Equilíbrio escrita por Diane


Capítulo 16
Capitulo 16 - Mais um felino e vampiros originais.




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–- Acorda, Chris –- Ouvi a voz de Layla.

Abri os olhos e vi ela me encarando.

–– Sua filha da mãe! Era para você não me deixar dormir!

Ela me encarou com cara de paisagem.

–- Por que ?

Suspirei. Na próxima vez vou deixar uma nota escrita " NÃO ME DEIXE DORMIR" encima da tela do celular dela. Reparei que o trem já tinha parado, provavelmente concluímos a viajem sem nenhum acidente o aparição de nenhum monstro. Até estranhei esse fato, pelo jeito estou até ficando acostumada com monstros na cozinha.

–- Não aconteceu nada? –- Perguntei.

–- Nada –- Vanessa respondeu.

Olhei para ela decepcionada.

–- Nada.

–- Nadinha de nada? –- perguntei novamente.

–- Já falei que não aconteceu nada.

Revirei os olhos.

–- Que decepcionante...

Alec me encarou. Ah, eu sei que ele não me suporta.

–- Christine, eu vou te passar o endereço de um psiquiatra ótimo.

–- Claro Alec, passe o endereço do doutor Stanfford –- Vanessa falou –- Ele é ótimo. Ah, já ia esquecendo na semana que vem você tem consulta com ele, Alec.

Alec ficou com as bochechas vermelhas.

–- Irmãs... –- ele murmurou –- Criaturas isuportavéis.

Idia estava louca da vida no setor do trem para os animais. Deixamos ela lá numa caixinha de transporte de gatos, e aparentemente ela não gostou da experiência. Creio que em um momento de estress de viagem ela se transformou em onça e estilhaçou a caixinha. O moço que carregava as bagagens ficou assustado ao ver a caixinha estilhaçada e uma pequena gata de olhos azuis sentada nos destroços lambendo a pata.

–- Hum.. Nós temos uma gata muito temperamental, sabe ? –- Falei antes que os olhos dele saíssem das orbitas.

Idia me encarou.

–- Eu temperamental ? Eu sou um anjinho felino.

O moço que carregava as bagagens ficou parado com os olhos quase saltando das orbitas olhando a gata. Aparentemente seres humanos também conseguem escutar Idia.

–- Ela falou ? –- ele perguntou tremendo.

Alec deu uns tapinhas no ombro dele.

–- Entendo, também odeio quando ela fala.

O coitado começou a tremer e por fim saiu correndo do vagão do trem gritando " SOCORRO, GATA FALANTE ASSASSINA DESTRUIDORA DE CAIXINHAS QUER ME MATAR "

Fechei os olhos.

–- É cada desequilibrado que encontro...

Alugamos um carro, já que o de Alec tinha ficado em NY. O carro era prateado e confortavel, não sei qual era a marca, já que não entendo de marcas de carro.

Estávamos no momento indo até o hotel, ficava bem longe dali, perto da Baía que levava até a ilha de Alcatraz. Durante o caminho eu ficava olhando as montanhas imaginando se em uma delas estava Atlas segurando o céu, se tanta coisa que eu não acreditava poderia ser real por que Percy Jackson, Annabeth Chase ou Leo Valdez não poderiam ser reais?

Ri pensando na Maldição do Titã e me perguntei se encontraria Nereu no meio da praia. Provavelmente não, mas não custa ter esperança.

Eu estava distraída encarando a praia e levei um susto quando vi algo pequeno se movendo debaixo de algumas madeiras empilhadas no outro lado da rua. Era um gato, pude notar. Com o pelo malhado igual ao de um tigre e peludo igual um persa, de longe vi os olhos azuis brilharem.

Por um segundo lembrei de um gato que tive quando tinha onze anos. O nome dele era Mingau –- Não julguem a minha incrível capacidade de dar nomes idiotas á animais–- e aquele gato na pilha de madeiras tinha exatamente a mesma aparência de Mingau.

–- Pare o carro! –- gritei.

Vanessa soltou a mão do volante e deu um pulo na cadeira, no momento um outro carro estava passando e quase se chocou com o nosso. Até Alec que estava dormindo em estado de coma acordou com o susto.

–- Quer me matar? –- Vanessa gritou.

–- Na verdade acho que ela quer matar todos nós–- Alec murmurou sonolento e voltou a dormir de novo. Aparentemente nem o apocalipse iria acorda-lo nesse momento.

–- Não, é que tem um gatinho na rua...

Não foi o apocalipse, mas a palavra " gato" foi o suficiente para acordar Alec.

–- Você quase fez bater o carro por causa de um gato? –- Ele sibilou a palavra como se fosse um nome maligno.

–- Sim.

Mas enfim o carro continuou andando sem nenhum arranhão, felizmente e o gato foi deixado para trás.

Assim que cheguei no hotel minha primeira ação foi checar a cozinha. Prendi as duas katanas no cinto e arrastei Idia comigo. Com o tempo cheguei a conclusão que as cozinhas são perigosas, primeiro na minha casa apareceu um grifo na cozinha, e naquele hotel apareceu dois leões na cozinha. Estou começando a acreditar que as cozinhas são portais para monstros que querem fazer espetinho de Christine.

Liguei as luzes. Nada, apenas um fogão uma geladeira enorme e algumas mesas de mármore caras, e ah, tinha uma janela muito grande de vidro.

Abri os armários e examinei dentro deles, felizmente não tinha nenhum monstro tamanho miniatura. Examinei a tampa do forno do fogão, a pia, o ralo, debaixo da mesa. Bom, não tinha nada.

–- Acabou a inspeção anti-monstros –- Layla perguntou enquanto segurava aquele celular. As vezes me pergunto se ela nunca iria largar esse celular.

–- Acabou. Vamos comer pizza.

Pizza, o amor da minha vida. Não importa quantos monstros e seres malucos me persigam, eu nunca vou achar entediante comer uma pizza. Estávamos em um restaurante perto da Baía da praia, era todos construído em madeira envernizada e a pizza era de forno de lenha, magnifica por sinal.

Eu estava comendo na mesa junto de Layla, claramente em uma mesa separada de Alec e Vanessa, por que eu não quero que eles atrapalhem meus únicos momentos de prazer. Ah, eu estava comendo uma deliciosa pizza de palmito e muzarella, basicamente era a ambrosia dos deuses.

–- O que está achando da pizza? –- Perguntei á Layla.

–- Tem gosto de alho –- Ela respondeu.

Olhei para ela seriamente.

–- Mas vocês pediu pizza de alho.

Não deixei a lerdeza de Layla atrapalhar a degustação da pizza, continuei comendo tranquilamente até ouvir o barulho das janelas quebrando.

Droga!, pensei, Nem posso comer uma pizza em paz?

Da janela tinha pulado umas criaturas esquisitas. Era uma especie de cadáver inchado com asas de morcego e presas. E como se não bastasse o fato deles quererem me matar, eles tinham também que federem mais que ovos podres saídos dos intestinos de uma gambá, confesso que o cheiro acabou com toda a minha vontade de comer pizza.

No todo eram uns seis. Seis desgraçados. Em menos de um segundo todos os humanos saíram correndo de lá, tenho certeza que isso irá aparecer no jornal amanhã.

Me levantei e tirei as katanas do cinto. Alec também tinha levantado com uma espada de punho negro e lâmina de prata, francamente eu não sei de onde apareceu a espada, mas tudo bem desde que ela sirva para matar esses bichos fedorentos. Já Vanessa e Layla estavam escondidas debaixo da mesa, com o tempo elas estavam se tornando mestras na arte de se esconder debaixo de moveis.

–- Alec...hum, esses trecos com asas não são vampiros? –- Perguntei

–- É, são.

Olhei para ele.

–- São seus parentes?

Ele me olhou feio.

–- Não. Esses são os vampiros originais. Os Vrykolakas.

–- Existem vampiros do falsificados ?

Os vrykolakas ficaram parados na janela sibilando, provavelmente esperavam um sinal nosso.

–- Não, na verdade eles são os vampiros verdadeiros. Seres que descendem de deuses do mundo inferior geralmente são classificados como vampiros, igual á pessoas que descendem de deuses da magia ou deuses que controlam elementos, igual Poseidon, Zeus, são classificados como feiticeiros, não que eles sejam feiticeiros igual Circe. Ninfas ou elfos descendem de Démeter, Afrodite...

A explicação sobre as classificações de seres mágicos foi interrompida pelos monstrinhos que voaram em conjunto para cima de nós. Por um momento eu tinha até pensado que eles ficariam para sempre parados na janela nos olhando.

Lutar com um bando de vampiros voando não é fácil, acredite. É difícil distingui-los, já que eles basicamente se transformar em uma massa de asas e corpos em decomposição voando rapidamente. Por um momento quase enfinquei a espada em Alec tentando acertar a asa de um deles.

Era basicamente impossível lutar assim, você não sabia no que estava acertando, era bem mais fácil eu e Alec acabarmos um matando o outro.

Senti algo cortar meu braço, virei e vi a marca de garras. Essa era a estrategia de luta deles. Rodar em circulos na nossa volta, nós machucando lentamente e impossibilitando de ataca-los. Eu girava as lâminas da katana esperando acertar alguma coisa, eu basicamente só acertava o vento já que eles eram rápidos.

–- Tem que fazer eles se afastarem um dos outros –- Falei.

–- Já percebi isso! –- Alec falou enquanto tentava desviar garras da sua direção, sem muito sucesso.

Me afastei de Alec, corri até o outro lado do restaurante. Metade dos monstros me seguiram. Como eram menos monstros ficou mais fácil distingui-los. Percebi que a chave do problema não era ficar parada, se eu ficasse parada eles voariam em circulos ao meu redor e não daria para acerta-los e eu acabaria morrendo mutilada.

Corri em volta deles, um deles tentou me acertar com as garras da mão. Girei a katana e decepei a mão do monstro. A mão dele caiu no chão coberta de larvas.

O monstro soltou um grito tão forte que o que restava da janela se partiu. Senti meus timpanos virarem sopa.

Até os outros monstros se atordoaram, aproveitei a distração deles e enfinquei a katana no coração de um. O monstro caiu no chão, não sei dizer se morto ou não por que outro voou para cima de mim. Ele veio voando na minha direção com as presas apontadas para o meu pescoço.

Não tive escolha, degolei a cabeça do monstro antes que ele me atingisse.

O vrykolaka que estava sem a mão fugiu de mim após ver o que fiz com seus amiguinhos. Arremessei a katana nele igual um bumerangue, fazendo ela se enfincar nele, prendendo-o no chão.

Tirei a katana das costas do monstro e observei ele cair no chão. Alec também tinha matado os vryklolakas que estavam ao redor dele.

–- Eles estão se mexendo mesmo mortos –- Alec se aproximou de mim. Ele estava todo arranhado, bom , no momento era melhor eu e ele rezarmos para esses cortes não infeccionar.

Pior que era verdade. Os cortes estavam se curando e as partes decepadas estavam se juntando. Bom, você não te ideia de quanto isso é nojento.

–- Vanessa! Layla! Suas duas inúteis arranjem um isqueiro ou algo que faça fogo –-Gritei.

Layla e Vanessa saíram cautelosamente de debaixo das mesas e correram para a cozinha, espero sinceramente.que elas tenham buscado fosfóros e não tenham fugido. Enquanto elas procuravam eu e Alec tivemos a difícil tarefa de esquartejar os monstros para evitar que eles se ajuntassem novamente.

Fizemos uma pilha com os monstros mortos e despejamos alcool nelas e ateamos fogo.

Saímos do restaurante antes que o fogo se espalhasse.

Assim que abri a porta do nosso cômodo no hotel me arrependi. Bom ele estava com cinzas espalhadas no chão e objetos e moveis pulverizados. Idia estava sentada nós encarando.

–- Foram sete cobras de Rá, Apolo se você preferir a versão grega, ou tio Solzinho, como eu o chamo. Eram apenas cobras cuspidoras de fogo que guardavam as pirâmides dos faraós e tumbas de reis, mas por algum motivo elas resolveram pulverizar a gata linda aqui.

Apesar disso Idia não parecia pulverizada, mas as cobras imensas decapitadas no chão não pareciam tão bem.

–- Eu consegui salvar alguns colchões –- A gata parecia orgulhosa desse fato –- E o que aconteceram com vocês.

–- Vrykolakas –- Respondi e me joguei na parte do sofá que não estava queimada.

Para a minha surpresa deitei encima de algo peludo. Me levantei na hora. No sofá estava deitado um gato, o mesmo gato que eu vi nas pilhas de madeira na rua da praia.

–- Nada simpático da sua parte esmagar lindos felinos –- O gato comentou.

Normalmente eu ficaria chocada ao ver um gato falar, mas já vi tanta coisa que nem me importei.

–- Mingau? –- Perguntei me lembrando do gato que tive anos atrás.

Ele revirou os olhos. Desde quando gatos reviram os olhos?

–- Não, o papa Francisco. Mas por favor não me chame de Mingau, é traumatizante para mim.

Idia se aproximou e pulou no sofá, empurrando o gato para fora dele.

–- É ele, o mesmo gato metido que você teve quando tinha onze anos. Ele veio aqui á mando da sua mãe e de Bastet, ou Ártemis se preferir, para dar uma ajudinha. Aliás ele se transforma em um tigre gigante.

Revirei os olhos.

–- Felinos gigantes, ó que novidade...

Por volta da uma da manhã o celular tocou. Olhei cuidadosamente o nome que estava na tela. Mary Outterboune.

–- Alô? –- Falei.

–- Oi, Chris, aqui é a Mary... Espera um pouquinho. DAMIEN WHYDE, PARE DE BATER A CABEÇA DE SAM NA PAREDE! –- afastei o celular do meu ouvido –- Pronto, voltei. Eu só fui ligar, para saber como vocês estão.

–- Ah, estamos bem, mesmo depois de sermos perseguidos por um bando de abutres psicóticos, mesmo depois de sermos atacados por leões furiosos e vampiros originais. Só temos alguns arranhões que podem infeccionar, bom, na verdade quem tem arranhões sou eu e Alec, já que Vanessa e Layla sempre ficam escondidas.

–- Aqui estamos bem também. Achamos Hefesto, ele é um cara muito simpático se tirar o fato que ele tentou nos matar com touros gigantes. Amanhã vamos procurar a adaga. SAM, PARA DE CHUTAR ELE, SEU RETARDADO –- afastei o telefone novamente.

–- E ah, Mary, como estão Sam e Damien.

–- Eles estão bem. SAM SOLTA ELE, PAREM DE BRIGAR AGORA!. Na verdade, Chris eles estão bem tirando o fato que eles estão tentando se matar. E alias como estão Alec, Vanessa e Layla.

–- Layla está bem, viciada nos jogos como sempre. Alec e Vanessa estão bem, sério, eu e eles ainda não nos matamos ainda. Você acredita que depois de abutres, leões, hoje quase batemos o carro em o outro, tudo por que vi um gatinho na rua.

–- Hum... um gatinho? Ele era como? Musculoso ou de rosto bonito?

–- Mary, eu estou me referindo á um gato felino de quatro patas.

–- Ah...desculpa –- Tenho certeza que ela estava envergonhada.

–- Êê Mary tarada –- ouvi Sam falar no fundo da ligação. Segurei o riso.

–- Tchau, Mary vou dormir agora –- falei e assim que ela falou tchau eu desliguei o telefone.

Na noite inteira eu ficava virando para um lado e virando para o outro. Por algum motivo eu não conseguia dormir. Como os quartos foram destruídos todos nós estávamos na sala. Layla dormia e murmurava algo sobre Minecraft. Vanessa estava roncando e Alec em estado de coma. Já que eu não conseguia dormir fiquei estralando os dedos. Basicamente ao decorrer da noite nove travesseiros foram arremessados em mim.


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