Maré Alta escrita por Dobrevic


Capítulo 2
Sem saída.




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No dia seguinte acordei na cama. Não tenho duvidas de que meu pai entrou aqui. Fui ao banheiro e quando me olhei no espelho, minhas olheiras gritavam! – Já tive dias melhores. – balbuciei baixo enquanto liguei o chuveiro, fiz rapidamente minhas higienes, tirei a roupa e me joguei na água. Cara, não existe nada melhor que um banho gelado pra refrescar a memória.

Hoje vai ter um jantar aqui em casa para selar o acordo com o Jorge, um velho amigo da família. Meu pai sempre fala dele mas eu não lembro quem é, eu era muito pequena, então não consigo fazer associação de quem ele seja hoje. Ele é o futuro sócio do meu pai, o único capaz de reverter nossa situação. - Ai pai, como você nos deixou chegar a esse ponto? - Pra isso eu preciso me casar. Bendito casamento. Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha e saí pelo quarto molhando tudo. Eu estava me afogando em meio a pensamentos.

Ao olhar para minha cama, me deparei com um vestido lindo preto florido por cima de uma caixa branca aberta. Ele era realmente bonito. Era longo, fechado até o pescoço, amarrando na nuca, com as costas abertas até a cintura. 

Foi assim também com meus pais. A empresa do meu avô não estava falindo, claro, mas na época meu pai tinha apenas 18 anos, e pra assumir a empresa precisava de uma esposa, teria que se casar só para provar que tinha responsabilidade o suficiente para assumir. Fez uma proposta a minha mãe, que tinha apenas 16 na época. Quem se casa aos 16 anos?

Seus pais concordaram afim de lucrar com o acordo e então tudo deu certo. Se eles se amam? Eu não sei. Eu nunca cheguei realmente a saber. O que sou ciente é que os dois juntos, seu Mauro Garcia e Bárbara Brandão construíram todo esse império juntos. Inseparáveis. De longe, o casal perfeito. Dizem eles que o amor se constrói ao longo dos anos. Eu não sei, eu nunca senti isso. Mas acredito mesmo que respeito, gratidão, isso se constrói... Porque o amor é uma incógnita. Ele existe e não pede permissão. O coração escolhe antes da gente. Ele pulsa, arde, aceita e se entrega. O amor é diferente de tudo que um dia eu já senti, e por isso tenho tanta curiosidade de viver algo que me tire da órbita. Porque o amor apesar de simples, também é louco. Imagina que loucura amar outro ser humano tão diferente de você?

Meus pais passaram por todas essas etapas para chegarmos aqui, e termos tudo que temos hoje. É uma escolha contra a minha vontade, mas não posso deixá-los na mão. Eu sei que vai ser difícil, já está sendo. Mas é um risco que eu preciso correr por eles. Infelizmente.

Eu não consegui sentir fome diante disso tudo, fiquei trancada no meu quarto até à hora do jantar. Sem o mínimo ânimo, coloquei o vestido enquanto sentia uma lágrima traiçoeira descer pelo meu rosto. Ele ficou perfeito no meu corpo. Fiz um coque mal feito no cabelo, coloquei uma maquiagem bem leve e logo após calcei meu chinelo. Isso, chinelo. Não tenho razão para virar a cinderela hoje. Olhei para a garota no espelho a minha frente, respirei fundo e engoli o choro ensaiando um sorriso. Vamos lá Malu, você consegue.

O relógio marcava exatamente 20h30min, da porta do meu quarto eu já conseguia ouvir risadas. Eles chegaram. Caminhei em direção a sala torcendo para que o meu futuro marido seja no mínimo bonito e…

Todo o meu ar sumiu.


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Notas finais do capítulo

Boa leitura.



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