Coração Indomável escrita por Drylaine


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Desculpe aí pessoal pela demora, mas foi dificil montar esse capitulo. Bom, as partes em itálico são memórias. Acho q chegou em um ponto importante da trama q fará todo a diferença em toda a fic daqui pra frente. Falar sobre vidas passadas é um pouco complexo, então, espero q tenha ficado ao menos bem escrito. Vamos ao capitulo!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/504254/chapter/16


 

 

Jacob

"Quero lhe fazer um pedido... feche os olhos." Fiquei confuso por um instante, até que suas mãos delicadas tocaram gentilmente a minha face, fazendo automaticamente eu fechar os meus olhos. "Apenas confie em mim." Ela sussurrou antes de tocar seus lábios macios e vermelhos nos meus num beijo doce e demorado com sabor de adeus, me fazendo perder o pouco de controle que tinha.

"Fique comigo!" Eu já estava lhe suplicando pronto pra fugir com ela dali. "Bells eu..." Eu a encurralei em meus braços. Eu não estava pronta pra perdê-la.

"Jake, eu pertenço a ele agora. Está noite eu serei dele de corpo e alma."

"Não! Você me ama. Você não pertence a ele!” E eu não podia lhe dizer adeus.

"É tarde demais, Jake." Eu senti que aquele fogo que me queimava por dentro, estava cada vez mais intenso, querendo se libertar. Eu a segurei apertado, desesperado e raivoso, sem pensar se estava machucando-a.

"Você perdeu a sua cabeça?!” Exclamei cego de ódio. “Vai entregar seu corpo, sua alma e sua humanidade, a um monstro?" Cada célula do meu corpo vibrava frenético.

"Jake... pare!" Eu ouvia a voz dela, mas eu simplesmente já nem conseguia controlar a minha própria razão.

"Tire as suas mãos dela!" A voz de Edward era fria como gelo e afiada como navalhas. Eu também ouvi um rosnado atrás de mim e depois outro mais alto que o primeiro.

"Jake, mano se afasta!" Eu ouvi Seth pedir cauteloso. "Você está perdendo o controle."

Eu fiquei congelado com os olhos vidrados nela.

"Você vai machucá-la." Agora eu podia ouvir Sam sussurrar perto de mim. "Solte-a!"

"Agora!" Edward rosnou. Eu a soltei deixando a entregue aos braços dele. Ele a puxou longe de mim.

"Eu vou matar você!" Eu disse sombrio e feroz olhando diretamente para o sanguessuga, o obstáculo que me afastava de Bella. "Eu vou matar você com minhas próprias mãos!" E de repente tudo virou um borrão e o fogo explodiu dentro de mim, dando lugar ao lobo castanho avermelhado, furioso e indomável. Quil já estava em sua forma de lobo se colocando na minha frente os protegendo de mim, enquanto Edward a levava pra longe. Cada vez mais longe de mim.

"Jake vai embora. Saia!" Sob a ordem Alfa de Sam, dei um último olhar a Bella que chorava nos braços daquele vampiro nojento. E, assim, corri desenfreado pra dentro da floresta. Em meu peito se alojou uma dor agoniante, forte e incessante que estava quase me fazendo sufocar.

 O meu instinto me levou ao penhasco e tudo parecia familiar demais. Então, eu me lembrei de um sonho na qual eu estava sangrando bem no meio do peito onde havia uma flecha cravada e a última coisa em que me lembrava era o rosto de traços marcantes, bonito e carregado de angustia me olhando. E como no meu sonho, surpreendentemente, encontrei Leah ali no topo do penhasco me olhando aflita. Deixei meu corpo desacelerar e voltar à forma humana. A dor se tornou ainda mais intensa me fazendo cair de joelhos no chão.

"Jacob, o que está acontecendo?" Senti ela se aproximar de mim e cair do meu lado, eu não me importei com a minha nudez, porque tudo que eu precisava era só dela ali comigo.

Eu sentia como se tivesse uma mágica me atraindo até ela. Eu necessitava de Leah desesperadamente, quase como se ela fosse o meu próprio ar e só ELA poderia me salvar de toda essa minha agonia e desespero.

"Apenas fique comigo." Eu lhe supliquei olhando bem no fundo de seus grandes olhos negros expressivos capaz de me fazer me perder neles. Sem me questionar ela somente me acolheu em seus braços, enquanto eu chorava em silencio.

Em busca de esquecer as sensações ruins e sombrias que estavam dominando a minha alma, me deixei levar pelos meus desejos mais profundos e, assim, meus lábios se chocaram contra os dela num beijo urgente e avassalador. Eu a beijei tão desesperado em busca de aplacar qualquer vestígio de dor ou tristeza. Nos braços dela eu me libertei de tudo.

 Ali era apenas dois jovens reunidos num momento de intimida e puro amor e paixão. E quando já não havia mais espaço ou barreiras entre nós, eu a encurralei em meus braços, pronto para tê-la completamente exposta pra mim, tão vulnerável, quanto forte e irresistível.

Leah era linda, uma deusa me hipnotizando com seu corpo nu e cheio de curvas majestosas, me fazendo perder qualquer vestígio de razão. Era a minha primeira vez, um momento que eu tanto ansiava. Mas, nem em meus sonhos mais eróticos, eu poderia me imaginar tendo Leah Clearwater pronta pra se entregar, assim, sem hesitação. Eu me deixei ser guiado pelos meus instintos naturais e, naquele momento, meu coração batia mais descoordenado, meu corpo despertava em luxúria e pulsava num desejo nu e cru a cada toque dela, a cada beijo atrevido, a cada penetração deliciosa me fazendo me perder dentro dela, até que eu gemesse insanamente o seu nome. Nossas peles suadas e unidas se confrontavam violentamente, até sermos abrigados por uma magia sublime.

Foi nos braços de Leah que eu me tornei um homem.

 Em seus braços, eu me esqueci dos meus medos, da dor e de toda a minha fúria. Ela cuidou de mim tão suave e, ao mesmo tempo, tão forte e leal. Ela me fez me sentir seguro e protegido como ninguém, nem mesmo Bella poderia me fazer sentir. E ali em seus braços, sentindo seu cheiro e ouvindo sua voz paciente me acalmando, eu descobri que Leah Clearwater era a minha fortaleza, a única capaz de curar as minhas feridas. Ela com certeza era o meu porto seguro.

 

 

 

Leah

Eu podia ouvir os vários sons da floresta que hoje estava mais que apenas agitada, havia algo sombrio e camuflado pelo desconhecido pairando sobre os bosques. Dentre os vários sons um se destacou, era relincho de cavalo ecoando por entre as árvores e suas patas batendo sobre a lama e o gramado úmido, percebi também que ele galopava rápido e indomável. E montado sobre ele vislumbrei uma silhueta feminina, de cabelos negros compridos jogados ao vento. Eu decidi persegui-los, pois queria saber quem eram, então, sai numa corrida alucinante que me guiou ao norte, até as montanhas muito além de La Push. Um lugar que me encheu de familiaridade.

Eu já havia estado aqui e repentinamente fui dominada por uma sensação de medo e angustia pelo que me esperava.

 E no topo da montanha, estava um cavalo branco selvagem... Que dizer, na verdade olhando mais profundamente, percebi que o animal era uma fêmea. E junto com a tal égua selvagem, estava a sua provável dona pairada a seu lado lhe acariciando. O animal parecia ter uma conexão muito forte com a jovem.

Logo, eu fui descoberta...

Quando a jovem me olhou com seus olhos negros expressivos, me senti paralisar porque em seus negros profundos, eu me vi refletida como se estivesse vendo a minha própria alma. Era como estar diante do seu próprio reflexo. Ela era a jovem índia que sempre fazia uma visita nos meus sonhos. Meus olhos, então, se fixaram na égua que se encontrava marchando majestosa tentando chamar a atenção pra si e, quando meus olhos se conectaram com os do animal, meu coração vibrou descompassado ao reconhecer que ela tinha os meus mesmos olhos negros, assim como a jovem índia. Isso me perturbou a mente.

Eu só podia estar presa dentro de um sonho!

"Você já ouviu falar de vidas passadas?" Ouvi a voz da índia me interrogar. Eu não consegui falar, pois minha boca ficou seca e senti um nó se formar na minha garganta. A jovem me olhou serena até se voltar ao seu animal. "Essa é a Coração Indomável, uma Égua selvagem que quando filhote vagava perdida aos arredores de La Push e fora encontrada por meu pai, Taha Aki." Eu estava incrédula.

 Espera...Taha Aki o primeiro Grande Lobo, era o pai da jovem índia diante de mim? A jovem que atormentava meus sonhos?!

"Eu não atormento seus sonhos. Eu apenas sou parte de quem você é Leah Clearwater. Sou parte de suas lembranças, há muito tempo esquecidas. Eu sou uma de suas vidas passadas. Eu sou o começo, a origem de sua vida traçada na dor, nas perdas violentas que deixaram rastros de destruição e sangue... e também, de nossas almas vividas de amores impossíveis. E, no final, tudo se acabou em sofrimento, amargura, fúria, solidão e muitas lágrimas derramadas." Nossos olhos se encontraram e eu me perdi em tanta obscuridade e uma tristeza incontrolável se apossou de mim.

Chiara se aproximou de mim, deixando a égua bufando e trotando atrás dela, os olhos do animal refletiam juventude e pareciam querer desvendar tudo sobre mim, fazendo me sentir intimidada, ao passo que me fez querer confrontar o animal. Então,  percebi que estava sendo tola, porque no fundo estava lutando comigo mesma, pois entre o animal, Chiara e Leah, existia um só coração indomável, forjada na coragem, na independência e nas vidas traçadas de tantos sofrimentos por amores perdidos.

"Ela apareceu para meu pai uma noite após a minha morte." A índia continuou a dizer se referindo a égua. "E no meio da dor pela perda da filha, ele reconheceu em seus olhos o mesmo jeito destemido e jovial que só a pequena Chiara de Coração Indomável possuía." O animal parecia entender cada palavra dita por Chiara. A jovem sorriu docemente e eu vi em seus olhos a nostalgia de pensar em seu pai, me fazendo lembrar de Harry.

"Você é filha de Taha Aki? Eu não consigo me lembrar de você nas historias. Há tantas coisas lá, mas não a muito sobre Chiara." Me senti confusa. Chiara parou na minha frente.

"Você deve ter ao menos ouvido falar sobre os vários filhos do Grande Lobo. Eu era a mais velha e a única filha mulher. Eu sou parte de uma historia muito antiga que envergonha a nossa tribo. O que nos torna fracos aos olhos dos Espíritos e dos inimigos. Então, Chiara e sua trajetória foi extinta das historias. Como se eu fosse um conto proibido ou amaldiçoado, junto com a trajetória de Utlapa. Fomos renegados."

"Taha Aki o grande Espírito Guerreiro, conhecido por sua sabedoria, coragem e amor a sua tribo, renegou a sua própria filha?" Indaguei ainda muito descrente de tudo.

"Meu pai era um grande chefe da tribo. Ele era sábio, mas também, tinha as suas próprias falhas como qualquer pessoa."  A índia era tão pequena diante de mim, ainda sim, ela poderia me fazer temê-la por trazer consigo o desconhecido. E, quando ela se aproximou de mim, com as suas pequenas mãos e tocou o meu coração, eu senti como se fosse sugada para dentro de um buraco vazio. Eu podia sentir ser engolida por uma magia oculta que me arrastou para um universo paralelo... Ou melhor, ela me levou para uma viagem em uma de minhas vidas passadas...

 

 

 

100 vidas atrás...

 

Era uma tarde ensolarada e quente, havia uma brisa soprando suave balançando as folhas das árvores que estavam mais verdes e cheias de frutas maduras, que junto com as flores silvestres davam um contraste belo e colorido aos arredores daquele lugar, enquanto os diferentes cânticos de pássaros se misturavam entre si, dando uma sonoridade tão melodiosa e serena.

 

Eu gostava de me sentir assim, tão conectada a natureza, isso me fazia se sentir feliz e livre.

 

Eu paro às margens do rio apreciando a paisagem, então, decido-me se juntar a esse cenário magnífico. Deixo-me agir como parte natural, expondo a minha pele nua as profundas águas cristalinas e frias do rio. Meu corpo nu sob a água se sente limpo e macio, tudo ali me faz relaxar e me sentir em paz. Assim, eu me banhava sem pudor, alegre e, ao mesmo tempo, inocente como uma criança pura, sem perceber que havia um intruso a espreita, apenas me vigiando com seus olhos selvagens e curiosos.

 

 Quando meus olhos foram de encontra ao dele, tudo mudou, como se o tempo tivesse parado, fazendo meu coração disparar ansioso e incerto, enquanto minha pele se arrepiava com o seu olhar atrevido e hipnotizante. Ele era lindo, de traços fortes e marcantes, com um sorriso apaixonante que irradiava calor e felicidade. Eu me perdi em suas duas pérolas negras tão brilhantes que pareciam poder ver através de mim. Naquele momento, bastou apenas uma troca de olhar para eu descobrir que o meu coração para sempre pertenceria ao belo índio misterioso.

 

E foi assim que a nossa história de amor começou.  Durante primavera e verão, nós sempre nos encontrávamos às margens do riacho, tendo como testemunha da nossa imprudência e amor, a floresta e tudo ali que a arrodeava.

Quando nossos lábios se uniam perdidos num beijo cheio de ternura e paixão, eu me esquecia de tudo, dos meus medos, incertezas e anseios. A cada vez que nossos corpos se entrelaçavam desesperados e ardentes, se moldando tão lindamente como se quisessem se tornar um só, eu sentia como se algo explodisse dentro de mim tão forte que me aquecia e fazia todo o meu corpo vibrar intensamente, fazendo-me sentir viva e amada.

 

 Sob a luz do lugar e das estrelas, com o meu corpo nu unido ao dele, eu me tornei mulher e em seus braços me senti completa e em paz. Entretanto, por ironia do destino, o dono do meu coração era Kenae, um jovem índio da tribo Hoh, a tribo inimiga dos Quileutes que viviam em guerras constantes por controle e poder.

De um lado os quileutes lutavam para defender a sua terra e possuíam sua força em sua fé inabalável aos Espíritos Guerreiros. E do outro lado estavam os Hoh, que lutavam por domínio territorial sob a lealdade a Gaia (a mãe natureza). Os Hoh eram conhecidos por serem violentos e cruéis, pois acreditavam que só com sangue e sacrifício, eles sempre triunfariam e seriam mais fortes e intocáveis. Porém, ao conhecer Kenae eu descobri que ambos as tribos (Quileutes e Hoh) eram iguais, ambas possuíam suas crenças, ambas lutavam para ter êxito e proteger seu povo e sua origem. Mas, suas crenças também os cegavam tão impiedosamente e quem sofria eram os inocentes.

 

Logo, o amor entre Chiara e Kenae era um amor proibido. Nós nos amávamos e desejávamos viver nos braços um do outro e mantemos nosso amor em segredo. Mas, as perdas e as dores das guerras entre as nossas tribos, se tornou um fardo para carregar e um obstáculo imenso que acabou por nos afastar.

 

"Minha pequena Chiara, eu te amo. Você é a minha doce paz, o meu refúgio. Mas, eu tenho que honrar o meu povo." O adeus foi tão doloroso e triste.

 

E todos os dias eu retornava ali ao riacho, onde tantas vezes nos amamos, sempre a espera de vê-lo, mas ele não voltou. E a sua ausência me arrastou para a solidão e mágoa por meu pai, nossas crenças e pelos Hoh. Tudo o que eu mais almejava era ser livre e me entregar aos braços de meu amado, onde  genuinamente pertencia.

 

Logo, o verão se tornou outono em folhas secas e um verde sem vida, despindo certa escuridão deixando o céu nebuloso. E quando o outono deu lugar ao inverno severo, frio e solitário, eu já havia cansado de esperar paciente por ele.

 

 Já não me sentia mais a mesma Chiara de antes, a jovem sonhadora, apaixonada e indomável, pois meu pai havia me prometido a Utlapa, prendendo-me a uma vida da qual não pertencia. Até que acabei sendo domada pelas regras.

 

Utlapa seria um caminho certo e mais simples. Ele era um índio forte, bonito, corajoso e muito leal a meu pai, o jovem índio também tinha uma habilidade ligada as magias ancestrais, herdadas pelos seus avós que eram como oráculos com o dom de ver o futuro e mexer com magias, como feiticeiros da natureza.

 Taha Aki o tratava como o seu filho e, para mim Utlapa era como um irmão. Nós crescemos juntos e eu o amava, mas não o via como o homem com quem teria meus filhos. Mesmo assim, foi feita uma cerimônia dedicada a mim e Utlapa.

 

 Os Quileutes, então, fizeram uma comemoração, como uma espécie de ritual de noivado, Era uma preparação para o casamento que iria acontecer na primavera. Pensar na primavera e seu cheiro me fazia se lembrar daquele sorriso radiante e daqueles olhos negros como a noite sem lua. E uma dor se alojou em meu peito.

 

Contudo, a festa continuou seguindo. Todos dançavam felizes, com seus trajes feitos de couro de animal e renda e seus rostos pintados de tinta. Havia várias pessoas ali dançando em volta da fogueira. Como a festa estava linda, decidi me deixar ser envolvida por aquele momento em torno do meu povo. Por um momento deixei ser trazida para a ilusão, de que Utlapa era o caminho certo e que ele me faria feliz. Foi então, que eu senti alguém me puxar. Ao me virar vou de encontro a um jovem de sorriso iluminado e olhos negros cintilantes.

 

"Kenae!" Ele estava aqui no meio do meu povo Quileute, sendo insensato e correndo o risco de ser descoberto, mas me fazendo tão feliz.

 

 

"Chiara!" Seu rosto estava manchado de tinta e seu traje poderia enganar a todos. Kenae parecia ser um Quileute como os outros.

 

"Por que você está aqui?! Se eles descobrirem..." Seus braços desceram para minha cintura e minhas mãos ficaram em seus ombros. Ele sempre me fazia se sentir tão pequena em seus braços e dele só irradiava alegria. Nós começamos a dançar no meio do povo, nossos olhos nunca perdendo contato. Estar em seus braços era como estar em casa, era como meu lar e era aqui que eu queria ficar.

 

"Fuja comigo minha pequena. Vamos ser livres longe de tantos confrontos e tantas regras. Vem comigo." E, sem pensar em nada, apenas no meu desejo ingênuo de ser feliz ao lado dele, nós planejamos fugir.

 

Naquela mesma noite eu o encontrei nas montanhas fora dos limites quileutes, prontos para partir para longe, sem olhar pra trás, sem arrependimentos. Apenas unidos por um único desejo: a felicidade e paz nos braços um do outro, em busca de recomeçar longe de tantas guerras e tanto ódio entre nossas tribos.

 

Então, seus lábios encontram os meus, eu fecho meus olhos e me deixo se perder na magia desse beijo. Mas inesperadamente, quando abro os meus olhos, o sorriso iluminado e olhos negros cintilantes foram perdendo sua alegria e vida. Eu vi meu Kenae desvanecer-se diante mim, pois em seu peito, estava cravado uma flecha. Ele me olha com lágrimas nos olhos, seus dedos deslizam pelos meus e o belo índio cai para o abismo.

 

"Kenae!" Eu grito em agonia e a dor só aumenta, porque eu não pude salvá-lo. Eu me ajoelho no chão e choro olhando para a escuridão do abismo, sentindo como se um pedaço de mim estivesse sendo rasgado com tanta fúria.

 

Não demora muito para eu descobrir que o dono da flecha certeira, era Utlapa dominado por uma fúria insana.

 

"Eu te amei com toda minha alma. Eu daria minha vida por você." Ele diz parando em minha frente. "Mas, o seu amor me destruiu.” Seus olhos irradiavam tanto ódio e amargura.  “Agora eu te amaldiçoo em todas as suas reencarnações. Por 100 vidas você irá renascer e a dor ainda será a mesma." Suas palavras eram impiedosas.

 

Utlapa também acabou por ser fruto das minhas falhas. Pois, o mesmo amor que pode salvar, também pode destruir.

 

"Você vai amar alguém destinado a pertencer a outro e em cada vida terá seu coração quebrado em vários pedaços. A dor só irá parar a cada vez que der o seu último suspiro. Não importa quantas vezes você renasça, em cada renascimento você conhecerá um novo tipo de dor. E a cada dor, mais a sua alma se contaminará pela escuridão. Você nunca será feliz. Não até completar a sua sentença!" Ele toca em meu coração me causando uma dor forte e insuportável me contaminando com a sua obscuridade.

 

E ali, ele me condenou a sofrer num ciclo sem fim.

 

Dias depois, eu fiz um juramento sob o lugar onde eu vi meu Kenae pela última vez:

 

"Eu não posso mais viver assim. Não há vida sem você, meu amor. A única coisa que me restou foi esse imenso vazio e essa dor, que me domina, dia após dia...” Sei que era uma atitude covarde, mas era a única saída que eu tinha pra parar a dor em meu coração. “Estou desistindo dessa vida em busca de uma nova chance ao seu lado.” Então, me lembrei da maldição de Utlapa e de quanta obscuridade ele havia trazido para a minha vida. “Ele me condenou a 100 vidas atormentadas pela dor e desilusão. Mas, não importa! Eu posso sofrer em cada uma delas, eu posso ter meu coração quebrado em mil pedaços, mas aqui faço minha promessa...” Uma promessa que somente as minhas futuras reencarnações poderão cumprir. “Eu irei viver 100 vidas condenadas por Utlapa e em cada vida eu lutarei para lhe encontrar. Não importa os obstáculos... Sou Chiara de coração indomável e só serei livre, quando estiver de novo em seus braços...  Nos braços de meu Kenae!"

 

Então, eu fiz uma decisão covarde e também desesperada. E naquele momento eu desonrei o meu povo, Taha Aki e todas as crenças sobre o amor, a vida e o equilíbrio da natureza. Eu quebrei a maior regra da tribo, abri mão da minha vida, me lançando da beirada da montanha, (a mesma onde Kenae havia morrido). Eu fui de encontro ao abismo escuro e vazio de uma morte desonrosa.

 

O suicídio era uma das piores traições para meu povo. Aqueles que desonram a vida eram condenados a vagar na terra sem rumo, sem paz e numa completa sombra de si. E essa alma perdida cai no profundo esquecimento sem fim. Não a memórias a serem lembradas e foi isso que aconteceu a Chiara. Eu havia sido esquecida ao vazio.

 

Eu estava ali, presa a um lugar que eu não podia mais chamar de meu lar, ou de meu povo. Eu vaguei por algum tempo como um espírito sem rumo e tudo o que um dia eu sabia sobre a minha vida passada como a jovem de Coração Indomável, foi se apagando de minha mente e ficando num completo branco, um vazio e desconhecido até que reencarnei num animal, uma égua que voltou aonde minha alma pertencia. Voltou direto para Taha Aki, o grande Chefe que quase viu seu povo ser destruído por Utlapa. E Utlapa que havia sido o seu soldado mais fiel, logo, lhe traiu da pior forma se tornando um homem dominado por um desejo de poder e controle.

 

 

Em consequência disso, as guerras entre Quileutes e Hoh se tornaram mais frequentes e violentas. Nossas perdas se tornaram muito mais cruéis. Até que houve a trégua e, ambas as tribos se tornaram uma só. Com a união entre as duas tribos, eles se tornaram mais fortes e invencíveis, para enfrentar outros novos inimigos que surgissem. Ainda sim, tudo havia mudado para o meu povo.

 

No fim todas as historias contadas depois de Chiara, vieram sobrecarregadas de muitos sofrimentos e mortes. Tudo era um produto dos meus erros. Erros que gerações quileutes vieram a pagar, desde a traição de Utlapa a usurpar o lugar de Taha Aki, passando ao surgimento dos protetores de La Push até chegar ao imprinting.

 

Mas, esses erros me seguiram para todas as minhas reencarnações posteriores bem longe dos limites de La Push. Seja onde eu renascesse: seja como uma honrada e fiel rainha que teve a sua vida destruída pela inveja da própria irmã. Seja como uma camponesa judia, que teve toda a sua família assassinada brutalmente durante a Segunda Guerra Mundial. Seja uma mãe vivendo nas favelas da Índia que teve que sofrer ao ver seu filho pequeno agonizar em seus braços, sem poder salva-lo. Seja uma escrava fugitiva que fora acusada injustamente de bruxaria e teve seu fim, ao ser queimada viva em praça pública. E, assim, vieram mais e mais outras vidas. Outras reencarnações, até chegar aqui onde tudo começou. O lugar onde se originou toda essas perdas, humilhações e desilusões.

 

Eu renasci em La Push como Leah Clearwater...

 

 

 

Leah

 

Eu despertei assustada e completamente desorientada, eu me senti como se estivesse sufocando, eu estava ofegante e meu coração pulsava descompassado. Meus olhos ainda estavam desfocados tentando se ajustar a luz do local. Eu estava segura no meu quarto, deitada sobre a cama e tentando recuperar o controle da minha mente e do meu corpo, que ainda sofriam os efeitos intempestivos daquele sonho. Eu sentia que a qualquer momento tudo poderia desmoronar e eu não estava realmente protegida. Agora eu havia feito uma enorme descoberta.

Chiara era filha de Taha Aki o primeiro Grande Lobo. Ou seja, reencarnei não como uma mera quileute, mas como um dos protetores de La Push e isso me fez sentir como se carregasse o peso do mundo nas costas. Eu não queria essas lembranças. Eu não queria uma vida condenada a dor e mais sofrimento. Eu não queria nada disso... Esses erros não eram meus! Não era justo que iria pagar pelos erros de Chiara.

Eu me senti tão frustrada e com medo do que me esperava no meu futuro, porque agora eu sabia... Eu sabia que estava presa a uma vida condenada que, talvez, não houvesse escapatória.

Eu me deito novamente sobre o travesseiro tentando acalmar minha mente e fecho os meus olhos, mas lembranças tortuosas me invadem, fazendo recordar do sonho: Aqueles olhos negros e sorrisos radiantes, aqueles braços fortes que me seguravam me fazendo se sentir segura e amada, ou aqueles lábios que me beijavam com tanta sede e paixão, aquilo era tão real, era como se eu pudesse sentir cada pequena sensação que pertenceu a Chiara. Eu vi no passado um amor tão incrível e forte e, então, ele foi arrancado impiedosamente de mim. E aqueles mesmos olhos e cada traço facial dele, se transformou em um novo rosto em minha mente. Aqueles mesmos olhos negros me lembravam Jacob e isso me assustou ainda mais.

Percebi que não conseguiria mais dormir, pois minha mente ainda está carregada de imagens e sensações vividas dentro daquele sonho. Sabia que isso iria me perseguir onde quer que eu fosse, mas precisava me acalmar e me libertar dos meus próprios fantasmas. Eu me levanto e vou até o banheiro, joga um pouco de água sobre minha face tentando aliviar um pouco a tensão. De repente sinto como se algo me chamasse, minha loba fica agitada.

Seguindo o meu instinto, troco de roupa apressadamente, substituindo meu pijama por shorts jeans e uma regata e nos pés coloco o primeiro tênis que encontro. A casa está em silencio, provavelmente porque minha mãe e Seth ainda estão na festa de casamento de Bella Swan. Pensar nela faz meu estômago embrulhar, mas decido ignorar esse pensamento, pois Bella Swan não é problema meu.

Mais uma vez, sinto um alvoroço dentro de mim, como se estivesse ansiando por algo, eu precisava me libertar disso, então, eu salto pela janela do meu quarto que dá passagem direta para a floresta.

Para não chamar atenção dos lobos que estavam em patrulha, decidi seguir meu rumo em minha forma humana. Corro freneticamente sem olhar pra trás, ouvindo o barulho do mar agitado bater furioso contra o paredão de rochas. Eu nem sei explicar o porquê eu vim parar aqui, mas acabei na direção dos penhascos. Sob a paisagem selvagem e natural da noite, misturado ao cheiro e o som do mar, encontrei um pequeno momento de serenidade. Contudo, o silencio da noite acabou sendo interrompido por um uivo agoniante, me fazendo ficar em alerta e agitando até o meu interior.

De repente o lobo castanho avermelhado surge diante de mim e, num piscar de olhos, o animal dá lugar ao corpo robusto e imponente de um homem nu.

 Jacob estava ali com seus olhos negros intensos, obscurecidos de angustia e rancor. E diante de mim ele cai ajoelhado. Eu posso sentir a dor e agonia irradiar dele, por um instante, era como se eu pudesse sentir tudo o que ele sentia.

"Jake, o que está acontecendo?" Eu disse aflita me aproximando dele e caindo ao seu lado. Eu não me importei com a situação íntima a qual nos encontrávamos, não havia tempo para desconforto, pois tudo o que importava era aplacar o seu sofrimento e, ao mesmo tempo, acalentar o meu próprio coração que pulsava ansioso e incerto.

Eu podia sentir a força da atração me impulsionando a ele, quase como se eu dependesse dele pra me equilibrar e encontrar a calmaria no meio da minha própria mente conturbada.

"Apenas fique comigo." Jacob murmura por entre suas lágrimas. Eu lhe acolhi em meus braços, da maneira mais amável e leal, era tudo o que eu poderia lhe dar naquele momento.

Não sei exatamente como aconteceu, como chegamos ao beijo, mas sabia descrever a sensação dos seus lábios famintos me devorando desesperado e eu me encontrei a devolver o beijo com a mesma intensidade e paixão. Minhas mãos se enroscaram em seu cabelo e suas mãos ágeis percorriam minha pele me causando arrepio. A única parte racional minha havia ido embora a partir do momento em que vi em seu olhar penetrante, o quando ele me desejava. Eu também já podia sentir a sua excitação sob seu membro rígido que roçava a minha pele sensível, me deixando loucamente ansiosa por ele. E quando seus lábios voltaram a se chocar contra os meus, era tarde demais pra voltar atrás. Nossas línguas duelavam por controle e, no fim, ambos perdemos a mercê de nossos desejos mais profundos.

"Você me quer, Jake?!" Sussurrei roucamente, enquanto meu coração sofria com a adrenalina do momento. Por um instante, vi em seus olhos incerteza que logo foi obscurecidos por luxúria e algo mais... "Toque-me!" Bastou apenas às palavras se soltarem por entre meus lábios para que seu corpo grudasse mais ao meu, enquanto suas mãos trabalhavam habilmente para se livrar das minhas roupas. Logo, meu corpo nu se encontrava exposto totalmente aos seus olhos ferozes, sedentos de paixão.

Cautelosamente, me deitei sobre o chão frio e um pouco úmido ignorando a sensação de estar assim tão exposta e ainda estar num lugar nada convencional, mas tudo apenas me excitava mais, pois tudo parecia tão primitivo e, também, tão natural. Jacob logo cobriu meu corpo com o seu, nossos corpos nus se entrelaçaram em entre si, enquanto nossos olhos se confrontavam silenciosos e com tanta transparência. Não havia limites ou barreiras entre nós, tudo estava ali cru e íntimo, prontos para serem consumados. Prontos para nos entregarmos. Naquele momento não importava o que virá no amanhã. Não pensei nas consequências, nem em arrependimentos. Tudo o que eu ansiava era tê-lo pra mim, sentindo seus lábios carnudos e suas mãos ásperas percorrerem meu corpo, enquanto minhas mãos traçavam linhas invisíveis por cada pedaço de pele e músculo que eu pudesse tocar. Toca-lo de uma forma que  nunca imaginei e a cada toque eu tentava decorar cada pequeno traço perfeito de seu corpo grande, forte e febril, sentindo seu corpo se roçando ao meu tão lindamente, se moldando a cada estocada que Jacob me dava, fazendo meu núcleo pulsar desesperadamente, exigindo por mais. Mais forte e rápido, mais selvagem e fundo. Seu membro me preenchia com seu calor numa deliciosa sensação, como se uma corrente elétrica percorresse todas as minhas células me aquecendo e fazendo meu corpo queimar em fogo e prazer.

Nossos corpos se movimentavam juntos, cada vez mais rápidos e violentos, necessitando de mais e mais intensidade. A cada estocada, eu cravava minhas unhas em suas costas. Eu podia senti-lo dentro de mim chegando mais perto de atingir o clímax. Seus olhos se prenderam aos meus e nada mais importava. Eu esqueci de tudo, de todas os meus temores ou das coisas que um dia mais almejei, porque minha mente, alma e coração estavam todos concentrados em Jacob, perdidos no calor de seus braços e de seus olhos penetrantes.

Ali sob a noite fria em La Push, tendo como testemunha do nosso amor insensato, nós nos tornamos um só. Ali com ele em meus braços, eu senti uma forte conexão, como se houvesse uma magia pairada sobre nós nos abrigando nos braços um do outro. Como se pertencêssemos ali, naquele abraço.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por enquanto é isso, o capitulo foi grande pra compensar a demora. Por favor deixem suas reviews, elas são muito importantes. E se vcs tiverem dicas, criticas ou duvidas sintam-se a vontade pra comentar ai, bjus!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coração Indomável" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.