Felizes... para sempre? escrita por Enthralling Books


Capítulo 19
O Chamado


Notas iniciais do capítulo

Oi, leitores lindos do meu coração...
Sim, eu sei que demorei uma semana para postar esse capítulo, mas me deem um desconto. Passei mal essa semana e fiquei uns dias sem poder ligar o notebook. Além disso tive que fazer dois capítulos dessa vez. Por quê?
CHEGAMOS A 100 COMENTÁRIOS.
No próximo capítulo vocês terão um bônus do Chamado na perspectiva de ninguém mais, ninguém menos que Clarkson Schreave.

E eu também queria agradecer a Anonymous Reader pela recomendação maravilhosa que fez a essa fic. Eu simplesmente amei!!! Foi perfeito, muito obrigada mesmo. Dedico esse capítulo a você, espero que goste.

Sem mais delongas, boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/501238/chapter/19

“Plano para retomar o que é nosso por direito:

Primeiro passo: Em andamento. Com Addae dentro do palácio tudo ficava mais fácil.

Segundo passo: Em andamento. Concluiremos daqui a algumas horas o que Nicole gosta de chamar de “O Chamado” (n/a: não, isso não vai virar filme de terror).

Se Clarkson quiser continuar com isso, ele que se prepare. Nós estamos chegando!”

::

Assim que entramos em casa, Andrew olhou tudo em volta e pediu a Sala de Jantar, completamente vazia, – a mesa e as cadeiras estavam no quintal – para ele poder trabalhar. Disse que poderíamos fazer o anúncio ali, já que tinha um espaço amplo e completamente desocupado.

Concordamos e pedimos desculpas por não poder acomodá-lo muito bem. Explicamos que receber mais de quatrocentas pessoas em casa não estava nos nossos planos.

Ainda assim, conseguimos uma mesa para que ele pudesse colocar seus equipamentos. Eram as cadeiras que estavam em falta. Lembrei que agora que os soldados tinham que treinar, talvez houvesse cadeiras desocupadas.Aspen e Maxon saíram para discutir alguma coisa, e eu aproveitei para procurar uma cadeira para Andrew.

Encontrei uma no quintal e trouxe-a para dentro de casa.

– Aqui, Andrew. Consegui recuperar esta. – Coloquei a cadeira num canto.

– Obrigado. Não precisava se incomodar. – Ele ainda ajeitava uma espécie de computador pequeno, bem diferente dos que o palácio tem, mas que me lembro de ter visto na Itália.

Nicolleta me disse que antes da Quarta Guerra Mundial, todos tinham um desses.

– É claro que eu precisava. Se você vai trabalhar incessantemente como disse até de noite, é o mínimo que eu poderia fazer.

– America, estive pensando que talvez uma criada possa preparar o lugar em que farão o anúncio. – Disse olhando para mim.

– Como assim? Não vai ser aqui? – Perguntei confusa.

– Sim, sim, vai ser aqui. Eu me refiro a um vaso ornamental, flores, o brasão de Illéa, talvez algumas poltronas para simular tronos... – Ah! O cenário, ele quer dizer.

– Não. Os tronos estão no palácio, não quero simular tronos. Na verdade, acho que eu tenho uma ideia melhor. Vou pedir para que deixem tudo preparado. Acha que vai dar tempo de programar tudo?

– Não se preocupe com isso. Com a minha parte eu me resolvo.

– Andrew, eu posso fazer uma pergunta pessoal? – Estava querendo falar com ele sobre isso desde que chegamos, mas achei que seria indelicado perguntar imediatamente.

– É claro. – Respondeu indiferente.

– Addae me disse que você torcia por mim desde a época da Seleção. – Ele me encarou, provavelmente querendo saber onde eu pretendia chegar.

– É verdade. Sempre a admirei muito. – Admitiu.

– Por quê?

– Porque você se parece com a minha irmã. Na aparência, na ousadia, na bondade e na casta. – Respondeu. Apesar de ser uma resposta que satisfazia à minha pergunta, eu ainda a achei vaga.

– Como ela é? – Ele suspirou e interrompeu o que quer que tinha voltado a fazer para me fitar e finalmente contar a história inteira.

– Você já sabe que sou da Três. Minha irmã e eu nunca passamos fome ou coisas assim, mas também não olhávamos para os outros como superiores. Ela, ainda mais do que eu, defendia que não era por nascerem desfavorecidos que aquelas pessoas eram indignas. Sempre que aparecia alguém pedindo ajuda, ela ajudava. Nunca teve medo de se aproximar, de ser atacada, nada disso. – Fez uma pausa e eu esperei que continuasse – E então ela se apaixonou por um Cinco, enfrentou nossos pais, pagou a multa para se rebaixar de casta e casou com ele. – Disse de uma vez só – Eu ainda era uma criança quando isso aconteceu e ainda era uma criança quando começaram a chamar as garotas para a Seleção. Então eu a vi pela televisão, se despedindo carinhosamente de sua família Cinco; e depois, chegando ao aeroporto, sem medo de se aproximar das pessoas, falando com todos que pediam sua atenção, sem se importar com a maneira que eles estivessem vestidos. – Parecia perdido em memórias, quase que devaneando – Minha irmã também é ruiva. – Sorriu com o comentário – Quando disse, na sua entrevista, que não seria bom recrutar mais gente para a guerra na Nova Ásia, porque as famílias ficariam sem os seus provedores, e quando propôs o fim das castas, eu via a minha irmã. Se antes eu já torcia por você, depois eu tinha a certeza de que deveria ser nossa rainha. Além disso, você também teve que mudar de casta e de vida para se casar com quem ama. Não foi uma mudança como a dela, mas imaginei que talvez igualmente difícil.

– Foi mesmo, - Maxon apareceu atrás de mim, me abraçando por trás – mas eu fico feliz que ela aceitou. – Andrew sorriu.

– Há quanto tempo está aqui? – Perguntei.

– Desde que ele disse que a irmã também é ruiva. – Maxon respondeu indiferentemente.

– É só isso que quer saber, America?

– Sim, é só isso. Obrigada. – Respondi.

– Não foi nada, mas, se me dão licença, tenho muito a fazer.

– É claro. – Maxon respondeu, me puxando pela cintura.

– Onde você estava? – Perguntei me virando para ele.

– Resolvendo algumas coisas com Aspen?

– Algumas coisas? O que? – Maxon me beijou, desviando do assunto.

– Um passo de cada vez. Vamos nos concentrar no Chamado, depois eu falo sobre isso. – Disse, enquanto nos afastávamos do beijo.

– Tem certeza? Eu quero saber. – Insisti.

– Mais tarde eu conto. Não quero preocupá-la à toa. – Me preocupar?

– Então o assunto vai me preocupar? Ótimo! Agora já estou preocupada.

– Não fique. Está tudo sobre controle, tudo bem? – Percebi que Maxon não iria me contar de qualquer jeito, então deixei para lá. Se ele diz que está tudo sobre controle, deve estar mesmo.

– Tudo bem. – Mesmo com a minha concordância, Maxon estava visivelmente desconfortável, só não sei com o que. Segurei o rosto dele com as duas mãos e o forcei a olhar para mim – O que foi? Aconteceu alguma coisa?

– America, quando subirmos ao trono eu vou recompensar sua família, por tudo que estão fazendo, eu prometo. – Ah! Maxon está envergonhado em precisar de ajuda.

– Maxon, é a sua família também. Ninguém vai pedir recompensa nenhuma.

– Mas eu quero. America, eles receberam em casa mais de quatrocentas pessoas, abriram mão de seu conforto, de sua tranquilidade, provavelmente gastaram mais durante esses dois dias do que normalmente gastam em um ano. Eu tenho a obrigação moral de fazer algo por eles. Por vocês.

– Um passo de cada vez. Vamos nos preocupar em conseguirmos voltar para o palácio, depois nos preocuparemos em pagar o empréstimo a Nicolleta, e então você vê o que faz, tudo bem?

– Tudo bem. – Percebi que o assunto ainda não estava encerrado, apenas adiamos a conversa.

– Ei, não é vergonha nenhuma precisar de ajuda. Você tem que se orgulhar de ter uma família que te ama, amigos que se importam, e súditos que o admiram. Tente se lembrar de que nenhum de nós está fazendo isso por obrigação, não é nenhum sacrifício. Ao contrário, é uma honra apoiar a causa do verdadeiro rei. – Disse com toda a devoção e abracei-o.

– Obrigado, Ames. De verdade, obrigado por tudo.

– Mãe! Mãe! – Ouvi os gritos de Nicole me procurando.

– Na sala! – Gritei de volta e instantes depois ela apareceu.

– Rose me disse que tinham saído. Quem foi que veio com vocês?

– Se lembra do conhecido que Addae disse que tinha? – Assentiu – Então, ele.

– E o que ele vai fazer? – Perguntou para ninguém em especial.

– Nos colocar ao vivo para as trinta e cinco províncias – Maxon respondeu.

– Ele vai interromper o Jornal Oficial? – Nicole franziu a testa confusa.

– Sim. Daqui a pouco vamos nos arrumar.

– Me esqueci de uma coisa – Maxon fechou os olhos

– O que?

– Não trouxe paletós. Nunca que eu imaginaria que ia precisar de um. Pra mim eu só ia ao Hospital visitar Shalom e levar minha filha para o palácio. – Ele parecia desesperado.

– Maxon, calma. Não vai precisar de um paletó. – Tranquilizei-o.

– Como não? Vamos entrar em Rede Nacional, America. Eu não posso me vestir de qualquer jeito.

– Apenas não se preocupe, tudo bem? Eu quero que seja tudo mais familiar, que as pessoas nos vejam como realmente somos, como estamos agora. - Observamos como estávamos: Maxon sentado, me abraçando ao seu lado e Nicole deitada com a cabeça no meu colo e as pernas sobre o braço do sofá – Quero que percebam que estamos sendo sinceros. Então, nada de paletó impecável, vestido apertado ou cabelo cheio de grampos.

– Sério, mãe? – Eu sabia que Nicole odiava os grampos.

– Sério. Acho que eu até posso deixar você ficar com o cabelo solto. – Ela me abraçou contente e eufórica.

– Obrigada, obrigada, obrigada. – Maxon e eu rimos da animação exagerada da nossa filha.

– O que você acha, Maxon? – Perguntei.

– Acho perfeito, Ames. – Respondeu ainda sorridente e me beijou.

– Já vi que estou sobrando aqui, então vou ali me apresentar para o... Será que vocês podem parar de se beijar para me dizer o nome dele? – Sorri e me afastei do beijo.

– É Andrew, filha. – Voltamos a nos beijar. Agora eu tinha certeza que era pra irritá-la.

– Obrigada. – Disse irritada.

Quando ela saiu batendo os pés, Maxon e eu caímos na gargalhada.

– Com licença, qual é o motivo das risadas? Quero rir também.

– Lucy! – Levantei-me para abraçá-la e depois olhei para o menino de oito anos que estava ao seu lado – Como vai, pequeno?

– Bem, tia Meri; e eu não sou pequeno.

– É claro que não, pequeno. – Abracei-o.

– Lucy, há quanto tempo! – Maxon se aproximou para abraçá-la. – E você deve ser o Evans.

– Sou eu. Como eu devo chamar o senhor?

– Não sabe quem eu sou? – Maxon perguntou olhando acusadoramente para Lucy.

– Eu sei que o senhor é, só não sei como devo chamá-lo. Pelo nome? Majestade? Como? – Bufei.

– Se eu sou a Tia Meri, ele é o Tio Max.

Evans olhou para Maxon, como se pedisse autorização. Maxon sorriu.

– Pequeno, onde está o seu pai? – Perguntei estranhando que Aspen não tenha os acompanhado.

– Não sei, minha mãe quer fazer uma surpresa. E eu não sou pequeno, tia.

– É claro que não, pequeno.

– Onde ele está? – Lucy perguntou.

– Treinando os soldados no quintal. – Maxon respondeu.

– Lucy, você atravessou aquela muralha de repórteres na porta? – Perguntei antes que ela se virasse para procurá-lo.

– E tinha outro jeito? Me perguntaram várias coisas, inclusive se eu estava desertando do palácio. Eu só disse que sou uma amiga da família. Espero que não tenha problema.

– Não, não tem. E como você vai fazer uma surpresa se foi Aspen quem chamou você?

– Eu disse que não achava uma boa ideia vir pra cá, inventei meia dúzia de desculpas e disse que ia pensar no assunto. Desliguei o telefone e fui arrumar as malas.

Rimos um pouco disso, antes de sairmos para procurar Aspen. Ele estava fazendo uma demonstração para os soldados de como se deve atacar num combate corpo a corpo, com o auxílio de um oponente. Quando viu Lucy e Evans olhando para ele, a demonstração virou exibição. Coitado do outro soldado!

– E é assim que se ataca. Alguém mais quer uma demonstração ou vocês conseguem treinar por conta própria a partir de agora?

Ninguém se apresentou para lutar com ele de novo. Depois de um tempo todos se levantaram, formaram pares e começaram a se bater lá. Aspen veio em nossa direção.

– Aquilo foi demais, pai. Me ensina?

– É claro, filhote, depois eu te ensino. – Aspen despenteou o cabelo de Evans, que depois de fazer uma careta, abraçou o pai. – Ia pensar no assunto, não é, dona Lucy? – Olhou acusadoramente para a esposa.

– E pensei. Só não levei muito tempo. – Ele riu e beijou a esposa, ainda com o filho abraçado em sua cintura.

– Já vi que sobrei aqui. – Evans comentou fazendo outra careta – Tio Max, onde está a Nicole?

– Sala de Jantar – Maxon sorriu quando Evans chamou-o de “Tio Max” e saiu correndo para dentro da casa de novo.

– Bom, eu não sei quanto a vocês, mas eu vou me arrumar para O Chamado.

– Quer ajuda com alguma coisa, Meri? – Lucy ofereceu.

– Não, está tudo bem. Lucy, você já é de casa, então pode se instalar no quarto 4 a hora que quiser. Na primeira gaveta da mesinha de cabeceira têm duas chaves. Se quiser ajuda com alguma coisa, pode pedir às criadas, ou então ao Aspen.

– Vou me lembrar disso.

Eu voltei em direção a casa, puxando Maxon comigo. É bem verdade que precisamos nos arrumar, mas ainda temos tempo. O motivo principal foi para dar privacidade aos dois. Chamei Rose para pedir que ela arrumasse o cenário do pronunciamento da maneira que eu queria e, então, Maxon e eu fomos para o nosso quarto.

– Sabe uma das coisas que mais me fizeram falta na Itália? – Perguntei.

– Eu? – Sorriu convencido.

– Também, mas não é a isso que eu me refiro.

– Então foi da torta de morango, com certeza. – Ambos rimos da minha paixão pela torta de morango do palácio. O cozinheiro da Itália também fez uma maravilhosa, mas a do palácio ainda é melhor.

– Na verdade, foi o nosso mural de fotos. Não conseguia me sentir em casa quando deitava para dormir lá, e ainda não me sinto em casa aqui. – Admiti.

– Eu trouxe os DVDs que você me deu.

– Por quê? – Estava confusa com esse gesto dele.

– Eu não sei ao certo, só não queria me separar deles. Ainda bem que os trouxe.

– Hum, intuição de pai? – Perguntei sorrindo de lado.

– É, deve ser isso. – Maxon sorriu também.

– Já preparou o que vai falar daqui a pouco? – Mudei de assunto. Maxon e eu nos sentamos na cama.

– Não. Eu não quero preparar nada. Vou dizer a verdade e ser sincero. Quero que todos vejam que eu quero dizer cada palavra que disser. – Respondeu.

– Eu também não preparei, mas fico pensando nisso às vezes. No que falar, eu quero dizer. – Maxon assentiu, concordando.

– Acha que Nicole vai querer falar alguma coisa?

– Não sei, mas espero que sim. Eu não sei como ela faz isso, mas as pessoas gostam de ouvi-la; dão atenção às palavras dela, e razão na maioria das vezes, mesmo que ela ainda seja uma criança.

– Ela será uma ótima governante. – Maxon admitiu otimista – Como você.

– Eu espero que ela seja melhor do que eu. E que não precise passar nem por metade das situações que nós tivemos.

– Até a coroação, eu espero poder deixar Illéa bem melhor para nossa filha.

– Eu sei que você vai.

– Se tudo der certo. – Podia ver a dúvida em seus olhos e tratei logo de tirá-la de lá.

– Quando tudo der certo. – Corrigi.

Continuamos conversando até não podermos mais adiar ter que nos arrumarmos. Coloquei um vestido simples e um salto baixo. Passei uma maquiagem bem leve, apenas para não dizer que não passei nenhuma e penteei o cabelo, deixando-o solto. Quando sai do quarto, Maxon ainda estava se arrumando, mas eu ainda precisava conferir Nicole no quarto dela.

– Nicole? Você está arrumada?

– Só falta o cabelo, mãe. – Nicole saiu do banheiro usando seu vestido favorito e me entregou um pente. Evans estava no quarto também, tentando tocar violino.

Penteei o cabelo de Nicole e o deixei solto, caindo pelos ombros, então ela colocou um chapéu branco meio de lado.

– Você está linda, filha. Bom, eu vou descer para ver se está tudo certo com a arrumação e com o Andrew. Faltam quinze minutos para as oito, não se atrase.

– Daqui a pouco eu vou descer. – Nicole voltou para o banheiro, e eu desci para a Sala de Jantar.

Eu havia pedido para que fizessem uma pequena reconstrução da nossa sala de estar. Atendendo ao meu pedido, as criadas trouxeram o sofá, a mesinha de centro, o arranjo de flores, as cortinas da janela e até o telefone e o controle remoto da televisão colocaram em cima da mesa.

Vi Andrew ajeitando uma câmera – seriam duas – e me aproximei.

– Então, já está tudo pronto?

– America, não tinha te visto. Mas sim, tudo pronto. Só estou vendo qual a melhor posição para as câmeras, para poder aproveitar melhor a luz. Não tenho muita experiência nessa parte, acho que um Dois ou um Cinco faria isso melhor do que eu. – Admitiu.

– Bem, temos um Um. Maxon adora fotografia, deve saber disso. Vou chamá-lo.

– Obrigado. Temos dez minutos.

Maxon desceu logo em seguida, e eu não precisei chamá-lo.

– Maxon, você pode ajudar o Andrew com a posição da câmera? Ele não está familiarizado com isso.

– É claro. – Respondeu, foi até Andrew para ajudá-lo e aproveitou para explicar para ele como se fazia.

– Bom, agora está tudo certo. Eu vou cortar a transmissão depois que tocar o Hino Nacional.

Nicole entrou acompanhada de Evans, que ficou ao lado de Andrew enquanto ela vinha se sentar conosco. Estávamos sentados confortavelmente, Nicole estava até com as pernas para cima do sofá.

Esperamos um pouco e vimos Andrew contar nos dedos: 5, 4, 3, 2, 1, 0.

– Boa noite a todos. Eu sei que esperavam assistir o Jornal Oficial, mas eu gostaria que me dessem uma oportunidade de me defender das duras acusações que meu pai fez contra mim. Eu apenas peço que ouçam e depois analisem em quem vocês preferem acreditar. Em primeiro lugar, todos dizem que reneguei minha família ao depor minha própria esposa. Eu admito que depor America foi o pior erro que eu pude cometer, mas ambos sabemos que fiz o que fiz pensando em Illéa. Apresentaram provas concretas de que ela era mesmo estéril: testemunhas, laudos médicos, remédios que America tomava, tudo me levou a crer em sua esterilidade, mas a verdade é que fui enganado.

– Eu acredito que posso explicar essa parte. – Me ofereci reparando o nervosismo de Maxon – A minha vida como princesa não foi nada fácil. Desde a Seleção, quando eu apresentei o projeto de acabar com as castas, muitos dentro do palácio passaram a tentar me prejudicar, inclusive o autoproclamado rei Clarkson. A verdade é que eu engravidei várias vezes ao longo dos anos, mas as pressões daquela vida mexeram com o meu organismo e eu perdi vários filhos – Uma lágrima teimosa desceu pelo meu rosto, mas eu a enxuguei. Maxon, percebendo meu desconforto, voltou a falar.

– Sabendo disso, não deve ter sido difícil forjar provas para que eu depusesse America. Eu tentei convencê-los de que talvez pudesse existir algum tratamento, mas disseram que, depois de tantos anos, o tratamento já tinha sido feito às escondidas. E considerando que America saía do palácio constantemente, não foi difícil me fazer acreditar nessa teoria. Eu cresci aprendendo que sempre teria que colocar o país antes de mim mesmo e julguei que era exatamente isso que eu estava fazendo. Não quero dizer que tenha sido fácil tomar essa decisão.

– A questão é que, mesmo depois de tudo, Maxon não abandonou a sua família. Ele esteve presente no nascimento da nossa filha e, através de uma tecnologia italiana, pudemos nos ver e manter contato. Ele acompanhou o crescimento da filha, mesmo que de longe, sem poder tocá-la. E ninguém pode negar que ele a ama. – Olhei para Nicole e vi que ela sorria para o pai – E se eu e minha filha pudemos perdoá-lo, por que vocês não poderiam? O que importa é que nós estamos juntos agora.

– Em segundo lugar, disseram que eu usei de métodos fraudulentos para tirar seus representantes do Conselho e, portanto, desrespeitei a vontade do povo. Quando America foi para a Itália, toda a nação se levantou em seu favor, pedindo que eu não me casasse outra vez. Os conselheiros que depus foram aqueles que insistiam para uma nova rainha e um novo herdeiro. Como foi, então, que eu desrespeitei a vontade do povo? E eu garanto que não infringi a lei quando os depus. Descobri que dois deles eram criminosos, depois os fiz passar por um teste para averiguar sua honestidade e descobri que dezessete deles não eram honestos. Entre esses dezessete havia conselheiros que concordavam comigo e outros que não concordavam, mas todos foram depostos para que ninguém discordasse da justiça do teste. Podem perceber que eu não escondo que a minha intenção sempre foi tirar do Conselho aqueles que insistiam em discordar de mim, mas que também insistiam em discordar do povo. Só que eu nunca desrespeitei a lei para isso, nunca fraudei ninguém para alcançar meus objetivos. – Maxon estava controlado, mas percebi que ele não sabia se tinha sido convincente.

– Meu avô se contradisse. A segunda acusação dele anula a primeira. Mesmo que o meu pai tivesse se corrompido para depor os conselheiros, o que não aconteceu, ainda assim seria por nossa família. Como ele estaria nos renegando? – Nicole apontou.

– Certamente, ainda há muito a falar, mas precisamos tratar de um assunto ainda mais importante agora: – Falei, encerrando a parte das explicações, senão ficaríamos nisso para sempre –Clarkson depôs o filho porque não suporta a ideia de uma Illéa sem castas e se vocês concordam com ele é porque preferem como as coisas eram antes. Quem tem idade para se lembrar disso, pense em seus filhos, filhas, sobrinhos e netos, e reflita se é naquela sociedade repressiva que gostaria que eles vivessem.

– Nós temos condições de voltar para o trono, mas não queremos ser tiranos e impor as nossas vontades acima da vontade do povo. Se quiserem que eu volte a ser o seu rei, gostaria que soubessem que pedi America em casamento de novo. Ela será sua rainha e nossa filha será sua princesa e herdeira de Illéa. Hoje nós estamos oferecendo uma opção a vocês: Quem vocês querem que seja a sua família real? A propósito, já se perguntaram o porquê da minha mãe não estar aparecendo em nenhum Jornal Oficial? Ela está sendo mantida presa para que não tenha oportunidade de se aliar à nossa causa. O homem que me acusou de renegar minha família está mantendo a esposa em cativeiro. Quem vocês querem no trono?

– Quem nos apoiar, use azul amanhã. – Nicole sugeriu – Seja na roupa, ou em acessórios, apenas mostrem que estão ao nosso lado e então saberemos que vale a pena lutar. Não tenham medo de se expor. Peço também que ninguém ofenda ou agrida àqueles que têm uma opinião diferente. Vamos nos respeitar.

– Obrigada pela atenção. Eu sinceramente espero que Illéa esteja azul amanhã. Boa noite a todos. – Conclui.

– Fora do ar. – Andrew falou.

Nicole, Maxon e eu continuamos sentados ali mesmo.

– Vocês acham que eles vão nos apoiar? – Maxon perguntou.

– Eu espero que sim. – Disse.

– Eu tenho certeza que sim. – Nicole sorriu.

– Independente do que acontecer amanhã, mesmo que eles não queiram que nós sejamos a família real, ainda seremos uma família. Vamos ficar juntos. – Maxon abraçou a nós duas e nos apertou.

– É claro que vamos. Ou você acha que vai conseguir escapar da gente de novo? – Brinquei.

– Que eu me lembre, foram vocês que escaparam de mim. – Maxon entrou na brincadeira.

– Não importa quem escapou de quem, ninguém vai escapar agora. – Nicole afirmou.

– Bom, eu não sei vocês, mas eu estou com fome. Alguém topa assaltar a geladeira comigo? – Maxon propôs. Eu fiz uma cara de repreensão, mas não deu certo.

– Pai, que feio! Esse é o exemplo que o senhor dá pra mim? – Nicole brincou.

– Tudo bem, me deixa mudar isso: Alguém aceita fazer uma visita cordial às criadas que ficam na cozinha e aproveitar a ocasião oportuna para nos alimentarmos? – Maxon se corrigiu e nós rimos muito, mas por fim concordamos.

Saímos dali rindo e abraçados, deixando as preocupações para depois e sem perceber que a luz vermelha da câmera ainda estava acesa.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se o link do vestido não entrar... http://4.bp.blogspot.com/-x14GAn7NB3o/UiVYV9CGuXI/AAAAAAAACCQ/qxuDix8TcfI/s1600/1236093_503782499700153_60089569_n.png

Maior capítulo dessa fic até agora.. Quase quatro mil palavras. Estou batendo meu recorde.
Dentro de alguns minutos... Bônus pelos 100 comentários. Será que conseguimos alcançar 200?
O que acharam desse capítulo???
Beijos, e até daqui a pouco.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Felizes... para sempre?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.