Pov Romeu

Repeti mentalmente o plano em minha cabeça, eu só precisava confiar em um cara de cabelo castanho chamado Jaime, no meu líder excêntrico, em Valentine e Michael. Esperava que as chances de sucesso fosse maiores do que parecia. Corri pelo corredor atrás de Jaime e o resto da turma atrás de mim. Aquele era um corredor apertado, escuro e úmido, a única luz vinha da lanterna que Jaime segurava, corremos pelo que pareceram horas, mas podia ser só o medo fantasiando tudo. Quando paramos na frente de uma porta estávamos todos esbaforidos.Colin abriu caminho entre nós, e deu um chute na porta, mesmo eu achando que a porta não sobreveria ela continuava lá para mostrar o contrario. Colin bufou, respirou fundo, deu um espaço e correu para cima da porta. Só naquele momento que eu pensei que talvez Anastácia estivesse perto de mais da porta e fosse esmagada por ela, mas era tarde de mais para isso, a porta vou para dentro do aposento e só parou na parede.

Colin entrou seguido por Jaime, enquanto Michael e Valentine vigiavam o corredor olhei de relance para o quartinho mal iluminado que Anastácia estava, havia palha úmida no chão, e um cheiro de podridão que parecia ser exalado das próprias paredes, de lá saíram os dois rapazes e Anastácia. A garota estava tão magra, e em uma situação tão deplorável que Colin tinha que carrega-la, se isso era o que acontecia em umas três semanas de cativeiro o que aconteceria em um ano?

–Você esta segura agora- sussurrou Valentine para a amiga, a ruiva tinha um delicado sorriso no rosto, o primeiro desde o baile, como se para alegrar a amiga. As duas se encararam por um segundo antes de Jaime lembrar a todos que tínhamos que sair, corremos novamente pelo corredor, Michael na frente seguindo por Colin, depois vinha Valentine e Jaime, eu andava atrás olhando para todos os lados com um metralhadora nas mãos, por um lado o peso da metralhadora significava maior chance de sobreviver, mas por outro era assustador ter um arma nas mãos. Era sarcástico eu ter estudado medicina para salvar vidas, e estar com um arma que podia matar pessoas com tanta facilidade.

Estávamos quase chagando ao corredor iluminado quando ouvi gritos vindo da extremidades oposta do corredor, ou seja de onde tínhamos saído.

–Agora não! Agora não!- gritou Michael correndo mais rápido, atrás dele Colin tentava apertar o passo, mas por mais que Anastácia fosse leve ele estava começando a ficar cansado. Jaime desligou a única lanterna nós afogando na escuridão, naquele momento que passo muitas coisas na mente. A primeiro pensamento foi que Jaime estava nos traindo por isso estava nós deixando no escuro, a depois pensei que aquilo podia ser o fim, e por fim pensei que tinha que fazer essa missão valer a pena.

Parei no meio do corredor registrando tudo que acontecia ao mesmo tempo, ouvindo meus companheiros continuarem andando, também existia o barulho de um alarme, as luzes e emergências sendo acesas e pessoas correndo em minha direção. Me ajoelhei no chão, posicionei a metralhadora de um jeito confortável, e com a pouca luz comecei a mirar.

–Romeu- alguém gritou enquanto eu atirava, por um momento parei de mirar e atirar, até perceber que aquela voz vinha da minha própria mente, continuei atirando enquanto a voz gritava por mim, era a voz de Rose. Fechei um olho e mirei novamente, no olhou fechado vi Rose, cabelos pretos, traços delicados e sorriso discreto, no outro vi apenas um alvo. Fui tomado por um força, deixei a metralhadora no chão e peguei duas armas bem carregadas, me levantei em um salto e comecei a correr entre as imitações de soldados atirando em tudo que se movia. Via Rose em todos os lugares, me incentivando, dizendo que eu conseguia, e dizendo que ficaria tudo bem, mas eu sabia que não ficaria.

A minha afirmação só foi confirmada quando senti uma dor muito forte no braço esquerdo, a dor foi tanta que deixei a arma cair, mas continuei com a apenas uma mão. Sentia a manga do braço esquerdo ficar úmida, e a dor me queimar, isso só piorou quando fui atingido novamente dessa fez na perna direita, cai no chão ainda atirando, mas logo dois soldados se aproximaram, um deles tirou a arma da minha mão com um chute, e o outro apontou a arma para a minha cabeça. Com a mão esquerda envolvi o pequeno cordão que saia do meu colete aprova de balas, pensei mais uma vez em Rose, e puxei a corda.

....

Pov Anastácia

Senti o vento frio tocar a minha pele quando finalmente saímos do prédio, eu olhava para trás por cima do ombro de Colin, provavelmente fui a primeira a perceber que alguém faltava, mas a minha cabeça estava tão enevoada que não falei nada, apenas fiquei olhando para atrás até que Valentine começo a surtar.

–Cadê o Romeu? Temos que procurar ele!

Ninguém pareceu ligar para ela, ela ficou para enquanto o resto corria, até que gritou novamente:

–Não podemos deixar ele lá sozinho.

–Não podemos fazer nada por ele- disse o garoto de cabelos castanhos que por alguma razão me fazia crer que já nos conhecíamos. Ele parou de correr, mas permanecendo de costar para a garota.

–Como não?

–Ele se sacrificou por nós, para termos mais tempo.

–Como assim?- perguntou Colin ofegante, seu tom de voz era sombrio e quase sofrido.

–Isso mesmo. Quando tudo começou a ficar uma loucura ele não nós segui, eu voltei um pouco para procura-lo, mas ele estava lá atirando em todos totalmente concentrado. Ele queria nós ajudar a fugir, e fez isso como um verdadeiro soldado.

–Por que você não o impediu?- gritou Michael com os olhos cheios de fúria.Não ouve como responder, por que naquele momento o prédio atrás de nós explodiu em uma enorme bola de fogo, a força da explosão foi tanta que Colin acabou voando alguns metro, e eu fui com ele.

Quando por fim a minha cabeça parou de martelar abri os olhos e vi no lugar onde havia um prédio apenas um chão de cimento, meus companheiros estavam começando a se mexer, Valentine tinha todos os cabelos ruivos para cima, Michael tinha parte do casaco chamuscado, Colin estava do meu lado esfregando a cabeça que parecia sangrar, e o garoto de cabelos castanhos começava a se levantar, tinha os olhos azuis brilhando, quando percebeu que eu o observava se virou e sorriu para mim, somente aquele sorriso me fez perceber de onde eu conhecia aquele garoto.