Eu eles e Nós escrita por Lanny Missmuse


Capítulo 21
Capítulo 14.2 - Lana


Notas iniciais do capítulo

terceira parte

Mais divertida por sinal



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Encontramo-nos com os outros e todo mundo resolveu ir embora. Mas a festa não ia acabar por aí. David tinha programado um happy hour com o resto da equipe (era só uma desculpa para ficar festejando só entre eles até amanhecer). Foi à vez de Chris me pegar pela cintura e sair me levando, mas eu parecia estar sendo arrastada. As maneiras bruscas dele nunca deixariam de me surpreender. Chris era como um urso brincalhão, que não media sua força, mas com um coração imenso (também era surpreendente que ele tocasse baixo com tanta perfeição com aquelas patas enormes).

Mais alguns flashes e estávamos a caminho.

— Ei, Helen me contou o que Brando e Spencer fizeram – Chris comentou no carro – Depois quando a gente parte para a ignorância, ninguém sabe por quê!

— Não imaginava que seria assim, acabou que não foi uma boa idéia trazer você garota – Matt estalou a língua.

— Que bobagem! Veja como ela está deslumbrante e Spencer está com dor de cotovelo. Com aquela cara ele nunca arrumaria uma gata como Lana! Aquele... – aí Chris acrescentou alguns palavrões em inglês.

— Que horror! Onde estão seus modos?

— Lana está mesmo muito bonita – e Morgan sorriu sedutor.

No hotel, fomos para o terraço para a comemoração intima que esperava por eles. Tentei descer para trocar de roupa, mas Chris dissera que era apenas uma desculpa para ir dormir, de modo que eu tive que ficar por ali mesmo. Pequei um dry Martine e fui me jogar num dos divãs, fiquei sozinha até Helen se aproximar.

— Onde está Dominic?

— Não veio com a gente e sabe deus onde está uma hora dessas. – nós começamos a rir – Você viu a deusa que estava com ele?

— Esse Dominic... – ela se sentou ao meu lado

— Então Kate desistiu mesmo?

— Nem tanto, ela ainda paira por perto, esperando Dominic estalar os dedos! – falou indiferente – Aquela conversa dela de casamento assustou ele mesmo! Dominic, casando! Bah! Só ela acreditava nisso. E aí Lana, está tudo bem agora? Eu estava querendo perguntar isso para você desde que chegou, mas com tanta coisa na cabeça...

— Acho que sim... Está tudo resolvido, mas fica complicado quando tem sempre um espírito de porco para fazer graça.

— Você ficou chateada não foi? Tente esquecer está bem? Aqueles babacas...

— Eu sinto mais pelos meninos, sabe com Matt não tem muita paciência e tal...

— Quando vai parar de chamar eles assim? Matt é mais velho que você sete anos! – ela me fitou risonha.

— É que para mim eles são de certa forma meninos, eles parecem meus primos de vez em quando.

— Você tem primos de quatorze anos?! – rimos mais alto dessa vez. Helen sabia do que eu estava falando – Você vai com a gente para os Estados Unidos?

— Provavelmente – tomei meu vinho. Eu devia parar, já estava relax demais e ficar bêbada não era uma coisa boa a se fazer – Não fiz muitos planos quando decidi vir e a agenda que o Dominic me mandou é extensa...

— Embarcamos para os Estados Unidos amanhã!

— Pois é meu plano eram dois dias. Mas duvido que Dominic me deixe ir embora amanhã e ele nem quer ouvir falar disso!

— Sei... – ela ficou pensativa e de repente perguntou – E a faculdade? Sobrevivendo ao furacão?

Furacão. Uma boa definição do Muscle na minha vida.

— Vai indo... Tenho que conciliá-la com essas fugas repentinas... Tentar não quer dizer conseguir na maioria das vezes – dei um sorriso torto.

— Nossa que complicado! Você ou é muito doida ou muito corajosa para mudar sua vida desse jeito. Enfrentar todas essas dificuldades, o temperamento deles e tudo mais...

— Helen, eu faço o que eu posso, sempre fui assim. Meus amigos são meus amigos e faço o que tiver no meu alcance para tê-los comigo, dando o meu melhor. Que, diga-se de passagem, não é muito confesso! Sei que o trabalho é muito importante para os três e se tenho que atravessar o oceano para vê-los de vez em quando. – dei de ombros e peguei outra taça de vinho – Que seja então! Também não sou hipócrita o bastante para dizer que tudo é esforço meu, sei que Dominic está gastando aos tubos para me ter aqui, passagens de avião reservadas repentinamente são uma fortuna! Eu fico até constrangida com tudo isso, mas da última vez que fui falar isso Dom quase me bateu!

— Acho que já estou bêbada o suficiente para confessar uma coisa – ela me olhou, sorrindo sem graça – Antes, no início, eu não acreditava que essa história ia funcionar... Achava que você era apenas mais uma das armações de Dom que eu ia ter que concertar depois. Por isso eu tinha certa...

— Resistência – completei antes que ela dissesse algo pior.

— Isso – o sorriso amarelo reapareceu – É que eu não acreditava nessa história de amiga, para mim, Dominic só queria variar!

— Eu percebi – estava na cara desde o começo. Na cara de todo mundo!

— Mas agora... Lana, depois do que aconteceu... – ela balançou a cabeça – Você trouxe a tona tantas coisas. Os mudou completamente! Só o fato de você ter ido para Devon, eles terem ido lá depois de tanto tempo... Matt e o rompimento com Natálie...

— Não entendi por que eles romperam. – fitei Matt que estava mais à frente – Matt está sofrendo.

— Menos do que você supõe. Por que não viu como estava por aqui quando descobrimos que você estava disposta a se afastar de vez. Abalou à relação dele com Dom principalmente, ele sentiu seu afastamento e por aqui tudo esfriou... Mas agora está tudo bem não está?!

— Acho que sim.

— Então! É visível que eles estão felizes por você estar aqui.

— Ah é Dominic está tão feliz que sumiu com a primeira biscate que encontrou! – é isso estava me incomodando mais do que eu supunha.

Ficamos em silêncio até Steven acenar para Helen e ela correr para ele (eu e Dom chegamos à conclusão que alguma coisa estava rolando entre eles). Bebendo o vinho fiquei refletindo sobre o que Helen dissera. Não acreditava que eu tivesse mudado tanto eles assim... Não tanto quanto eles me mudaram.

Eles são amigos maravilhosos e acima de tudo ótimos exemplos de vida. A história do Muscle em si é uma lição de garra e sucesso. A verdade é que eles sempre estimularam as melhores coisas em mim e por um mistério da natureza, acreditam em mim e me aceitam com todos os meus defeitos! Eu nunca fui muito confiante na vida e sempre ao menor sinal de obstáculo eu desistia, era por isso que eu admirava tanto Dominic, por ser tão perseverante. Querer estar com ele me fez ir para Sidney e me trouxe como presente a amizade de Matt e Chris. Não há o que comparar o que eles me fizeram! Eu me orgulho por conhecê-los e ter toda essa experiência que é conviver com eles. Resumindo. Acho que o Muscle me deu mais do que eu dei a eles, me mostraram que eu posso ser quem eu quiser, basta querer.

— Por que tão quieta? – me deparei com o olhar celeste e risonho de Matt muito próximo.

— Pensando... – lhe concedi um sorriso – Por um momento esqueci onde estava! Acho que vou para o quarto me trocar... Dom já chegou?

— Ele não vem agora Lana! Até parece que você não conhece o Dom – ele me olhou de esguelha, expressão marota – Você já vai descer?

— Vou tomar um banho, trocar de roupa e arrumar minha mala. – me levantei.

— Não durma, logo estaremos com você!

— Vou esperá-los, mas não demorem muito por que se demorarem vou dormir!

Despedi-me de todos e desci, escolhendo mentalmente o que vestir para a noite. Acabei morrendo nos meus moletons velhos! Eu os adorava, mesmo que parecessem duas vezes o meu numero e estivessem surrados. Depois de fazer tudo que queria fazer, fui arrumar minha mala. Não tinha tanta coisa fora dela então acabei rápido. Peguei meu mp4 e fui para cama reler (pela enésima vez) meu livro favorito. Já tinha lido ele tanto, que já estava naquele momento onde você já pula as partes meio chatas, escolhe os capítulos que mais gostou.

Escolhi um capítulo que particularmente gosto muito (quem se dispuser a ler, trata-se do capitulo chamado: No trem. Do livro Mulheres apaixonadas do D. H. Lawrence) e fiquei entretida na leitura por um tempo, até que percebi Matt abrir a porta pelo canto do olho.

— Não acredito que você está lendo esse livro de novo! – ele fez cara de pouco caso – Uma passadinha na livraria seria bom.

— Eu gosto dele ok! É ótimo para viagens de avião e eu amo Rupert Birkin. – falei desdenhosa, me levantando da cama.

— Pensei que já soubesse ele de cor! Anda vamos, Chris está esperando por nós.

Fomos para o quarto dele e devo confessar que fiquei meio decepcionada por ver apenas Chris no telefone com Ema. Dominic ainda não voltara.

— Ema?

— Sim... Ela está furiosa por que não vamos mais para Londres como o planejado – Matt murmurou para mim – Ainda há umas datas nos Estados Unidos e como sempre, Chris deixa para avisar a ela em cima da hora – entortamos a boca. Chris era muito displicente com relação a isso em minha opinião e Ema estava certa por ficar furiosa – Ela acha que pode estar grávida.

— OUTRO FILHO! – Matt quase tapou a minha boca ele mesmo. Chris ouviu meu grito e me olhou de cenho franzido.

Eu achava um absurdo Chris ser pai de quatro filhos tendo a vida que levava (levando em consideração o Muscle e tudo mais). Ter outro filho só pioraria as coisas! Ema com um bebê pequeno outra vez e não podendo viajar para acompanhar o Muscle por aí. Mesmo com a pausa para a gravação do novo álbum, Chris ficaria tão envolvido pelo projeto que também estaria ausente a maior parte do tempo. Era muito egoísmo da parte dele e estupidez de Ema.

— Pelo visto você já contou a ela das suspeitas de Ema. – Chris olho reprovador para Matt quando desligou o celular.

— Chris eu acho...

— Nem me venha falar sua opinião. – ele me cortou logo – Já sei o que vai dizer então é melhor poupar saliva! – ele me olhou dos pés a cabeça e apontou para meus moletons com uma careta – Pensei que você já tinha se livrado disso Lana! Onde foram parar as lições de moda de Helen? Elas não incluíam roupa de dormir também?

— É nem parece à mesma pessoa de horas atrás – Matt balançou a cabeça – difícil de acreditar!

— Ah, olha quem fala! Quem já usou aquelas blusinhas, coladas no corpo “másculo”, com estampas bizarras, casacos estranhos e eu ainda nem cheguei ao cabelo...

Matt já teve o cabelo de várias cores. Desde amarelo-canário a vermelho-sangue; passando por azul celeste, verde e luzes louro-cinza.

Rimos os três, Chris o mais divertido. Ainda rindo, ele foi pegar o vinho e abrir a porta para o serviço de quarto. Fiquei espantada quando vi mais comida (esperava que o apetite deles estivesse sanado depois da farta mesa de petiscos lá embaixo), mas tudo parecia apetitoso e não resisti, acabei comendo! Ficamos um tempo assim, comendo, bebendo, conversando sobre o tempo que fiquei longe, os planos para o futuro e tudo mais.

— Agora que ficou tudo resolvido, todo mundo tem ânimo para pensar no novo álbum – Chris concluiu – Digamos que as coisas estavam tensas desde que você... – ele hesitou e depois acrescentou – Que você foi embora.

— O complemento correto seria fugiu – Matt falou olhando o vinho na taça – Por que você fugiu Lana, não tem outra explicação.

— Você vai começar com as provocações? – arqueei a sobrancelha – Estou suficientemente bêbada para não segurar a língua.

— Vocês não querem mesmo discutir não é?

— Ah então você acha que foi uma atitude muito madura a sua de sair correndo assim, sem avisar? – Matt me olhou sarcástico. Assumira aquela atitude arrogante de quem acha que está com toda a razão e é o maioral da moralidade.

— Eu não fugi – falei entre dentes – Só quis evitar confusão! O seu problema é que você se acha o centro do universo e acha que fui embora só por sua causa.

— E não foi? – foi à vez de ele arquear a sobrancelha.

— Em parte – admiti contrafeita – Mas não foi só por você. Teve também a família de Dom e toda aquela confusão com Roxanne.

— Tudo por que você não quer admitir as coisas. – e ele soltou um risinho. Isso me enfureceu!

— Ah olha quem fala em admitir! Logo você senhor Bennington, que reluta em admitir tanta coisa – dei um meio sorriso cínico – O que disse para a pobre Natalie sobre sua hesitação em firmar o compromisso de vocês? Por que acha que ela ficou histérica e inventou aquele monte de coisa?

Eu tinha tocado no cerne da questão e vi com satisfação ele estreitar os olhos. Ele tinha provocado e estava levando o troco. Era infantil eu admito, mas eu não estava sóbria o suficiente para discernir o certo do errado. Mentira, eu queria provocá-lo.

— Fico me perguntando por que ela ia embora – andei pelo quarto displicentemente, indo pegar mais vinho – Eu estava longe de qualquer forma, você me afastou... Por que ela não se controlou?

— Eu afastei você?! Não pode falar uma coisa dessas!

— Matt, Matt fique calado, por favor. – Chris pediu baixinho, sem desviar os olhos do tapete.

— Ah ta então me diz o que você fez em Devon, Matt?! Assim que Natalie chegou você sumiu e tudo por que, hein? Diga?

Eu já estava gritando e se eu não parasse, acabaria colocando para fora todas as acusações silenciosas que tinha prometido guardar para mim e nós acabaríamos brigando. Pensando assim, fechei a boca e respirei fundo... Mas Matt tinha que estragar tudo.

— Lana você não sabe de nada! – ele fez um gesto de impaciência – Quem é você para julgar minhas atitudes? Você que passou tanto tempo se enganando com Rodrigo e agora fingi não perceber o interesse de Dominic?

— Por que vocês estão discutindo desse jeito? – Chris estava realmente surpreso – Já chega de vinho para vocês – ele tomou minha taça e já ia pegar a de Matt que se desviou irritado.

— Cala essa boca porra! – apontei para ele – Você faz isso toda vez que está perdendo uma discussão Matt, mete Dominic no meio! Por que se esconde atrás dele Matt? Por que insiste em me fazer acreditar que Dominic gosta de mim além da amizade? Quer me dar um consolo por que você me rejeitou? Quem você pensa que eu sou? Seu problema é que você é um covarde, que vai morrer de tanto pensar se faz isso ou aquilo! Que merda, qual é o seu problema?! Por que não acaba de vez essa porcaria de noivado com essa maluca neurótica? Você nem ama mais ela!

— Você... – ele gaguejou aturdido, o olhar crispando! – Não pode falar tudo isso. Você não me conhece assim para saber se gosto dela ou não.

— VÁ SE FERRAR!

Até eu fiquei surpresa com meu súbito ataque de raiva e de ter falado tudo aquilo na cara dele assim. Álcool. Ele entra, a verdade sai.

— JÁ CHEGA! – Chris interveio e pegou a taça de mim – Por que essas acusações agora? Vocês tiveram tempo para conversar antes? O que foi que aconteceu? Não precisava tudo isso.

— Não eu não preciso mais me justificar para ninguém. – olhei Matt com frieza – Eu vou dormir não preciso me humilhar mais.

Fui para o meu quarto, chorando de raiva com a boba que eu era. Não importava o que Matt pensava, ele estava errado! A verdade é que eu nem sabia direito por que explodira daquela maneira, talvez por achar absurdo Matt me tratar sempre como uma criança irresponsável. Sim eu era covarde, mas isso não significava que era menos mulher para ele.

Ninguém veio me procurar e eu fiquei feliz por isso. Percebi apenas os passos pesados de Chris no corredor e ele girou a maçaneta, mas depois ele decidiu ir embora. Fiquei na cama, embolada por um tempo indefinido, furiosa demais para fazer outra coisa além de chorar, até que ouvi batidinhas familiares na porta. Dominic?

Levantei-me surpresa e intimamente contente por ele ter aparecido, mas aí lembrei que ele estava na farra e devia ser muito tarde para ele vir me ver.

— Vá embora! – gritei para a porta não queria brigar com ele também.

— Vou ficar aqui até você abrir.

Era infantil ficar fazendo birra. Dom ia ficar na porta até eu decidir abrir, não importa quanto tempo levasse. Ele também sabia que eu não o deixaria lá fora muito tempo.

Enxuguei as lágrimas e fui abrir a porta. Ele estava encostado no umbral da porta com os braços cruzados. Ainda estava com a roupa da festa, parecia ter acabado de chegar.

— O que aconteceu dessa vez? – ele franziu o cenho – Matt está trancado no quarto, Chris disse que vocês brigaram outra vez e que eu viesse perguntar a você por que, já que ele não entendeu nada... Ele foi dormir! Eu acabei de chegar e até trouxe uma garrafa de vinho. – ele sorriu, desmontando minha argumentação que eu estava pronta para dar – Posso entrar?

Abri a porta e o sorriso se alargou ainda mais.

* * *

— Vocês vão brigar sempre agora? – Dominic me estendeu uma taça de vinho. Estávamos confortavelmente instalados na varanda, como fosse sete horas da noite, não três da madrugada.

— Falei que não era uma boa amiga... Por falar nisso, achei que você estava acompanhado para essa noite.

— Fui apenas levar uma amiga em casa e conversar – ele não me olhou, sinal de que estava mentindo. – Apenas isso.

— Ah ta Dominic Hawks! – ri irônica – Assuma logo que você está perdendo o jeito.

— Devo estar perdendo mesmo – comentou distraído, quase um murmúrio solto e então ele se virou para mim e se encostou à amurada – Voltando ao assunto. O que houve dessa vez?

— Bebida principalmente – fiquei olhando o vinho ponderando se não seria melhor parar. Tinha consciência de que estava bêbada e beber ainda mais poderia me deixar tombada em pouco tempo – A verdade é que odeio quando Matt me trata como uma criança! Isso me enfurece! – levantei e comecei a andar, tomando o vinho – Ainda não consigo acreditar no que Natalie fez. Parece absurdo para mim que ela sinta ciúme a esse ponto! De mim?! É quase inacreditável.

— Todos sentem de alguma forma, pelo menos uma vez na vida. – ele falou distraído outra vez, como se pensasse em voz alta. Dom se tocou e se virou para mim – Por que parece tão absurdo?

— Com que fundamento ela teria ciúmes de mim Dominic? Seria subestimar o nosso pequeno Matt.

— Subestimar? – ele encheu minha taça e eu nem percebi que ela estava vazia. Um alerta geral soou na minha cabeça. Recusei mas ele já tinha enchido a taça.

— Talvez subestimar não seja a palavra certa. Não consigo achar outra melhor... O que quero dizer é bem diferente! – pisquei meio confusa. Sempre ficava quando tentava explicar meus pensamentos – Eu ameaçar Natalie, bah! Ele a ama, eu nunca vou passar da Lana garota maluca para ele... Para alguém que já ganhou o premio de homem mais sexy do ano e tem teorias profundas...

— Como se tivesse alguma coisa a ver!

Rimos, mas Dom entendeu o que eu quis dizer. Matt pode mesmo ir de um extremo ao outro e é quase impossível compreendê-lo.

— E você queria que fosse diferente Lana?

— Um segredo entre nós dois? – eu o olhei de soslaio e ele assentiu com a cabeça. Fui até ele e o enlacei pela cintura – Acho que não preciso falar, preciso?

— Admitir já é um bom começo... Mas ele me disse que você acabou com todas as possibilidades. – e ele me aconchegou nos braços

— Sim. A partir de agora temos que parar com as ilusões e pensar racionalmente, a verdade é que eu sempre tive uma idolatria por Matt e isso tudo ficou meio misturado depois que conheci vocês. Aí teve o lance no aniversário dele e depois o natal... – Deitei a cabeça no seu peito – Acho que já estou falando besteiras demais. Hora de parar de beber!

— Não, você me deu muito em que pensar – levantei o rosto de repente para ele – Sabe Lana, fiquei surpreso quando ouvi aquelas coisas de Matt. Nunca pensei que ele tivesse tão envolvido, mas depois aconteceu aquela confusão... Por que é tão difícil admitir cristo?!

— Será que você não entende? – desviei o olhar sem graça – Eu vou ter mesmo que explicar?!

— Merda de vida! – resmungou. Parecia resmungar consigo mesmo e eu não entendi por que ele disse aquilo e ele não me olhava, parecia estar remoendo coisas intimas. Eu precisava desviar o rumo da conversa.

— Eu também precisava te falar que eu estou enlouquecida por você. – fiz a cara mais cínica que pude – Sabe como é você é irresistível!

— Ah Lana fala sério – ele entortou a boca. Eu gargalhei e ele bufou, desviando o olhar. Peguei seu rosto e o fiz olhar para mim – Estou me declarando para você e o que você faz? Nem olha para mim! – eu ria descontroladamente enquanto passava os braços em volta do seu pescoço.

É eu devia ter parado de beber antes.

— Ah claro, você está bêbada! Eu devia saber – ele riu meio irritado, meio divertido – Mas você é muito esperta e só dá para notar quando você começar rir descontrolada desse jeito! Já chega de vinho para você.

Ele tomou minha taça e pegou o vinho, me arrastando para dentro.

— Quem falou para você que eu quero dormir?! – empaquei feito uma mula no meio do quarto – Você ficou com raiva de mim não foi? Foi sim!

— Não garota, relaxa! – ele suspirou. Eu já estava perdendo todo o respeito dele (era como a gente tratava quem fica bêbado e carente. Alguém sem respeito!) e provavelmente teria que aguentar o resto dos dias de encarnação. Mas eu já estava bêbada o suficiente para ficar pedante e chata ao extremo! Fui até ele e o peguei pelo colarinho.

— Parece que eu deixo as pessoas com raiva com frequência – choraminguei – Não vá embora, por favor!

— Garota, pare com isso – ele retirou minhas mãos delicadamente. Ficamos muito próximos e nossos olhares se encontraram e por um momento o dele pareceu em chamas. Tentei desviar o olhar sem sucesso por que meus olhos caíram em cheio naquela boca maravilhosa. – Você devia ir dormir.

— É melhor – e fui tratar de ir deitar na cama vermelha feito um tomate e sem entender coisa nenhuma.

Ele foi se sentar ao meu lado – O sono logo vai chegar.

— Eu não estou com sono... Não vá embora. – falei num murmúrio.

— Eu não vou...

Enrosquei-me nos lençóis, lutando para ficar alerta. Porém, a combinação de cama confortável + Muito vinho+ embaraço surtiu um efeito surpreendente. Fiquei lutando contra as pálpebras pesadas até que não pude mais. Fazia muito tempo desde a última vez e mesmo assim fiquei feliz que ele estivesse lá. Eu sempre sentia segurança quando ele estava ao meu lado, mesmo dormindo.

— Você ainda está aí Dominic? – perguntei com voz arrastada. Ouvi sua risada baixa e afundei feliz na inconsciência.


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