A Vida Continua - Fase 02 escrita por Andye


Capítulo 3
A Gota D’Água


Notas iniciais do capítulo

Gente do céu, mas que revolta toda foi essa com a Estella? Na verdade verdadeira, ela não fez absolutamente nada no capítulo passado, e sim o Rony. Não sabemos o que acontece com ele ainda, mas acho que ele está um pouco deslumbrado, afinal, a Estella é tão indefesa e está sozinha, e o Rony tem um espírito protetor acima do normal...
Vamos ver o que acontece agora. Espero que gostem!



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Era sábado. O dia estava claro e perfeito, mas não para Hermione. Depois de uma semana inteira sem saber do marido, a única esperança que ela tinha era de que dormiria e, ao acordar, perceberia que tudo aquilo não passava de um sonho mal. Um sonho mal não, um verdadeiro pesadelo.

Os dias daquela semana infernal passaram arrastados. Hermione sentia-se fraca e cansada, cada vez mais debilitada e sem forças. Ainda não descobrira uma forma de flagrar o marido com Estella, mas estava convencida que o pior acontecia: Ele a traía.

Foi interrompida de seus devaneios por uma voz familiar que rompia de uma cabeça flamejante e conhecida no meio da lareira da sala de estar.

– Mione?! Onde você está? Mione?!

– Ah... Oi Gina!

A ruiva assustou-se. Não queria acreditar em Harry, mas agora comprovara com seus próprios olhos. A amiga estava desolada. Os cabelos mais bagunçados que nunca. O olhar cansado, sem brilho. A pele diferente, a voz entristecida, decepcionada, sem esperanças. Nem durante a batalha ela lembrava-se de ter visto a amiga tão derrotada. Respirou fundo, ela definitivamente precisava de ajuda.

– Então Mione, eu vim te chamar pra passar o dia lá em casa. - continuou naturalmente - O Harry precisou ir ao Ministério hoje, veja só se pode, em pleno sábado, e eu fiquei sozinha em casa com o James. Não sei o que o Ministro tanto quer com meu marido que não possa lhe dar uma folga nem mesmo no fim de semana.

– Ah Gina – ela tentou expressar um sorriso agradecido, mas não muito convincente – Obrigada, mas acho melhor ficar em casa.

– Acha melhor ficar em casa coisa nenhuma. Eu não vim convidar, eu vim intimar. Não vou deixar você passar o final de semana trancada nessa casa.

– Gina, eu não tô com vontade de sair.

– Não quero saber. Vim chamar e não vou embora sem você.

– Gina, de verdade, não precisa se dar ao trabalho, eu estou bem, é verdade e...

– Sem desculpas, Hermione. Primeiro que não é trabalho algum. Segundo que você não está bem. Terceiro que estou sozinha em casa e quarto que o James está com saudades da madrinha.

– Gina...

– Para, Hermione. Eu sou sua amiga e eu não vou desistir de você. Não vou deixar você sozinha aqui.

– E se ele...

– Você sabe que ele não vem. - Hermione suspirou diante daquela afirmação - E se vier, vai ser como foi a semana inteira. Ele vai lançar aquele feitiço idiota de presença e vai entrar sem ser visto por você. Esqueceu que ele é ótimo em feitiços de desilusão?

– Mas é que eu não quero te incomodar, Gina...

– Não é incomodo nenhum, Mione. Eu te amo tanto. Você é a minha melhor amiga. Minha irmã de coração. Minha companheira e confidente de tantos anos. E sem falar que é a minha cunhada preferida, e que as outras não me escutem – Gina virou os olhos – Mas a quem quero enganar? Você faz parte da minha vida, Mione, e eu não vou ver você se acabando sem fazer nada. Agora pare de churumelas e vem logo que meu pescoço já tá doendo.

– Tudo bem – Hermione tentou conter o riso, mas foi impossível – Vou buscar uma muda de roupas.

– Ah não, não precisa. Você conjura daqui de casa. Vem logo.

A cabeça de Gina desapareceu do fogo azul. Hermione suspirou fundo. A amiga tinha razão. Ele a estava evitando a semana inteira, não tinha necessidades de ela permanecer ali. Ele não a procuraria, da mesma forma que não a procurou durante toda aquela semana.

Respirou bem fundo outra vez e com um floreio da varinha fez aparecer um bilhete. Caso ele acordasse desse devaneio, saberia onde encontra-la.

***

– O que acha de começarmos o dia visitando as Gemialidades? – Gina sugeriu animada.

– Ah... Não sei Gina. Estou tão indisposta.

– Bobagem Mione. Bobagem. Vem tomar café. Minha mãe sempre diz que indisposição é sinal de fome.

– Não tenho fome Gina.

– Mas aqui tem bolo de cenoura. Sei que você adora e vai comer sim. Vou preparar um suco de abóboras.

A ruiva adiantou-se para a cozinha, seguida pela amiga não tão animada. Gina está fazendo tudo isso por mim. Preciso retribuir. Esforce-se Hermione, tenha coragem. E esboçou um sorriso para a ruiva ao sentar-se a mesa, que o retribuiu animada.

– Olha só. Sei que você gosta.

– Obrigada Gina.

Hermione deu a primeira mordida no bolo. Sentiu a cabeça revirar e doer, com o se faltasse oxigênio em seu cérebro. O estômago embrulhou e a respiração faltou. Mastigou contra sua própria vontade e o peso ao sentir o pedaço engolido foi o suficiente para fazê-la desistir de todo o resto. Definitivamente, não estava bem.

– Hermione, o que você tem? – Gina olhava aflita para a amiga que respirava fundo e rápido.

– Não quero mais, Gina. Obrigada.

– Mas Mione, você mal comeu.

– Não me sinto bem. Tenho ânsia...

– Hermione, você tem se alimentado?

– Gina, eu...

– Mione, por Merlin – Gina levantou os braços em sinal de descrença.

– Eu não tenho tido muita fome.

– Ai Mione. Aonde você quer chegar? Morrer? Você acha mesmo que vale a pena? Vou preparar uma poção pra você. Precisa preparar o estômago para receber a comida.

– Não quero, Gina...

– Cala a boca, Hermione. - o tom foi autoritário e Hermione obedeceu - Não vou deixar você se matar por causa do Rony. Não vou deixar você se acabar. Não mesmo. Fique ai. Preparo a poção num instante.

Gina pegava os mais diversos ingredientes no armário, enquanto acendia o fogo para colocar o caldeirão. Hermione a observava envergonhada e reparou que a amiga resmungava no mais perfeito estilo Molly Weasley enquanto preparava tudo.

Pouco mais de 10 minutos a poção amarelada estava pronta.

– Toma. Bebe tudo e sem reclamar.

Hermione sentia-se envergonhada. Estava dando muito mais trabalho que o James, que desde que ela chegara, dormia tranquilo em seu cercadinho na sala.

– Agora come! – Gina deu a ordem e Mione apenas obedeceu incapaz de contrariar a amiga.

Gina tinha razão. A poção tinha retirado todas as sensações estranhas que sentira durante a semana e o bolo de cenoura com suco de abobora foi muito bem recebido em seu estômago, que ela percebeu agora, estava faminto.

O resto da manhã foi tranquila. James acordou, brincou com a madrinha que estava um pouco mais animada. Ele já conseguia falar algumas palavras com exatidão e Hermione se viu pensando se teria filhos com Rony. O pensamento a entristeceu. Não tinha mais esperanças, não depois de toda esta semana.

Seus pensamentos foram interrompidos pela voz da amiga.

– Faltam dois meses para meu homenzinho fazer dois anos e vamos fazer uma festa e tanto para comemorar.

– Que bom, Gina. O James merece todo o mimo que for preciso. É uma criança excepcional.

– É mesmo. E o Harry fica a cada dia mais abobalhado. Sempre quis ser pai e...

Gina interrompeu a frase ao reparar que a amiga voltara a expressar tristeza no olhar. Sabia que a amiga pensava em Rony, nos planos que faziam havia poucos meses. Resolveu não criticar nem desconversar.

– Hermione, você quer falar sobre o Rony?

Hermione olhou-a com a expressão mais assustada. Queria desabafar, mas não seria ela a tocar no assunto. Sabia que toda a família estava sofrendo com esta situação, mas preferia não comentar nada a respeito.

– Você precisa desabafar, Mione. E embora ache extremamente estranho que o idiota do meu irmão esteja te tratando assim, também preciso conversar.

– Eu não sei, Gina...

– Como você está? Quer dizer... É visível como você está, mas...

– Estou péssima. - ela soltou o ar com peso e recostou as costas no sofá, James brincando no chão - Queria que isso fosse um pesadelo. Queria acordar e descobrir que tudo não passou de um sonho ruim.

– Eu sabia que não devia confiar nessa zinha. Ela nunca me mostrou segurança. Eu te avisei.

– Eu sei, Gina, mas não poderia me negar em ajudá-la, e além do mais, no geral, ela realmente não fez nada. Quem está fazendo toda esta confusão é o Rony.

– Concordo com você. A sensação que tenho é que não é o Rony... - Gina contemplou o filho.

– Só queria entender o que tem acontecido com ele. Só isso.

– Nem parece o meu irmão bobalhão. Isso é muito estranho. Não faz parte do caráter dele.

– E é o que mais me machuca, Gina. Não sei o porquê de ele está me tratando assim.

– Tudo vai se resolver, Mione, precisamos apenas acreditar...

***

– Mione – Harry conversava com a amiga no Ministério – Como o Rony está?

– Não sei Harry. – Ela tinha a voz triste e firme - Tudo continua do mesmo jeito. Moramos na mesma casa, mas não nos vemos e sinceramente, não tenho mais interesse em dirigi-lo a palavra.

– Está acontecendo alguma coisa. - Harry falou certo - Esse não é o Rony que conheci em Hogwarts. Definitivamente não.

– Não sei, Harry. Estou muito triste. Muito magoada. Ele tem me traído descaradamente e nem ao menos tem a decência de me falar para terminarmos de uma vez com essa palhaçada que foi nosso casamento.

– Mione, você não tem certeza se ele te trai e...

– Harry, por favor – a voz era dura, pesada – não tente remediar o que é irremediável. Isso é fato, apenas não os encontrei fazendo nada além de almoços e conversinhas, mas ele tem chegado cada dia mais tarde, nem se quer me procura no quarto, ele faz um feitiço de presença e sabe onde estou e depois desvia para outro quarto.

"Eu não o vejo há quase um mês e ainda moramos na mesma casa. Nem nos almoços de domingo na Toca ele tem aparecido. Nem foi ao aniversário do Fredye. Isso é um absurdo. Ele tem renegado a todos e eu já resolvi o que vou fazer. Quero apenas conversar com ele e depois vou embora. Vou voltar para a casa dos meus pais e pedir a separação."

– Mione, tem certeza?

– Sim, Harry, tenho certeza. Não posso continuar casada sozinha. Estou triste, não vou mentir para você e nem adiantaria porque você me conhece muito bem. Estou acabada, na verdade. Não aguento mais, Harry. Tenho passado mal constantemente. Não consigo mais me alimentar, nem me concentro no meu trabalho. Estou pensando até em pedir uma licença.

– O Ministro está pensando em afastar o Rony da função de Auror...

– Não era pra menos. - ela falou conformada - Ele mal aparece no trabalho. Vive aparecendo no Profeta Diário aprontando alguma coisa. Se tornou um louco. Não aguento mais. O Rony tem me matado a cada dia e vou acabar logo com isso antes que eu morra definitivamente.

– Eu vou te apoiar sempre, Mione. Tenha certeza.

– Obrigada, Harry. Seu apoio é muito importante.

– E você vai para o aniversário de Dominique domingo na Toca?

– Vou sim. Amo essa família e não é o fim do meu casamento que vai fazer ser diferente.

***

O aniversário de Dominique corria tranquilamente. Mione tentava mudar o rumo do pensamento, mas realmente estava difícil. Mais um domingo na Toca sem o Rony. Isso era doloroso.

Tentava colocar seus dotes de babá para fora ajudando Audrey, Angelina, Gina e Fleur a controlar a grande quantidade de crianças naquela tarde, mas se sentia fraca. Não conseguia se alimentar direito e isto a afetava. Sentia-se doente e com tanta criança correndo, pulando e brincando juntas, ela chegava a ficar nauseada, mas sentia-se feliz, sentia-se útil em alguma coisa.

– Mione – Gina jogou James em seus braços – Fica com o James que eu preciso dar um jeito naqueles dois ali.

Gina correu em direção a dois meninos ruivos muito parecidos, mais que provavelmente não eram gêmeos e ela também não os conhecia bem. Eles estavam ateando fogo em um gnomo que, para sua desgraça, apareceu bem diante dos olhos dos pestinhas...

Ela brincava distraída com James em seus braços até sentir um cheiro muito familiar. O cheiro dos cabelos do Rony. Olhou buscando o dono daquele aroma e teve que se controlar para não cair com a imagem que viu. Rony... Seu Rony vinha de braços dados com ela. Estava na companhia de Estella.

– Mas que porcaria é essa que o Rony está fazendo? – Gina chegou revoltada tomando o filho dos braços de Hermione. Ela agradeceu intimamente, pois parecia que seus braços pesavam demais para mantê-lo ainda por muito tempo firme.

Todos estavam aflitos. Não estavam entendendo o que o Rony pretendia com aquilo.

– Eu vou lá saber o que ele está aprontando. – Gina falou furiosa.

– Não, Gina. – Hermione segurou o braço da amiga – Deixa. Essa é a minha oportunidade de entender de uma vez o que tem acontecido e tomar minhas decisões sem medo de me arrepender depois.

– Mione...

– Não Gina, vamos. É o aniversário de Dominique, e eu vim me divertir.

Estella era só sorrisos. Rony também. O resto da família, porém continuava sem entender o que estava acontecendo. Muitas pessoas já haviam se aproximado de Hermione tentando entender a situação, mas ela apenas dizia que o Ronald era maior de idade e podia fazer o que quisesse de sua vida.

Isso era por fora, por dentro ela se matava. Nunca pensou viver isto. Muito menos com o Rony. Era apaixonada. Amava o ruivo com todas as forças e mesmo diante de toda essa confusão, não conseguia sentir raiva. Algo dentro dela insistia em dizer que tinha alguma coisa muito errada. Que este não era o seu Rony, mas não conseguia ver meios de provar que estava certa.

Depois da hora dos parabéns, ela encontrou a oportunidade perfeita de conversar com ele que estava na cozinha pegando mais suco de abobora quando foi encurralado.

– Ronald – disse firme – precisamos conversar.

– Não tenho nada a conversar com você, Hermione.

– Como não tem? Ainda somos casados, Ronald.

– Ainda... - ela sentiu aquela forte dor no peito, mas continuou.

– Pois é, ainda. E você precisa me explicar o que tem acontecido. Ainda não sei o que está havendo ou o porquê de você está me tratando assim, mas acho que deveríamos resolver de uma vez por todas.

– Já falei que não tenho nada a falar, Hermione.

– Mas eu tenho. Quero saber o que está acontecendo entre a Estella e você.

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