Rosalie Hale - A História escrita por Ditto


Capítulo 6
Transformação




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Como Royce, Royce King, poderia estar lá no meio? Isso não podia estar acontecendo!

– Rose! - e ele com seus amigos se aproximavam. O que eu deveria fazer? Correr? Mas ele é o Royce, meu noivo, não tem nenhum perigo

Logo reconheci os outros homens, eram todos ricos, todos amigos de Royce que eu tinha visto nas diversas festas que frequentei. Mas tinha um que nunca tinha visto, e aí lembrei, Royce tinha me dito que vinha um amigo dele de Atlanta.

– Aqui está minha Rose! - Royce gritou com eles - Nós estamos com frio por causa do tempo que nos fez esperar.

Esperar? Eu não tinha nada marcado com ele. O que ele estava fazendo aqui?

Eu me assustei ao ver ele totalmente bêbado. Ele só bebia uma taça de champanhe em algumas festas e me dizia que não gostava de champanhe. Não tinha me dado conta que ele gostava de algo mais forte.

— O que eu te disse John? — Royce gritou alegremente, agarrando meu braço e puxando-me para perto — Ela não é mais bonita que seus pêssegos da Geórgia?

E ele me mostrava como se eu fosse um cavalo que estivesse vendendo.

– É difícil dizer - John disse lentamente - Ela está toda coberta. - E os outros ficaram rindo.

Royce, aproveitando a brecha, arrancou o casaco dos meus ombros — havia sido presente dele — fazendo que os botões que o prendiam se espalharam pela rua.

– Mostre-me como você é Rose! -Royce riu de novo, e então ele arrancou meu chapéu da minha cabeça. Os broches estavam presos nas raízes dos meus cabelos, e então chorei de dor. Mas nenhum deles se importou com minha dor.

– Não! - gritei tentando me desvencilhar deles.

– Calma docinho - um dos amigos dele falou - Aproveite o momento.

Eu tentava fugir, sair daquele lugar horrorento. Eles formaram um círculo, e eu estava no centro. Sem saída.

– Por favor! - tentei apelar.

Eles somente riam, mas continuavam em suas posições.

– Sabe Rose, eu sempre imaginei esse momento, o seu momento de entrega para mim. - Royce falou lentamente.

– Por favor Royce, você vai ser meu marido, tenha piedade.

– Você sempre foi muito bonita Rosalie, muito bonita... - ele sussurou.

Isso não podia estar acontecendo. Esse não podia ser o Royce. Isso deveria ser um sonho. Sim, apenas um sonho. Um pesadelo horrivel e a qualquer momento acordaria e tudo estaria bem.

Meu vestido foi arrancado e os flocos de neve batiam em minha pele. Infelizmente isso era real, e aterrorizante.

– Por favor, por favor - e as lágrimas rolavam soltas por meu rosto.

E eles se aproximavam e aproximavam. Mil planos passavam por minha cabeça para tentar sair daqui. Mas todos falhariam no final. Como poderia enfrentá-los numa luta? Cinco homens contra mim.

O pior pesadelo estava acontecendo. O pior de todos. E isso era pior que todos porque era real. Totalmente real.

A dor era insuportável, senti como se estivesse sendo rasgada por dentro, mas eles riam mal se importando com o que estava acontecendo. Eu conseguia sentir o cheiro de sangue. De onde estava vindo? Foi aí que percebi, era eu, eu que sangrava. As lágrimas nos olhos me impediam de ver qualquer coisa. Eu só pude rezar para que aquilo acabasse logo.

Mas eles mal se importavam e continuavam, continuavam o ato horroroso que estavam praticando. Eu tinha desistido de gritar. Não tinha ninguém aqui ao redor para ajudar. Eu estava fraca, não tinha mais forças para gritar por socorro.

Eles riam, e riam e riam. Não sei por quanto tempo esse tormento continuou, mas eu tinha desmaios frequentes e sempre era acordada com tapas e chutes.

Eu não sentia mais nada, meu corpo inteiro estava dormente, a dor me consumia. Só percebi que tudo estava acabado quando senti o gelo da neve ao meu redor, eles tinham me largado no chão.

– Que pena Royce, vai ter que arranjar uma nova noiva. - eu ouvi a voz de algum deles ao longe.

– Talvez você devesse ter mais paciência... - um outro comentou.

– Uma pena, acho que não encontrei outra noiva tão bela quanto essa. - Royce comentou. - Essa aí só prestava por causa da beleza. Enfim, terei que substitui-la.

E ele disse isso com tanto descaso.

Eu ouvia eles indo embora, mas agora nada mais importava, o flocos de neve que caíam aliviavam mais e mais a minha dor. Minha visão estava ficando turva, estava morrendo. Mais eu ainda não queria morrer, só tinha uma razão pra eu continuar a tentar ficar de pé, eu queria vingança, vingança contra Royce e todos os amigos estúpidos.

Eu tentei me levantar mas meu corpo não correspondia. Eu estava sozinha lá, pronta para morrer. Fechei os olhos aceitando a situação. Será que morrer doi?

Mas de repente eu ouvi passos, ao menos parecia passos, eram rápido demais.

– Se acalme Rosalie - uma voz de veludo falou - Tudo vai ficar bem. Eu vou cuidar de você.

E ele me pegou nos braços de forma gentil. Por incrível que pareça ele era mais frio que a própria neve. E depois um vento entrava por meus cabelos. O que era isso? Ele estava correndo? Mas logo não me importei mais, eu quase não sentia mais dor. Eu ia morrer, e tudo ficaria bem.

De repente algo estava me cortando, algo afiado, os pulsos, o pescoço, as pernas, tudo.

– Ja não bastava a minha dor lá!? Tem que me trazer aqui para me torturar mais ainda!? - berrei com o resto de força que tinha.

– Eu sinto muito por isso Rosalie, mas logo vai passar, eu juro que vai... - a voz de veludo falou.

E o fogo começou a me queimar. Um fogo intenso. A dor, a dor que eu achava que não podia piorar aumentou umas mil vezes. Eu estava sendo queimada viva. Ele tinha me trazido aqui só para me queimar.

Mas ninguém vinha, ninguém vinha me ajudar.

– Isso vai passar - a voz continuou - Eu sou Carliste, Carliste Cullen, e você esta se tornando vampira, assim como nós, após essa dor você ficará forte e tudo ficará bem.

– Me mate - só pude gemer baixinho - por favor...

Mas ele não o fez, apenas se sentou ao meu lado e segurou a minha mão.

O fogo estava me consumindo. E parecia que corroía tudo por onde passava. Eu queria morrer, pouco me importava a vingança agora, eu só queria morrer, fazer tudo passar e nunca mais voltar.

– No que estava pensando Carliste? Rosalie Hale? - um outro homem discutia e apesar da dor conseguia ouvir tudo ao meu redor.

– Eu não podia deixá-la simplesmente morrer, Edward. - Carlisle disse baixinho - Foi demais, horrível demais, muito desperdício.

– Eu sei. - Edward falou desinteressado. Isso me irritou. Eles falavam ao meu lado sem ligar para minha agonia.

– Era desperdício demais. Não podia abandoná-la. - Carlisle repetiu.

– É claro que não podia. - uma mulher falou.

– Pessoas morrem o tempo todo - Edward lembrou-os com uma voz dura. - No entanto vocês não acham que ela é reconhecível demais? Os Kings vão fazer uma enorme procura, não que alguém suspeite daquele demônio. - Edward rugiu.

Apesar desse Edward, que mal me conhecia ficar falando mal de mim, eu me senti bem, senti bem porque eles sabiam quem Royce realmente era. Talvez depois da minha morte eles pudessem se vingar por mim.

Por fim o fogo começou a apagar, meu coração estava acelerado quando o fogo consumia tudo, mas ele parou, parou de bater. Então, eu estava morta? Mas me sentia tão forte, como seria possível?

Continuei com os olhos fechados e agora as coisas estavam muito diferentes, eu podia sentir o cheiro da grama, podia ouvir a respiração das pessoas e até os carros na estrada, até uma conversa ao longe:

– Anna, eu já te falei pra não ir a casa dele.

– Mas ele é tão simpatico mamãe.

– Pode abrir os olhos - Edward falou.

– E quando abri me deparei com três pessoas, e eles eram lindos. Me lembrei que eles eram os Cullens.

– Lembra do que eu te disse Rosalie? - Carliste educadamente perguntou.

– Bem... não sei ao certo. Onde estou? O que aconteceu comigo?

– Nós somos vampiros, por isso essa beleza, também temos super força, rapidez... - e ele continuou falando, só que dessa vez eu acreditei.

Tinha um espelho na casa deles e tinha uma moça muito linda nele.

– É você - a mulher disse gentilmente - A propósito, meu nome é Esme.

Eu me aproximei do espelho. A mulher refletida era linda. Eu estava linda, mais linda que eu sempre fora. Meu corpo, meu rosto, tudo estava perfeito, mas meus olhos... eram vermelhos?

– Sim, são. Mas não se preocupe, logo eles ficaram como os nossos, de uma cor ocre. Você esta com fome, não quer caçar? - Edward perguntou.

E eu senti que o fogo continuava em mim, mas somente na minha garganta.

– Caçar?

– Sim. Nós somos diferentes, somente caçamos animais. Claro que se você quiser, pode partir e caçar humanos, mas na minha família temos essa regra. - Carliste falou.

Eu não quero ficar sozinha, muito menos agora que sou algum tipo de animal que nem eu mesma entendo.

– Ótima escolha. - Edward respondeu.

– Como? Como você faz isso? - perguntei irritada.

– Eu leio mentes.

– Como é que é?

– É isso mesmo.

– E eu tenho algum poder? - perguntei curiosa.

– Depois descobrimos

– Esme vai caçar com você. - Carliste disse.

– Ótimo. - Esme parecia feliz com minha presença, ao contrario de Edward.

– Vamos - ela disse me estendendo a mão.

Caminhamos até a floresta e paramos em uma clareira.

– E agora? O que eu faço?

– Relaxe e deixe os seus instintos te guiarem.

Eu fechei os olhos e consegui ouvir tudo ao meu redor, e batidas de coração. Só que o cheiro era horrível...

– O que são? Não parece bom.

– São cervos. Agora é só atacá-los e sugar o sangue.

Parecia difícil, mas deixei os instintos guiarem e quando percebi o animal já estava morto e eu já tinha sugado todo seu sangue.

– Nossa, por que ainda sinto fome? Ou melhor, sede?

– É comum, você é uma recém-criada, logo irá normalizar.

Passei o dia inteiro caçando, quando terminei minhas roupas estavam um trapo, todas rasgadas e com sangue.

– Não se preocupe com isso Rose, eu te empresto algumas roupas.

E ela falou meu nome com tanto amor que eu me surpreendi, minha propria mãe nunca tinha me chamado de Rose, só era Rosalie para lá e para cá.

– Como pode gostar de mim se mal me conhece?

– Sinto como se você fosse minha filha. - e ela disse isso tão calmamente.

E voltamos, Esme ficou calada na volta. Quando chegamos em casa, Carliste estava lendo o jornal um pouco preocupado.

– O que há? - Esme perguntou.

– Estão procurando pelo corpo de Rosalie. Ao que parece receberam uma chamada anônima afirmando que ela foi assassinada. Saiu um anúncio aqui no jornal, ganhará uma grande recompensa quem achá-la. E a recompensa é bem grande, aposto que toda cidade se mobilizará. Acho melhor nos mudarmos.

– Se você acha - Esme docemente falou - E quando partiremos?

– Quanto antes melhor, vou fechar algumas coisas do hospital, terminar o tratamento de alguns pacientes, acho que partiremos daqui a uma semana.

Eu subi para pegar outra roupa. Uma semana? Apenas uma semana? Eu queria vingança, queria matar aqueles que me torturaram, fazer eles pedirem clemência, e eu riria deles, sem piedade nenhuma, igual ao que eles fizeram.

– Eu não faria isso se fosse você. - Edward apareceu me assustando.

– É,o que? - tentei disfarçar.

– Lembre-se que eu leio mentes, não me trate por idiota, e não concordo com isso.

– Por favor, não conte a Carliste e Esme, eles não entenderiam.

– Sabe Rosalie, esse desejo de vingança não vai acabar assim tão facil.

– O que você sabe sobre isso?

– Eu tive uma fase um tanto rebelde por assim dizer, foi no ano de 1923 mais ou menos, e resolvi caçar humanos, os maus, claro. Mas isso não é suficiente. Quem somos nós para julgar os bons dos ruins?

– Pode até ser. Mas olhe, eu nunca descansarei enquanto eles tiverem soltos por aí. Eu apenas vou matar eles, ninguém mais...

– Carliste não vai gostar disso... - ele murmurou mas consentiu. - Tudo bem, mas seja breve e não atraia suspeitas para nós - e ele saiu do quarto.

Agora eu teria minha sonhada vingança. Deixaria Royce por último, para ele sofrer, saber que eu estava a procura dele. Agora iniciava meu plano, a primeira morte: John Masthungs, aquele adorável amigo de Atlanta.


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