Coração Indomável escrita por Drylaine


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal voltei. Me perdoem pela minha eterna demorada. Mas não está sendo fácil, quando não é a preguiça ou a falta de idéias, é a net q nos falta. Nem sei se ainda existe alguém acompanhando aí, porém não quero desistir da fic. Tenho um carinho enorme por Coração indomável e me surpreendi em ver q a partir desse cap consegui me reconectar com a fanfic. Espero que vocês ainda estejam por aí e tbm não tenham desistido. Vamos ao capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/504254/chapter/17

 

 

"Talvez eu saiba, em algum lugar

No fundo da minha alma

Que o amor nunca dura

E temos que arranjar outros meios

De seguir em frente sozinhos

Ou ficar com uma cara boa

E eu sempre vivi assim

Mantendo uma distância confortável

Até agora

Eu tinha jurado a mim mesma que eu estava contente

Com a solidão

Porque nada disso algum dia valeu o risco, mas

Você é a única exceção"

(The Only Exception - Paramore)

 

 

 

Algumas vidas atrás...

 

Ele ainda podia saborear o gosto dos seus lábios nos dele, ou o seu cheiro feminino e inebriante se fixar em sua pele. Ele ainda podia sentir o corpo delgado, bonito e macio como cetim, se moldar ao dele numa bela e perfeita sincronia, enquanto navegava lascivamente mais fundo, desvendando cada pequeno detalhe dela. O jovem soldado ainda podia se perder naquelas íris negras como a noite, se esquecendo de todas as suas dores e medos.

 

"Eu estou com medo. Mas, se não nos reencontrar aqui de novo..." A linda jovem pronunciou lhe olhando com tanta ternura. "Lembre-se que eu te amo e sempre vou amar!" Ela lhe disse como uma promessa, presa em seus braços, onde ela sempre irá pertencer.

 

"Eu também te amo, meu passarinho." O homem imponente de olhos tão cintilantes como os dela, lhe disse como um tolo apaixonado, à medida que seus corpos nus molhados de suor e paixão, se moviam mais e mais ardentes até queimarem de puro deleite atingindo o ápice do prazer. "E se esse momento for a nossa despedida, quero que saiba... Não importa quantas vidas terei que viver pra reencontrar você. Não alguém como você, mas você, porque a sua alma e a minha têm de estar sempre juntas." Nas profundezas de sua alma, ele sabia que a beleza indomável de olhos negros como a noite era o seu amor, a sua fortaleza e seu próprio Lar.

 

Os jovens amantes sabiam que seu amor seria eterno e que se estivessem sempre juntos, então, tudo estaria perfeito. Entretanto, esse amor era proibido...

 

De repente as portas de madeira foram abertas abruptamente e homens vestidos em seus trajes de soldados invadiram aquela moradia simples, o lugar secreto onde eles sempre se encontravam as escondidas pra se amarem até o sol nascer.

 

"Aqui. Ela está aqui." Eles arrastaram a doce jovem brutalmente pra longe dele. Aqueles homens eram soldados vindos em nome da Igreja Católica, cegos por suas crenças e preconceitos, com seu principal objetivo: matar aqueles que representassem uma postura livre, em oposição à Igreja e, entre outras coisas que considerassem um insulto a Deus.

 

"Não. Não toquem nela!" O belo homem gritava desesperado, se debatendo e lutando com todas as suas forças para chegar até ela. A voz dela ecoava por toda a casa gritando dolorosamente por ele, pedindo pra ser salva.

 

"Levem a bruxa e queime-a com as outras." Aquela voz ficaria pra sempre retumbando sua mente. "E você... como pode se misturar com uma bruxa imunda?!"

 

"Eu a amo. E o amor não é um pecado." Sua voz retumbou firme e indignada.

 

"Seu traidor nojento! Você será julgado perante a igreja." Ele não se importava com isso, pois não temia morrer. O seu maior medo era perdê-la.

 

"Por favor, não! Deixem-na. Ela é inocente, apenas uma menina. Por favor, estou implorando por misericórdia!" Mas, não importava o quanto ele lhes suplicava.

 

Logo, a fogueira estava montada no meio da praça, para todos do vilarejo verem. Além disso, ele foi obrigado a estar ali esperando seu julgamento, vendo-a morrer diante dele, vendo o fogo consumir ferozmente o corpo de sua amada sem que pudesse salva-la. Ele nunca iria esquecer aquela imagem. A imagem de sua amada sendo queimada em praça pública.

 

E ali, o homem com seu coração ferido e sua alma despedaçada, deu seu último suspiro, esperando renascer em outra vida, só para poder rever o seu eterno amor...

 

 

 

 

Jacob

"Olá, bela adormecida. Hora de acordar." Dizia Quil me sacudindo insistentemente. "Vamos lá Jake, levanta esse traseiro feio daí."

"Que merda é essa?!" Eu grunhi irado me sentindo completamente frustrado e sonolento. "Será que dá pra parar." Me sentei na cama tentando me orientar, pois ainda estava sofrendo com os efeitos do sono interrompido. Acabei despertando com uma enxaqueca chata sentindo até meus músculos doerem de tensão.

"Uau, alguém aqui acordou com o pé esquerdo." Embry disse zombando de mim, mas seu sorriso logo se desfez dando lugar a uma carranca. "Ou seria porque interrompemos seus sonhos pervertidos?" Ele falou com desdém franzindo o nariz parecendo enojado.

"Mas que droga!" Esbravejei tampando a minha inesperada e constrangedora ereção, com meu travesseiro. "Calem a boca e saiam do meu quarto, Porra!" Por azar eu havia acordado não apenas com uma irritante enxaqueca, mas também com uma baita ereção. Eu me senti irado, frustrado e envergonhado, sem privacidade em meu próprio quarto.

"Relaxa Jake. Normal isso. Todos nós temos sonhos eróticos. Culpa desses malditos homônimos." Quil dizia rindo junto com um Embry nada amigável.

"E culpa também da Leah e aquele corpo cheio de curvas perfeitas e deliciosas que..." Interrompi Embry saltando da cama e dando um murro na sua cara descarada. Ouvir o nome dela só me fez ainda mais furioso.

"Para Jake!" Quil me puxou bruto pra longe de Embry. "Relaxa cara, ele é seu amigo. Qual é o seu problema?" Eu ainda respirava pesadamente, sentindo meu corpo tremer enfurecido.

"Ouch Jake, essa doeu." Embry falou massageando sua mandíbula e limpando o sangue do nariz, me olhando incrédulo. "Ah, espera! Era com ela que você tava sonhando de novo?" Percebi seu tom sarcástico,  já estava prestes a entrar numa luta novamente contra ele, mas Quil se pôs entre nós.

"Ei caras, vamos com calma!” Exclamou Quil. “E Jake, sugiro pra você... Banho Frio!" Seguindo o conselho de meu primo, decidi respirar fundo, ignorar ambos e ir direto tomar um banho frio pra me acalmar. Deixei a água cair sobre mim, enquanto os pensamentos me rodeavam a mente.

As coisas andavam meio tensa entre o bando, desde a noite após o casamento de Bella em que quase perdi o controle. O fato é que tudo se tornou ainda pior, porque naquela mesma noite Embry viu eu e Leah nos beijando no penhasco, ele foi embora sem dizer nada e conseguiu guardar isso pra si até a nossa última patrulha, onde as coisas se complicaram.

Durante a droga da patrulha, eu cometi um erro... a partir da nossa ligação mental Embry viu memórias da minha noite inesquecível com Leah, algo que não foi só presenciado por ele, mas também por Sam. Enfim, o clima pesou entre nós e Lee acabou entrando no meio do confronto direto com o Alfa tentando manter o controle, o que causou ainda mais alvoroço entre a matilha.

 Curiosamente, ela conseguiu contornar a situação com maestria, fazendo Sam e os outros acreditarem que aquilo não era real e sim uma jogada da minha mente transtornada. Isso me fez me lembrar das palavras ásperas de Leah:

“Black prefere se esconder através da luxúria pela única garota do bando, para não pensar na rejeição de sua amada e inocente Bella...”  A jovem de gênio forte, agiu o tempo todo com indiferença e foi tão convincente que até eu mesmo cheguei a ficar tão desconcertado por não saber se era real ou não a nossa noite no penhasco... Por não saber se Leah Clearwater havia de fato passado aquela noite em meus braços sem hesitação. Era uma jogada arriscada, mas que acabou funcionando até certo ponto. Pois, se o resto do bando acreditou na lobinha... Embry e Sam eram outra história.

"Bem, acho que todo mundo aqui já teve sonhos eróticos com Leah." Meus devaneios foram interrompidos por meu primo irritante que continuava a tagarelar em meu quarto. "Não é como se fosse proibido sonhar com ela." Saí do banho apressado, vestindo apenas um shorts jeans e retornei para meu quarto. "Agora Jake, você tem que parar de agir como Sam."

"O quê? Como assim, eu estou agindo como Sam?!" Exclamei olhando descrente para Quil que estava deitado preguiçosamente em minha cama. "Não me compare a Sam!"

"Então, pare de agir como se fosse o dono da Leah!" Embry disse entre dentes me encarando. "Isso já está ficando meio esquisito Jake. Daqui a pouco você vai transferir sua obsessão de Bella para Leah." Seu sarcasmo já estava saindo dos limites, encarei Embry sentindo meu corpo tremer nervosamente.

Embry sabia que eu e Leah havíamos atravessado os limites da amizade, que ela se entregou completamente pra mim (mesmo que por uma única noite) e isso só fez Embry ficar com raiva e me invejar, pois ele sempre cultivou uma paixão reprimida por Lee.

"Daqui a pouco você vai transferir a sua obsessão por Bella para a Leah." Mas, o que ele havia acabado de dizer, ficou martelando em minha mente.

"Afinal, o que tá rolando aqui?" Quil sentia a tensão crescente entre seus dois amigos teimosos. "Por que vocês tão agindo como predadores brigando por território? Credo, somos amigos!" Sua expressão era cômica que foi impossível não rir.

"Sam nos convocou para uma patrulha especial. Temos que ir." Nosso momento de trégua, foi interrompido por Seth chamando lá fora.

"Ah, é verdade temos que ir. Era pra isso que estávamos aqui." Quil disse me empurrando junto com Embry pra fora do meu próprio quarto. "Vamos galera, vamos mexer esses corpos gigantes e preguiçosos." Seguimos para se juntar com o resto do bando e partimos para mais um novo dia exaustivo de patrulha, deixando La Push aos cuidados de Paul, Leah e os outros lobos mais jovens.

 

***/ /***

 

Sam havia juntado o bando pra patrulharmos fora dos limites de La Push, indo na direção da reserva Makah, onde ouvimos casos de ataques de vampiros e desaparecimentos de jovens e crianças. Na forma de lobo corremos organizados e entramos no calor da batalha, confrontando um grupo de vampiros nômades. Tudo parecia sob controle até que ouvi o uivo agoniante de Sam. Corri freneticamente até chegar à clareira onde Sam enfrentava alguma força invisível.

"Sam, o que está acontecendo?" O lobo preto estava se contorcendo de dor no chão.

"Jake, não se aproxime!" Podia ouvir Sam murmurando fraco em minha mente. "Você tem que salvar Emily e meu bebê. Eles vão mata-la!" Ignorei a súplica do alfa e continuei me aproximando, até ver uma vampira de costas pra nós  olhando para a imensidão verde da floresta, com seu cabelo castanho mogno esvoaçante. Mesmo sem ver seu rosto, eu podia ouvir seu sorriso mórbido zombando de nós e, ao fundo, podiam-se ouvir sons de crianças chorando e aquilo me causou calafrios.

"Sam, seja o que você estiver sentindo, não é real. Eu vou atrás dela, mas preciso que você se concentre e ajude os outros." Eu disse batendo meu focinho na lateral do corpo do lobo negro fragilizado. "Vamos lá, você é o Alfa! Precisamos de você aqui firme." Comecei a repassar imagens atuais de Emily em La Push pra provar que ela estava segura. Os olhos do lobo se abriram agora parecendo enfurecidos.

"Tudo bem. Vamos pega-los!" O lobo negro se levantou majestosamente, trocamos um olhar silencioso antes de retornar a batalha.

Eu segui os rastros da vampira, sabendo que ela tinha algum plano cruel de manipular a matilha, porém eu mantive o controle. Ela então correu parecendo quase como se flutuasse por entre as árvores, como se tivesse me arrastando pra uma armadilha, porém eu estava em alerta, com meus sentidos gritando avisando do perigo. Eu corri mais veloz e consegui saltar sobre ela pairando em sua frente, o cabelo castanho mogno esvoaçante agora havia ganhado um rosto familiar. Diante daquela fêmea eu vi o rosto delicado de Bella ganhando traços de um predador frio e cruel, com seus olhos num vermelho escarlate e seus lábios sujos de sangue. Em suas mãos ela segurava uma vida inocente, era uma criança morta cruelmente. Minhas patas empacaram e eu me senti tonto e enojado.

"Ela estava tão apetitosa!" Ela sorriu friamente pra mim, jogando o corpo no chão sem remorso. Ali diante de mim, eu vi Bella como uma vampira assassina, fazendo cada célula de meu corpo estremecer em agonia.

"Não, você não é real." Eu desviei os olhos dela.

Aquela não podia ser a minha Bella. Não, ela não era um monstro.

Fechei  os meus olhos tentando controlar meu corpo, cheguei a trancar minha respiração pra não sentir o seu cheiro fétido de morte irradiando dela. Meu coração batia dolorosamente, só de vê-la assim como um predador monstruoso. Como um alguém tão brutal e distante da garota que eu daria a minha vida pra manter segura e viva.

"Jake, ela não é real." Eu ouvi a voz de Leah ao longe invadir a minha mente. "Você tem que mata-la... Agora!" Sua voz retumbava bravamente pelo bosque.

"Eu não posso!" Eu dizia ainda de olhos fechados, sentindo meu corpo tremer de aflição e raiva. Nesse instante, senti a sanguessuga me derrubar violentamente sobre o chão bruto, causando uma dor horrível em minha pata traseira.

"Jacob, ela não é... Bella. Abra os olhos e confie em mim!" Leah dizia firme e com um tom ponderado, me fazendo se sentir mais confiante e equilibrado. Decidi me concentrar apenas na voz da pequena loba cinza. Quando reabri meus olhos, me deparei com a vampira em sua verdadeira face, sem nenhum vestígio de Bella. "Ela apenas estava jogando com suas mentes. Faça-a pagar!" E eu fiz... me levantei ignorando a dor latejante na pata e choquei meu corpo animalesco sobre o corpo de mármore daquela vampira manipuladora a derrubando no chão. O barulho de nossa luta era tão forte que a terra tremia sobre minhas patas. Logo, consegui estraçalhar furiosamente o corpo daquela sanguessuga, fazendo justiça as vidas inocentes mortas por suas mãos imundas. Não demorou muito para a matilha se reunir na clareira onde montamos uma fogueira para queimar os restos daqueles vampiros.

Infelizmente, não conseguimos resgatar as vidas que foram capturadas. Nós até encontramos corpos de crianças mortas no meio da floresta, onde morreram secas sem nenhum sangue em suas veias.

"Desgraçados!" Sam dizia ainda parecendo perturbado pelas memórias horríveis que a sanguessuga havia implantado em sua mente. "Parecia tão real." Ele continuava murmurando, aborrecido. "Se ela tivesse tocado em Emily..."

"Mas, não foi real. Ela está segura em La Push com Leah." Eu disse parando a seu lado olhando o fogo queimar aqueles corpos podres. "Pobres crianças, tiveram suas vidas interrompidas de uma forma tão brutal."

"Esses sanguessugas são como uma praga." O lobo negro rosnava em fúria. "Ela tentou manipular você também, não é." Ele disse me olhando nervoso. "Eu vi Bella lá, naquela maldita ilusão, usando-a para controlar você."

Então, a matilha também havia presenciado meu pesadelo!

"Sim parecia real." Resmunguei tentando limpar a minha mente daquela imagem horrível.

"É, deve ter sido horrível ver a garota que você ainda cultiva uma paixão não correspondida, ser mostrada como um monstro." Dizia Jared se juntando a nós. "Mas Black, você sabe que isso irá acontecer não é?! Cedo ou tarde Bella irá morrer para se tornar uma verdadeira Cullen." Suas palavras me causaram um alvoroço terrível por dentro.

"Tecnicamente, ela já é uma Cullen. Na certidão de casamento ela já possuiu o sobrenome. Agora só falta se transformar numa criatura como eles."

"Talvez, nesse exato momento, Edward já tenha transformado ela."

Jared e Sam continuavam murmurando entre si como se eu nem estivesse ali. Eu não suportava ouvir as palavras deles, dei as costas ao bando e sai correndo desenfreado de volta pra La Push. Eu precisava de um tempo sozinho. Enquanto corria tentando me libertar dos pensamentos ruins que me nublavam as ideias, acabei cruzando meus pensamentos com os de uma loba muita brava.

"Esse amor por Bella, ainda vai mata-lo!" Ouvi sua mente gritar em amargura, enquanto ela corria tentando fugir de mim, mas dessa vez decidi que não iria deixa-la fugir sem termos uma conversa franca. Corri com uma determinação incessante, decidido a confronta-la, pois essa poderia ser a minha chance.

 Curiosamente, acabamos no riacho ao norte, além da fronteira de La Push.

"Ei, vocês dois. Sugiro voltar a forma humana se não querem confusão e ninguém pra espiar seus pensamentos." Paul disse nos alertando, agradeci silenciosamente a ele e voltei à forma humana. Desamarrei o shorts do meu tornozelo e já devidamente vestido segui atrás de Leah, a encontrando na beirada do riacho também em sua forma humana já devidamente vestida com uma regata azul e seu mini shorts jeans num amarelo desbotado.

"Droga! Vai embora. Não quero confusão." Ela dizia sem me olhar na cara. Imaginei que a confusão que ela se referia era Sam.

"Uau, a Leah que conheço não temeria confusão nenhuma e nem Sam." Falei parando do seu lado e ouvindo ela bufar de raiva.

"Cala a boca! Você não sabe nada." Senti ela se mexer desconfortável ao meu lado. "Você parecia que queria ficar sozinho. Então, aqui já é o MEU lugar." Enfatizou cruzando os braços. Eu a olhei me divertindo com o seu mau-humor.

"O MEU Lugar?!" Ironizei tentando imitar a sua voz. "Não tô vendo seu nome aqui." Eu disse lhe provocando e ganhando um olhar mortal. Leah suspirou frustrada, franziu a testa como se tivesse refletindo sobre algo e depois tentou passar por mim na tentativa de retornar provavelmente de volta a La Push. "Ei, espera!" Segurei seu pulso e a puxei mais próximo de mim, fazendo-a me encarar, suas mãos timidamente tocavam meu peito nu e seus olhos negros pareciam brilhar com uma pequena faísca de desejo refletidos nos meus. Toca-la causou um pequeno choque como se uma corrente elétrica percorresse nosso corpo e eu sabia que ela sentiu a mesma sensação. "Eu não quero ficar aqui sozinho." Ela revirou os olhos parecendo impaciente.

"Black, você tá com medinho? Por favor, você é um enorme lobo que acabou de estraçalhar um grupo de vampiros." Ela puxou bruscamente seu braço da minha mão tentando se manter distante.

"Bem, nada poderia me dar mais medo do que Leah Clearwater... a Harpia amargurada." Eu disse só pra irrita-la. Sua raiva era meu divertimento. "Mas, eu também temo a sua indiferença, a sua ausência... E eu odeio isso." Eu disse exausto tentando derrubar a barreira que ela queria colocar entre nós. "Lee, nós precisamos conversar." Tentei me aproximar, mas ela me parou com seu olhar firme e intenso.

Desde aquela noite em que a tive entregue sem pudor por completo em meus braços, nós não tivemos a chance de conversamos. Às vezes, quando me lembro daquela noite a alguns dias atrás, sinto como se fosse surreal, apenas um sonho maravilhoso que foi desfeito abruptamente, quando no dia seguinte despertei sozinho ouvindo o barulho do mar agitado e o vento frio penetrar a minha pele deixando seu cheiro impregnado em mim. O que mais me frustrava era que essa loba teimosa parecia querer fugir o tempo todo.

"Black, não sou uma boa companhia. Não estou a fim de falar com ninguém. Nem ouvir suas lamentações. E chega de encrencas!" Isso me irritou.

"Encrencas?! Eu não quero arrumar nenhuma encrenca. Eu só quero uma conversa franca. E você precisa parar de me chamar de Black." Murmurei muito impaciente desafiando-a.

"Afinal, o que você quer?!" Sua voz exclamava parecendo muito ansiosa. Ela mordia os lábios nervosamente, enquanto olhava para o céu alaranjado do fim de tarde.

"Quero que você pare de fugir de mim como se eu fosse uma praga."

"O quê? Eu não tô fugindo..."

"Sério?! Por que não é o que parece." Ela apenas deu de ombros e começou a rir. "Eu não estou brincando."

"Isso é uma ameaça?" Agora seu olhar faíscava provocativo. "Estou cansada de ficar aqui ouvindo ordens de todos, como se eu fosse um cão adestrado. Já não me bastava Sam, agora tenho que aguentar você?" Ela passou por mim batendo seu ombro com força em meu braço, porém no meio do seu trajeto ela parou de costas pra mim. "Eu odeio essa vida aqui em La Push. Eu odeio Emily, Sam e a vidinha perfeita que eles vão construir juntos. Eu odeio essa droga de matilha. E eu odeio você." Suas ultimas palavras saíram num sussurro fraco.

"Por que você me odeia?" Me senti afetado por suas palavras, mas eu sabia que através da sua postura rancorosa e arrogante, lá no fundo se escondia uma Leah vulnerável tentando afastar todos dela. "Pare de agir como a harpia amarga e não desconte suas frustrações em mim."

"Então, me deixe sozinha! Eu não pedi pra você vir aqui." Ela se virou para me confrontar me olhando apática. "Você disse que eu queria fugir, como se você não tivesse fazendo o mesmo. Hipócrita!" Aquilo me causou um uma irritação tão desconfortável. "Eu lhe vi lá com Sam e Jared, com eles falando sobre sua preciosa Bella Swan... Eita me esqueci..." Ela ergueu as sobrancelhas em sinal de ironia dando uma pausa em sua voz antes de continuar e depois caminhou até mim, como uma víbora esboçando um falso sorriso. "Agora ela é Isabella Cullen..." Eu fechei os meus olhos e respirei fundo, decidido a não entrar no jogo desta Leah amargurada, com suas palavras cheias de veneno. "Você veio aqui tentando fugir da realidade... Pra pensar naquela adoradora de sanguessuga." Então, eu senti o primeiro golpe bem no meu peito, sem vacilar ela fechou os punhos e começou a me atacar descontando sua fúria. Cada soco era forte, doloroso, mas não o suficiente pra me derrubar. Leah estava me batendo fisicamente, ao passo que suas palavras surgiam afiadas me penetrando a cabeça quase me desequilibrando. "Eu senti o quanto as palavras deles te machucavam e de novo eu senti a sua dor. A dor da rejeição que sentiu quando ela voltou para os braços daquele sanguessuga." Suas palavras eram mais perigosas e letais do que seus golpes físicos.

"Pare com isso!" Sentia meu abdômen latejar, mesmo assim, segurei seus braços com força impedindo outro golpe, nossos olhos faiscavam e nossa respiração ofegava pesada. "Por que está fazendo isso?" Eu vi vulnerabilidade em suas órbitas negras e aquilo me assustava, havia algo diferente nela. "É por causa do casamento de Sam que você está assim? Você ainda o ama?" Eu me senti inseguro, com raiva e com muito ciúme. "Ou só tá sendo covarde e se escondendo atrás de sua relação falida com Sam, pra fugir de mim?" A segurei firme em meus braços, tentando manter o controle pra não perdê-la.

"Sam está me punindo. Você sabia disso?" Murmurou trêmula, sempre mantendo seu olhar distante do meu. "Ele sabe o que aconteceu entre nós... Sabe que nós sentimos e compartilhamos naquela noite..." Sua voz caiu como se o que ela tivesse dizendo fosse um segredo. "Ele se sentiu traído e ele quer me ferir..."

No meio de toda essa confusão, ainda havia Sam. O alfa tratou logo de me afastar o mais longe possível de Leah, tirando ela das patrulhas para ficar presa em La Push com Emily para ajudar nos preparativos do seu casamento, o que era bizarro. Fiquei perplexo quando papai me disse que a lobinha havia decidido de bom grado ficar com sua prima na reserva, sabendo que eles estariam arrumando o enxoval para o casamento da sua prima com seu ex-namorado. Imagino que Lee deveria se sentir magoada, ou no mínimo mais rancorosa e desconfortável, porém parecia que qualquer coisa, até mesmo ajudar Emily com seu casamento, era menos terrível do que ter que me encarar e ser franca comigo, ou até mesmo enfrentar seu ex e admitir que o que tivemos era real e dane-se Sam e suas regras nojentas! Mas, agora vendo ela aqui diante mim parecendo tão esgotada e brava me fazia entender as coisas sobre uma nova perspectiva.

"E Sam tem o poder de me ferir, seja através de me manter presa em La Push vendo Emily se preparar para o casório, ou através de você, Jacob." Nos olhamos atordoados.

Eu sabia que Sam não iria facilitar as coisas. Ele quer me manter longe dela, mas eu não vou deixar.

"Lee não podemos deixar Sam mandar em nossas vidas. Ele não tem esse direito." Rosnei enfurecido, mas ela segurou o meu rosto prendendo meu olhar ao dela. "Lee, nós não precisamos ficar longe um do outro. Eu..." Porém, suas próximas palavras me paralisaram.

"Ele não precisa me manter longe de você. Você já faz isso sem esforço."

"O quê? Eu não quero lhe manter longe." Eu disse prendendo mais seu corpo ao meu. "Eu quero lhe manter aqui comigo, presa em meus braços." Sussurrei aproximando seu rosto ao meu, roçando nossos narizes. Eu queria tanto beija-la. "Lee eu não vou ferir você. " Leah acariciava meu rosto com ternura, mas permanecia com suas palavras duras me deixando tão inseguro quanto furioso.

"Você ainda é tão ingênuo!" Ela me empurrou pra trás bruscamente me afastando dela. "Sam estava lá na clareira empurrando você a pensar em Bella. Você ainda está tão preso àquela maldita garota!"

"Não fale assim dela." Rosnei fazendo-a parar e me olhar ferida. Eu fiquei gritando internamente comigo mesmo por minha atitude idiota.

"Aí está o problema, Black. Você está tão preso a essa garota. Até aquela vampira conseguiu penetrar a sua mente e descobrir que sua querida Bella é seu ponto fraco." A loba esbravejava com desdém.

"Bella não é o meu único ponto fraco." Grunhi exausto sentindo o fogo da irá me corroer por dentro. "Aquela vampira não conhece as profundezas do meu coração." Eu tentava procurar o seu olhar, mas Leah parecia tão distante, presa dentro de si. "Naquele momento eu sabia que papai, Rachel e você estavam seguros em La Push, longe das mãos daquela criatura nojenta. A matilha estava em perigo e pra salva-los eu tinha que matar a sanguessuga. Ela precisava me parar, então, usou a única coisa que poderia me fazer fraquejar naquele instante." Eu precisava fazer aquela linda garota temperamental entender a minha perspectiva da situação. "Sim Lee, eu temo ter que confrontar uma Bella como vampira. Eu temo ter que mata-la se ela virar uma ameaça. Assim como eu sei que você temeria ter que confrontar um Sam ou uma Emily, porque ambos também são o seu ponto fraco." Agora seu olhar me fuzilava.

"Você queria uma conversa franca. E então, aqui estamos nós." Leah sorria triste fazendo um nó se formar em minha garganta.

"Eu não vim aqui pra falar sobre Sam, ou Bella ou sobre a matilha. Eu estou aqui por nós." Resmunguei querendo apenas um momento de paz com Leah. Estava cansado de brigas e desencontros. "Estou aqui por aquela noite. A noite mais perfeita e incrível da minha vida." Isso parecia ter mexido com ela, fazendo-a me olhar hesitante piscando sem parar.

"O problema é por mais perfeita que possa ter sido estar em seus braços..." Ela carregava uma expressão sombria. "Eu acordei pra me deparar com a realidade e não é assim bonita ou perfeita. Ela é cruel."

"Leah olha pra mim. Não faça isso com a gente." Segurei seu rosto entre minhas mãos, gostando da sensação de tocar a sua pele bronzeada e macia, seus olhos se prenderam intensos nos meus. "Estar com você é tão bom e excitante." Sussurrei rouco em seu ouvido, antes de apertar minhas mãos em sua cintura, colando mais nossos corpos e fazendo ela sentir  uma prova do meu desejo nu e cru do quanto a queria. Seu corpo logo reagiu ao meu exalando seu cheiro feminino de pura excitação me deixando sem controle. "Caramba, você é tão linda." Então, um segundo depois, eu a beijei com um beijo de tirar o fôlego, saboreando cada canto de sua boca carnuda, sentindo seu gosto, enquanto minhas mãos se dividiam entre sua cintura e sua nuca, a encurralando em meus braços. Suas mãos se fixaram fortes em meus cabelos e seus lábios me correspondiam famintos. Quando o ar se tornou escasso nos separamos ofegantes encostando nossas testas. "Você também sentiu a minha falta, não é?" Eu a provoquei rindo entre beijos e carícias.

"Você é tão presunçoso." Ela tentou se libertar de meus braços, porém eu era mais forte. Só pra sacanear, eu a joguei em meu ombro ignorando suas reclamações e seu corpo que se debatia tentando fugir. "Jake, não!" Corri saltando dentro do riacho, mergulhando fundo levando ela comigo.

"Você precisava esfriar a sua cabeça, Clearwater." Eu gargalhava vendo a cara dela amarrada após voltar a superfície recuperando o ar. "Você fica bem molhada assim. Tão sexy e apetitosa." A regata havia grudado em seu corpo expondo seus belos seios firmes pedindo para serem tocados e de seus cabelos curtos caíam gotículas de água que deslizavam por sua pele acobreada, fazendo-a ainda mais sexy e selvagem.

"Jacob você está querendo é ferrar a minha vida e..." E novamente eu a calei com um beijo avassalador. Um beijo pra fazer esquecer de tudo, de todas as dores, inseguranças e medo, porque tudo o que importava era nos perder nos braços um do outro.

"Vamos aproveitar e gozar do momento e dane-se o resto." Disse malicioso entre beijos. Abri a boca sentindo sua língua acariciar a minha, queria aprofundar nosso beijo, queria explorar cada centímetro da boca dela e, assim, nossos lábios se moviam sincronizados.

Deixando a razão de lado a jovem índia enlaçou suas pernas em minha cintura roçando nossas intimidades, me fazendo gemer seu nome. Suas mãos se emaranharam furiosas em meu cabelo, enquanto minhas mãos deslizavam livres por cada pedaço de sua carne quente, macia e cheirosa. Continuamos nos beijando lentamente, apreciando o gosto um do outro, saboreando o sabor do desejo e amor que pulsava vorazmente entre nós. A combinação entre a água fria e nossa pele febril era tão maravilhosa, meu corpo todo estava ardendo entusiasmado por tê-la junto a mim.

Infelizmente, nosso momento de alegria foi rompido por uma Leah completamente fragilizada. Ela escondeu seu rosto em meu pescoço e começou a chorar silenciosamente.

"Lee, o que está acontecendo?" Me senti tenso.

"Eu odeio o meu destino, sabendo que meu futuro já está todo traçado." Ela me abraçou apertado como se tivesse com medo.

"Por que você está falando isso?" Acariciei suas costas por baixo da água tentando acalma-la.

"Eu vi o meu passado. Um passado que condena o meu futuro." Ela parecia tão transtornada. "A pior parte é que eu não posso fugir dele. E não importa se estou com você aqui, cedo ou tarde o destino irá te puxar brutalmente pra longe de mim." Seus olhos se fixaram em mim desesperados e sua voz cada vez mais soava cheia de angústia. "Porque você não me pertence e isso dói." E, assim, a garota fugiu dos meus braços e saiu da água perdida em seus próprios pensamentos conturbados.

"Lee, eu estou aqui. E eu não quero estar em nenhum lugar a não ser com você." Enfatizei saindo da água e seguindo logo atrás dela. Leah me fez parar tocando meu peito sobre o coração que pulsava frenético por ela.

"São belas palavras vindas de um garoto que, até dias atrás, estava disposto a fazer o possível e até o impossível pra estar com Bella."

"Eu já não sou mais um garoto!" Eu gritei cerrando os punhos. "Que merda! Por que você tem que complicar as coisas."

"Porque vamos enfrentar os fatos... Você é só um adolescente rebelde, cheio de hormônios e muita energia precisando ser liberada. E por trás disso tudo, ainda há um garoto que teve que ser forçado a amadurecer, daí você se apega a qualquer coisa pra suprir a solidão."

"Solidão?! Ótimo, continua. Você pode acrescentar o amargurado aí também, combinaria com você." Ela me ignorou e continuou impetuosa.

"Você é alguém tão puramente movido a paixão. Quando você ama, ama por inteiro. Se joga impulsivo nessa relação, mesmo não sendo correspondido. E se dedica a aquilo como se fosse a coisa mais preciosa do mundo." Eu fiquei apenas lá chocada como Leah continuava tagarelando na minha frente. "Era assim que você agia com aquela garota..." Lá estava ela trazendo Bella entre nós. "Você estava tão empenhado em cuidar dela e ama-la, mesmo que ela não merecesse." Sua voz parecia querer me sufocar e me arrastar para um abismo de incertezas. "A questão é... você ainda é o mesmo menino Jacob que deseja desesperadamente ser amado plenamente..." Suas palavras me deixaram sem chão, causando um ardor no meu peito, fazendo cada músculo de meu corpo tremer pesadamente. "Mas, eu não posso lhe dar isso. Estou tão danificada, que eu só lhe traria mais sofrimento."

Quando a toquei tentando acalma-la, foi então, que nossos olhos se prenderam e, por um minuto eu entrei em transe, sendo arrastado inesperadamente para um outro lugar:

"Eu estou com medo. Mas, se não nos reencontrar aqui de novo... Lembre-se que eu te amo e sempre vou amar!"

 

"Eu também te amo, meu passarinho. E se esse momento for a nossa despedida, quero que saiba... Não importa quantas vidas terei que viver pra reencontrar você. Não alguém como você, mas você, porque a sua alma e a minha têm de estar sempre juntas."

 

Num piscar de olhos, bruscamente despertei desnorteado, voltando à realidade.

"O que foi isso?" Pisquei várias vezes e olhei para Leah em busca de alguma resposta.

"Eu não sei." Leah ficou agitada com um olhar arregalado parecendo assustada.

De repente fomos interrompidos por uma ventania forte e gélida, o vento soprava furioso sobre nós balançando severamente as folhas das árvores e alvoroçando os pássaros.

"Temos que voltar." Então, Leah explodiu em seu lobo cinza e correu fugindo covardemente de mim, tirando qualquer chance entre nós, causando um turbilhão de confusão dentro de mim.

Contudo, uma certeza eu tinha... Não dava mais pra convivermos apenas como irmãos de bando, ou como Leah e Jake de antes, como se nada tivesse acontecido. Como se eu fosse ainda aquele garoto imaturo como ela costumava me chamar. Nós atravessamos a linha da amizade e fomos além. De uma forma ou de outra, nossa relação irá mudar. E, acima de tudo, eu sabia no fundo da minha alma que não importa o quanto ela fugisse, seu coração lhe guiaria de volta até mim. E eu vou estar lhe esperando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por enquanto é isso, mas o próxima cap deve sair logo se a net me ajudar pq ele já tá praticamente prontinho. Bjus!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coração Indomável" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.