine, era só para colocar quatro colheres de fermento, não 300g.

Encarei ele.

–- E provavelmente não era para colocar doze ovos.

–- Tanto faz... melhor á mais do que a menos.

Alec pegou a batedeira do armário e ligou ela na tomada. Assim que ele ligou ela e a colocou no pote saiu voando direto para a cara dele a massa do bolo. Ri tanto da cara dele que caí da bancada da cozinha de onde eu estava sentada.

–- Ah, é assim, é ? –- Ele falou e pegou o chantili e espirrou em mim.

Desviei do chantili voador, mas grande partes pegou meu cabelo, deixando ele branco. Peguei uma lata qualquer que tinha dentro do armário e joguei nele.

Ele se desviou e a lata bateu na parede. Ele riu da minha cara. E então num estralo a lata se partiu no meio e 500 gramas de morango voaram nele.

–- Idiota –- Ri –- Okay, vamos parar agora que temos que fazer esse bolo ainda.

Peguei a vasilha e coloquei a massa numa forma. Sério, aquela massa estava com uma cara estranha, o que será? Embrulhei a forma que continha a massa em papel aluminio e coloquei no forno.

–- Não, o forno está quebrado –- Alec falou e pegou a forma e colocou no microondas.

Bom, agora era só fazer o recheio. Peguei outra vasilha e coloquei chantili e quando eu estava colocando o creme de morango para misturar Alec me interceptou e tirou o creme de morango da minha mão.

–- Não, eu quero bolo de baunilha.

–- Mas vai ser bolo de morango, vampirinho –- Falei enquanto tentava tirar o creme de morango das patas dele.

–- Eu que fiz a maior parte do bolo –- Ele protestou.

–- Mas eu que tive a ideia.

Avancei par acima dele para pegar o pote de creme de morango, quando eu estava quase alcançando o maldito pote eu tropecei num morango no chão e caí.

Aquela praga começou a rir da minha cara.

Sorri maldosamente e dei uma rasteira nele, fazendo ele cair no chão.

Tentei alcançar o maldito pote, mas ele me imobilizou no chão. Na verdade lutas solos nunca foram o meu forte, e tentando pegar um pote de creme de morango, não ajudava nisso.

Dei uma cotovelada no ombro dele, uma leve distração, mas foi o suficiente para empurrar ele de cima de mim e tentar pegar o pote, eu estava quase pegando o pote quando a vasilha de chantili caiu encima de nós. Maldito chantili.

Infelizmente o chantili deu uma brecha para ele me derrubar novamente. Quando fui empurra-lo ouvi alguém gritar atrás de mim.

–- NOSSA! A CHRISTINE E O ALEC ESTÃO SE AGARRANDO NA COZINHA.

Por que diabos eu estou ouvindo a voz irritante de Sam, a praga não devia estar procurando a outra adaga?

E então virei para trás e vi ele, Mary e Damien com os olhos arregalados encostados do batente da porta.

[...]

–- Você está gostosa –- Sam falou quando lambuzou o dedo no chantili do meu braço e colocou na boca.

Dei um soco forte no estomago dele. Ele deu uns passos para trás e caiu de bunda no chão. Ah, não foi maldade minha...

–- O que vocês estão fazendo aqui ? –- perguntei.

–- Encontramos a adaga branca, agora viemos ajudar vocês a encontrar a adaga.


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