-Eu simplesmente tenho de me afastar de todo mundo. De você, de Alice...De todos. – Falou sem revelar os verdadeiros motivos.

-Você não pode afastar as pessoas que mais amam você. Você não pode deixar que Edward impeça você e Allie de serem felizes e eu não vou me afastar de você. – Falei convita.

-Eu tenho AIDS. – Bradou de uma vez num tom de voz acima do que ele usava. Eu petrifiquei e fiquei olhando pra ele com os olhos esbugalhados.

Abanei a cabeça afastando todos os pensamentos homicidas que eu estava tendo. Caminhei até Edward e dei um valente tabefe no rosto dele. Ele passou a mão na cara e me olhou surpreso. Caminhei até Jasper e repeti o gesto de Ed com ele. Grunhi para o ar passando as mãos pelo meu cabelo. Os dois me olhavam sem compreender.

-Vocês são loucos? – Perguntei aos berros. – ISSO NÃO É DESCULPA ALGUMA! – Falei apontando para os dois me segurando pra não voar neles. Quanta burrice Meu Deus. Em que mundo é que eles vivem?

-Louca é você. Ele pode contaminar minha irmã! – Ed falou revoltado.

-Ela não poderá ter filhos, eu não poderei lhe dar uma vida. – Jazz explicou cabisbaixo. Grunhi de novo mais alto e caminhei bem rápido para a frente dos dois.

-Mas que dois idiotas! Como é que vocês podem ser tão ignorantes! – Vociferei batendo um e no outro de cada vez.

Edward revirou os olhos pra não ter que me impedir de bater neles e Jazz simplesmente deixava eu bater nele, como se nem estivesse sentindo. Parei de bater neles e respirei fundo, me recompondo.

-Há tantos casais que vivem felizes e juntos mesmo um deles tendo AIDS. É só uma questão de cuidados e tratamentos, poxa! – Falei num tom mais calmo mas denotando toda a minha desapontação. – Mas eles podem SIM levar uma vida normal. – Edward me olhava como se eu tivesse pirado e Jazz simplesmente abanava a cabeça em negação. – Eu realmente só posso estar numa cidade de doidos. – Falei voltando a ficar revoltada. – É esse o real motivo pelo qual você não deixa sua irmã ser feliz? – Me dirigi para Edward cheia de raiva no olhar. Ele tentou falar mas eu o impedi pondo a mão na boca dele.

-Não fale nada. - Olhei no olho dele de forma a que as palavras seguintes lhe entrassem bem fundo no coração de forma a o abalar e a provocar remorsos, mas esse gesto fez com que um arrepio percorresse em meu corpo de ponta a cabeça. Abanei a cabeça e retirei a minha mão da boca dele. - E se fosse a mulher que você ama que tivesse AIDS? – Falei num tom calmo. – Você iria ser tão covarde ao ponto de a abandonar, ao ponto de a deixar sofrer sozinha? Você iria passar por cima desse amor, que deveria ser à prova de todos os obstáculos, por causa de uma estúpida doença que aterroriza todo mundo, que se deixa aterrorizar, e que é capaz de destruir famílias e a felicidade alheia? – Falei tentando manter a calma e as lágrimas que ameaçavam cair a qualquer momento.

Ele passou as mãos pela cabeça e a abanou incessantemente antes de olhar pra mim e falar o que quer que fosse.

-Você não sabe o que é querer proteger alguém. – Falou com a voz embargada.

-Eu protejo as minhas irmãs. – Me defendi ofendida.

-Não. Você não as protege. Você as aprisiona! – Me acusou apontando pra mim. A dor e a revolta se abateram sobre mim. As lágrimas escorreram pela minha face enquanto minha boca se entreabria e fechava, mordendo os meus lábios trémulos e abanando a cabeça em negação. Respirei sofregamente e caminhei parando a milímetros do rosto dele.

-Você não sabe nada de mim. NADA! Você não sabe o que eu passei para garantir que ninguém tocasse em minhas irmãs. Para garantir que elas nunca sofressem e passassem tudo o que eu passei. – Falei entre dentes. – Eu te odeio, EU TE ODEIO! – Falei batendo meus punhos no peito largo dele.

Jasper me agarrou pela cintura me afastando de Edward.

Minhas irmãs chegaram nesse instante e me abraçaram. Chorei desesperadamente me culpando de tudo aquilo. De toda a dor que eu estava sentindo, de todo o ódio que eu sentia naquele momento, de todo o medo que Edward me fazia sentir.

Eu agora sabia os motivos mas não podia nem queria admitir. Eu tinha medo que ele me fizesse sofrer do jeito que meu pai fez sofrer minha mãe. Não por medo que ele me batesse, mas por medo de gostar dele e me desiludir tanto quanto me estou desiludindo.

-Calma Bella, calma. – Nessie pediu me abraçando forte.

-Já passou irmãzinha. Nós estamos aqui. – Rose falou enxugando minhas lágrimas que continuavam caindo teimosamente. – Vamos para casa.

-Eu quero sair dessa cidade. – Pedi em um fio de voz.

Nessie se afastou de mim e fitou o chão depois de olhar Jacob. Eu compreendia que ela ia sofrer se saíssemos daqui, mas eu não aguentava mais essa cidade. Não aguentava mais ver Edward na minha frente.

Fui trazida para o hotel com Rosalie ao volante do meu Jeep e Jazz me carregando no colo até ao quarto.

Continua…