O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 133
Confronto: Aliados vs. Yuurei


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!

A publicação desse capítulo demorou mais tempo que eu havia estipulado (quase um mês e meio depois, rs). Acrescentei alguns pontos que achei pertinentes e o resultado ficou bem bacana.

Aos leitores que gostam de se atentar aos mínimos detalhes, eu recomendo que leiam este capítulo devagar, talvez fazendo pequenas pausas entre as cenas de batalha. É um capítulo grande e procurei enriquecer cada cena de luta da melhor forma possível.

E, sim, eu precisei mudar o nome deste capítulo. Mas foi por uma boa razão, acreditem.

No mais, boa leitura a todos!



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— Tem certeza de que isso foi uma boa ideia? — Darui perguntou para Sai com incerteza. — Vocês deixaram dois companheiros lutando sozinhos contra os Yuurei.

— Foi o melhor que pudemos fazer — respondeu Sai. — Nosso esquadrão é pequeno e foi montado às pressas. Se tivéssemos trazido mais gente, demoraríamos mais a chegar. Meu jutsu não suportaria trazer tantas pessoas a uma distância tão longa em um único dia.

Darui avaliou Sai de cima para baixo. O rapaz estava em melhores condições do que ele, mas não tanto.

— Desculpem-me. Obrigado pela ajuda.

Sai retribuiu com um sorriso.

— Conseguimos neutralizar o inimigo e, mais importante, resgatar o Sasuke-kun — disse Sai, tomando pergaminho e pincel nas mãos. — Vamos nos unir ao grupo do Shikamaru-kun e ajudar o Raikage. Depois, vamos para casa — rabiscou rapidamente o pergaminho. — Ninpou: Choujuu Giga.

Quando quatro leões selvagens saltaram para fora do pergaminho de Sai, Tenten deu um suspiro aliviado.

— Finalmente vamos viajar por terra! Voar por tanto tempo estava me deixando enjoada — disse ela.

— Às vezes você realmente parece uma velha reclamona, Tenten-san — disse Sai, casualmente, sem perceber que suas palavras poderiam ferir o orgulho feminino de Tenten, o que de fato aconteceu.

— Que tal se você me ajudasse a carregá-lo? — Tenten caminhou com Sasuke ainda desacordado apoiado sobre seu ombro direito.

— Eu faço isso — adiantou-se Darui.

— Obrigada — Tenten agradeceu com um sorriso. — Está vendo? — virou-se para Sai. — É assim que se trata uma mulher. Sinceramente, eu não sei como a Ino te suporta.

Sai sorriu em silêncio. Ino tinha razão. Tenten-san é mesmo uma velha reclamona às vezes, pensou.

Após terminar de pôr Sasuke sobre o dorso de seu leão de tinta, Darui também subiu na criatura. Sai e os outros também já estavam montados e prontos para partir. Porém mal deram as costas para a clareira da floresta, uma voz aguda e seca praguejou atrás deles.

— Onde pensam que vão, seus desgraçados?! Acham mesmo que já acabou?

Quando os quatro ninjas se viraram, uma figura grande e esguia, carregando uma foice enorme com seis lâminas, terminava de emergir de uma fenda de escuridão. Parte do manto havia sido destruída e havia queimaduras ao longo do braço direito e do lado esquerdo do rosto do Yuurei. Até a orelha esquerda fora reduzida a um pedaço de carne queimada.

Mas tudo o que Kan fez foi uma careta de insatisfação.

— Não tenham tanta pressa, idiotas — disse ele, puxando uma estaca de ferro retrátil de dentro do manto. — Só estou me aquecen...

— Ninpou: Choujuu Giga! — em menos de um segundo Sai já havia conjurado outro de seus desenhos; e após formar o Selo do Confronto na mão direita, uma cobra de tinta preta, com mais de vinte metros de comprimento por cinco de diâmetro, pulou para fora de seu pergaminho diretamente para o Yuurei. Kan adiantou um passo e usando apenas a mão esquerda, parou a criatura sem sair do lugar.

— O quê?! Como? — exclamou Karui.

Kan deu um sorriso.

— Este braço que o Dairama-sama fez para mim é realmente muito bom — disse. — Querem ver o que mais ele pode fazer? Olhem só.

Kan canalizou chakra para a palma do braço protético, liberando toda energia de uma só vez. O corpanzil da serpente inchou antes de ser completamente destruído de dentro para fora por um emaranhado de raízes grossas e espinhosas.

Sai respirou fundo. Ele pode usar o Estilo Madeira agora?!

— O que acham? — Kan fez força e quebrou a parte que ligava seu braço esquerdo às raízes gigantes. Depois desatou a foice das costas. — Parece que vocês não vão a lugar nenhum tão cedo.

Ele tem razão, pensou Tenten olhando de esguelha para Sai. Se decidirmos ignorá-lo, Kan irá atrás do Shino, que está lutando contra o outro Yuurei não muito longe daqui.

— Darui-san — chamou Sai, assumindo a dianteira do grupo em posição ofensiva contra Kan —, fique atrás de nós e proteja o Sasuke-kun. Pode usar Katsuyu-sama para recuperar um pouco de energia. Tenten-san, Karui-san, comigo.

 

 

                                                                                        ***

 

 

Shino saltou para a próxima árvore evitando a rajada de chamas da marionete bem a tempo. Imediatamente, manobrou no ar e contra-atacou enquanto seu oponente ainda estava reposicionando o boneco.

— Kikaichuu no Jutsu (Técnica dos Insetos Parasitas) — com as duas mãos estendidas, Shino lançou outro enxame, desta vez de mosquitos, em direção a Shozu, que não se defendeu. O Yuurei ignorou totalmente os mosquitos vindo em sua direção e manipulou a marionete para soprar outra rajada de fogo contra o flanco direito de Shino. Em um instante, ambos foram completamente engolidos pelas técnicas um do outro.

— Você é bom, eu tenho que admitir — disse Shozu, que se substituíra para um galho de árvore próximo da marionete e longe dos mosquitos.

No outro lado, os mosquitos formaram um redemoinho no ar, do qual Shino Aburame surgiu completamente ileso.

— Você também... para um Chuunin.

Shozu apenas sorriu ante aquela pequena provocação.

— Parece que ainda estamos empatados. Diga-me, Aburame, você ainda tem novos truques? Porque a Usui-chan sim.

Shozu pôs as palmas das mãos do fantoche unidas.

— Kuchyiose no Jutsu — disse o marionetista.

Uma explosão de fumaça cobriu totalmente a visão que Shino tinha de seu adversário. Em seguida, oito criaturas de aproximadamente um metro cada uma, com sabres curvos instalados em ambos os braços, pularam feito macacos contra o ninja da Folha. Shino conjurou rapidamente uma nuvem de insetos voadores ao redor de si, formando uma grande esfera de insetos. E quando as pequenas marionetes romperam a defesa de Shino, ele havia desaparecido outra vez.

— Outra vez ele desa...

— Hijutsu: Mushitatsumaki (Técnica Secreta: Tornado de Insetos) — disse Shino bem atrás de Shozu, que se virou assustado e totalmente fora de tempo. Os besouros que Shino invocara já rodopiavam furiosos em sua direção, dando forma a um tornado que continuava a se expandir em direção ao alvo. — Esses são insetos carnívoros — Shino falou calmamente. — Morra, Yuurei.

E Shino soube que era o fim quando ouviu os gritos de horror de Shozu Ibuke morrendo entre seus insetos; e no minuto seguinte, todas as marionetes do Yuurei caindo espalhadas pelo campo de batalha. Quando a nuvem de besouros se dissipou, os poucos vestígios que haviam sobrado de Shozu eram ossos, alguns fios de cabelo roxo, trapos de roupa e ferramentas danificadas. Todo o resto havia sido devorado pelos insetos.

Shino pôs as mãos nos bolsos de seu casaco.

— Preciso reportar ao Shikamaru — disse consigo.

Shino estava levando a mão ao rádio auricular quando o barulho estrondoso de uma explosão ecoou pela floresta a alguns metros de sua posição. Imediatamente, Shino virou o rosto na direção de onde viera o som. Vem de onde Sai e os outros estão, observou. O outro Yuurei ainda não foi derrotado?!

Shino correu na direção dos companheiros, mas após dar alguns passos sentiu uma fisgada terrível na região do abdômen e as pernas fraquejarem. Seu instinto natural o fez levar uma das mãos até a barriga. Foi quando ele percebeu que, em algum momento da luta, havia sido perfurado pelo inimigo. Mas foi logo após sua visão começar a se distorcer e mudar que Shino percebeu que, na verdade, algo muito pior havia acontecido.

 — Genjutsu?! — grunhiu tenso.

De volta à realidade, Shino ergueu os olhos e encontrou Shozu dando-lhe um sorriso psicopata. As oito marionetes em forma de macaco o cercavam e Shino encontrou vestígios de sangue, de seu sangue, misturado a um líquido roxo nos sabres acoplados de uma delas. Veneno?, questionou-se confuso. Mas como foi que ele...?

E para seu total espanto, Shino compreendeu o que havia quando percebeu a marionete humana Usui o encarando com profundos olhos vermelhos.

— Isso é...?

Shozu abafou uma risada.

— Não é fabuloso, Aburame? Às vezes, quando menos esperamos, podemos encontrar tesouros muito interessantes nesse mundo.

 

 

                                                                                       ***

 

 

— Cuidado, à sua esquerda! — gritou Tenten.

Karui praguejou enquanto se protegia das ramificações de árvore que vinham uma após outra. Suas mãos já estavam começando a ficar doloridas de tanto repetir os movimentos, mas a luta não parecia estar perto de terminar.

— O que você está vendo? — Karui gritou de volta para Tenten.

Tenten abriu dois rolos de pergaminho, invocando uma série de Fuuma Shuriken para desbaratar algumas criaturas de madeira que vinham em seu caminho, saltou por entre outras, e depois delas para os tentáculos da lula gigante que Sai desenhara a fim de batalhar contra as enormes raízes do Estilo Madeira. Do alto da cabeça da lula, Tenten estreitou os olhos, observando a batalha intensa que Sai travava sozinho contra o Yuurei ao longe. Sabre contra foice gigante. E mais do que isso; Tenten também havia localizado o ponto de conexão que Kan tinha com a terra — um fino ramo que saía do antebraço do Yuurei e se afundava no solo, onde se ramificava para as raízes de todas as árvores concentradas naquela parte da floresta, fazendo-as produzir sucessivamente as criaturas de madeira contra as quais eles lutavam naquele momento.

— É isso — disse Tenten consigo mesma.

— Cuidado!

Tenten reagiu rápido ao aviso de Karui e quando os cinco monstros que haviam conseguido escalar a lula gigante em seu encalço chegaram, ela já havia invocado para si um bastão metálico, com o qual pôde não apenas manter os inimigos a uma determinada distância como também conseguiu derrotá-los um de cada vez. O último monstro a estar de pé investiu furiosamente, mas foi logo arremessado do alto da lula gigante.

Tenten olhou para baixo e imediatamente encolheu os ombros. A situação na qual se encontravam não era das mais animadoras. Essas coisas não param de vir, observou várias novas criaturas humanoides brotando da terra. Elas não são fortes, mas lutar contra tantos inimigos de uma só vez é cansativo demais.

 O olhar de Tenten se virou novamente para a batalha que ocorria mais adiante dali, e para o pequenino alvo no antebraço de Kan. Contudo, Sai e o Yuurei travavam uma luta bastante movimentada à uma distância muito próxima um do outro, de modo que era arriscado demais para Tenten disparar qualquer coisa de tão longe na esperança de acertar somente um ramo da espessura de uma caneta. Além das probabilidades de acertar seu alvo dali serem baixíssimas, bastaria um só ataque para deixar o inimigo em estado de alerta constante. Tudo o que Tenten e Karui precisariam fazer seria ultrapassar o exército de monstros e as raízes gigantes que se espalhavam pelo campo de batalha e atacar o Yuurei no momento certo. Sai já fazia um excelente trabalho mantendo Kan ocupado e não poderiam sobrecarregá-lo a ponto de deixá-lo responsável pelo corte do ramo, pois, frente a frente com um jashinista habilidoso, o mínimo desvio de atenção seria fatal. E como Sai não poderia deixar de acompanhar os ataques rápidos e sucessivos da foice gigante nem por um segundo, caberia a elas pararem o jutsu do Estilo Madeira.

Se pelo menos eu tivesse meu Bashousen de volta, pensou Tenten.

— Ei! Quanto tempo você pretende ficar aí em cima? — gritou-lhe Karui lá debaixo. — Eu preciso de uma mão aqui!

Tenten sacou quatro de seus pergaminhos e desceu correndo pelo corpo da lula gigante. Enquanto corria, aproveitou-se de estar ainda em uma posição elevada para lançar o próximo ataque.

— Tajuuryuu (Dragões Múltiplos Ascendentes).

Após Tenten liberar sua técnica, os pergaminhos se abriram por completo no ar, dando forma a quatro dragões de fumaça que rodopiavam velozmente em uma sincronia perfeita. Em seguida, a fumaça desapareceu para dar lugar a um verdadeiro arsenal Shinobi. No total, eram oito mil armas dos mais variados tipos — adagas, punhais, espadas, foices, pregões, lâminas serrilhadas, shuriken, agulhas, lanças —, todas interligadas por fios de aço, com os quais Tenten havia infundido chakra para poder manipulá-las livremente, todas de uma vez.

Longe de ameaçar a segurança de Karui, Tenten fez chover metal por sobre as criaturas de madeira. Depois, Tenten balançou os braços enquanto saltava, provocando suas armas a varrerem o campo de batalha, criando um perímetro em volta da Kunoichi da Nuvem. A maior parte dos monstros que estavam ao redor de Karui fora destruída, outros soterrados pelas ferramentas de aço. Embora fosse apenas uma questão de tempo para que novas criaturas aparecessem, Tenten pôde reagrupar com Karui, cada uma cuidando da retaguarda da outra.

— Por que não usou isso antes? — indagou Karui com os olhos atentos no campo de batalha.

— Era um tiro único. Eu tive que escolher o momento ideal — respondeu Tenten, conjurando duas Nunchaku para si. — Aí vêm os gravetos de novo.

— É...

As duas Kunoichi se posicionaram novamente. Mas, diferentemente do que haviam imaginado, as criaturas de madeira não avançaram; apenas cercavam o perímetro e não atravessaram o cercado de armas ninja entulhadas pelo chão. Elas perceberam minhas tarjas explosivas?, questionou-se Tenten. Ou então...

Qual fosse o significado da mudança de comportamento repentina daquelas criaturas teria que esperar. Pois naquele exato momento as ramificações do Estilo Madeira haviam conseguido superar a lula gigante, destruindo-a por completo. Com certa apreensão, Tenten e Karui viam uma onda de árvores se agigantando para atacá-las e não havia muito o que poderiam fazer, visto que estavam completamente encurraladas. Rapidamente, Tenten puxou o pergaminho no qual estava selado seu domo de ferro segmentado. Embora soubesse que as chances de escaparem ilesas eram praticamente nulas, o domo de ferro era sua melhor defesa contra ataques pesados.

Porém, antes mesmo de Tenten abrir o pergaminho, diversos feixes de luz branco-azulada passaram em altíssima velocidade pelos lados e por cima das duas Kunoichi, indo bombardear a onda de árvores até reduzi-las às cinzas. As várias criaturas do Estilo Madeira também foram todas obliteradas pelos raios de energia.

Karui virou-se com um largo sorriso.

— Darui-sama!

Tenten olhou para trás e deu um suspiro de alívio ao rever o guarda-costas do Raikage recuperado e pronto para ajudá-las. Darui logo tratou de se desculpar com as duas Kunoichi por haver demorado em socorrê-las e, depois, virando-se exclusivamente para Tenten, ele se desculpou com os aliados da Folha por haver se aproveitado do clone de Katsuyu para curar a si mesmo e recuperar parte do próprio chakra enquanto Sasuke Uchiha, em um estado muito mais crítico, precisou aguardar o que, na opinião do próprio Darui, foi mais tempo do que deveria. Se o processo regenerativo fosse alguns minutos mais demorado, todo o esforço empreendido para salvar Sasuke teria sido inútil.

 — Onde ele está? — perguntou Tenten a Darui.

— Eu o deixei com meu clone — Darui apontou a direção para onde Sasuke havia sido levado. — Não se preocupe, seu companheiro já deve estar bem longe daqui.

— Ótimo.

— É, mas as coisas não estão nada boas para nós aqui — Karui fez sinal para a nova horda de criaturas brotando do solo e para as árvores hostis que se retorciam umas nas outras, dando forma a uma única massa gigantesca de galhos, troncos e espinhos.

Darui assumiu a dianteira.

— Onde estão Sai e o Yuurei? — perguntou.

— Logo à frente — respondeu Tenten. — Se nós passarmos por tudo isso, iremos alcançá-los. E se conseguirmos reagrupar, venceremos o inimigo.

Karui resmungou.

— Falar é fácil. Com o Estilo Madeira se regenerando vez após vez, essas coisas continuarão vindo sem parar.

— Regenerando...

Darui repetiu a palavra com um sussurro pensativo. De repente, seu olhar parecia distante dali, como se ignorasse as ameaças que vinham correndo em sua direção. As vozes de Tenten e Karui o alertando, naquele instante, também foram como sons abafados nos ouvidos de Darui, que trazia à memória a última missão que fizera contra os Yuurei. Por um acaso, também havia sido ao lado de Sasuke Uchiha. E um dos Yuurei que haviam encontrado na ocasião também era usuário do Estilo Madeira. Mas é claro!, exclamou Darui em pensamentos.

— Darui-sama, eles estão vindo! — a voz de Karui voltou a ser um grito audível.

— Ranton: Reiza Sakasu (Estilo Tempestade: Laser Circus)! — Darui lançou uma rajada ainda mais poderosa que a anterior, destruindo quase todas as criaturas menores e forçando a grande concentração de árvores a retroceder alguns metros. — Isso vai nos dar algum tempo — disse ele, virando-se para as duas Kunoichi. — A técnica desse Yuurei segue o mesmo princípio que a técnica de Dairama Senju: ele produz uma seiva especial a partir dos nutrientes do solo, misturando-a com seu próprio chakra para conseguir um alto poder regenerativo. Não importa o quanto ataquemos, essas coisas vão voltar de novo e de novo até que fiquemos esgotados.

— Vi que ele se conecta à terra por meio daquele braço — Tenten assentiu.

— Não é só isso — Darui continuou. — Enquanto estiver ligado ao chão, o corpo daquele Yuurei também absorverá essa seiva.

Não demorou para que os três percebessem novos monstros sendo criados.

— Está dizendo que, além da própria imortalidade, aquele Yuurei também vai se regenerar de qualquer ferimento? — Karui perguntou ansiosa.

Darui fez que não.

— A seiva elaborada vai para o corpo dele; e se funcionar da mesma forma que funcionava com Dairama Senju, então aquele homem é invulnerável enquanto estiver ligado ao solo.

Karui pestanejou.

— Disse invulnerável, Darui-sama?

— Não temos tempo, Sai precisa de nossa ajuda — Tenten falou com urgência e a atenção voltada para os novos inimigos que se aproximavam. — Você tem um plano, Darui-san?

Darui fez o selo manual e imediatamente apontou as mãos para o bando de criaturas à frente.

— Vou criar uma abertura — disse ele. — Vocês duas passem quando eu der o sinal. Irei logo atrás de vocês.

— Entendido — responderam as duas quase ao mesmo tempo.

Darui então voltou toda a atenção para caos que estava à sua frente. Vou usar minha Kekkei Genkai pela terceira vez em menos de dez minutos. É bom que essa batalha não demore muito, pensou ele, erguendo os braços e apontando-os para o batalhão de forças inimigas.

— Ranton: Reiza Sakasu!

 

 

                                                                                       ***

 

 

Tsukishima limpou o suor da testa e esboçou um meio sorriso. Embora seu próprio corpo ainda estivesse bastante quente por dentro, a temperatura do ambiente ao redor em um raio de quatrocentos metros estava completamente desregulada, variando entre o calor escaldante de uma fornalha e o frio do mais rigoroso inverno. Assim como os próprios combatentes que ali se encontravam, as temperaturas também pareciam estar lutando entre si; frio e calor tentando prevalecer um sobre o outro. Tsukishima não precisava olhar à sua volta para enxergar os muros incandescentes e a fumaça escura manchando o céu. O cheiro de floresta queimada enchia o ar enquanto um vento horrivelmente gelado, o qual nunca havia experimentado antes, soprava incessante. E a neve continuava a cair.

— Tinha razão, Tsukamaki-senpai. Esse daí é bem forte — disse o rapaz para a parceira em tom já não muito descontraído.

— Não abaixe a sua guarda — Tsukamaki retrucou sem tirar os olhos do inimigo. — Você está bem?

Tsukishima deu um outro sorriso. Desta vez, mais otimista.

— Nunca estive melhor.

Com o chakra transbordando por ambas as mãos, Tsukishima sacou várias facas kunai da bolsa de ferramentas nas costas e as lançou imediatamente contra o Yuurei à frente. As kunai ainda voavam em direção ao alvo quando Tsukishima fez um único sinal com as mãos, fazendo com que todas as facas surpreendentemente explodissem no ar.

Porém Musashi não foi pego de surpresa. Tão logo se evadiu das explosões, brandiu as espadas para contra-atacar. Tsukamaki interveio imediatamente, avançando com sua espada toda envolvida em chamas vermelhas contra o samurai.

— Shakuton... — disse Tsukamaki, iniciando seu ataque.

— Niten: Ichi-ryuu... — a resposta de Musashi foi imediata.

Quando as lâminas dos dois espadachins se chocaram, uma grande onda de vapor explodiu ao redor deles, ofuscando completamente a visão que Tsukishima, que estava mais recuado naquele momento, tinha da batalha. Porém ele ouvia perfeitamente o tilintar nervoso de aço contra aço atrás da cortina de vapor. O ritmo dos golpes era tão alto que acompanhá-los era praticamente impossível. Da mesma forma, o choque entre o frio e o calor intensos era assustadoramente harmônico; as duas temperaturas pareciam dançar na atmosfera. Apesar da ferocidade com que Musashi e Tsukamaki se atacavam, as técnicas continuavam se anulando e os dois espadachins permaneciam empatados no duelo. Para Tsukishima não era de se admirar que Tsukamaki estivesse tão confortável ao ponto de enfrentar o Yuurei praticamente sem precisar de ajuda. A Guardiã da Lua Crescente, além de ser uma Kunoichi experiente e respeitada, era, sem sombra de dúvidas, a espadachim mais habilidosa do País da Lua. O Kenjutsu da Tsukamaki-senpai é tão refinado quanto o de um samurai. Além disso, ela pode usar o Estilo Calor, disse Tsukishima, sorrindo, enquanto se preparava para voltar à luta. Em outras palavras, seu estilo de luta não casa com o dela, Yuurei.

O vapor pouco a pouco ia se dissipando e Tsukishima pôde ver melhor o que já havia presumido. O fato de Musashi estar usando duas espadas não fazia diferença uma vez que suas técnicas glaciais eram canceladas pelo Estilo Calor de Tsukamaki de forma quase instantânea; e pelo fato de ser menor e mais leve, Tsukamaki era um alvo bem difícil de ser golpeado.

Tsukishima encheu as mãos com o maior número de facas kunai e shuriken; e, depois de carregá-las com chakra explosivo, imediatamente correu em direção a Musashi. Percebendo a investida, Musashi tentou se afastar de Tsukamaki, que tratou de encurtar a distância novamente, pressionando o Yuurei a manter a atenção dividida entre seu ataque frontal e o de Tsukishima vindo pela retaguarda.

— Você não vai escapar — disse ela, cruzando lâminas e olhando dentro dos olhos de Musashi. — Agora!

O timing de Tsukishima foi perfeito, assim como a execução do ataque combinado. Tsukishima havia esperado até que Musashi estivesse dentro da distância ideal, o que não foi difícil com Tsukamaki atacando-o sem parar. Assim, um passo após o outro, Musashi Yamamoto foi empurrado para trás, exatamente na direção em que Tsukishima concentrava todas as bombas. Primeiro, ele disparou as armas carregadas com chakra explosivo ao mesmo tempo em que Tsukamaki saltou para trás a fim de não ser pega. Musashi aproveitou esse meio segundo e, usando a espada Hisame, passou a desviar os projéteis que vinham voando em sua direção. Um simples toque feito por meio de Hisame já era suficiente para impedir que as armas de Tsukishima detonassem, porém o rapaz já havia previsto isso e, enquanto o samurai ainda se ocupava com as últimas armas explosivas, avançou para a segunda parte do ataque combinado. Sequenciou rapidamente selos manuais e cravou as duas mãos no chão.

— Bakuton: Jiraigen no Jutsu (Estilo Explosão: Técnica do Campo Minado).

Após Tsukishima anunciar a técnica, várias explosões em série emergiram do chão indo sucessivamente de encontro a Musashi, que respirou fundo e, girando o corpo em sentido anti-horário, brandiu as duas espadas em movimentos simultâneos para criar uma pequena área circular ao redor de si mesmo onde o chão havia se tornado uma grossa camada de gelo e onde o ar gelado formava uma coluna de neve densa o bastante para esconder Musashi por completo.

— Ainda não acabou! — disse Tsukishima, vendo que apenas o poder de suas explosões não era suficiente para expugnar a fortaleza erguida por Musashi. — Este é um ataque de três etapas — liberou mais chakra pelas mãos fazendo aumentar o poder destrutivo das explosões. — Tsukamaki-senpai!

Enquanto Tsukamaki sequenciava selos na mão esquerda, a mão direita brandia a catana, a qual incandescia mais e mais à medida que o chakra ia sendo canalizado para o fio de aço; e quando as chamas revestiram completamente a espada, Tsukamaki atacou:

— Shakuton: Shakunetsuro no Arashi (Estilo Calor: Tormenta da Fornalha Escaldante).

Tsukamaki não atacou diretamente a defesa de Musashi. Ao invés disso, direcionou sua técnica para as explosões que o parceiro estava criando.

— Entendo... você pretende usar seu Estilo Calor para fortalecer o Estilo Explosão de seu parceiro — a voz seca de Musashi Yamamoto ressoou através da neve.

— Tolo — criticou Tsukamaki.

— Não subestime os ninjas da Lua, idiota! — rebateu Tsukishima com um sorriso insolente.

Foi só então que Musashi compreendeu que o plano de ataque dos ninjas da Lua ia além do que havia imaginado a princípio. Ele havia acertado ao afirmar que o Estilo Calor de Tsukamaki seria usado para aumentar ainda mais o poder destrutivo do Estilo Explosão de Tsukishima. Mas não parava por aí. Quanto mais poderosas ficassem as explosões, maior seria a liberação de energia em forma de calor, o que provocaria um aumento significativo na temperatura e, por conseguinte, também tornaria o Estilo Calor mais forte. Em suma, Tsukamaki e Tsukishima combinaram suas Kekkei Genkai com tanta maestria de modo a estabelecer entre elas um perfeito ciclo de retroalimentação.

Quando a temperatura atingiu o ponto crítico, Tsukamaki, que se valera de seu próprio jutsu para infundir chakra no jutsu de Tsukishima, brandiu a espada envolta em chamas, fazendo com que todo o calor acumulado seguisse os movimentos de seu braço. Após concentrar toda a energia, Tsukamaki a redirecionou de uma só vez, fazendo o calor bombardear a defesa de Musashi Yamamoto, que foi rapidamente engolida por um turbilhão de labaredas, vapor e detritos girando em altíssima velocidade.

Tsukishima assobiou impressionado.

— Legal!

— Para trás, agora! — advertiu Tsukamaki.

O poder combinado das duas Kekkei Genkai era tão avassalador que mesmo com Tsukamaki fazendo de tudo para manter o tornado de fogo sob seu controle, a impressão era de que a qualquer momento as chamas se espalhariam pelo campo de batalha, cobrindo tudo num piscar de olhos. Tsukamaki esperou ainda alguns minutos, só devolvendo a catana à bainha após perceber que a energia estava totalmente sob controle. O fogo ainda rodopiava em forma de redemoinho, porém já não representava qualquer ameaça aos ninjas da Lua. E, mais importante, a neve havia parado de cair.

— Sabe, Tsukamaki-senpai, eu sempre achei que fazíamos uma ótima dupla — comentou Tsukishima olhando descontraído para a parceira.

A ruiva, no entanto, tinha os olhos fixos no céu.

— Parece que está acabado — disse Tsukamaki segundos depois.

Tsukishima encolheu os ombros, balançando negativamente a cabeça. O fato de Tsukamaki ser uma pessoa excessivamente cautelosa era algo com o qual tivera que se acostumar.

— É, parece — deu um suspiro. — Droga, eu estou todo dolorido — virou-se. — Vamos logo, Tsukamaki-senpai. Ainda temos que ajudar nossos amigos da Folha antes de ir embora desse lugar desolado.

— Sim.

Tsukamaki ainda estava girando o corpo para seguir o companheiro quando uma onda forte e repentina de vento congelante veio do nada e os cobriu completamente. Os dois ninjas da Lua viraram-se novamente para onde o vento soprava contra eles e reassumiram posição de combate.

— Impossível! Anular um ataque combinado daquele nível...?! — Tsukishima cerrou os dentes. — Como foi que o desgraçado conseguiu fazer isso sozinho?

— Nosso adversário é um Yuurei — Tsukamaki respondeu séria. — Um Yuurei bem habilidoso, por sinal. Portanto, mantenha o foco, Tsukishima.

Só depois que o vento parou de soprar eles puderam ver direito o que havia acontecido. Musashi Yamamoto estava de pé e os encarava com uma expressão vazia. Ao redor dele havia diversas colunas espiraladas de gelo quebradiço, como uma espécie de prisão. Não, Tsukamaki estremeceu. Aquelas coisas têm a forma de um redemoinho. Ele... congelou o jutsu inteiro?!

Musashi andou um metro em direção aos ninjas da Lua. Não havia qualquer vestígio de queimadura em seu corpo, nem mesmo entre suas vestes. A pele de Musashi parecia estar tão pálida quanto antes e seus olhos não apresentavam sinais de irritação devido à exposição ao calor. Era como se ele sequer tivesse começado a lutar. Entendo... então foi isso mesmo, concluiu Tsukamaki.

Musashi olhou diretamente para a expressão vacilante da espadachim do País da Lua.

— Parece que já percebeu.

— Sim — respondeu Tsukamaki. — Enquanto lutávamos, você também se adaptava à minha técnica de espada. Eu o subestimei.

Musashi assentiu com a cabeça.

— Vocês, ninjas, supervalorizam suas próprias habilidades. Por isso são tão fáceis de matar.

Tsukishima cerrou os punhos carregados de chakra.

— Ah, é mesmo? Então o que acha vir aqui e tentar nos matar, desgraçado?

— Eu não preciso fazer muita coisa — respondeu Musashi, dirigindo o olhar frio para Tsukishima. — Você e essa mulher já estão mortos.

Mal o Yuurei havia pronunciado aquelas palavras, Tsukamaki balançou e caiu com os dois joelhos no chão. Tsukishima arregalou os olhos completamente surpreso; e a surpresa logo deu lugar ao desespero quando viu o rosto da companheira pálido e trêmulo.

— Tsukamaki-senpai! — gritou Tsukishima e imediatamente virou o olhar enfurecido para Musashi. — O que foi que você fez com ela, seu miserável? Diga!

Tsukishima já estava prestes a partir para um ataque direto e frontal quando a voz fraca e arrastada da parceira o fez parar e olhar para trás. As pernas trêmulas dificultavam o levantar de Tsukamaki, que precisou se apoiar na própria espada para conseguir ficar de pé. O olhar era fraco e sôfrego, a respiração era dificultosa e os tremores eram insistentes por todo o corpo de Tsukamaki, que fazia esforço para se manter estável e ereta. Ela está sofrendo de hipotermia, Tsukishima concluiu rapidamente. Mas como isso aconteceu? O Estilo Calor estava funcionando muito bem contra a técnica desse Yuurei, e Tsukamaki-senpai não foi atingida por aquelas espadas... então como? Se o inimigo não acertou a Tsukamaki-senpai nenhuma vez, então a única explicação plausível é se a técnica dele também for capaz de causar danos internos...

Tsukishima respirou fundo, tenso. Enquanto isso, Musashi analisava friamente a expressão no rosto do rapaz e assentia suavemente com a cabeça.

— Vejo que começou a entender — disse o samurai.

Ataques internos e externos no oponente, Tsukishima continuou, pensativo. Um estilo de luta que combina duas formas simultâneas de atacar... e duas espadas...

Então Tsukishima se lembrou do que Musashi Yamamoto dissera no começo da luta e tudo, de repente, pareceu se encaixar.

Duas espadas... neve e gelo, concluiu.

— Tsu... kishima...

O Guardião da Lua Nova olhou para o lado e viu Tsukamaki caminhando para assumir a posição dianteira. Devagar, a Guardiã da Lua Crescente desembainhou a espada mais uma vez.

— E-Eu cuido d-disso. Me d-dê cobertu...

 — De jeito nenhum! — protestou Tsukishima, segurando a companheira pelo braço. — Não vou deixar que você me proteja, Tsukamaki-senpai. E também não vou te deixar morrer aqui.

Tsukamaki tentou desvencilhar o braço, mas Tsukishima a segurava com força.

— E-Eu não posso m-morrer aqui... — disse ela, olhando com o máximo de firmeza para o companheiro. — Agora me solte...

Ao invés disso, Tsukishima puxou-a mais para perto, fazendo com que Tsukamaki o encarasse.

— É claro que você não pode morrer aqui, Tsukamaki-senpai. Sua família precisa de você, e a Tsukino-san também precisa que você esteja do lado dela — retrucou Tsukishima. — É por isso que vou fazer de tudo para te proteger, Tsukamaki-senpai.

 Gentilmente, o rapaz pôs a companheira para trás em um gesto protetor.

— Eu não sou mais um garoto problemático, eu sou o Guardião da Lua Nova Tsukishima — disse ele.

Tsukamaki sentiu as bochechas corarem de vergonha enquanto observava o companheiro pelas costas. Muito embora Tsukishima fosse apenas um jovem de dezenove anos, que muitas vezes agia impulsivamente, sem pensar nas consequências, fato era que Tsukishima também era um ninja bem treinado, talentoso, que herdara uma Kekkei Genkai poderosa; mas, acima de tudo, era um companheiro leal. No começo, Tsukamaki tivera dúvidas quanto à escolha que a princesa Tsukino havia feito de nomear alguém tão jovem quanto ela, inexperiente e, pior, um filho de estrangeiros para integrar a Guarda Lunar. Ele não serve para protegê-la, Tsukino-sama. Não está vendo o quanto esse garoto é problemático?, Tsukamaki dissera à princesa na ocasião.

Mas após um ano servindo ao lado de Tsukishima, a visão de Tsukamaki sobre o colega havia mudado drasticamente. E quando Tsukishima disse que faria de tudo para protegê-la também, Tsukamaki soube que ele falava a verdade.

Devagar, ela se posicionou lado a lado com o colega, que logo lhe dirigiu um olhar preocupado. Tsukamaki, porém, respondeu com um pequeno sorriso.

— Vamos f-fazer i-isso... — disse ela, e mordeu os lábios tentando, aos poucos, retomar o controle do próprio corpo — como... membros... da Guarda Lunar... — a voz saiu lenta, porém Tsukamaki conseguiu não gaguejar de frio; e recitou o lema da Guarda Lunar:  — nós lutamos juntos

Tsukishima arregalou os olhos, meio surpreso, e assentiu firmemente. Ele não se lembrava de nenhum outro momento em que Tsukamaki ou qualquer outro colega da Guarda Lunar o havia tratado como um igual. Para o jovem Tsukishima, conseguir o reconhecimento de sua parceira, justamente em batalha, foi algo especialmente significativo.

— Nós lutamos juntos — repetiu Tsukishima.

Vendo que seus dois adversários continuariam lutando, Musashi balançou a cabeça vagarosamente de um lado para o outro enquanto mantinha o olhar severo sobre Tsukamaki.

— Você sabe o que está acontecendo. Seu corpo está congelando mais rápido que sua Kekkei Genkai de calor consegue acompanhar — disse com voz crítica. — Esta luta já terminou.

— Ei! Por que não cala a boca? É a mim que vai enfrentar agora — respondeu Tsukishima em voz alta.

Musashi suspirou.

— Assim seja — e desenhou um arco no ar com Yukihime, o que fez com que a neve voltasse a cair.

A neve dele causa os danos internos, Tsukishima respirou fundo direcionando o chakra para os punhos e para as solas dos pés. Foi essa técnica que pegou a Tsukamaki-senpai, tenho certeza. Então ir para o corpo a corpo com aquela neve caindo seria loucura. Preciso pensar numa forma de lidar com ela antes de querer me aproximar.

Tsukamaki pareceu estar lendo os pensamentos do parceiro, pois posicionava-se para lançar sua liberação de Calor à longa distância. De fato, foi muito mais difícil para ela infundir chakra com a técnica de Musashi agindo dentro de seu corpo. Dentre todos os efeitos de uma hipotermia, os mais difíceis de lidar era a exaustão, a perda de controle do corpo e a perda gradual dos sentidos. Não fosse minha Kekkei Genkai dificultando a queda de temperatura do meu corpo, eu poderia já estar inconsciente. Talvez até morta, pensou Tsukamaki, dando uma olhada para o lado. Tsukishima não consegue fazer o mesmo; o Estilo Explosão é uma Kekkei Genkai que só pode ser usada, praticamente, de forma ofensiva. Nesse caso, eu preciso ser o melhor suporte possível para ele.

Após moldar chakra, Tsukamaki o direcionou para a catana.

— Shakuton: Kaenkiri — disse ela brandindo a espada em um movimento vertical apontado para as nuvens escuras que haviam se acumulado bem acima de Musashi. O corte flamejante exigira bastante dela, mas Tsukamaki conseguiu separar as nuvens novamente, fazendo com que a neve, momentaneamente, fosse dispersada para os lados, longe do Yuurei.

Tsukishima foi imediatamente para cima de Musashi. Havia distribuído seu chakra perfeitamente entre os quatro membros do corpo e, valendo-se das características de seu Estilo Explosão, Tsukishima liberava a Kekkei Genkai de maneira controlada, de modo a conseguir manobrar no ar em alta velocidade como se tivesse propulsores nas mãos e nos pés, além de poder desferir ataques perigosos da média para a curta distância. Cada soco ou chute lançado por Tsukishima, ainda que no vazio, criava uma pequena explosão quase à queima-roupa de Musashi, que procurava fugir das investidas saltando para trás e para os lados. Tsukishima, porém, apesar de estar perseguindo o Yuurei implacavelmente, não caíra na armadilha de Musashi, que havia tentado atraí-lo para onde a neve estava caindo.

Incrível, exclamou Tsukamaki em pensamentos. Ele está usando sua Kekkei Genkai exclusivamente destrutiva em uma combinação perfeita de Ninjutsu com Taijutsu, e está conseguindo controlar as ações do inimigo! Excelente trabalho, Tsukishima!

Após haver reunido o máximo de chakra possível, Tsukamaki ficou a postos, esperando o momento certo chegar, e ele finalmente veio. Foi durante um único instante em que as costas desprotegidas de Musashi Yamamoto entraram em sua mira.

Tsukamaki não desperdiçou a chance.

— Shakuton: Shakunatsu Giri (Estilo Calor: Corte do Verão Escaldante)!

Quando Musashi olhou para trás, Tsukamaki já estava perto o suficiente para desferir um golpe certeiro. A espada envolvida em chamas amarelas deslizou para um corte horizontal, liberando, ao mesmo tempo, todo o calor acumulado por Tsukamaki no ponto específico em que atingiria o alvo: a região da cintura. O toque mais simples já bastaria para reduzir Musashi Yamamoto, ou qualquer outra coisa, às cinzas.

Tsukamaki atravessou a silhueta de Musashi como um relâmpago, atacando exatamente a linha da cintura. Ao olhar para trás, não encontrou mais o Yuurei.

— Você o pegou? — Tsukishima pestanejou, confuso. O ataque de Tsukamaki havia sido tão veloz que seus olhos mal puderam acompanhar o movimento.

Tsukamaki ergueu o rosto para o parceiro. A Guardiã da Lua Crescente estava visivelmente tensa.

— Não... — mas Tsukamaki não conseguiu completar a frase. Antes que pudesse dizer que Musashi Yamamoto havia simplesmente desaparecido sem qualquer explicação, um vulto negro enorme se ergueu atrás dela e Tsukamaki, que havia concentrado a maior parte de seu chakra na execução do último golpe, não teve a menor condição de reagir. Ela até viu as espadas Yukihime e Hisame vindo em sua direção, porém seu corpo rígido, frio e cansado não respondeu a nenhum de seus comandos.

Porém, antes que o fim viesse encontrá-la, Tsukamaki foi jogada para fora do alcance das espadas gêmeas com força, indo parar com o rosto no chão gelado. A cabeça doía bastante, embora Tsukamaki ainda estivesse lenta demais para processar aquela dor.

Então ela olhou para trás novamente e um grito seco, cheio de horror, explodiu através de sua garganta:

— NÃO!

 

 

                                                                            ***

 

 

Hinata levou as mãos à boca, horrorizada.

— Tsukishima-kun... — disse ela, baixinho.

— Vê o que está acontecendo, não é? — a voz gélida do Yuurei capturou-lhe a atenção e Hinata virou o rosto em direção ao inimigo. Kioto Hyuuga havia recuado para uma distância aproximada de vinte e cinco metros no terro plano. Ele mantinha os olhos fixos em Hinata, analisando-a de forma meticulosa ao mesmo tempo em que o alcance de seu Byakugan também lhe permitia verificar cada uma das zonas de combate que haviam se formado graças aos reforços enviados pela Hokage. Mesmo com o líder e Hana tendo se retirado, o cenário ainda era bem favorável aos Yuurei. — Essa ofensiva desesperada já se provou ser um erro de cálculo terrível — disse Kioto enquanto se aproximava a passos lentos. — Seus companheiros, um por um, estão sucumbindo pelos campos de batalha; e o medo de perdê-los está estampado nos seus olhos... exatamente como eu a vi da última vez.

Hinata dirigiu um olhar feroz ao Yuurei.

— Cale-se.

— Não se preocupe, Hinata Hyuuga — continuou Kioto, indiferente. — Depois que eu te matar, você reencontrará seu precioso pai na outra vida. Diga a Hiashi que, muito em breve, Hanabi Hyuuga também se juntará a vocês.

— FIQUE LONGE DA MINHA IRMÃ!

O chakra dentro de Hinata superelevou-se de maneira totalmente inusitada, e até mesmo Kioto, com seu aguçado Byakugan, foi pego de surpresa e lançado longe por uma poderosa explosão de energia roxa brilhante. O Yuurei se recuperou rápido do susto e se pôs de pé para encarar a adversária.

O chakra dela... mudou?!

Kioto, que já utilizava seu Byakugan em alcance máximo, escaneou Hinata Hyuuga até as menores moléculas em seu corpo. Kioto viu a energia física combinada com a energia espiritual de Hinata dar forma a um outro chakra, totalmente diferente daquele de cor azul que, até então, vinha enxergando dentro dela. Este outro, de cor roxa, era muito mais denso e fluía tão intensamente por toda a rede de chakra de Hinata Hyuuga, preenchendo e transbordando em cada um dos trezentos e sessenta e um tenketsu, até ser liberado na forma de energia luminosa e calor. Kioto sabia muito bem que um chakra tão ameaçador como aquele só poderia vir de um Jinchuuriki, ou então de alguém que tivesse atingido o último nível do domínio da energia natural; porém era a própria Hinata a fonte daquele poder. Não há dúvidas, concluiu Kioto após analisar Hinata com o Byakugan. Ela pôde mudar drasticamente o próprio chakra. Como, afinal, conseguiu ficar tão forte em tão pouco tempo, Hinata Hyuuga?

Compreendendo que o novo chakra de Hinata era uma ameaça, Kioto agiu para se livrar dele imediatamente e, ao mesmo tempo, assumir a iniciativa do combate. Após posicionar a mão direita aberta ao lado do tronco e concentrar uma quantidade maciça de chakra sobre a palma da mão, Kioto, em um movimento rápido, estendeu o braço em direção a Hinata

— Hakke Hasangeki (Oito Trigramas: Punho Esmagador de Montanhas) — disse Kioto, disparando uma rajada de vácuo centenas de vezes mais concentrada que a Palma de Ar. O ataque de Kioto não só era capaz de esmigalhar rochas, como também poderia varrer todo o chakra de uma pessoa de uma só vez.

Hinata respondeu à altura.

— Hakke Hasangeki!

A colisão dos dois golpes provocou uma estrondosa onda de choque que, reverberando pelo ambiente, levantou uma nuvem de poeira densa o bastante para encobri-los. Mas, por baixo da escuridão do ar empoeirado, Hinata e Kioto continuavam se vendo tão claramente como se estivessem à luz do dia.

— Hakkeshou... — sussurrou Kioto, iniciando o movimento. Hinata, a vários metros de distância, fez exatamente o mesmo — ... Dai Kaiten! (Oito Trigramas: Grande Rotação) — gritaram em uníssono. Hinata e Kioto fizeram com que o próprio ar em torno deles girasse em alta velocidade segundo o sentido de suas próprias rotações. A poeira foi logo dissipada, dando lugar a dois campos de chakra enormes que continuavam girando e se expandindo cada vez mais, prestes a se chocarem um no outro. Antes do impacto, sabendo que em breve mediriam forças entre si, Kioto e Hinata prepararam-se para fortalecer, cada um à sua maneira, seu próprio Hakkeshou: Dai Kaiten. O Terceiro Oficial dos Yuurei liberou uma vasta quantidade de chakra por todos os tenketsu de seu corpo de uma vez, forçando também a abertura do Sexto Portão, o Portão da Visão, para elevar a própria força física, a velocidade e o alcance de sua rotação a níveis inimagináveis para qualquer Hyuuga. Já a líder do clã Hyuuga deixou fluir com total liberdade o chakra que herdara de Hamura Ootsutsuki.

Um segundo depois, as duas técnicas colidiram. E Hinata Hyuuga prevaleceu.

A energia acumulada pelo encontro das duas técnicas fez Kioto Hyuuga ser arremessado para longe, rolando pelo chão descontroladamente até que finalmente ele conseguisse reunir chakra para se prender à terra. Quando se levantou, envergonhado e cheio de fúria, Kioto sentiu o que há muito tempo não experimentava em um duelo: o gosto do próprio sangue na boca.

Kioto cravou os olhos em Hinata, que avançava rapidamente para atacá-lo.

— Venha — rilhou os dentes, assumindo posição de combate.

Quando Hinata chegou perto o bastante, Kioto desferiu um potente soco reto, liberando uma onda de vácuo pelo punho simultaneamente. O atrito de um golpe aplicado com o Portão da Visão aberto, combinado com o Hakke Kuushou, provocou a combustão do próprio ar. Uma rajada de fogo rugiu quase à queima roupa de Hinata. Quase, pois Hinata havia se antecipado ao golpe lançado por Kioto; e quando ele veio, ela simplesmente desviou, deixando-o passar inofensivamente por cima de sua cabeça.

Tão logo Hinata desviou do primeiro ataque, Kioto investiu, saltando para atacar com um poderoso chute que desceria como um machado mirando a cabeça de Hinata. Faltando um milésimo de segundo para conectar o golpe, Kioto, vendo as mãos de Hinata subindo para contra-atacar os tenketsu em sua panturrilha, mudou a abordagem de maneira magistral. Em um piscar de olhos, Kioto conseguira se deslocar para as costas de Hinata, trocar a perna do chute e mirar, precisamente, na vértebra torácica T1, onde sabia que todo usuário do Byakugan possuía um ponto cego.

Mas para o completo espanto de Kioto, Hinata abaixou-se novamente e o chute do Yuurei passou no vazio sem qualquer perigo.

Impossível!, exclamou Kioto.

Antes que fosse pego pelo contragolpe de Hinata, Kioto saltou para trás, estabelecendo uma distância segura a fim de que pudesse compreender melhor o que estava acontecendo e com que tipo de adversária estava lidando. Nunca, em toda a sua vida, ele havia encontrado alguém, Hyuuga ou não, que tivesse escapado daquele ataque esquivando-se dele. Ela teria que ter visto meu golpe chegando e, mesmo assim, isso não seria suficiente por conta da minha velocidade. Nesse caso, para esquivar no momento certo, Hinata também teria que saber de antemão como eu a atacaria, onde eu planejava acertá-la e, ainda, a hora exata de desviar, de modo que o corpo pudesse fazer o movimento correto com perfeição, a tempo de evitar um ataque muito mais rápido do que ela mesma. Só que combinar todos esses fatores vai muito além da simples antecipação de movimentos; isso é literalmente ver o futuro! Nenhum Byakugan pode fazer algo assim!

E foi nessa hora, enquanto ainda estava aturdido com seus pensamentos, que Kioto Hyuuga percebeu o próprio equívoco. Na verdade, houve sim um Byakugan capaz de quebrar os limites do tempo e do espaço: o de Hamura Ootsutsuki, o ancestral dos Hyuuga, que herdara os olhos de sua mãe, a deusa Kaguya. Tal poder, porém, desapareceu através dos séculos. A única esperança de que tal Byakugan poderia um dia ressurgir encontrava respaldo em um velho conto infantil que era ensinado dentro do clã, nada factível para alguém como Kioto.

Só que era a única explicação para Hinata apresentar um Byakugan tão puro e um chakra totalmente diferente e poderoso fluindo dentro de si. E Kioto sabia disso.

— Não... não pode ser.

 

 

                                                                            ***

 

 

Quando a luta terminou, Suki abriu um largo sorriso; e fez questão de pressionar a garganta de Ay com o pé enquanto levantava o leque de guerra para aplicar o golpe de misericórdia.

— Suas últimas palavras, Raikage — exigiu.

Ay estava estendido no chão e impossibilitado de se mover por conta dos sérios ferimentos que o Estilo Tufão da Assassina de Kages havia lhe causado, principalmente, na perna esquerda, que foi parcialmente destruída. Contra uma Suki também desgastada, Ay até teve suas chances de vitória. Mas bastou Suki ativar seu Selo da Escuridão para que o equilíbrio, até então existente entre ambos, desse lugar a uma luta entre desiguais. Ay sabia que, a partir daquele ponto, seria praticamente impossível acompanhar a intensidade imposta pela Yuurei, porém continuou lutando até, finalmente, cair. Se por um lado tivesse sido o Yami no Fuuin o fator determinante para aquela batalha não ganhar qualquer outro desfecho senão a vitória de Suki, por outro, Ay lamentava não ter tido a chance de lutar uma última vez ao lado de seu irmão mais novo. Se Bee estivesse aqui, isso teria sido muito diferente... malditos, Yuurei!

— Depois dessa nossa dança, vai mesmo me deixar esperando? — perguntou Suki com cinismo. — Uma mulher como eu não se pode ignorar.

Ay ergueu os olhos para encarar Suki, que franziu as sobrancelhas com ar de curiosidade. Vamos, Raikage. Eu não tenho o dia todo, ela insistiu novamente. No entanto, Ay se manteve em silêncio, recusando-se a dar à Assassina de Kages aquele prazer.

Suki, por fim, acabou assentindo meio contrariada.

— Que seja — canalizou chakra sobre a folha do leque de guerra, convocando o vento para formar uma esfera de vácuo. Então, olhou com desprezo para o Raikage e pronunciou a sentença. — Sem deixar corpos, assim agem os Yuurei.

Suki saltou para trás ao mesmo tempo em que disparou a esfera de vácuo contra o Raikage. A massa de vento comprimido, ao se chocar contra o chão, explodiu em incontáveis lâminas de vácuo que rodopiavam em múltiplas direções dentro de uma área determinada. Na prática, era uma técnica bem parecida com o Fuuton: Rasenshuriken.

Mas enquanto seu jutsu explodia a distância, Suki já estava olhando para outra direção. Mais precisamente, para o intrometido que aparecera ali de repente e conseguido resgatar o Raikage bem a tempo. Conforme Kioto havia avisado, Suki já esperava que mais alguém daquela vila fosse aparecer ali cedo ou tarde. Ainda assim, o intruso tinha sido rápido o bastante para salvar o Raikage de ser morto, carregando-o para longe antes que a técnica de vácuo pudesse atingi-lo, o que chamou a atenção de Suki.

— Vejo que os ratinhos da Folha finalmente chegaram aqui — Suki inclinou a cabeça com um sorriso intrigado. — E você até que é bem rápido. Já nos conhecemos?

Suki continuava avaliando o ninja da Folha pelas costas, olhando-o de cima abaixo, e aprovando o que via. Por uma breve análise, ela já percebia que não se tratava de alguém fraco, que não pudesse lhe proporcionar o mínimo de diversão em uma luta. Certamente ela não poderia esperar algo do nível de Naruto Uzumaki ou Sasuke Uchiha, mas já se dava por satisfeita.

O ninja da Folha somente se voltou para a Yuurei após se certificar de que o Raikage estava fora de perigo.

— Eu sei muito bem quem você é, embora nossos caminhos nunca tenham se cruzado antes, Suki, Assassina de Kages — respondeu ele.

Suki assentiu.

— Claro! Um dos amigos de Naruto Uzumaki. Seu nome é..?

— A Bela Besta Selvagem Verde da Folha. O nome é Rock Lee.

Em um instante, Lee, que antes estava a mais de trinta metros de Suki, agora estava a menos de dois metros e bem acima da Yuurei, descendo com a perna estendida para um chute pesado. Suki fez um selo na mão esquerda, formando o manto com Estilo Tufão ao redor do corpo, e quando o chute de Lee chegou, ela já estava rápida o suficiente para esquivar-se do ataque e imediatamente contra-atacar, lançando uma bola de vento condensado pelo leque de guerra.

Lee desviou para o lado e, então, avançou contra Suki, que continuava recuando e arremessando balas de ar comprimido para estabelecer a distância do ninja da Folha. Sabendo que o ponto fraco daquela Yuurei era justamente o combate corpo a corpo, Lee acelerou ainda mais, ganhando terreno, pressionando sua adversária a continuar indo para trás, e levando a luta para longe do Raikage ferido. Mas não era só isso. À medida que fazia Suki recuar, Lee também a estava conduzindo diretamente para o restante dos companheiros, que viriam por trás para encurralá-la.

E Suki logo percebeu esse plano.

— E eu achando que você seria homem o bastante para me enfrentar sozinha — desdenhou. — Não importa. É bom que eu me livro de todos os ratos de uma só vez.

Quando chegaram a uma determinada distância, Suki parou de recuar, brandiu o leque de guerra na mão direita e Bashousen na esquerda, girando o corpo antes de disparar um ataque combinado de fogo e vento de furacão.

Verdadeiras hélices de fogo negro irromperam diante de Lee, preenchendo o ar e erguendo-se como uma muralha de chamas ao redor da Yuurei. Após lançar o ataque de fogo, Suki sentiu o corpo fraquejar e imediatamente largou Bashousen no chão. Eu o usei por tempo demais, pensou. Mesmo com o Yami no Fuuin, é arriscado usar o Bashousen por muito tempo sem estar totalmente recuperada.

Antes que Suki tivesse tempo de selar a arma dentro de um pergaminho, Lee, com o Portão da Visão aberto, desferiu um chute no próprio ar, abrindo a muralha de fogo negro com um estrondo. Suki reagiu imediatamente, redirecionando a onda de choque através do leque de guerra para o próprio Lee, que desapareceu de sua frente.

— Taiton: Kyoufuu Reppa (Estilo Tufão: Rajada Consecutiva de Ventos Fortes)! — Suki girou o leque de guerra, formando ao redor de si mesma um gigantesco tornando em expansão contínua. — Vamos, seu covarde — gritou. — Veio aqui para lutar ou não?

Lee reapareceu, com Bashousen atado às suas costas, no olho do furacão, a menos de dez metros de Suki. A Yuurei o encarou com desprezo. O ninja da Folha, porém, tinha um sorriso calmo.

— Sabe, eu realmente gostaria de enfrentá-la numa luta justa — disse Lee, sacando da cintura duas facas-ninja de punho —, mas este nunca foi o plano.

Lee, então, disparou a primeira faca, que foi facilmente repelida por uma lufada de vento do leque de guerra. Enquanto Suki ainda contra-atacava, Lee saltou por cima dela e lançou a segunda faca. Suki desdenhou, saltando para trás em segurança.

Mas para a surpresa de Suki, antes que a faca se cravasse no chão, a sombra da arma se esticou de repente na forma de um braço para agarrar a sombra de Suki, que saltou para trás fugindo do alcance da técnica. Uma lâmina de chakra, Suki deu um sorriso. Muito esperto pôr um jutsu do clã Nara nessa arma, mas isso não basta.

Lee retrucou o sorriso confiante da Yuurei, bradando a plenos pulmões:

— AINDA NÃO ACABOU!

E com um estrondoso “sim”, a resposta veio imediatamente dos céus. Suki, que não havia percebido mais ninguém num raio de dois quilômetros, olhou para cima, surpresa, e rapidamente reconheceu o gorducho que vinha caindo em sua direção. Chouji, que já tinha o selo de mãos preparado, anunciou sua técnica antes que Suki pudesse fazer algum movimento:

— Chou Baika no Jutsu (Técnica da Mega Expansão)!

— Ridículo!

Mas quando Suki tentou movimentar o leque, sentiu o corpo totalmente congelado e incapaz de fazer um mínimo movimento voluntário. O quê?!, ela estranhou imediatamente; até que olhou para os próprios pés e viu que a gigantesca sombra criada pela expansão corporal de Chouji Akimichi havia a colocado dentro da mesma área em que a lâmina de chakra havia instalada. Isso tudo foi para juntar todas as sombras numa só! Desgraçados!

Suki fez força com seu Yami no Fuuin para tentar se libertar antes que Chouji caísse sobre ela a esmagando. Múltiplos braços de sombra, porém, reagiram à resistência de Suki, tentando colocá-la de joelhos.

— Me larguem! — Suki gritou furiosa enquanto continuava a forçar o próprio corpo a escapar.

— É inútil — disse uma terceira voz masculina atrás de Suki. — O Kagemane no Jutsu já se mostrou eficaz contra Iori Kuroshini em pessoa. Não será uma subordinada enfraquecida que vai escapar dele.

Como se a mente estivesse acabado de voltar de algum transe repentino, Suki arregalou os olhos, espantada por haver mais ninjas da Folha ali além de Lee e Chouji. O homem que havia falado com ela — provavelmente o líder daquele esquadrão —, era, naquele exato momento, o único responsável por mantê-la presa pelas sombras. O próprio Chouji Akimichi já havia aterrissado em pé, colocando-se ao lado dele. Também ao lado do líder estava uma jovem loira de olhos azuis.

Um membro do clã Akimichi e um do clã Nara... então essa aí só pode ser do clã Yamanaka. Agora entendo por que não fui capaz de detectar mais ninguém além do tal Rock Lee se aproximando de mim. Essa mulher usou o Shinranshin no Jutsu (Técnica de Confusão Mental) à medida em que eu vinha me aproximando dos demais membros do esquadrão, concluiu Suki, relembrando o que Lee havia lhe dito. Desde o início, a estratégia deles foi pensada para me imobilizar, não para entrar em um confronto direto.

— O plano funcionou perfeitamente! — Lee estendeu o polegar para o capitão, sorrindo. — Como esperado de você, Shikamaru-kun.

— Tem certeza de que podemos deixá-la assim, Shikamaru? — perguntou Chouji, olhando para Suki com cautela. — Essa daí é bem problemática.

— Não se preocupe, Chouji. Ela não vai a lugar algum — respondeu Shikamaru, olhando friamente para a Assassina de Kages. — Ino.

— Pode deixar — respondeu a Kunoichi, posicionando-se de pé as costas da Yuurei. Ino sequenciou selos nas mãos e as pôs sobre a cabeça de Suki. — Ninpou: Saiko Denshin (Arte Ninja: Transmissão de Exploração da Mente).

Dezenas de milhares de informações desordenadas vieram de uma só vez à mente de Suki, que soltou um grito de dor enquanto sentiu a cabeça queimar, processando tudo ao mesmo tempo. Além disso, Suki sentia-se violada, com Ino Yamanaka revirando sua cabeça, escrutinando seus segredos, sem que ela pudesse se livrar ou mesmo ter controle do próprio corpo.

Shikamaru deu alguns passos em direção à Yuurei.

— Agora vamos conversar sobre os planos de Iori Kuroshini — disse, estreitando os olhos para Suki. — Depois, quero falar sobre a missão que Mira Uzumaki te deu no País do Vento... e da Kunoichi de quem você roubou esse leque.

Suki convulsionada nervosa; e Ino via nos pensamentos de Suki o reencontro fatal que a Yuurei tivera com os Irmãos da Areia.

 — Você e a Temari-chan...

— Isso mesmo — Shikamaru assentiu para Suki. — Temari era minha noiva.


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Notas finais do capítulo

Quem puder, deixe aí seu comentário dizendo o que achou deste capítulo e o que espera que vai acontecer nos próximos. No mais, eu espero que tenham gostado. :)

Sem spoiler em relação ao título, mas, sim, não pretendo me demorar tanto para publicar o próximo, rs

Até o próximo capítulo o/



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