O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 134
Confronto: Aliados vs. Yuurei - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Vocês estão bem? Espero que sim!


Peço desculpas por outro sumiço. Não esperava que fosse demorar tanto. Estou tento menos tempo do que gostaria para fazer várias coisas. Mas sigo me ajeitando aqui.

Segue o capítulo fresquinho.

Boa leitura a todos o/



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Hana não demorou para perceber que sua tarefa era simplesmente impossível até mesmo para um Ninja Médico experiente, o que definitivamente não era o seu caso. Neutralizar o processo de autoenvenenamento, isolando a toxina — que, àquela altura, já fazia parte da própria corrente sanguínea do líder — para, somente então, ser capaz de removê-la, e fazer tudo isso ao mesmo tempo em que deveria estimular a produção de antígenos no corpo, ou melhor, na sombra que o líder havia sido infectado pelo veneno de Mamba era um quebra-cabeça dos mais complexos. Um que Hana Sakegari, com seu Ninjutsu Médico básico, era incapaz de solucionar.

O tempo havia passado num piscar de olhos. Desde que haviam retornado ao esconderijo no País do Silêncio, Hana não parou para descansar um instante sequer. O Ninjutsu Médico exigia muito mais de sua concentração e controle de chakra do que seus próprios Genjutsus. Não demorou para Hana começar a sentir o cansaço aumentando dentro de si, junto com a frustração e o medo. Frustração porque suas várias tentativas de combater o veneno de Mamba não deram qualquer resultado e a toxina havia se misturado ao sangue do líder muito mais rápido do que seu Ninjutsu Médico havia sido capaz de acompanhar; e medo porque estava lidando com a vida do próprio Líder-sama... e falhando de novo e de novo.

Com suas mãos pequenas e trêmulas, Hana tentou novamente controlar o enorme corpo do Terceiro Raikage, que se contorcia no chão por causa da dor. Os gritos de A já eram terríveis por si só, e ficaram ainda mais assustadores para Hana quando o líder a chamava pelo nome.

— E-E-Eu sinto muito por tudo isso, Líder-sama! — a garota se embaralhou enquanto tentava recriar o Ninjutsu Médico sobre o peito de A. — Juro que estou fazendo o melhor que eu posso... — e após dizer isso, imediatamente se arrependeu de ter confessado a própria ineficiência perante o líder. Droga! Se a Mira-sama estivesse aqui, ela saberia exatamente o que fazer, pensou.

De repente, o líder segurou a jovem Yuurei pelo pulso, apertando-o com força. Quando o líder a segurou, Hana acabou deixando escapar um grito assustado.

— Isso tudo é uma grande perda de tempo — grunhiu o líder dos Yuurei. — Use seus poderes para mudar o meu tipo sanguíneo.

— Perdão, Líder-sama?

O líder dirigiu a subordinada um olhar severo através do rosto duro do Terceiro Raikage.

— Seu Doujutsu. Use-o.

— B-Bom, Líder-sama... é que eu...

O líder deu-lhe um apertão ainda mais forte no pulso, tão forte que Hana por um momento pensou que o líder fosse quebrá-lo.

— Agora! — rugiu o líder.

Embora estivesse apavorada, Hana queria dizer para o líder que tanto Mira quanto Kioto a haviam proibido terminantemente de usar a Kekkei Genkai. Além de consumir uma quantidade enorme de chakra e levá-la rapidamente à exaustão, o Doujutsu de Hana possuía outros efeitos colaterais que eram bastante prejudiciais para ela própria. E se Hana já tinha ótimos motivos para não usar seus poderes oculares, agora que esperava um filho de Kioto Hyuuga, a situação ficava ainda mais delicada. Mas caso Hana se opusesse a uma ordem direta do líder dos Yuurei, certamente ela e a criança dentro dela sofreriam as consequências. Por outro lado, se decidisse obedecer à ordem do líder, Hana automaticamente estaria pondo a própria integridade física, bem como a vida de seu bebê em risco.

Só que ela sequer precisou dar alguma resposta. Subitamente, o líder dos Yuurei agarrou o pescoço de Hana como se quisesse estrangulá-la. Mas ao invés disso, o líder cravou suas unhas na carne da garota. Quando isso aconteceu, Hana, tomada pelo pânico, sentiu a escuridão explodir e transbordar dentro de si, fluindo a partir do ponto central da testa para o restante do corpo; e à medida que a escuridão ia lhe preenchendo de dentro para fora, menos controle do próprio corpo Hana Sakegari conseguia manter.

— Yami no... Fuuin?! — Hana reconheceu os efeitos imediatamente, embora nunca antes houvesse perdido o domínio de si mesma. O Líder-sama está me controlando pelo Yami no Fuuin?, perguntou-se tão assustada quanto surpresa. — Líder-sama...?

— Cale-se.

O mais puro terror arrebatou o coração de Hana Sakegari, que continuava a experimentar o poder crescer dentro de si de forma descontrolada e muito mais abundante do que em todas as vezes nas quais ela própria ativara o Yami no Fuuin. Os braços e as pernas ficaram rígidos e pesados, e já não obedeciam a nenhum de seus comandos; a voz fora suprimida em sua garganta e o ar parecia não encontrar seus pulmões. Totalmente subjugada, Hana viu as próprias mãos se aproximarem involuntariamente uma da outra para formar um selo. O selo que ativaria seu Doujutsu proibido.

Não, Líder-sama! Por favor, não!, implorou a garota mentalmente.

— Liberar — sibilou o líder.

Imediatamente, Hana Sakegari sentiu ambos os olhos queimarem enquanto o sangue ia escorrendo pelas bochechas. Depois disso, Hana perdeu totalmente a consciência.

 

 

                                                                                       ***

 

 

Aquela marionete tem o Sharingan, observou Shino, evitando olhar outra vez diretamente nos olhos de Usui. Ainda posso lidar com algo assim. Aprendi desde cedo a lutar contra Genjutsu graças aos ensinamentos da Kurenai-sensei. A questão é se serei capaz de derrotá-lo antes que o veneno me deixe inconsciente.

— O que foi, Aburame? Está desconfortável? — Shozu fez uma provocação.

— Apenas surpreso — respondeu Shino friamente. — Mas não importa, já que nada mudou. Se eu abatê-lo, as marionetes não poderão fazer mais nada.

Shozu deu uma risadinha.

— Você tem um ponto, mas não acha que está sendo um tanto... otimista?

As marionetes-macaco foram todas de uma vez para cima de Shino, buscando finalizá-lo. Shino saltou para o lado direito e lançou uma nuvem de insetos devoradores de chakra pela mão esquerda enquanto a direita já fazia o selo para o Kawarimi no Jutsu antes que a bola de fogo lançada à distância por Usui o incinerasse. Após a técnica de substituição, Shino se ocultou entre as árvores para ganhar alguns segundos preciosos. Agora que havia sido envenenado, precisaria dosar muito bem o consumo de chakra para aquela batalha, o que não seria nada simples, considerando o nível de seu adversário. O mais prudente seria fugir e reagrupar com algum companheiro da Folha, porém Shino sabia que fazer isso iria contra toda a estratégia. Até que a ordem de retirada viesse, era responsabilidade dele, e de mais ninguém, manter Shozu Ibuke ocupado. Ainda não. Eu posso continuar, disse Shino para si mesmo enquanto infundia um pouco mais de chakra sem perder o Yuurei de vista.

Enquanto isso, Shozu olhou ao redor, mas não encontrou qualquer vestígio que indicasse para onde Shino Aburame havia recuado. Como esperado de um Jounin da Folha, sorriu. Não importa. O Sharingan pode ver o chakra, e eu sei que foi para isso que você decidiu se esconder, Aburame.

Shozu agitou os fios de chakra nos dedos.

— Ache-o para mim, Usui-chan.

O boneco humano fez o Selo do Tigre e, então, com os olhos arregalados e imóveis, começou a girar o pescoço em 360º, escaneando toda a área ao redor. E não demorou para que o pescoço de Usui parasse de girar. Shino, que observava tudo de longe, via o rosto da marionete apontado exatamente para a direção na qual ele se encontrava. Isso é ruim, pensou.

— Então ele foi naquela direção? Que maravilha! — Shozu fez com que o boneco endireitasse o corpo e, em seguida, erguesse as duas mãos estendidas em direção à floresta. Dois canhões portáteis se abriram nas palmas de Usui e um terceiro saiu de sua boca. — Agora que o achamos, vamos dedetizar esse inseto, Usui-chan.

Shozu deu o comando e os canhões nas mãos de Usui dispararam uma rajada de vento cortante, ao mesmo tempo em que a marionete cuspia chamas vermelhas pela boca. A rajada de fogo fortalecido pelo vento percorreu quase cem metros floresta adentro, carbonizando tudo pelo caminho. Dez segundos depois, o ataque finalmente parou e uma trilha de cinzas surgiu em meio à fumaça.

A marionete, então, virou o rosto em 45º a direita e Shozu, imediatamente, a fez disparar outra lufada de vento, agora usando apenas um dos canhões. Mas enquanto ainda disparava com a mão direita, Usui detectou rastros do chakra de Shino vindos da direção oposta e girou o pescoço para a esquerda. Ele deveria estar poupando chakra, não tentando me enganar com truques baratos, observou Shozu com desconfiança. Mesmo assim, considerou que sua posição era confortável o bastante para fazer com que Usui lançasse outro ataque de vento, agora com o canhão no braço esquerdo.

Foi só quando a cabeça de Usui girou pela terceira vez, e o rosto da marionete foi parar nas costas, que Shozu começou a se irritar de verdade. Para Shozu, já estava mais do que claro que Shino usava de meras distrações para conseguir pegá-lo com a guarda baixa. Shozu só não sabia dizer se essas tentativas de ludibriá-lo se davam pela falta de outras opções melhores por parte de seu adversário ou porque, talvez, Shino o estivesse subestimando ao ponto de achar que algo assim poderia funcionar de alguma forma.

Shozu saiu do meio da clareira, indo se reposicionar próximo à trilha chamuscada que havia sido aberta a pouco na floresta. Com as costas voltadas para a trilha e os olhos atentos ao que acontecia ao redor, Shozu esperou até que Usui rastreasse novamente o chakra de Shino Aburame. É melhor aparecer, Aburame. Caso contrário, eu irei atrás dos seus companheiros. Sei que eles não estão longe daqui, disse em silêncio enquanto olhava ao redor.

A cabeça de Usui começou a girar novamente, como se tivesse perdido completamente o rastro de chakra de Shino e precisasse procurá-lo outra vez. Mas ao contrário de antes, Usui passou mais tempo sem indicar qualquer direção específica, o que fez com que Shozu pensasse, por um momento, que Shino Aburame houvesse realmente se retirado dali.

Então veio um zumbido crescente. Depois, a maior concentração de besouros Kikaichuu que Shozu já vira apareceu, vinda de todas as direções da floresta de uma só vez.

— Então esse era o seu plano desde o começo?! — Shozu deu uma gargalhada alta e satisfeita; e rapidamente fez Usui responder à altura. Todos os canhões da marionete foram acionados e dispararam enquanto Shozu fazia os membros de Usui rodopiarem para cobrir cada um dos possíveis ângulos de ataque dos insetos.

O incêndio se alastrou rapidamente, com verdadeiros paredões de chamas cobrindo a clareira por praticamente todos os lados. Em meio ao caos de fogo e fumaça, Shozu Ibuke olhava ao redor e gargalhava; e quando percebeu Shino Aburame no canto oposto, virou-se para o ninja da Folha com um sorriso seco nos lábios.

— Seu plano para me confundir saiu pela culatra — disse o marionetista. — Insetos odeiam calor. Agora estamos finalmente frente a frente.

Shino ajeitou os óculos.

— Hora de acabarmos com isso, Yuurei.

— Tsc, mesmo ferrado você ainda tenta manter a pose — desdenhou Shozu. — Que seja. Ataque-me, Aburame.

Shino puxou uma faca kunai com a mão direita enquanto revestia a esquerda com besouros Kikaichuu para formar um punho gigante; e após fazer isso, correu de encontro ao Yuurei. Shozu, com um sorriso triunfante, fez duas lâminas de motosserras saírem pelos antebraços de Usui, posicionando a marionete à frente para colidir com Shino.

Então a cabeça de Usui virou totalmente para trás.

— O quê?! — Shozu exclamou surpreso.

O verdadeiro Shino Aburame atacou pela retaguarda ao mesmo tempo em que o clone de insetos veio pela frente. Armado com um sabre envenenado de uma das marionetes-macaco derrotadas, o Shino original estocou, mirando as costas de Shozu, que precisou usar a motosserra no braço direito de Usui para se defender. Assim, quando o clone atacou — primeiro com a kunai e depois com o punho gigante —, Shozu só tinha a mão esquerda da marionete disponível para lidar com dois ataques.

E Shino estava decidido a não dar nenhuma chance.

— Dispersem-se — disse o Shino original; e de repente os dois ataques do clone tonaram-se dezenas de milhares. Um enxame de besouros que explodiu à queima-roupa de Shozu Ibuke e de sua marionete humana. Foi simplesmente indefensável.

Mas Shino acabou caindo de joelhos logo em seguida. Para executar sua estratégia com perfeição, tivera que dispor praticamente todo seu chakra para os insetos e, então, removê-los do corpo para criar um clone tão bem-feito que pudesse confundir até mesmo o rastreamento de chakra do Sharingan. Além de estar esgotado e quase sem chakra, sentia o veneno de Shozu aos poucos se espalhando dentro de si.

— Eu te subestimei, Aburame — disse Shozu Ibuke com voz rouca. — Nós tivemos a mesma ideia.

Com o rosto pálido e os olhos arregalados, Shino olhou para o corpo de Shozu Ibuke ali próximo. O Yuurei estava inerte e estirado na grama seca, com olhos já sem vida. Então Shino compreendeu tudo; e foi somente após estar ali, a uma distância bem próxima — e com o auxílio da temperatura ambiente aumentada várias vezes —, que os detalhes até então minuciosos daquela marionete humana tornaram-se evidentes para ele. O títere, que havia sido cuidadosamente elaborado para ser confundido com o próprio titeriteiro, era um trabalho de um verdadeiro artista de marionetes.

Mas para Shino Aburame aquilo era o fim do combate.

Ao olhar para o canto oposto da clareira, Shino encontrou a marionete Usui, agora completamente nua, e um Shozu coberto de fuligem sorrindo atrás dela. Por um instante, Shino prestou atenção no boneco, cujo corpo era de uma adolescente com, no máximo, catorze ou quinze anos. Com a pele bem clara e cabelos bem negros, o rosto de Usui possuía traços característicos do clã Uchiha, o que muito provavelmente indicava que os olhos de Sharingan não haviam sido roubados de um terceiro indivíduo e depois transplantados na marionete. Além disso, Usui tinha cicatrizes peculiares de queimadura, as quais subiam em linha pelos lados de sua barriga, cruzavam-se em forma de “x” na altura dos seios e seguiam até desaparecer por trás dos ombros. O Fuuinjutsu da Prisão Celestial, reconheceu Shino imediatamente. Esse monstro... ele usou isso até matá-la.

Shozu inesperadamente deu uma gargalhada.

— Oh, veja só essa sua cara... você entendeu tudo errado, Aburame! A Usui-chan já estava morta quando a encontrei. Uma pena, para falar a verdade — disse Shozu enquanto pegava um pouco do cabelo da marionete para cheirar. — Ela sempre foi bem bonita.

Ainda de joelhos e sem dar pistas do que estava fazendo, Shino finalmente recebeu sinal dos poucos insetos ainda vivos que caminhavam sobre a grama chamuscada. São poucos. Não dá para fazer um ataque efetivo, admitiu. Mas talvez eu possa usar a trilha atrás de mim para fugir e atraí-lo para outro...

Mas os pensamentos de Shino congelaram quando uma terceira sombra, vinda por trás, projetou-se por sobre ele na clareira. Por um momento, Shino pensou que fosse outra marionete de Shozu, mas à medida que os passos vinham se aproximando, percebia que, na verdade, tratava-se de um ser humano. Uma só pessoa, refletia antes de se virar. O outro Yuurei...

Devagar, Shino olhou para trás. Mas ao reconhecer quem havia aparecido ali, Shino nunca sentiu tanto alívio por estar errado.

— Sakura! — exclamou.

— Parece que eu cheguei bem na hora — respondeu Sakura Haruno, dando uma olhadela no estado de Shino e imediatamente voltando a encarar Shozu. — Descanse agora, Shino. Eu assumo daqui.

Rapidamente, Sakura se posicionou à frente de Shino.

— O que está fazendo aqui? — Shino perguntou, recuperando-se aos poucos da surpresa. — Você deveria estar com Shikamaru e os outros.

— Ino me enviou novas instruções do Shikamaru. Parece que Iori e Hana não estão no País do Relâmpago; e com dois Yuurei a menos, nós podemos dispor de alguém para reforçar nossas posições mais críticas — explicou Sakura calmamente, sem nunca tirar os olhos do Yuurei à frente. — No caso, esse alguém sou eu.

Shino deu um suspiro cansado. Desde o começo da missão, já imaginava que a estratégia de Shikamaru o faria lutar sozinho contra algum dos Yuurei recém-recrutados, enquanto os demais companheiros fariam a parte mais difícil, que seria resgatar Sasuke dos Yuurei mais poderosos. Sabendo que seu trabalho aumentaria as poucas chances de o grupo ter sucesso naquela missão, Shino estava preparado para qualquer que fosse o resultado de sua luta contra Shozu Ibuke. Contanto que os companheiros conseguissem chegar até Sasuke e levá-lo de volta à Folha a salvo, Shino não se importava de ficar para trás e morrer lutando sozinho; estaria conformado se isso acontecesse. Mas não aconteceu. Os companheiros não o haviam abandonado e Shino sentiu-se feliz e grato por uma amiga como Sakura Haruno ter vindo ali por ele.

Ainda assim, algo o incomodava.

— E o Sasuke? — perguntou.

— Foi resgatado — Sakura respondeu em poucas palavras.

— Como ele está? — insistiu Shino, receoso.

Sakura respirou fundo.

— Mal.

Shino assentiu em silêncio, compreendendo os motivos pelos quais Sakura não queria entrar naquele assunto. Além disso, ela iria assumir a luta contra Shozu e precisava estar totalmente concentrada.

— Mas ele está em boas mãos, então não se preocupe com o Sasuke-kun — completou Sakura. — E eu sei que você também precisa de um médico.

— Sakura...

— Está tudo bem, Shino — disse Sakura, ajustando as luvas entre os dedos. — Eu não vou me demorar com esse daí.

Shozu abriu um largo sorriso.

— A prodigiosa discípula da Quinta Hokage e integrante dos Novos Sannin, Sakura Haruno em pessoa! Isso está ficando cada vez melhor!

— Foi mal, garoto. Não vai gostar muito de mim.

Shozu soltou um riso seco.

— Você tem belas pernas, grossas... eu vou brincar com elas todos os dias, até você não aguentar mais e implorar pela morte. E depois... — puxou um pequeno rolo de pergaminho de dentro do manto escuro — irei te adicionar à minha coleção de garotas. O que você acha disso, Sakura-chan?

Sakura olhou rapidamente para Usui.

— Tarado asqueroso.

— Bom, eu já imaginava que não fosse gostar da ideia — disse Shozu, abrindo o pergaminho e fazendo um selo de mão na sequência. — Assim é sempre mais divertido.

Uma figura humanoide com dois metros e cinquenta de pura massa muscular foi invocada pelo Yuurei. Só os braços daquela marionete eram maiores e quase tão largos quanto o corpo inteiro de Sakura, além de terem sido modificados para ficarem maiores que as próprias pernas do boneco. O rosto embrutecido e sem vida era coberto por uma barba espessa e cabelos longos e negros. O peito largo também era quase inteiramente coberto por pelos. Perto daquela coisa, Shozu mais parecia ser uma criança.

— Este é Kong, a marionete mais poderosa da minha coleção de macacos — disse o jovem titeriteiro com orgulho. — Sakura-chan, você conhece o clã Kumatori do País da Grama? A força deles é lendária. Alguns acreditam que ela pode rivalizar até mesmo com os Oito Portões.

— Kumatori... — repetiu Shino, pensativo. — Sakura, o Oukami que Lee enfrentou dois anos atrás tinha esse sobrenome. Tenha cuidado. A Kekkei Genkai deles se baseia inteiramente em força bruta e resistência.

Sakura deu um pequeno sorriso.

— Interessante.

Após estalar os dedos e o pescoço, Sakura correu de encontro ao Yuurei. Shozu posicionou Kong para o confronto direto e Usui para o suporte. Quando chegaram bem perto um do outro, Sakura e Kong desferiram, ao mesmo tempo, um soco direto; e a simples colisão dos golpes culminou em uma onda de choque forte o suficiente para reverberar por toda a clareira e além, extinguindo o incêndio de uma só vez num instante.

— Estou impressionada que esse seu brinquedo não tenha quebrado — disse Sakura para Shozu. — Vou ter que usar um pouco mais de chakra a partir de agora.

Enquanto redistribuía mais chakra para as mãos e para os pés, Sakura não parava de trocar golpes com o boneco. Kong era uma marionete grande e massiva, mas tinha golpes ligeiros e totalmente inesperados, além de movimentar-se com agilidade sob o controle de Shozu. Mas Sakura, que já tivera a experiência de enfrentar o próprio Sasori da Areia Vermelha, já sabia o que esperar de um combate contra um mestre titeriteiro. Todas as marionetes, inclusive as humanas, possuíam juntas e articulações modificadas para garantir uma flexibilidade maior e uma variedade de movimentos várias vezes superior a de qualquer ser humano, além de ocultarem todo tipo de arma em seus corpos — armas essas que poderiam sair de qualquer lugar a qualquer momento. Em uma luta corpo a corpo, enfrentar primeiro a marionete ao invés do marionetista era quase sempre um erro fatal.

Quase.

 Sakura Haruno saltava com agilidade de um lado para outro, desferindo e bloqueando golpes de uma monstruosidade bem maior do que ela e parecia estar bastante confortável ali. Shino, que assistia ao desenrolar da luta a distância, percebia quão tranquilos e naturais eram os movimentos de Sakura. Nem mesmo com Shozu fazendo Kong misturar Taijutsu com ataques de lâminas e de projéteis envenenados, todos disparados subitamente, Sakura diminuía o ritmo. Ela está em outro nível, pensou Shino. Todos os membros do Time Sete são ninjas excepcionais. Sakura não seria diferente.

Shozu, então, fez um movimento sutil e os braços de Kong se subdividiram em outros dois do nada enquanto Sakura ainda fazia um movimento de bloqueio. Um dos braços extras da marionete encontrou uma abertura e desferiu um soco pesadíssimo diretamente no rosto de Sakura, que deveria tê-la arremessado contra as árvores.

Mas Sakura não foi movida um centímetro sequer do lugar.

Entendo... ela percebeu o golpe chegando e concentrou ainda mais chakra nos pés para se fincar no solo, Shozu compreendeu imediatamente.

Sakura limpou o sangue no nariz com as costas da mão, dirigindo um olhar duro para o titeriteiro.

— Só isso? Isso é tudo o que ele tem? — virou-se para Kong. — Minha vez — puxou a mão direita para trás, preparando um soco direto. Kong desferiu outros golpes, mas nenhum sequer achou Sakura, que viu a abertura e atacou. — SHANNARO!

Um único soco com mais chakra concentrado foi suficiente para lançar Kong, já destroçado pelo impacto, por quilômetros floresta adentro. Não tivesse Shozu se desconectado a tempo de sua marionete, a força assombrosa de Sakura Haruno o teria arrastado junto com o títere pelas árvores.

O Yuurei, contudo, sequer teve tempo para se impressionar com o que acabara de ver, pois Sakura já vinha avançando em sua direção. Shozu reposicionou Usui, fazendo-a ficar frente a frente com Sakura, que ao se deparar com o Sharingan não se intimidou. Ao contrário, Sakura fez questão de manter o contato visual.

— Um Sharingan com apenas um tomoe não vai funcionar em mim — e sem cair no Genjutsu, Sakura saltou a marionete e continuou avançando em alta velocidade. Enquanto sacava mais um pergaminho, Shozu fez Usui virar o tronco completamente e disparar uma chuva de agulhas e kunai contra as costas desprotegidas de Sakura, que acelerou ainda mais.

Shozu gritou furiosamente enquanto tentava atingir Sakura por trás Mas Sakura, que ainda não havia sido atingida uma vez sequer, acelerava, acelerada... e quando chegou a hora, ergueu o punho direito.

— Shannaro! — gritou ela.

Assim como fizera com a marionete, Sakura precisou de apenas um soco para obliterar o titeriteiro e encerrar a luta. Após acertar Shozu em cheio e mandá-lo para longe, Sakura imediatamente pulou para o lado enquanto a chuva de projéteis disparados passava zunindo inofensiva, indo se perder na floresta.

Shino estava embasbacado, mal conseguindo acreditar no que acabara de ver. Em poucos instantes, o combate estava terminado. Incrível! Diferente de mim, Sakura fez a luta com um Yuurei parecer fácil. Às vezes perco a noção do quão forte ela é, pensou.

E então, desabou no chão.

— Shino!

Sakura foi correndo ajudar o companheiro e rapidamente identificou a ferida na qual o veneno havia sido injetado. Depois de prestar os primeiros socorros, ela tratou de usar a Técnica da Palma Mística para estimular o organismo de Shino a combater a toxina. Em seguida, puxou um pergaminho da bolsa de ferramentas, do qual conjurou uma pequena bacia com água medicinal; e após fazer pequenas incisões ao redor da ferida de Shino, Sakura controlou o líquido com o chakra para empurrá-lo para dentro do abdômen de Shino e depois puxá-lo junto com o veneno, repetindo esse processo mais algumas vezes até que praticamente todo o veneno fosse extraído.

— Tudo bem, o pior já passou — disse Sakura, aliviada. — Quando voltarmos à vila, vou analisar essa substância e preparar o antídoto. Até lá, um clone de Katsuyu-sama vai ficar com você o tempo todo.

Sakura, então, invocou outro pequeno fragmento de Katsuyu, entregando a lesma nas mãos de Shino.

— Obrigado, Sakura... por salvar minha vida... duas vezes — disse ele sem jeito.

Sakura esboçou um sorriso gentil.

— Fico feliz de poder ajudar.

Sakura! Ei, Sakura!, a voz de Ino Yamanaka ressoou sem aviso em sua mente.

— O que foi, Ino?

Você demorou a reportar. Como estão as coisas por aí?

— Shozu Ibuke foi abatido, mas Shino precisa de cuidados médicos urgentes — relatou Sakura. — As coisas estão sob controle por aqui. E por aí?

Conseguimos subjugar a Suki. Estou tentando extrair informações da mente dela nesse exato momento. O Raikage está a salvo.

Sakura deu um suspiro aliviado.

— E agora? — perguntou. — Para onde eu devo ir, Ino?

Ino demorou para dar a resposta.

Voe pela floresta. Sentido norte. Tsukamaki-san e Tsukishima-kun precisam se ajuda urgente.

Shino observou o punho de Sakura se fechados enquanto ela recebia as últimas orientações telepáticas de Ino, quaisquer que fossem elas.

— Certo. Estou a caminho — disse Sakura firmemente.

Por favor, tome cuidado, Sakura, pediu Ino enquanto se despedida.

— Você também.

Mal o contato telepático se encerrara, Sakura deu as costas a Shino e correu para o centro da clareira enquanto acenava para o céu. No instante seguinte, um dos falcões-peregrinos que os trouxeram desde a Vila da Folha pousou bem ao lado de Sakura, aguardando para ser montado.

— Boa sorte — desejou Shino à companheira.

— Boa sorte, Sakura-san — disse o pequeno clone de Katsuyu.

— Obrigada, pessoal! Katsuyu-sama, até daqui a pouco — disse Sakura, já montada no desenho da ave gigante. — E Shino... eu não sei quanto as suas impressões, mas acho que hoje é o dia em que finalmente vamos vencê-los.

 

 

                                                                                       ***

 

 

Tsukamaki caiu novamente, arfando com dificuldade enquanto o frio em seus pulmões ia se tornando cada vez mais insuportável. Respirar era como carregar duas toneladas no peito; e os ossos doíam mesmo com movimentos curtos. Apesar disso, Tsukamaki estava decidida a não se render à fraqueza; preferia morrer empunhando sua espada a passar seus últimos momentos sofrendo como uma pobre vítima nas mãos do inimigo.

Além disso, Tsukamaki sentia em seu coração o forte desejo de ir até Tsukishima, mesmo que fosse apenas para tombar ao lado dele. Ambos haviam feito uma promessa, ali mesmo naquele campo de batalha, que lutariam juntos; e Tsukamaki pretendia cumprir esta promessa até o fim.

Já não era mais o corpo, e sim apenas a vontade de Tsukamaki, aquilo que a fazia ficar de pé outra vez. A visão estava turva e cansada, de modo que o inimigo diante dela parecia ser, realmente, um fantasma em meio a neve.

— Saiba que tem meu reconhecimento e respeito, Kunoichi — disse Musashi enquanto olhava para Tsukamaki semimorta. — Você e seu companheiro. Ambos lutaram bravamente.

Tsukamaki mordeu os lábios enquanto erguia a espada em posição ofensiva. A arma subia lentamente, quase parando.

— Infelizmente — continuou Musashi —, sua bravura acaba aqui.

Tsukamaki não soube como Musashi Yamamoto saiu de tão longe para aparecer bem ali, ao seu lado, em quase um segundo; e quando Tsukamaki deu por si, o Yuurei já havia passado por ela. No segundo seguinte, o corpo acusou os cortes nas pernas e Tsukamaki foi ao chão mais uma vez, já sem forças sequer para gritar de dor.

Calmamente, Musashi pousou o aço frio de Yukihime sobre um dos ombros da oponente derrotada.

— Sua espada, Kunoichi — disse o Yuurei. — Pegue-a do chão. Não quero que morra desarmada.

Com o rosto ainda reclinado, Tsukamaki deu um sorriso triste. Nem ela queria morrer daquela maneira. Seu único arrependimento era não ter conseguido estar ao lado de Tsukishima na hora da morte.

— Me perdoe... meu amigo... — Tsukamaki sussurrou enquanto os dedos envolviam-se na empunhadura da catana sobre a neve. — Me... perdoe...

— EI!

Um grito súbito e rouco fez Tsukamaki erguer a cabeça, atônita. Musashi, que já estava com Yukihime erguida para o golpe final, também olhou para trás.

— Impressionante. O garoto ainda está vivo.

Tsukamaki não sabia ao certo o que sentia naquela hora; no instante em que pôs os olhos em Tsukishima, uma mistura de alívio com horror encheu seu coração. Sim, o companheiro ainda estava vivo e de pé mais uma vez. Por outro lado, as espadas do Yuurei haviam lhe dado um par de cicatrizes horrível. As marcas de corte desciam desde o alto da cabeça — uma delas, inclusive, havia destruído o olho esquerdo de Tsukishima enquanto a outra deixava a metade do nariz em carne viva e sangue congelado, e os lábios do rapaz estourados — até o lado esquerdo do abdômen. Tsukishima, que tinha a pele bronzeada, agora estava assustadoramente pálido, com a pele arroxeada ao redor das cicatrizes. Ele está congelando por dentro, percebeu Tsukamaki, aflita.

— F-Fique... lo-longe... — Tsukishima balbuciou enquanto arrastava os pés um após o outro em direção aos outros dois — d-da Tsu... kamaki-senpai...

— Mesmo à beira da morte, sua prioridade continua sendo a segurança de sua companheira — aprovou Musashi com meio sorriso. — Tolo, mas admirável.

— A-Alguém c-como... v-você jamais... entenderia.

— Na verdade, eu entendo — disse Musashi ao rapaz. — Eu segui o código Bushido durante minha vida inteira. Mas a fé que eu tive em meus companheiros se provou ser um erro quando os samurais me traíram; e a mesma fé que você tem é um erro, garoto. Nada disso estaria acontecendo se você tivesse simplesmente abandonado sua companheira e fugido.

— E-Eu n-não sou... u-um co... covarde.

— Não é. Por isso, morrerá como um bravo Shinobi — disse Musashi, abrindo espaço para que Tsukishima se aproximasse. — Venha. Eu concederei a você e a sua amiga o desejo de morrerem ao lado um do outro.

O rosto de Tsukishima se contorceu de desgosto e humilhação.

— Maldito...

— Tsukishima — chamou Tsukamaki, colocando-se em pé novamente com o apoio da espada. Musashi olhou para aquilo e franziu a testa, impressionado. — Obrigada. Foi uma honra lutar ao seu lado.

Movida por seu orgulho, que não desejava qualquer morte senão aquela digna de uma ninja, ao mesmo tempo em que vislumbrava uma ínfima esperança de conseguir tempo para que Tsukishima, de alguma maneira, pudesse escapar dali, Tsukamaki atacou. Ela sabia que não teria a menor chance, mas reuniu suas últimas forças para uma investida final contra o Yuurei. Porém Musashi foi implacável e cirúrgico. Usou Hisame para desarmar Tsukamaki, que mal conseguia manter a espada empunhada, enquanto Yukihime era utilizada para desferir um corte de fora a fora no ventre da Guardiã da Lua Crescente. Tsukishima assistiu àquela cena aos berros enquanto seu corpo frio, lento e fraco mal conseguia se mexer.

O frio intenso atravessando-lhe os nervos quebrara o pouco que havia restado do espírito de luta de Tsukamaki. Agora, nada mais conseguia fazê-la se levantar. Tudo o que Tsukamaki desejava naquele momento era que o inimigo fosse rápido.

Musashi Yamamoto foi rápido. E Rock Lee tão rápido quanto.

Como um vento forte, o chute giratório de Lee surgiu bem atrás do Yuurei, que percebeu a aproximação e bloqueou o golpe usando as duas espadas. Porém a força e a velocidade de Lee, aumentadas exponencialmente com a abertura do Portão da Visão, jogaram o Yuurei para longe.

Onde Darui já se posicionava.

— Ranton: Burakku Hantingu (Estilo Tempestade: Caçada Negra) — gritou.

Várias panteras de raios negros fortalecidas pelo chakra do Estilo Tempestade rugiram prestes a se colidirem com Musashi, que desferiu um corte no ar e desapareceu pela escuridão antes de ficar encurralado pela técnica de Darui.

— Vejo que conseguiu escapar do Kan-dono e do Shozu-san — disse Musashi para Darui, após reaparecer a uma distância segura dele e de Lee.

— Eu tive ajuda — respondeu Darui.

— De fato — o Yuurei virou-se para Rock Lee. — Esse leque nas suas costas, ele pertence à Suki-dono.

— Ele pertence à minha namorada — corrigiu Lee, impondo sua voz. — E irei devolvê-lo a ela quando isso tudo terminar. Mas primeiro...

Lee retirou Bashousen das costas, entregando-o para Darui, que franziu a testa surpreso e depois sorriu satisfeito.

— Entendi. Por isso Ino Yamanaka falou para eu vir para cá — disse Darui enquanto segurava Bashousen em uma das mãos e a espada na outra. — Você já estava o trazendo, não é? Agradeça ao Shikamaru por mim.

— Irei levar os ninjas da Lua para um lugar seguro — disse Lee seriamente. — Consegue segurá-lo até eu retornar, Darui-san?

O ninja da Nuvem deu um sorriso.

— Darei o meu melhor.

Musashi não tentou intervir na retirada de Lee com Tsukamaki e Tsukishima. O olhar do Yuurei estava fixo em Darui, contra quem já havia tido um primeiro embate inconclusivo. Agora, como que por um capricho do destino, ambos se reencontravam no campo de batalha.

 — Até o garoto voltar, somos só você e eu, Yuurei.

— Sim — Musashi ergueu as duas espadas em postura de ataque. — Vamos terminar o que começamos, ninja da Nuvem.

 

 

                                                                                       ***

 

 

Conforme as instruções que recebera, Sakura acabou avistando os dois ninjas do País da Lua vindo em sua direção. Tsukamaki e Tsukishima eram carregados nos braços de Rock Lee, que voltava às pressas, saltando pelas árvores. Sakura imediatamente reconheceu a emergência e mergulhou no ar em direção à floresta. Enquanto o falcão-peregrino abria as asas para o pouso, Sakura se perguntava quão grave era a situação para que um combatente primordial como Lee tivesse se deslocando da ação para retirar feridos.

— Lee-san! — Sakura sinalizou para o amigo assim que aterrissou como falcão.

— Sakura-san! — exclamou Lee em agradável surpresa. — Rápido! Eles...

— Sim. Traga-os aqui depressa!

Seguindo as orientações, após levar Tsukamaki e Tsukishima até Sakura, Lee os deitou cuidadosamente na grama e se afastou logo em seguida para que Sakura tivesse espaço para trabalhar. Sakura, então, se ajoelhou entre os dois ninjas da Lua, pôs uma mão sobre o peito de cada um deles e ativou a Técnica da Palma Mística, podendo, assim, prestar os primeiros socorros e examinar ambos simultaneamente. Tsukamaki estava muito fraca, porém ainda não tinha perdido totalmente a consciência e por isso reagia melhor ao tratamento emergencial aplicado, respondendo à técnica de Sakura com suspiros trêmulos, pequenos gemidos e contrações leves. Estimular o próprio chakra de Tsukamaki mostrava-se ser bastante eficaz, havia percebido Sakura, que identificara os sinais de hipotermia em ambos os Guardiões Lunares. Após quase dez minutos de aplicação incessante da Técnica da Palma Mística, o rosto de Tsukamaki, aos poucos, começava a ganhar cor; e, logo em seguida, as primeiras gotas de suor apareceram em sua testa.

Por outro lado, as coisas não iam nada bem em relação a Tsukishima. O rapaz ainda estava inconsciente, com o corpo tão frio quanto como estivera antes de Sakura iniciar o tratamento. Fora a significativa perda de sangue, o pulso de Tsukishima estava fraco, seus batimentos cardíacos esparsos, e sua respiração quase imperceptível; Tsukishima se apegava à vida, mas apenas por um fio.

— Nada bom. Nada bom mesmo — disse Sakura com olhos apreensivos. — Vamos, Tsukishima-kun, reaja.

Lee observava àquela cena com pesar e preocupação, pois Tsukishima e Tsukamaki não eram os únicos feridos pelo lado da União Shinobi. Em outros pontos do País do Relâmpago, Sasuke Uchiha e Shino Aburame também estavam fora de combate; e era apenas Sakura Haruno, que por meio dos clones de Katsuyu em conjunto com seu Byakugou no Jutsu, quem cuidava de todos eles ao mesmo tempo. Mas Lee também estava preocupado com a situação de Darui, que assumira o confronto contra um oponente do qual dois integrantes da Guarda Lunar não conseguiram dar conta; estava preocupado com Hinata, que se dispusera a enfrentar Kioto Hyuuga sem estar, na opinião pessoal de Lee, suficientemente treinada; e preocupado com Tenten, que junto com Sai e Karui, lutavam contra Kan, um Yuurei que chegou perto de matar Sakura Haruno durante a invasão à Folha.

— Sakura-san, eu preciso ir — disse Lee, temeroso.

— Eu sei — falou Sakura brandamente enquanto se mantinha voltada para os ninjas da Lua. — Obrigada por tê-los trazido até mim, Lee-san. Por favor, tenha cuidado.

Lee acenou com a cabeça e desapareceu em seguida enquanto Sakura passava a infundir mais chakra para redistribui-lo para todos os pacientes conforme a gravidade de cada quadro clínico. Considerando tanto os que estavam perto quanto os que estavam longe, Shino era o paciente que corria menos risco naquele momento; só que a coisa piorava muito em relação aos outros três. Embora Tsukamaki estivesse respondendo bem aos primeiros socorros, fato era que seu quadro clínico, de forma geral, estava longe de ser algo fácil de resolver. Além dos ferimentos, os órgãos de Tsukamaki trabalhavam com dificuldade, o que poderia indicar congelamento interno, ainda que parcial, de alguns deles. Teria sido muito pior se a Kekkei Genkai da Tsukamaki-san não fosse do Estilo Calor, pensou Sakura.

Depois de Tsukamaki, Sakura avaliou o quadro de Tsukishima como sendo o mais delicado. O Guardião da Lua Nova também sofria com os efeitos do congelamento interno do corpo, mas diferentemente do caso de Tsukamaki, o Estilo Explosão de Tsukishima não era eficaz para lidar com os danos causados pela técnica do inimigo. Por conta disso, Sakura estava em uma corrida contra o relógio; e a julgar pelo estado no qual Tsukishima se encontrava, ela teria apenas alguns minutos para solucionar o problema do congelamento interno sem causar-lhe maiores danos.

Por último, o quadro de Sasuke era com certeza o mais complicado de se lidar dentre todos. Não eram só os ferimentos do combate; também eram os efeitos colaterais das drogas que Sasuke havia consumido em quantidade excessiva durante a luta contra Iori Kuroshini. Além disso, as células de Sasuke estavam se deteriorando por terem sido expostas a uma quantidade de chakra muito acima do que eram capazes de suportar; e como Sakura precisava enviar chakra através de Katsuyu para realizar o tratamento, o próprio organismo de Sasuke estava rejeitando o processo de cura — como se afetado por uma doença autoimune. E para piorar tudo, Sakura também havia identificado sinais de contaminação por Meiton em Sasuke, na região próxima ao coração. Por já ter sido infectada antes, Sakura conhecia todos os sintomas assim como a única forma de se livrar do Meiton instalado no organismo: destruir o Yuurei responsável pela contaminação. O problema é que isso estava completamente fora de alcance para Sakura e seu pequeno grupo de resgate. Ainda que estivessem em número suficiente, e com poder para trazer alguma ameaça ao líder dos Yuurei, após a intervenção do Raikage, o paradeiro de Iori Kuroshini era desconhecido.

Sakura suspirou fundo. Por mais experimente que fosse, era difícil afastar todos os fantasmas de sua mente; e por estar tão envolvida emocionalmente, no fundo, ela temia perder Sasuke depois de ter chegado tão perto de salvá-lo.

Não... não vou perdê-lo. Não vou perder ninguém aqui. De jeito nenhum!, disse para si mesma.

— Kuchiyose no Jutsu — disse Sakura, que após realizar os selos de mãos, viu-se frente a frente com a forma agigantada de Katsuyu. — Katsuyu-sama, me desculpe por ter invocado outra fração do seu corpo, mas preciso que me ajude a acelerar o processo de regeneração celular combinando o seu chakra com o meu Byakugou no Jutsu. Além disso, preciso isolar esta área para que nenhum inimigo se aproxime. Rápido! Não temos muito tempo!

Katsuyu remodelou o corpo, fazendo com que algumas partes menores se desmembrassem do corpo principal e fossem cobrir totalmente Tsukamaki e Tsukishima. Ao mesmo tempo, outras partes de Katsuyu — cada uma com dois ou três metros de cumprimento — estabeleciam um perímetro seguro ao redor de Sakura, dos ninjas da Lua e de seu corpo principal.

— Obrigada, Katsuyu-sama.

— Sakura — o tom de voz da lesma era de apreensão —, eu sei o que está fazendo graças aos meus clones... não acha que é perigoso? Desde que chegou aqui, você não parou de usar seu Byakugou no Jutsu.

— Não tenho escolha. Como médica, é meu dever salvar a todos; e farei o que for preciso para não perder ninguém.

— O chakra do Byakugou no Jutsu não é infinito e você precisa dele também para lutar — advertiu Katsuyu. — Se o inimigo chegar até nós, não serei capaz de mantê-lo afastado por muito tempo.

— Eu sei — admitiu Sakura. — Estou me concentrando apenas em manter o Sasuke-kun vivo, e garantindo que os outros estejam fora de perigo até voltarmos à vila.

A lesma gigante pareceu mirar seus tentáculos ópticos em um ponto distante da floresta.

— Parece que há uma luta acontecendo não muito longe daqui.

O grupo do Sai, Sakura compreendeu imediatamente ao perceber para qual direção Katsuyu estava olhando. Isso quer dizer que eles ainda não derrotaram Kan...

— Katsuyu-sama, me ajude com o Tsukishima-kun e com a Tsukamaki-san. No momento, eles vão ser nossa prioridade — orientou Sakura.

— Certo.

Sakura fez o Selo do Bode nas mãos e fechou os olhos, concentrando-se em redistribuir o chakra medicinal de seu Byakugou no Jutsu através dos corpos de Katsuyu para Tsukamaki, curando-lhe as feridas e estimulando em seu organismo a produção mais acelerada de chakra do Estilo Calor. Em seguida, a parte mais complicada, em que Sakura pegou a mão de Tsukamaki, juntou com a de Tsukishima na posição correta; e após sequenciar selos em suas próprias mãos, Sakura conjurou uma extensa fórmula de Ninjutsu Médico abaixo de si e dos ninjas da Lua. Com isso, Sakura conseguiria balancear a transferência de seu chakra para Tsukamaki, e o chakra de Tsukamaki para Tsukishima, de modo que os efeitos do Estilo Calor agissem no corpo dele sem que a própria Tsukamaki ficasse esgotada ou com chakra insuficiente, prejudicando-se em seu processo de cura. E Sakura fez tudo isso mantendo os tratamentos de Sasuke e de Shino a distância.

— Incrível! Combinar meu chakra com o Byakugou no Jutsu desta maneira... só podia ser a discípula da Tsunade-sama — elogiou Katsuyu.

Sakura esboçou um sorriso.

— Seria mais fácil com o Sasuke-kun e o Shino-kun aqui — admitiu.

— Você irá buscá-los também? — perguntou Katsuyu.

Pela primeira vez desde que o tratamento médico começara, Sakura viu as cores mais vivas voltarem ao rosto de Tsukishima.

— Irei assim que terminarmos — disse Sakura. — Mas primeiro vou ajudar Sai e as meninas com aquele maldito Yuurei.

 

 

                                                                            ***

 

 

Aos poucos, Hinata ia se familiarizando à nova forma. Não tivera tanto poder transbordando em suas mãos desde a Quarta Grande Guerra Ninja, quando Naruto lhe havia dado um pouco do chakra de Kurama. Mas diferentemente daquela vez, agora o poder não vinha de nenhuma fonte externa, pelo contrário, era dela própria que jorrava aquele chakra imponente. Além disso, de uma maneira que nem mesmo Hinata conseguia compreender muito bem, o poder de Hamura Ootsutsuki lhe era estranhamente familiar, embora Hinata nunca o tivesse usado antes. Incrível, surpreendia-se ela olhando a própria mão envolvida pelo chakra roxo brilhante. É como se eu já soubesse exatamente o que fazer.

— Então a lenda era verdadeira — Kioto falou secamente. — A Byakugan no Hime existe e é você, Hinata Hyuuga.

Hinata semicerrou os olhos para o inimigo. Já conseguia perceber desprezo de Kioto pela forma como ele pronunciava seu nome; e usando seu Byakugan para ver através da expressão inflexível de Kioto Hyuuga, Hinata encontrou um ódio frio e envelhecido contra toda a Família Principal do clã. Por um minuto, foi como se Hinata estivesse diante de uma versão piorada de seu falecido primeiro Neji. Embora estivesse convicta de que Neji jamais teria se tornado um monstro como Kioto, Hinata reconheceu o instinto assassino nos olhos do Yuurei. Era exatamente o mesmo que ela vira nos olhos do primo na época em que ele a odiava.

A grande e talvez única diferença entre os dois era que enquanto Neji fora movido pela amargura e por um senso distorcido de dever e destino, Kioto, após haver encontrado o que considerava sua liberdade junto aos Yuurei, deliberadamente, guiava-se pelo desejo de vingança. Mesmo após assassinar Hiashi Hyuuga, em seu coração corrompido, Kioto não se dava por satisfeito. Experimentara o prazer de saciar sua vingança e gostara. Por isso, não iria parar até que o último resquício de Hiashi fosse profanado.

Vendo tudo isso, Hinata se moveu primeiro e, surgindo diante do Yuurei, desferiu um golpe do qual Kioto pôde se proteger. Porém, antes que ele pudesse contra-atacar, Hinata, que via à frente no tempo, atacou primeiro, forçando Kioto novamente a se defender. Hinata pressionou de novo, de novo e de novo até que, finalmente, um golpe atravessou a defesa de Kioto Hyuuga, atingindo-o em cheio no abdômen. O Yuurei, quando foi atingido, transformou-se num tronco de árvore.

Atrás, pressentiu Hinata.

Tão logo o Yuurei se reposicionou, Hinata apareceu. Kioto ainda estava terminando de usar o Kawarimi no Jutsu quando Hinata iniciou o próximo ataque. Atrás no tempo, o Yuurei esquivou-se de ser atingido na cabeça por puro reflexo e antes de contra-atacar, Hinata não estava mais na mira; estava bem atrás dele.

— O que...

— Hakke: Kuushou! (Oito Trigramas: Palma de Ar) — Hinata atacou.

Hinata estava ditando as ações do combate e de novo havia conseguido fazer o Yuurei desviar-se no limite, o que abria brechas para os próximos ataques. Foi o que aconteceu. Quase simultaneamente após lançar sua Palma de Ar, Hinata esticou a perna esquerda num chute, mirando na direção à qual ela havia antevisto para onde a cabeça de Kioto iria descer. O chute, lançado no timing perfeito, lançou Kioto para o lado direito. O Yuurei, entretanto, absorveu bem o golpe e cambalhotou ainda no ar para se manter próximo de Hinata; e após puxar as duas mãos concentradas com chakra para trás do tronco, bradou:

— Hakke Sanjurokujuuichi Shou! (Oito Trigramas: Trezentas e Sessenta e uma Palmas) — em termos de volume de golpes, era a técnica mais perigosa de Kioto Hyuuga, pois mirava em todos os tenketsu existentes no corpo humano. Kioto já havia compreendido que só poderia superar a vidência dos olhos da Princesa do Byakugan caso fosse muito mais rápido do que ela. Ainda que sua adversária tivesse conhecimento do futuro, se ela não pudesse acompanhar seus movimentos, saber o que iria acontecer não seria o suficiente para salvá-la.

Em menos de dez segundos, Kioto já havia lançado o Hakke Sanjurokujuuichi Shou duas vezes na direção de Hinata; e mesmo com o Yuurei acelerando cada vez mais seus movimentos, a defesa de Hinata Hyuuga não cedeu. Cada um dos ataques foi bloqueado, para surpresa e desgosto do próprio Yuurei.

— Vejo que Hamura-sama te concedeu outros dons além desses seus olhos — disse Kioto reposicionando as mãos. — Você não era tão rápida.

— Não foi apenas o poder de Hamura-sama. Eu também treinei e muito para a nossa revanche, Kioto-san. Trabalhei duro para me tornar uma adversária à sua altura, para que quando eu te encontrasse novamente, pudesse vencê-lo — disse Hinata erguendo as mãos e olhando no fundo os olhos de seu inimigo. — E você sabe que eu posso.

Kioto sentiu as bochechas queimando e um nó formar-se na garganta. Não era apenas o ódio contra a linhagem de Hiashi Hyuuga, mas agora era também a vergonha de que poderia já ter sido superado ali mesmo. Desde que a luta havia começado, ela não havia encontrado qualquer resposta para o poder da Princesa do Byakugan. Essa mulher... ela pode mesmo me derrotar. Justo a mim!, estremeceu.

E foi naquele exato momento que Kioto, que até então estivera concentrado em sua luta, percebeu que a situação como um todo havia mudado drasticamente. Em questão de minutos, as Forças da União Shinobi ali presentes haviam se reorganizado e, pouco a pouco, estavam conquistando espaços estratégicos. Shozu fora derrotado, Kan e Musashi estavam ocupados lutando contra o inimigo, Sasuke Uchiha já havia sido resgatado e Suki estava subjugada por uma equipe de ninjas da Folha. Como isso aconteceu?, Kioto se perguntou estarrecido. Como foi que eles...

Hinata, que também via tudo com seu Byakugan e, ainda, a inquietação nos olhos de Kioto, disse firmemente:

— Está acabado, Kioto-san. Nós vencemos.

Não!, Kioto virou-se para Hinata com um olhar ameaçador. Ainda não.

Kioto levantou a mão direita à altura do rosto formando o Selo do Confronto e Hinata, percebendo as intenções do Yuurei, imediatamente avançou para impedi-lo. Porém antes os dedos de Hinata conseguissem tocá-lo, Kioto Hyuuga pronunciou as palavras e uma aura escura e densa irrompeu do nada, revestindo-o por completo enquanto uma sensação de frio se expandia pelo ambiente. O chakra liberado por Kioto Hyuuga era forte, muito forte, e quase sufocante. Hinata arregalou os olhos, tensa. Não conseguira prever aquele único movimento de Kioto e não sabia ainda o porquê.

O que Hinata tinha certeza era que a partir daquele instante, estar diante de Kioto Hyuuga era como estar novamente com Hamura Ootsutsuki em Noite-sem-fim. A luz do chakra de Hamura brilhava forte em meio ao véu de escuridão, porém sem conseguir atravessá-lo. Quanto ao futuro, o que era outrora tangível e estava ao alcance de seus olhos, tornou-se algo nebuloso e incerto. Algo infinito.

 

 

                                                                                       ***

 

 

A explosão de chakra na fronteira do País do Relâmpago reverberou por quilômetros e pôde ser sentida por todos, inclusive pelo time de Shikamaru na cordilheira ao norte. Após a ventania, Chouji olhou para trás e viu no horizonte uma coluna de chakra negro que subia até o céu. Mesmo estando tão longe do raio de ação, olhar para aquilo lhe dava calafrios.

— Shikamaru... — balbuciou apreensivo.

— Já sei — disse o outro, virando-se para Ino com urgência. — E então, Ino? Conseguiu?

— Quase lá... — respondeu a Kunoichi de olhos fechados, imersa em sua tarefa. — Ela ainda está tentando resistir ao meu controle.

— Droga! Enquanto isso, a Hinata está sozinha contra aquele monstro — suspirou Chouji. — Shikamaru, alguém precisa ir lá ajudá-la.

— Preciso de você aqui, Chouji — respondeu Shikamaru prontamente.

— Todos os outros estão ocupados e eu posso chegar até lá a tempo com o Modo Borboleta — Chouji insistiu. — Por favor, Shikamaru.

— Também estou preocupado com ela, mas é arriscado demais! Se você sair daqui, vamos quebrar a formação; e Ino e eu não damos conta da Suki sozinhos — retrucou Shikamaru. — Preciso que fique aqui, Chouji. Se alguma coisa der errado, você precisa agir imediatamente.

Chouji cerrou os punhos. Era o único do time que não fazia nada além de esperar. Shikamaru estava ocupado mantendo Suki aprisionada pelo Kagemane no Jutsu e, ao mesmo tempo, coordenando as ações de todos os demais via rádio ou, então, pela comunicação telepática de Ino nos casos em que alguém estava fora do alcance do rádio. Ino, além de dar suporte para Shikamaru na comunicação, vasculhava a mente da Assassina de Kages em busca de informações importantes para a União Shinobi. Todo o restante do grupo estava lutando contra os Yuurei; e Chouji tinha que ficar ali esperando para que, caso Suki se libertasse ou outro Yuurei invadisse o perímetro, pudesse finalmente agir. Chouji entendia perfeitamente a situação e sabia que Shikamaru estava fazendo o melhor que podia para administrar uma estratégia já muito arriscada e com poucas peças. Ainda assim, ficar ali sem fazer nada enquanto seus companheiros corriam risco de morte era frustrante.

Então Ino chamou-os repentinamente:

— Consegui, pessoal! Estou na mente dela.

— Finalmente! — exclamou Shikamaru. — Veja tudo o que ela sabe sobre Iori Kuroshini. Descubra também onde ele está, o que está fazendo e quais são os próximos passos dele.

— Entendido.

À medida que Ino seguia prescrutando a mente de Suki, mais a Yuurei se debatia contra as sombras. Embora Suki não estivesse consciente a ponto de conseguir interagir com os ninjas da Folha, também não estava adormecida. A Assassina de Kages se via presa dentro de um plano psíquico, na qual fora afastada de si mesma, tornando-se uma simples expectadora das ações de Ino Yamanaka em sua mente. Ao mesmo tempo, os sentidos de Suki, embora muito distantes, continuavam funcionais, de modo que ela percebia, em certo nível, tudo o que estava acontecendo ao seu redor.

— S-saia... d-da m-minha... cab-beça... — disse Suki com dificuldade.

— Iori Kuroshini está no esconderijo principal, no País do Silêncio, se curando dos ferimentos causados pelo Sasuke-kun — disse Ino em voz alta. — Hana Sakegari está com ele.

O esconderijo principal fica mesmo no País do Silêncio... isso bate com as informações trazidas por Konan, pensou Shikamaru rapidamente.

— Qual é o próximo alvo dos Yuurei? Onde Iori Kuroshini pretende atacar a seguir? — Shikamaru dirigiu as perguntas para Ino.

Após vasculhar a mente de Suki atrás da resposta, Ino encontrou o que estava procurando. Porém, tão logo descobriu, seu rosto empalideceu na mesma hora.

— País do Redemoinho — disse Ino olhando para Shikamaru.

— Ele vai atrás do Naruto! — exclamou Chouji.

— Merda! — praguejou Shikamaru. — É uma armadilha? Mira Uzumaki sabe disso?

— Não — os três ninjas da Folha se assustaram com a voz repentina que falou por detrás deles —, Mira-sama não sabe de nada.


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Notas finais do capítulo

A luta segue acirrada com o confronto no País do Relâmpago caminhando para o seu desfecho. Paralelamente, os olhos de todos começam a se voltar novamente para o País do Redemoinho.

Afinal de contas, quem foi que apareceu ali para o time do Shikamaru? Quais serão as consequências de Iori mirar o País do Redemoinho agora? E as lutas, como irão terminar?

Vejo vocês em breve!

Até o próximo capítulo o/








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