“- Vocês lutaram bravamente... – Dizia Ares.”

– Não acredito que ele vai fazer o que eu estou pensando. – Disse Zeus enquanto assistia, junto com os outros olimpianos, mais um dia de “treinamento” dos guerreiros com Ares.

– Ai, meu Percy vai se sentir tão feliz. – Disse Afrodite com os olhos brilhando. – Minha querida Thalia, como vai gostar disso, cabe justamente a eles.

– Ele não é SEU Percy, ele é meu filho e só. – Disse Poseidon para Afrodite.

– Só pra constar, eu também sou pai deles, eu os criei. – Interveio Hades.

– Calem a boca e vamos ouvir. – Disse Atena. Não aguentava esses olimpianos, que tinham que narrar tudo como se fossem o Galvão Bueno* narrando uma partida de futebol.

Ao ouvirem o mandado de Atena, calaram a boca rapidamente, a deusa da sabedoria inspirava medo em qualquer olimpiano quando queria.

***

– Vocês lutaram bravamente. – Dizia Ares com o orgulho percorrendo pelo seu corpo. – Foram bravos guerreiros, meus guerreiros. Treinados por mim...

Percy e Thalia observavam o deus da guerra proclamar cada palavra como se trouxesse imensa satisfação, como de fato trazia.

– Confesso que não esperava que fossem se sair bem, mas vocês, seus pirralhos de dez anos, ultrapassaram todas as minhas expectativas e me deixaram orgulhoso...

– Puxa Ares, obrigado. – Disse Percy.

– É mesmo, isso vindo de você é a mesma coisa que um “Eu te amo”. – Emendou Thalia a frase do irmão.

– Me deixem continuar seus pestes. – Disse Ares rindo. Ele realmente se divertia com essas pestinhas. – Vocês, com apenas dez anos, cresceram tanto. Tanto fisicamente, quanto mentalmente e brutalmente. Vocês são guerreiros e tanto, e aguentaram todo o meu treinamento sem reclamar nada comigo.

– Claro que crescemos, em vista de você, que é um anão, somos gigantes. – Debochou Thalia.

– Olha a gente realmente agradece por estar nos elogiando e coisa e tal. Mas vamos pular essa parte melosa e ir direto ao ponto, isso tá parecendo uma despedida eterna. – Disse Percy.

– É mesmo maninho. A gente agradece, mas não é como se estivéssemos indo para os Jogos Vorazes*. – Disse Thalia.

– Vejo que vocês são criancinhas super ligadas no mundo de hoje. – Debochou Ares. – Mas então serei direto. Eu resolvi que vou dar a minha benção a vocês.

Os garotos abriram a boca em um perfeito ‘O’.

Isso vindo de Ares era uma honra. Já que o mesmo pregava que só abençoava os heróis que realmente merecessem.

– Okay... Isso foi... – Disse Percy.

– Inesperado. – Disse Thalia com os olhos brilhando. – Não acredito. Nossa primeira benção.

– Aproveitem e façam bom uso. Não é qualquer um que costumo abençoar. – Disse a encarnação da guerra. – Afinal de contas, estamos no fim do treinamento e vocês mereceram.

– Achei que nosso último dia fosse ser um dia cheio de batalhas contra você para provarmos nossa força e blábláblá. – Disse Thalia se lembrando das palavras do deus da guerra em um dia de treinamento.

– Como você é esperta, criança. Aceita um pirulito? – Perguntou Ares em tom de deboche.

– Se for dar um pirulito pra ela, eu quero um Dolly* - Disse Percy, como sempre, lerdo do início ao fim.

Acho que seria desnecessário narrar aqui, que o deus e a semideusa ali presente, quase riram suas almas, do cabeça-de-algas, enquanto este é claro, sem entender nada, apenas fazia uma cara de vazio.

– Se ajoelhem crianças. – Disse o deus, não tão-sensato-assim.

– Pra quê? – Perguntou Percy.

– Pra ele pegar o seu cajado mágico e nos tornar cavaleiros. – Disse Thalia revirando os olhos e dando pescotapa no irmão. – Acorda pra vida, Percy.

Então, os dois se ajoelharam e abaixaram a cabeça olhando para o chão.

– Espero que estejam prontos, porque isso vai ser de queimar. – Disse o deus, e então colocou as mãos nas cabeças dos jovens. Então, as mãos do deus, começaram a brilhar em um tom vermelho sangue.

Foi como se mil brasas tivessem sido acesas dentro das crianças.

Um calor imenso subiu pelos seus corpos, desde a ponta do pé até a última ponta do último fio de cabelo. Como uma fornalha, queimando-os de dentro pra fora.

Quando o deus disse que “seria de queimar”, ele não estava brincando.

Os garotos se levantaram, não notando a diferença em seu corpo, esta que de fato, havia ocorrido. Eles estavam mais corpulentos, digamos assim. Mas fortes, tanto fisicamente, quando internamente. E junto com isso, claro, estavam mais resistentes.

– Se vocês me fizerem me arrepender, de ter abençoado vocês, bato em vocês até ficarem roxos, darei um surra, que nem Apolo vai conseguir curar seus lindos rostinhos. – Disse o deus.

– Não vamos te decepcionar, você está falando com os filhos de Hades, se esqueceu? – Disse Thalia com um sorriso ladino.

– É bom mesmo. – Disse o deus, e nesse exato momento, um clarão se instalou no local, e quando se podia enxergar de novo, Hermes, o mensageiro dos deuses, estava no local.

– Bom, espero que já tenham acabado, precisamos voltar para o Olimpo. – Disse o deus mensageiro.

– Por quê? – Perguntou Percy.

– Afrodite e Éris, estão brigando de novo. – Disse o deus como se não fosse nada de mais, e na verdade não era, mas aquelas duas, sempre causavam confusão.

***

Em um vilarejo perto do Olimpo.

Uma moça jovem, com as roupas rosa e cabelo loiro, estava sentada em cima do teto olhando um casal jovem se beijar.

– Ah o amor... – Suspirou a mulher, como se isso fosse a melhor coisa do mundo, para ela, era na verdade, como deusa do amor, era natural que apreciasse esse sentimento.

Então, o casal, aparentemente apaixonado, começou a se agredir, com chutes, socos, tapas e até mesmo cabeçadas. A deusa logo estranhou o fato, e para a explicação de tudo, uma moça toda vestida de preto, com os cabelos também pretos e maquiagem forte, apareceu sentada ao lado da deusa do amor.

– Éris... – Disse a deusa do amor, com desprezo. A portadora desse nome sempre dava um jeito de estregar o seu dia.

– Afrodite... – Disse a deusa da discórdia com o mesmo desprezo. – Esse casal era meu, não tinha o direito de fazê-los se apaixonar, eles se odeiam, é assim que deve ser.

– Como você é amarga, Discórdia, você deveria me agradecer. Vê-los brigando é desprezível. – Disse a deusa do amor.

– Sua barata, nojenta, desprezível cor de rosa... – Cuspiu, a deusa da discórdia, vendo a deusa do amor, passar de um tom claro, para vermelho vivo.

– Nunca mais me insulte desse jeito. – Disse a deusa e começou a bater na deusa da discórdia, com tapas, chutes, socos e tudo o que se tem direito.

Então, uma furiosa briga começou. As duas deusas se agredindo, agora no meio do vilarejo, pois tinham caído do telhado.

Uma lição, é que nunca se deve subestimar a deusa do amor, pois, apresar de sua aparência frágil, era uma ótima guerreira e bem forte por sinal.

A deusa da discórdia se preparou para dar um soco com mira certeira no rosto da deusa do amor, mas esse soco foi parado no meio do caminho, pelas mãos da deusa, que seguravam forte o pulso de Éris.

– Nunca mexa comigo, vadia. - Disse a deusa do amor, antes de virar o corpo, ainda segurando o braço de Éris e torce-lo.

Éris urrou de dor, pelo efeito do ataque, mas logo se recompôs, para começar uma sequencia de socos com a deusa do amor, hora acertando o rosto da deusa, hora sendo acertada.

A deusa do amor, deu um potente chute, com sua sandália de salto, no estômago da deusa da discórdia. Deusa essa, que começou a tossir ícor dourado no chão com a potência do golpe, mas assim que parou se recompôs e tentou dar um soco no rosto da deusa do amor, mas seu golpe, novamente, não chegou a ser completado, pois mãos fortes seguraram a seguraram, enquanto outras mãos pegavam a sua cintura e a arrastava para longe da deusa do amor, que por sua vez, estava sendo levada a força para o lado oposto de Éris, mas essa ainda se debatia nos braços de Percy.

Já que Percy quem estava levando Afrodite, deduziu, que quem a estivesse levando era Thalia.

– Já pode me soltar, querida. Não vou espernear nem fugir, como aquela vaca-cor-de-rosa está tentando fazer. – Disse Éris calmamente, então às mãos a soltaram e Thalia se colocou em sua frente.

– Por que vocês estavam brigando de novo? – Perguntou a mais nova furiosa. – Você deveria estar causando a discórdia em algum outro lugar, sabe que esse é o vilarejo preferido de Afrodite.

– Mas acontece, pirralha, que eu já estava aqui antes. Esse lugar é repleto de discórdia interior, só estava mostrando-a em sua real forma. – Respondeu a deusa calmamente.

– Tanto faz. – Disse a semideusa passando a mão por seus cabelos. – Vamos logo.

– Vamos querida. – Então, começou a caminhar com a semideusa para perto de Percy. – Vejo que tem malhado querida.

– Muito treinamento. – Respondeu a garota indiferente e se colocou ao lado do irmão.

– Que feio, garotas. Brigando de novo. Isso não é educado. – Disse Percy fingindo estar preocupado. – Ainda mais, envolvendo mortais, tsc tsc tsc.

– Foi ela quem começou. – Disseram as duas deusas apontando ao mesmo tempo uma para a outra.

– Tanto faz. – Disse Thalia. – Temos mais o que fazer do que ficar sendo babás de deusas.

Então os dois garotos foram embora para o Olimpo, deixando as duas deusas com cara de vazio, olhando para o lugar em que os garotos caminhavam lado a lado.

As deusas olharam uma para a outra e deram de ombros e desaparecerem para lugares diferentes para empenhar cada uma, sua tarefa.

A primeira parte do treinamento estava cumprida, Agora, os guerreiros se preparariam, Para o treinamento com a deusa da sabedoria.

***

Olimpo...

Logo os garotos chegaram ao olimpo a passos firmes. Estranhamente, só havia o deus do sol presente no local.

– Colocando moral, hein pestinhas... – Disse Apolo com seu sorriso de iluminar o mundo.

– Estávamos apenas fazendo, o que certo deus do sol não fez. – Disse Thalia com uma indireta bem direta.

– Hey eu estava cumprindo...

– Não diga que estava cumprindo seu dever porque já está à noite. – Disse Percy. – Se você completar essa frase, quebramos sua cara.

– Vocês estão bem estressados, acho que a benção de Ares está surtindo efeito. – Debochou o deus.

– Como você sabe da benção? – Perguntou Thalia.

– Os olimpianos são curiosos e fofoqueiros e estavam vendo tudo daqui do Olimpo. Mas eu estava cumprindo meu turno de serviço de deus do sol, então vi tudo. Eu vi tudo, eu sei de tudo, eu sou o sol. – Disse o deus sorrindo.

– Seu olimpiano curioso. Que falta de educação, ouvir a conversa alheia. – Debochou Thalia.

– Você diz assim, mas você me ama. – Disse Apolo.

– Uau, Apolo é quente. – Suspirou a nossa querida morena chamada Thalia. Mas para a infelicidade da garota, o deus ouviu, então sorriu para ela e deu uma piscadinha.

– Da árvore tiramos a fruta, da fruta tiramos a polpa. Como Apolo é quente, dele tiramos a roupa. – Recitou o deus.

– Rosas são vermelhas, violetas são azuis. Óbvio que Apolo é quente, ele é o deus do sol e da luz. – Recitou Percy, entrando na onda do metido deus do sol.

– O dia é claro, como a noite é escura. Percy cala a boca, ou te dou uma pancada que nem ambrosia cura. – Recitou Thalia uma clara ameaça a seu irmão, mas sem sair da brincadeira com os poemas.

Após o doce poema de Thalia, todos os presentes começaram a rir.

– Vocês são tão divertidos que vou abençoar vocês. – Disse Apolo como se não fosse nada de mais.

– Está falando sério? – Perguntaram os irmãos.

– Claro que estou. Vocês são divertidos, e são bonitos também, não mais bonito que eu. É claro. Não quero ter que esperar até o dia do meu treinamento com vocês, que será depois do treinamento de Atena, para ter um motivo para abençoar vocês. – O deus disse revirando os olhos.

Então as duas crianças se ajoelharam. O deus do sol se aproximou e pôs as mãos sobre as cabeças dos garotos, as mãos do deus começando a brilhar em um tom amarelo meio alaranjado, assim como o sol no fim do dia. Nesse momento, a mesma sensação sentida quando foram abençoados por Ares lhes invadiu. Então os garotos se levantaram.

Estava feito.

A primeira parte do treinamento havia sido cumprida,

Os garotos estavam preparados para avançar.

E principalmente,

Eram ótimos com poemas.