Flashback on

Já era noite, quando o até então casal de amigos, caminhava pelas ruas Washington. Já havia se passado algumas semanas desde o primeiro beijo, na casa dela, e ninguém havia tocado no assunto. Os demais beijos sempre aconteciam longe dos holofotes, e ambos agiam naturalmente. Sempre evitando “aquela” conversa que aconteceria, cedo ou tarde.

Se Brennan pudesse escolher uma palavra para descrevê-la nesse momento, com certeza essa palavra seria ansiedade. Ela queria beijá-lo novamente. Sentir a textura macia dos lábios dele, a doce invasão da língua dele em sua boca. Céus, ela o queria.

Booth estava na mesma situação. Não queria ser o primeiro a toma a atitude e assustá-la, em todos os beijos esgueirados seja no carro, tardes da noite no Jeffersonian, ou nos elevadores do FBI, sempre ela havia tomado a atitude, e ele era feliz por isso. Significava que ela o queria também, talvez não da forma profunda que Booth a queria, mas já era um começo.

Eles caminhavam distraídos, quando ele teve uma ideia.

–O que você acha de alugarmos um filme? – Booth perguntou. Ele parou de andar, ficando de frente pra ela.

Ela sorriu.

–Claro, é uma ótima ideia. Porém com uma condição. – Ela impôs – Eu escolho o filme.

–Aceito, mas eu também tenho uma condição.

–Qual? – Ela perguntou

Ele não respondeu, apenas aproximou seu rosto do dela. Quando sentiu a respiração de Bones em suas bochechas, sorriu. Adorava isso. Quem passava por eles, pensava que iriam se beijar devido à proximidade, mas não, ele a estava provocando.

–Sem comida saudável, somente porcaria. – Ele sussurrou.

Ela apenas sorriu em confirmação. Por um momento pensou que seria beijada, mas não. Isso há entristeceu um pouco, gostaria de saber se Booth mantinha um interesse nela, ou apenas correspondia seus beijos por educação.

Passado o momento, ambos seguiram para uma loja de conveniência. Depois de pouco mais de quinze minutos, saíram de lá carregando duas sacolas cheias de doces, e guloseimas, quem diria Temperance Brennan, você esta mudando.

Ao chegarem à locadora, Booth esperou pacientemente Temperance escolher um filme, enquanto isso estava no balcão, a observando.

Dez minutos se passaram, e ela ainda não havia decidido, Booth intrigado foi ao encontro dela, que olhava atentamente a uma prateleira de clássicos.

–Porque a demora Bones?

–Todos os filmes que eu gosto, tem uma porcentagem imensamente maior de serem chatos para você. Não sei o que escolher. – Ela suspirou.

–Eles não têm a Múmia? Você adora esse filme.

–Você não gosta de filmes em preto e branco Booth, do que adianta. – disse cansada.

Ele passou o braço pelo ombro dela, trazendo-a mais para perto.

–Qual é, se você gosta deve ser legal. Confio no seu bom gosto crítico, Doc – Ele disse sorridente.

Brennan sorriu, e pegou o filme. Booth continuou abraçado a ela, e caminharam juntos até o caixa. Depois de preencher os dados necessários para a locação do filme, se despediram da atendente que não pode deixar de comentar.

–Vocês formam um belo casal, parabéns.

Ambos coraram, e não disseram nada, apenas sorriam encabulados, e foram embora. Aquela seria uma noite longa.

Na mesa de centro da casa de Brennan havia salgadinhos, chocolates, doces, e refrigerante. Ela nunca havia comido tanta besteira em um dia só.

Enquanto isso, o casal de amigos estava sentado no sofá, com a atenção vidrada no filme. Ao contrário do que ela achava, Booth se mostrou bem interessado no longa-metragem.

Quando o filme acabou Booth aplaudiu, e disse.

–Esse filme realmente é muito bom Bones.

Ela sorriu encantada.

–Eu não imaginava que você gostaria, mas gostei de ser surpreendida. É um dos meus filmes favoritos, você sabe.

Eles se perderam um no olhar do outro, curtindo o momento. As coisas estavam esquentando.

–Você esta suja de ... Chocolate ... Na bochecha – Booth disse sorrindo.

Brennan corou imediatamente diante da observação dele. Passou a mão na bochecha repetidas vezes, procurando limpar.

–Saiu? – Ela perguntou.

Booth balançou a cabeça negativamente.

–Deixa comigo.

Dizendo isso, ele se ajeitou de forma que ambos ficaram frente a frente, e passou o polegar gentilmente na bochecha dela, até limpar a marca de chocolate. Deixou a mão descansar ali, sentindo o calor que emanava dela, enquanto se perdia naqueles olhos azuis que tanto adorava.

Brennan não reclamou da mão dele em seu rosto, e sorriu. Gostava do contato com ele. Era tudo tão gentil e carinhoso. Ela gostava disso. Sem perceber seus rostos foram se aproximando lentamente, até ela sentir o nariz dele tocar no seu, a respiração morna no seu rosto. E nenhum dos dois pode resistir mais. Ele a beijou.

A princípio foi meramente um roçar dos lábios, como se Booth tivesse pedindo permissão.

Brennan sem bobear, abriu Maísa boca, dando consentimento a ele, para que continuasse.

Ela passou sua mão pela de Booth que estava em seu rosto, e a deixou descansar ali, enquanto a outra descansava no tórax dele.

Booth ao senti-la abrir mais a boca para aprofundar o beijo, não pode evitar sentir uma satisfação pessoal. Ela queria aquilo, aparentemente tanto quanto ele. Sem mais delongas, ele passou a outra mão livre pela cintura dela, trazendo-a mais para si. Sorriu no beijo a escutar um suspiro apertado, vindo dela. Céus, aquilo era tão bom.

Depois de alguns minutos, que pareceram horas perdidos um no outro, Brennan quebrou o beijo em busca de ar. Estava vermelha, e tinha dificuldades em respirar. Ao abrir os olhos se deparou com Booth a observando atentamente. Duas grandes esferas marrons de olho nela.

–Eu quero mais – Ele disse.

Ela corou. Estaria ele falando de sexo? Ele queria dar aquele próximo passo? Mesmo eles não sendo nada além de amigos?

–Você quer dizer ... Sexo ? – Ela perguntou confusa.

Booth sorriu a ingenuidade dela era cômica.

–Sim Bones, eu também quero isso, mas eu estou falando de outra coisa – explicou – Eu não quero acordar todos os dias na incerteza se vou poder te beijar ou não. Não quero acordar um dia e perceber que você esta com outro homem. Eu quero mais Temperance – disse – Eu quero um relacionamento, quero algo estável. E acima de tudo, eu quero você.

Ela estava surpresa. Não esperava isso agora. Não estava preparada pra isso.

–Mas o FBI ... Eles nunca nos deixari-

–Que se dane o FBI Bones – ele a interrompeu – Eu simplesmente não posso viver nessa incerteza. Nós temos algo aqui, algo importante. Você não é minha amiga, você é algo mais agora, alguém com quem além de eu me importar, agora você é alguém que eu desejo. Eu não posso simplesmente ignorar tudo que aconteceu nessas semanas entre nós, jogar pra baixo do tapete, e fingir que nada aconteceu.

–Eu ... Eu não quero perder você – ela disse sincera – Não entendo relacionamentos Booth, pra mim eles naturalmente vão fracassar uma hora, por minha causa, e ... Eu não quero me sentir culpada por estragar a melhor coisa que eu já tive na minha vida, não quero perder meu amigo.

–Bones, você é uma das pessoas mais inteligente desse planeta – ele sorriu – Ninguém nasce sabendo tudo, nós aprendemos com os erros. O que te impede de tentar? Eu estou aqui, okay? Pra você, eu sempre estarei.

Ela não pode deixar de sorrir diante a declaração dele. Porque diabos Booth tinha que ser tão perfeito? O melhor amigo protetor. E agora, algo a mais ... Será que ela estava disposta aceitar esse risco?

Se tinha uma coisa que ela sabia era que, não queria perder Booth. O amigo, e o amante. O protetor e confidente.

Sem pensar mais, ela o beijou.

Um beijo termo, calmo, cheio significados. Um beijo de aceitação.

–Isso é um ...?

–Sim, Booth, eu aceito – ela disse sorridente – Não me familiarizo com o termo namorados, mas posso me acostumar.

–You’re amazing Bones! – ele disse antes de voltar a beija lá.

Agora ele poderia fazer isso sempre que quisesse. Afinal, agora eles eram um casal de namorados.

Flashback off

Tim Sullivan estava em sua sala. Não era uma surpresa agradável, pelo menos para Booth. Ter de volta o cara que partiu o coração de sua namorada, não era nada legal. Ainda mais pelas circunstâncias que o fizeram partir. Assuntos inacabados...

– Booth, até que enfim – Sully disse animado – Pensei que não trabalhava mais aqui.

Booth deu um sorriso forçado, e o cumprimentou.

–Você por aqui Sully? O que te trás de volta ao Bureau?

–Sempre direto Booth, senti falta disso. Bom, mais acredito que seu chefe será melhor em explicar minha volta.

–Aconteceu algo? – Booth perguntou, preocupado.

–Tudo tem seu tempo Booth. Mas me conte, e as novidades, como andam as coisas por aqui?

Booth o analisou por um momento antes de responder.

–Tudo esta ótimo – disse seco.

Sully mexeu no bonequinho à mesa, e desconversou.

–E Brennan?

Booth suspirou.

–Ela esta bem.

–Que bom, na verdade eu quer-

Sully foi interrompido, quando seu chefe chegou ao escritório.

– Senhor – Sully e Booth cumprimentaram seu superior.

–Bom dia Agentes, vejo que já soube da noticia Booth.

–Ainda não senhor, Sully não quis contar – Explicou Booth.

–Bom então não vejo motivos para tardar mais ainda, a partir de hoje Sully ficara no comando da investigação do serial killer relacionado à Doutora Brennan.

Booth demorou alguns minutos antes de processar a informação. Sully tinha voltado, e dessa vez era pra ficar.