– Sabe que não podemos correr para sempre, não sabe? - Perguntou Thalia enquanto corria ao lado de Percy.

Fazia bastante tempo desde que começaram a correr, tomaram um caminho diferente para o local do Acampamento, assim não causariam alarde nos mortais.

– Thalia, confie em mim. Pelo ao menos desta vez. É uma estratégia que criei, se você tiver alguma além de lutar até suas energias se esgotarem, estou pronto para ouvir. Este é o momento, se não tiver, apenas corra. - Respondeu o irmão.

Haviam corrido bastante, porém não iriam desistir, não treinaram tanto para morrerem como comida de monstro sem nem um sinal dos deuses.

– Acho que esta é a hora em que me calo e começo a correr mais. - Percy se virou para a irmã e sorriu. Suor começava a escorrer pelo seu pescoço e seus cabelos negros estavam grudados na testa. Mas era o irmão de Thalia. Ele estava bem, estava vivo, então estava tudo bem para ela também. Ela sorriu. - Corrida! Quem chegar por último, vai ter que fazer uma massagem no pé do outro ao fim disso.

***

No Olimpo...

– CALEM A BOCA. - Gritou a deusa da sabedoria, furiosa com aqueles olimpianos acéfalos. Imediatamente os deuses obedeceram. Não aguentava mais essa balbúrdia. - Vou dizer uma vez: Apolo, você não os reclamará. Héstia e Hera, reclamá-los está fora de cogitação para vocês, pois tem um juramento para manter.

– Mas eu sou uma das mães dos garotos, é direito meu! - Protestou Héstia. Gostava demais dos garotos para deixa-los passar-se por filhos de qualquer um deus por aí.

Então o barulho começou novamente. Deuses loucos e furiosos gritando uns com os outros, alguns pedindo silêncio, outros pedindo respeito e um especial pedindo guerra.

Antes que qualquer um pudesse dizer qualquer coisa, uma onda enorme tomou conta do salão, ameaçando cair em cima dos Olimpianos. Todos olharam chocados para Poseidon.

– Vocês vão ficar calados? - Perguntou Poseidon. Os demais deuses assentiram, até Zeus a contra-gosto. - Ótimo. Eu sou pai de Percy e tio de Thalia, a qual também considero minha filha. Zeus é pai de Thalia e tio de Percy. Hades é pai adotivo e responsável pelos garotos. É justo que algum de nós três, reclamemos os garotos.

– Finalmente a ameba disse algo inteligente! - Disse Atena.

– Pode até ser ameba, mas está bem gostosinho. - Disse Afrodite olhando para os olhos incrivelmente verdes do deus, muito parecidos com o de seu filho. Filho esse qual a deusa mantinha um interesse especial.

– Essa deusa do amor é tão assanhada. Sempre pensando com a perseguida e não com a cabeça. Idiota! - Disse Ártemis.

– Hey, não fale assim da Dite. - Disse Ares, se lembrando da época em que deu um bom "trato" na deusa.

– Isso mesmo, não insulte a Tia Dite. - Disse Apolo. Sempre defendendo sua amiga!

Então, todos começaram a discutir sobre Afrodite ser "puta" ou ser "puritana" e as vantagens disso.

Num piscar de olhos, todos estavam encharcados e Poseidon apenas ria da cara deles. Isso fez com que todos se calassem. Por alguns segundos, até o barulho começar novamente.

***

Os garotos já tinham tomado uma boa distância do exército de monstros e agora estavam atravessando o gramado, perto da parte plana de Long Island. Podiam ver o Acampamento e o mais importante: Podiam ser vistos.

Primeiro nenhum semideus dentro do Acampamento foi ver o que era, mas ao perceberem a horda de monstros vindo em direção ao Acampamento, correram para a barreira para observar. Os heróis pararam, ainda estavam bem a frente dos monstros.

– Iremos lutar agora. Se acontecer alguma coisa, os outros semideuses irão nos ajudar. Tudo bem? - Thalia assentiu e Percy fez uma meia-lua de água alguns metros a frente dele, com seus poderes. - Quando eu contar três, você dispara raios no lugar marcado. Quero que depois pegue o seu arco e ataque de cima das árvores. Quero você segura, tudo bem?

Antes de qualquer coisa, os monstros se aproximavam cada vez mais.

– 1... 2... AGORA! - Gritou Percy, então Thalia invocou raios no momento exato em que a primeira fileira de monstros passava pela marca d'água feita por Percy. - De novo! - Então Thalia repetiu o movimento, destruindo a segunda fileira.

– Brilhante! - Exclamou a morena. - Só temos mais duas fileiras. - Então ela olhou para trás e percebeu que tinham plateia. Todos os semideuses do Acampamento olhavam para eles de dentro da barreria. Não correndo o risco de arranharem suas peles.

"Babacas!" pensou a morena revirando os olhos.

Thalia se virou para Percy e sorriu, fazendo o moreno sorrir de volta!

– Juntos?

– Juntos! - Respondeu o garoto e ambos avançaram para os monstros com armas em punho. Percy com Anaklusmos, a espada que havia ganhado de presente do seu pai e Thalia com sua lanças e Aegis, presente de Zeus.

Então, juntos, conseguiram dizimar a primeira fileira de monstros, sobrando apenas mais uma.

"Que os deuses nos ajudem" Pensou Percy.

– Thalia, vá para as árvores e prepare suas flechas, você é melhor nisso do que eu. Vamos evitar usar poderes, precisamos poupar energia. - Disse o irmão. Thalia não queria deixa-lo. - VÁ LOGO! - Relutante, a garota foi. Se era pra ajudar, faria bem feito.

Então começou a preparar suas flechas, quando viu que Percy avançava em direção aos monstros com espada em punho. O primeiro a vir, foi um cão infernal, que pulou em cima de Percy com tudo e ambos caíram no chão.

Thalia gritou quando viu a cena, achando que o pior tinha acontecido, mas então, o cão foi lentamente se transformando em pó dourado, Percy havia cravado Anaklusmos em seu estômago.

Percy desferia golpes e mais golpes em cada um dos monstros que apareciam, mas sozinho são seria o suficiente. Então veio a vez de Thalia.

Com a aljava carregada, a garota começou a disparar flechas certeiras em cada monstro que ameaçava a segurança de seu irmão.

Percy era um demônio em terra firme para os monstros. Porém ainda faltavam alguns.

Percy não deixava que os monstros atravessassem a marca d'água criada por ele, que agora, era apenas um canal fundo na areia. Era uma divisória. Esperto.

Então ele começou a se aproximar, até que começou a esfregar suas mãos uma na outra e com a ajuda da benção de Hefesto, incendiou o local marcado por ele bem no momento que monstros passavam. O resto, Thalia os dizimou com sua flechas, que agora estavam carregadas de energia.

– Conseguimos! - Gritou a semideusa descendo da árvore! Rápido demais.

Ambos estavam soados e cansados, porém Thalia corria com todas suas forças para chegar até o irmão.

– THALIA! - Ouviu seu irmão gritar. Thalia virou a tempo de ver um enorme escorpião vir em sua direção. Ela preparou seu arco, porém o bicho foi mais rápido picou-lhe a mão. Este foi o último ato do bicho, pois logo teve uma flecha atravessada em seu peito.

O ferimento doía, o veneno do escorpião corria em suas veias, logo o machucado estava com uma cor verde doentia.

Thalia sentiu-se ser carregada e percebeu que estava correndo, muito.

Olhou para cima e viu os olhos de irmão fitando-a preocupados enquanto pedia por socorro. Já haviam entrado no Acampamento, estavam indo para a enfermaria.

– Nós conseguimos. - Disse a semideusa fracamente. O irmão apenas pôs o dedo indicador em seus lábio em sinal de silêncio. Sentiu-se ser colocada em um local macio.

– Eu estou aqui. Está tudo bem, Thalia. Vai ficar tudo bem. - Sim. Estava tudo bem. Seu irmão estava com ela e estava bem. Nada mais importava.

Essas foram as últimas coisas que a semideusa ouviu antes da escuridão profunda cegar-lhe os olhos.