A Vida Continua - Fase 02 escrita por Andye


Capítulo 4
Verdades




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A discussão alcançava tons mais altos e muito alarmantes agora. Hermione estava desesperada e aumentava o tom de voz tentando ser ouvida. Rony, por sua vez, acompanhava aumentando sua voz também, chamando a atenção de todos os convidados presentes na Toca.

– Já falei que não tenho nada a falar, Hermione.

– Mas eu tenho. Quero saber o que está acontecendo entre você e a Estella.

– Eu e a Estella? – o tom era debochado – Será que você não imagina? Não passa por sua cabeça super pensante o que acontece? Não me faça subestimar a sua inteligência, Hermione.

– Ronald! Como você pôde fazer isso comigo? – a voz estava estrangulada.

– Como? Quer mesmo que eu explique?

– Sim, eu quero! – ela gritou.

– Então, senhorita sabe-tudo, eu cansei de você. Entendeu. Cansei.

As lágrimas caiam pesadas. Ela não conseguia mais controlar. Ele continuou.

– Você é chata e irritante. Sempre quer estar certa por tudo. Não consegue ver beleza em nada além do que te convêm. Você é seca, Hermione. Seca. Não é capaz de brotar nenhum tipo de sentimento dentro de você. E eu quero me afastar de você porque isso tem me feito mal.

“Não te suporto mais. Não te aguento mais. Cansei de estar do lado de uma pessoa morta por dentro. Sem atrativos, sem alegria e sem esperança. Você não sabe o que é a vida. Não sabe o que uma pessoa precisa passar de verdade para vencer na vida. Você sempre teve tudo. A filhinha amada, a melhor aluna de seu tempo...”

– Rony, para com isso – a voz de Gina ecoou fazendo-o se assustar.

Hermione era só pranto. Estava em lágrimas. Não aguentava mais essa situação. Como Rony podia pensar tudo isso dela? Ela tentava entender sem conseguir explicação.

– Ah! O que é, Ginevra? Veio ajudar a sua amiguinha sabe-tudo?

– Rony, você está sendo grosso com a Mione. E pare de gritar...

– Não, Gina. Apenas estou falando a verdade. A verdade que ninguém tem coragem de dizer.

– Cara – Harry meteu-se – Você está alterado. É melhor descansar um pouco antes de conversarem.

– Eu não quero descansar porra nenhuma, Potter.

– Ronald! - ouviu a voz da mãe de longe.

– Ah, claro. Harry Potter – a voz prosseguia debochada - O eleito. O escolhido. O menino que sobreviveu. Você é outro, igualzinho a essa ai. – Ele apontava para Hermione, recostada na parede sendo amparada por Gina. Tinha a sensação que desfaleceria em breve – Seco, morto por dentro. Sempre quis apenas fama e glória, e conseguiu. Eu tenho nojo de você. De vocês dois. Ainda não entendi porque já não abandonou a Gina pra ficar com essa ai.

– Ron... – Hermione tentava falar, mas a voz não era mais que um sussurro.

– Ronald Weasley, quero que se cale agora.

– E quem é a senhora pra me mandar calar?

– Sou sua mãe.

– Tão enganada como todos os outros. Vocês não veem o que eu vejo. Como esses dois são. Não sei como pude ser tão cego.

– Rony, meu filho, por favor... Acalme-se.

– Não papai. Não consigo me acalmar. Quer saber? Cansei. Tô de saco cheio disso tudo. Não era ele que vocês sempre quiseram como filho? Então fiquem com ele, eu tô indo embora. Vem Estella.

Ele puxou a mão pelo braço e saíram em disparada para o local onde pudessem aparatar. Hermione estava jogada no chão. Não tinha forças para ficar de pé. Sentia-se um lixo. Molly e Gina tentavam acalmá-la em vão, pois estavam abismadas na mesma medida.

Fleur, Gui, Carlinhos e Percy conduziram as pessoas de volta para casa e pediam desculpas pelo inconveniente. Audrey, Jorge e Angelina encarregaram-se das crianças Weasleys.

– Mione, beba isso. – Gina tentava ajudar à amiga – É um chá calmante, te fará dormir um pouco.

– Não preciso me acalmar – A voz era dura. Ela estava arrasada. Os cabelos desarrumados e o rosto muito inchado e vermelho das muitas horas de choro que já haviam se passado. Já era noite e ela fitava algum ponto invisível enquanto falava – Quero ir pra casa agora.

– Não Mione. Com certeza ele vai pra lá e você precisa descansar.

– Vou pra casa dos meus pais então.

– Mione, minha amiga, por favor. Você não está em condições de aparatar. Está nervosa. Por favor, durma aqui na Toca. Eu fico com você. Mas descanse hoje. Amanhã você resolve o que fazer.

– Gina, vai cuidar do James. Eu estou bem.

– O James está dormindo. E ele está com o Harry. Estou aqui e vou ficar aqui com você o tempo que for preciso.

– Obrigada, mas não precisa.

– Tudo bem, eu vou embora se você quiser, mas só se você tomar esse chá antes de eu ir.

– Tá. Tudo bem. Eu tomo.

Hermione tomou o chá que teve o sabor amargo alterado para que ela bebesse sem passar mal. Em cerca de 3 minutos estava dormindo profundamente na cama improvisada no quarto de Gina.

...

– Ainda não acredito que o Rony falou aquelas coisas – Molly Weasley estava arrasada na cozinha.

– Tem alguma coisa errada com nosso filho, Molly – Artur completou.

– Concordo com o senhor – Harry continuou – O Rony jamais agiria dessa forma. Por mais que tivesse problemas com a Mione, jamais a trataria assim.

– Como ela está? – Molly interrompeu o genro ao ver a filha chegar à cozinha.

– Arrasada. Mas tomou a porção e dormiu. Não posso acreditar que o Rony tenha feito isto – Gina sentou-se ao lado de Harry, depositando amarga a caneca vazia sobre a mesa.

– Nós também não – Harry comentou mais uma vez – O Rony não é assim.

– O que você acha que pode ser, Harry? O que você tem em mente? – O sr Weasley voltou ao assunto.

– Não sei. Mas vou investigar essa garota. Tudo isso começou a acontecer depois da missão na Escócia. O Rony mudou bruscamente. Tem tratando mal a Mione, eu e alguns aurores. Parou de trabalhar, e ele sempre quis ser Auror. Realmente, existe alguma coisa acontecendo com o Rony, e eu vou descobrir o que é.

– E o que faremos então? - Arthur se prontificou.

– Vamos investigar a casa e a família onde encontramos a Estella, mas mandaremos outros Aurores secretamente para não levantar suspeitas. Arthur, quero que você me traga tudo o que conseguir a respeito de Estella Grey. Farei o mesmo. Molly e Gina ajudem a Mione no que puderem e manteremos as duas informadas. Ninguém deverá saber o que está acontecendo.

Assentiram com a cabeça. Tudo ficou combinado para o próximo dia. Hermione acordou mais relaxada, mas Gina e Molly não conseguiram mantê-la na Toca. Um pouco mais tranquila, ligou para os pais que já sabiam da situação e foi acompanhada por Gina para lá.

***

– Tem certeza que não quer ficar na Toca, Mione?

– Tenho sim, Gina. Obrigada. Vou ficar bem com meus pais.

– Ok. Eu vou passar na sua casa e mandar suas roupas.

– Aquela não é mais minha casa. - falou amarga - Mas agradeço a ajuda. Agradeço a todos vocês.

Os dias passavam arrastados e tristes. Hermione estava a cada dia mais abatida, dura e seca. Não sentia fome ou ânimo para nada. Estava sofrendo de desmaios constantes e deixava seus pais extremamente preocupados. Não estava se alimentando direito e não aceitava a companhia da mãe em irem procurar um médico. Parecia que queria definhar. Apenas chorava e dormia o dia inteiro. Estava irreconhecível.

Recebia constantemente a visita de Harry e Gina, Molly e Arthur, que assim como seus pais se preocupavam com a sua saúde e a achavam a cada dia muito mais abatida, fraca, magra e debilitada.

– Mione – Gina conversava com ela – Por Merlin... Você precisa superar isso tudo. Está se matando sem razão. Nada é tão importante ao ponto de valer a sua vida.

– Eu sei, Gina...

– E então, por que não sai dessa cama, arruma esse cabelo? Vamos sair um pouco, eu você e o Harry, o que acha?

– Não estou com vontade, Gi, mas agradeço mesmo assim.

– Hermione Granger, você vai realmente morrer por alguém que não merece? Minha amiga, a vida é linda, cheia de maravilhas, e não é um ogro que vai fazer você parar de viver. Sai desse quarto e volta pra vida. Você está perdendo tempo enquanto se corrói por uma pessoa que não te merece.

– Gina... Eu...Você está certa... – ela suspirou vencida e cansada.

– Sempre estou. – o sorriso discreto foi inevitável - Agora você, desperta desse túmulo e volta pra vida. Você é linda, jovem... Tem a vida toda pela frente e não deve de forma alguma jogá-la fora.

– Você tem razão, Gina. Ficar chorando não vai me ajudar em nada. Preciso me alimentar, tentar resolver essa dor de cabeça que não passa. Segunda eu volto para o Ministério.

– Isso mesmo – Gina sorria animada – Essa é a Mione que eu conheço. Forte, decidida e corajosa.

– Obrigada, Gi...

– Sou sua amiga, Mione, e quero apenas o seu bem...

Depois de uma semana em casa, Hermione decidiu que iria voltar a trabalhar. A conversa com Gina tinha feito bem e ela sentia-se mais animada.

– Minha filha – a senhora Granger tentou argumentar mais uma vez – Não seria melhor ficar mais uns dias em casa? Você nem mesmo foi ao médico ainda.

– Não mãe. Preciso ocupar a minha mente. Aqui trancada vou ficar louca. Voltando a trabalhar eu vou melhorar.

– Mas e se você o encontrar por lá?

– Não vou. Ele foi afastado do Ministério e, mesmo assim, trabalha em uma sala bem distante da minha. Mas se por acaso acontecer de eu o encontrar, verei o que vou fazer.

– Minha filha...

– Não, mãe. Eu vou. Não vou ficar me escondendo. Essa situação já tem quase dois meses e...

– Como um amor tão grande e tão bonito pode acabar em dois meses? Tão pouco tempo... Será que ele não bebeu algo, uma poção? Esse não é meu genro, minha filha... Ele jamais agiria assim por pior que as coisas estivessem...

– Não sei, mãe. - Hermione suspirou - Realmente, eu não sei! Mas não vou ficar aqui morrendo por ele. Vou viver a minha vida, do mesmo jeito que ele tem vivido a dele. Até mais tarde. Te amo!

– Também te amo, minha flor. Até mais e bom trabalho.

– Obrigada mãe.

Hermione foi pela lareira da casa dos pais. Chegou ao Ministério e viu que nada estava diferente como imaginou. Cumprimentou algumas pessoas e rumou para sua sala.

– Oi Mione! Fiquei sabendo que voltou e vim dar as boas vindas. – Harry entrou em sua sala pouco depois dela.

– Ah, Harry – ela tinha um sorriso triste – Só fiquei 5 dias fora.

– É... O que para Hermione Granger é muito tempo...

Os dois sorriram da brincadeira. Conversaram sobre algumas banalidades e voltaram a seus afazeres. Quando era quase hora do almoço, Hermione recebeu uma visita inesperada.

– Bom dia Hermione. Posso entrar?

***


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