Felizes... para sempre? escrita por Enthralling Books


Capítulo 10
- Conforme-se


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.
Estou sendo muito gentil com vocês e postando depressa. Devo ficar mais ansiosa do que vocês por esses capítulos...
Bem, espero que gostem.



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Acordei ao som de um choro. Quando olhei pela janela, percebi que ainda estava escuro, o que significava que ainda era madrugada. As memórias da noite passada voltaram para mim impetuosamente e eu sorri com a lembrança, mas meu sorriso se desfez assim que percebi que America não estava no quarto. Levantei a cabeça para procurá-la em tempo de vê-la entrar, vestida apenas de roupão, com nossa filha nos braços. Ou devo dizer com a fonte do choro nos braços?

– Ainda se incomoda com choro de mulheres, majestade? – America perguntou, dando um sorriso provocador.

– Muito mais agora, quando sei que o choro é da nossa filha. – Mesmo que a pergunta tenha sido uma brincadeira, respondo sinceramente.

– Não se preocupe com isso. Nicole só está com fome. Depois que eu amamentá-la, vai dormir em dois segundos.

– Acho que ela vai ser cantora como você. – Comentei.

– Por quê? – America perguntou confusa.

– Porque o grito dela alcança uma nota aguda que até cantores de ópera devem ter dificuldades em alcançar. É um talento nato.

America riu de se curvar. Apreciei a visão da felicidade dela que eu não percebi apenas por causa do riso, mas pelo brilho em seus olhos. Só de pensar que ela perdeu quatro dos nossos filhos... Não consigo nem imaginar como deve ter sido ela passar por tudo sozinha.

– Vou sentir falta dessa nossa semana. – America comentou ainda olhando para Nicole.

– Ela não precisa acabar. Se você aceitar ficar em Illéa podemos continuar sendo felizes juntos.

– Maxon, não insista. Sabe que isso não pode acontecer. Já conversamos que não vou expor nossa filha ao perigo desta forma. – America me fitou.

– Esse perigo é meu pai, America. Não vou deixá-lo ficar em nosso caminho. Compro uma mansão e o forço a dizer que quis se aposentar se você aceitar ficar comigo. Faço qualquer coisa.

– Sabe que não é assim que as coisas funcionam. Mesmo que seu pai saísse do palácio, ele não deixaria a política com tanta facilidade. Além disso, temo que ele não seja o único a me odiar. O conselho deve estar cheio desses homens, que eu sei. Não pode desfazer o conselho e colocar outro no lugar e com Nicole no palácio, atingi-la não vai ser difícil. Nem que nós sejamos extremamente cuidadosos, ela não vai estar 24 horas por dia, 7 dias por semana onde nós possamos vê-la, principalmente quando começar a correr e a brincar. Seria impossível vigiá-la por completo.

– Se tentarem algo contra Nicole o povo se levantará em nosso favor. Desde que você saiu de Illéa o povo faz questão de se manifestar contra tudo o que não concordam. Você fez isso, America. Acordou o povo. Eles podem proteger nossa filha, intimidar o conselho, talvez até meu pai.

– Mas mesmo que o povo se levante, Maxon, até chegarem aos portões do palácio já pode ser tarde demais. Amberly deve ter contado a você sobre meus abortos. Não posso correr o risco de perder minha filha. Não posso. – America deixou escapar uma lágrima e eu a enxuguei. Nicole se satisfez e America a apoiou em seu ombro para fazê-la arrotar.

– Então é isso? Terei que me conformar em vê-la partir com nossa filha nos braços? Terei que me conformar em ser um completo estranho aos olhos dela? Vê-la crescer através de fotos? Eu a protegeria, America. E mataria qualquer um que tentasse algo contra ela. Contra vocês duas. – Mal conseguia controlar minha mágoa e minha raiva.

– Mesmo que esse alguém fosse seu próprio pai? Por favor, Maxon! Seja realista. Matar seu pai seria o fim do seu reinado. Você seria ainda mais odiado do que é agora por desprezar sua família uma segunda vez. Me ensinou que lidar com a opinião pública faz parte de quem somos, assim como assumir as consequências por nossos atos. Você me depôs e agora tem que aceitar as consequências. Se seu pai estiver aqui, nossa filha corre risco com ele. Se matá-lo, você corre risco com o povo.

– Eu prefiro assumir esse risco a ficar longe de vocês outra vez. – Já estava desesperado.

– Mas eu não posso correr o risco de vê-lo morrer. Prefiro estar longe e saber que você está bem do que ter sua morte na minha consciência. Me julgue por isso se quiser. Minha decisão já está tomada e não há nada que você diga ou faça que mude isso.

– Por favor, America. Não me faça dizer adeus.

– Não farei. Tenho certeza de que com o tempo você conseguirá arrumar uma solução e, quando encontrar, Nicole estará pronta para ser princesa em Illéa. Nos veremos outra vez, quando tudo se acalmar. Veja isso como uma motivação para estabelecer a paz.

– Você promete que voltará? Voltará para mim?

– Voltarei para Illéa com nossa filha. Mas quem é que sabe o que o futuro aguarda?

Depois da minha semana mais feliz em muito tempo, tive a pior manhã da minha vida. O fotógrafo voltou para tirar fotos de America e Nicole saindo do país, Nicolleta voltou para acompanhá-la e, junto com ela, todos os funcionários italianos voltaram também. Ao que parece os equipamentos médicos – ingleses, pelo que eu soube – já tinham sido postos no avião. A família de America viajaria para a Itália assim que America estivesse segura atravessando o oceano para longe de mim.

Fui forçado a me separar de America outra vez. Fiz com que ela prometesse manter contato e enviar vídeos da nossa filha sempre que possível. Não queria perder nada. Nicolleta num ato de compaixão imerecida – palavras dela – disse que enviaria para mim uma tecnologia que havia sido recuperada, da época em que Illéa era chamada de Estados Unidos da América. Acho que o nome é... Holo... Holograma. É, acho que é isso. Disse que seria como um telefonema, só que, além de ouvi-las, eu poderia ver a imagem delas enquanto elas também veriam a minha.

Beijei minha filha. Beijei America. E então as vi partir. De novo.

A caminho do presídio, quero dizer, palácio, não conseguia parar de pensar na minha família. Se eu não fosse o rei, se não precisasse cuidar de uma nação inteira, poderia cuidar da minha vida.

Chegando ao meu destino, me preparei para reassumir as minhas funções e ver a bagunça que uma semana com o conselho – e meu pai – no controle pode ter provocado. Felizmente, a pressão popular limitou as possibilidades deles e encontrei Illéa do jeito que deixei. O que não era exatamente um consolo, mas bastava por hora.

Fui direto ao meu quarto, mas percebi que já estava quase na hora do almoço. Então tomei um banho, me arrumei e desci para a Sala de Jantar, onde meus pais já estavam sendo servidos.

– Boa tarde.

– Filho, não sabia que tinha chegado. – Minha mãe comentou – Fez uma boa viagem?

– Sim, sim. Dentro do possível. – Evitei entrar no assunto porque não queria que meu pai fizesse perguntas que poderiam revelar a mentira que inventei para poder passar aquela semana com America e Nicole. – E como estão as coisas por aqui? – Completei.

– Estão na mesma. – Minha mãe respondeu com um sorriso cansado.

– Não tem com o que se preocupar. Eu sei cuidar do reino. – Meu pai falou pela primeira vez desde que cheguei – Faço isso até melhor do que você, se considerar como estamos agora. Essa revolta popular não aconteceu quando eu era o rei.

Recentemente, adquiri uma qualidade nova: A qualidade de não discutir com meu pai. Por mais que eu odeie quando ele age desta maneira, não quero gastar saliva à toa. Só que parece que não fui o único a adquirir qualidades diferentes. Minha mãe pareceu se lembrar de que tem voz desde que America foi embora. Defende-a a todo custo.

– Tem razão Clarkson. Maxon tem um povo participativo, que não se conforma com injustiças. Você tinha uma guerra na Nova Ásia e grupos distintos de rebeldes atacando a todas as trinta e cinco províncias do país. Com certeza o seu reinado foi muito melhor.

– É impressão minha ou você está se tornando uma tola como a que Maxon escolheu? Aquela garota foi a destruição da nossa família.

– Será que podemos comer em paz? – Perguntei indignado com o rumo da conversa.

– Não temos paz desde que você resolveu dizer “Casa comigo, America Singer”.

– Chega! Não se pode fazer uma refeição nessa casa sem que você insulte minha esposa.

– America não é mais sua esposa! – Replicou transtornado.

– Meu maior arrependimento. Mas ela ainda é a mãe do meu filho e a mulher que eu amo. – Tive que ter o cuidado de não dar pistas sobre o nascimento de Nicole. Se eu dissesse que America é mãe da minha filh(A) ele saberia – Perdi a fome. Mãe, vá até meu escritório quando acabar. Preciso falar com você.

– Tudo bem, filho – minha mãe respondeu.

Não muito tempo depois, ouvi uma batida na minha porta. Se fosse meu pai, ele não bateria, então presumi que era minha mãe.

– Entre.

– E então? – Ela estava ansiosa. Tínhamos mentido sobre quantos meses de gravidez America deveria ter. Meu pai pensa que os nove meses só vão se completar daqui a três semanas. Ou era a mentira ou ele teria desconfiado que America estava em Illéa, no exato momento em que eu disse que ia viajar. Se Nicole tivesse nascido prematura, aí sim eu estaria enrascado.

– É uma menina. Princesa Nicole Singer Schreave. Precisava ver o quanto ela é bonita, mãe.

– Uma neta? – Minha mãe cobriu a boca e sorriu – Estou ficando velha. Mas me diga, como ela é?

– Tem o meu cabelo e os meus olhos, mas o restante é todo da America. Grita alto. – Sorri enquanto descrevia meu bebê – Parece um anjo.

– E como America reagiu à sua presença?

– Primeiro ficou em choque, depois desconfiada, depois conformada, depois feliz.

– Feliz? – Minha mãe sorriu, mas com um olhar confuso.

– Sim, mãe. Ela até me deixou segurá-la. Fiz papel de idiota sendo tão desajeitado, mas, depois que peguei o jeito, soube que meus braços tinham sido feitos para aquilo. Ela é tão pequena, tão frágil, que tinha medo de que pudesse quebrá-la. Acho que meu coração expandiu para comportar as duas. Por uma semana fomos uma família e eu trocaria tudo isso – apontei envolta - apenas para voltar no tempo e desfazer o meu erro.

– Quando você diz uma família, quer dizer...?

– Em todos os sentidos da palavra mãe. Por uma semana fui pai, por um dia, voltei a ser o esposo de America, e então estouraram minha bolha de felicidade e aqui estou. – Suspirei.

– Sinto muito, filho, mas fico feliz que você ao menos teve a oportunidade de se redimir com America. Gostaria tanto de ter estado lá.

– America disse que vai mandar as fotos para a imprensa de Illéa em breve, mas que fará questão de nos enviar um álbum com todas as fotos também.

– Não é a mesma coisa.

– Sei que não.

– Como acha que seu pai vai reagir?

– Não sei, mas não vai ser fácil.

– Quando que alguma coisa é fácil? Bem, eu também queria te avisar que Clarkson marcou uma reunião com o conselho para daqui a vinte minutos. Ele pensou que você só chegaria mais tarde.

– A senhora vai? – Perguntei por perguntar. Minha mãe não costumava ir às reuniões.

– Sim. – Depois de ver minha expressão de perplexidade, completou – Estou indo a todas as reuniões desde que você saiu. Alguém precisa acalmar os ânimos naquele lugar. Parece um campo de guerra. Além disso, America costumava ir às reuniões quando podia. Acho que uma perspectiva feminina não faz mal a ninguém.

– Isso sim é novidade.

– Uma boa, eu espero.

– Com certeza. Acho ótimo que queira participar de tudo. Me fará bem saber que America e Nicole não têm só a mim e penso que America também iria gostar de saber.

– Bem, vamos?

– Sim, vamos. – Ofereci meu braço, que minha mãe prontamente segurou e fomos em direção à Sala de Reunião 2.

– Não sei se é impressão minha, mas os funcionários parecem tensos. – Minha mãe sussurrou enquanto andávamos pelo corredor.

– Não é impressão, reparei isso também. Estão assim há meses. Acho que preferiam quando não estávamos em pé de guerra.

– Todos nós preferíamos.

Chegamos cedo à Sala de Reunião, então éramos os únicos lá. Os conselheiros foram aparecendo aos poucos e nos reverenciavam conforme chegavam. Por último chegou o meu pai, que parece não ter ficado contente em perder a poltrona do rei outra vez.

– Maxon, não sabia que viria. – Ele pareceu incomodado.

– Devo reassumir minhas responsabilidades. Fui avisado dessa reunião e então vim. Algum problema? – Desafiei-o.

– Não. Problema nenhum. - Sentou-se ao meu lado direito enquanto minha mãe, que ocupava a antiga posição de América, estava ao meu lado esquerdo.

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Algumas reuniões costumavam contar com todos os trinta e cinco conselheiros e com embaixadores estrangeiros, e então íamos para o auditório do palácio, mas como não temos visitantes e boa parte dos conselheiros está tentando contornar as manifestações em suas províncias, a Sala de Reunião 2 iria nos servir perfeitamente.

– Todos já estão presentes? – Perguntei.

– Todos os que irão comparecer estão aqui, majestade.

– Excelente. Então declaro essa reunião iniciada. Clarkson, poderia nos informar o objetivo para o qual ela foi convocada?

– Ora, que outro objetivo poderia ter, senão o de encontrar uma nova rainha para Illéa e conter o povo? – respondeu.

– Julguei ter deixado bem claro da última vez que não haverá uma nova rainha em Illéa.

– Majestades, eis o que eu acho que devemos fazer: – o conselheiro de Sumner comentou – devemos deixar tudo como está. O povo não vai reagir enquanto não substituirmos a ex-rainha e enquanto o filho dela for o único herdeiro. Enquanto não há uma nova rainha em Illéa, há segurança. Essas manifestações são pacíficas. Apenas fazem mal aos ouvidos pela gritaria, mas não estão usando de violência.

– Ainda! – o conselheiro de Yukon interviu – Isso é apenas questão de tempo. E mais: que garantia nós temos de que o filho de Lady America sobreviverá até a maturidade? Se acontecer alguma coisa a essa criança, será o fim da Monarquia e agora que todos nós sabemos que Lady America tem sérios problemas com abortos, como garantir que essa criança não morrerá no parto? Precisamos de uma segurança a mais. Precisamos de um segundo herdeiro.

– Seu argumento é apenas o da morte dessa criança? – O conselheiro de Sonage indagou – Pode prever o futuro para saber que a criança morrerá?

– Justamente por não prever o futuro é que não posso garantir que a criança viverá – Respondeu.

– Senhores, – minha mãe manifestou-se pela primeira vez – talvez eu deva lembrá-los de que o meu esposo, Clarkson, é filho único. Meu filho, Rei Maxon, também é filho único. Talvez deva lembrá-los ainda de que eu tive problemas com abortos também. E o rei Maxon é forte e saudável. Não deveriam ser tão pessimistas quanto ao futuro. Agradeço, senhor, por sua preocupação com a segurança e com a saúde de meu neto, mas tenho certeza de que Lady America e a realeza italiana possuem recursos para protegê-lo.

– Minha esposa, caros conselheiros, estamos esquecendo um simples detalhe: De acordo com a lei, apenas um genuíno filho de Illéa pode governar. Significa que uma criança nascida na Itália não pode assumir o trono de Illéa.

– De fato – respondi –, mas creio que Lady America também esteja ciente dessa lei.

– Pois então, apenas precisamos impedir que America entre em Illéa para ter essa criança e então o povo não terá outra alternativa senão aceitar uma nova rainha.

– Quantas vezes terei que avisar que não teremos uma nova rainha? Além disso, duvido muito que o povo aceite essa lei, mesmo que meu filho nasça na Itália. Já mudamos a lei para permitir que uma princesa mantenha o nome da família após o casamento, para o caso da criança ser menina. O povo nos pressionaria outra vez para que mudássemos também a esta.

– Não deveria ter mudado aquela, para início de conversa. – Esbravejou.

– Mesmo que eu aceitasse me casar novamente, não haveria como garantir que teria um filho. Poderia ter vinte filhas e nenhum filho. Receio de que não haja como controlar isso. E assim como pode acontecer comigo, poderia acontecer com qualquer governante de Illéa. Atender ao povo quanto à mudança dessa lei foi o mais sensato a se fazer.

– E então entramos em outro problema: - o conselheiro de Likely comentou – o povo e essas suas manifestações. Por enquanto estão apenas assegurando o trono do herdeiro legítimo, mas e quando começarem a se levantar por outras coisas? E se começarem a se levantar contra toda a lei de Illéa ou contra a Monarquia? Certamente já perceberam que possuem certa força com o número.

– Receio de que não temos como nos prevenir contra isto, por hora. – Assumi.

– E então – minha mãe continuou – Poderemos apenas esperar que Lady America interceda ao povo por nós.

Estávamos num impasse e percebi que esta reunião não daria em nada. Depois de muita discussão – desnecessária – a dei por encerrada.

A semana passou sem grandes acontecimentos, apenas as discussões habituais entre meu pai e eu, mas nada fora do esperado. Até a manhã de sexta-feira, quando recebi um mensageiro.

– Majestade, - ele fez uma reverência profunda – uma entrega para o senhor.

Ele se aproximou e eu peguei o pacote. Esperei que o mensageiro fizesse outra reverência e saísse para ter um pouco de privacidade. Quando rasguei o embrulho, me deparei com um DVD, com um álbum de fotos e com uma nota, escrita na caligrafia de America.

Rei Maxon,

Dentro do álbum tem todas as fotos não só do nascimento de Nicole, mas também da minha gravidez. As fotos da minha semana em Illéa já estão com a imprensa, mas não mandei para eles aquelas em que você também estava. Temi que pudesse causar problemas se o povo soubesse que você presenciou o nascimento da nossa filha e ainda assim a deixou voltar comigo. No DVD tem algumas gravações feitas durante essa semana também. Tomei o cuidado de mandar editar o que está com a imprensa. Não sei se fiz bem ou mal, mas fiz pensando em você.

Saudades,

Lady América.

Depois de ler, pedi a um mordomo que chamasse minha mãe imediatamente ao meu escritório. Não muito tempo depois, já estávamos ambos emocionados com as fotos da minha filha.

– Ela é linda! – Minha mãe comentou com olhos lacrimejantes – Você tem razão, ela se parece com America.

– Essa aqui é a minha favorita. – Mostrei uma foto da noite em que Nicole nasceu, quando estávamos os três dormindo juntos. Eu estava com a mão na cintura de America e nossos rostos estavam ambos próximos ao de nossa filha. Não sabia que tinham tirado aquela foto, mas fico feliz que tenham feito isso.

– Eu prefiro esta – Minha mãe apontou para uma foto em que eu segurava Nicole e America me abraçava por trás, sorrindo para mim. Foi na manhã da partida delas.

De repente escutamos uma batida na porta. Eu fechei o álbum rapidamente e autorizei a entrada de quem quer que fosse.

– Majestades, – Silvia entra no meu escritório e faz uma reverência – talvez queiram ligar a televisão. São notícias de Lady America.

“E a grande novidade da realeza: a ex-rainha, Lady America, teve nossa herdeira. É isso mesmo, herdeir(a). E o mais inusitado, nossa princesa nasceu em Illéa. Vejam as imagens.”

E então começou a passar o vídeo da chegada de America e do momento em que ela foi para a casa em que Nicole nasceu. Percebi que America fez questão de passar - dentro do carro, obviamente – por lugares importantes de Illéa, provavelmente para que ninguém pudesse negar onde ela estava. Depois passaram as fotos de America em trabalho de parto – apenas as fotos sem mim – e voltaram a passar o vídeo, agora com as duas voltando para a Itália, acompanhadas da princesa Nicolleta e dando um tchau para a câmera.

“Lady America aparentemente veio para Illéa no inicio da semana passada para que a filha pudesse ser uma princesa genuína, mostrando claramente para todos nós o seu cuidado no cumprimento das leis. Seja muito bem-vinda, Princesa Nicole Singer Schreave!”

Desliguei a televisão. Silvia desejou parabéns para mim e para minha mãe, que chorava.

– Silvia, meu pai sabe disso?

– Ainda não, senhor.

– Excelente. Farei o comunicado no Jornal Oficial.

...

– Boa noite. Tenho certeza que não há um filho ou filha de Illéa que não esteja diante da televisão esta noite.

Olhei para meus pais. Os anos de convivência me ensinaram a ver além da máscara de meu pai, de forma que eu pude enxergar sua confusão.

– Hoje, venho dar uma notícia que sei que alegrará o coração de todos. Na verdade, vim apenas confirmar o que todos já sabem: Minha filha nasceu.

As linhas na testa do meu pai eram visíveis. Já podia imaginá-lo fazendo as contas e se felicitando por não ter uma neta genuinamente Illeana.

– Gostaria de estar com ela em meus braços para apresentá-la a todos, mas tenho certeza que Lady America teve motivos contundentes para mantê-la na Itália, e eu espero que ela possa esclarecê-los numa próxima oportunidade. De qualquer maneira, saúdem e festejem o nascimento de Nicole Singer Schreave, Princesa de Illéa.

Os conselheiros me parabenizaram e todos aplaudiram a notícia.

– E isso é tudo por hoje. Boa noite, Illéa. - Completei

– Fora do ar – Alguém gritou.

Meu pai começou a bater palmas e a andar em minha direção.

– Meus parabéns, Maxon, pelo nascimento da Princesa de Illéa. Uma pena que ela não é a Herdeira de Illéa, não acha?

– Quem foi que disse ao senhor que ela não é Herdeira de Illéa?

– Ora, a menina nasceu na Itália, não pode reinar. – Sorri.

– Primeiro: a menina se chama Nicole; segundo: quem foi que disse ao senhor que ela nasceu na Itália?

– O que quer dizer com isso, Maxon? Você não está querendo dizer que...?

– Que America esteve em Illéa? Que Nicole é uma genuína filha de Illéa? Que minha filha é a Herdeira de Illéa? Sim, pai, eu quero dizer tudo isso.

– IMPOSSÍVEL! America não pode ter entrado neste país.

– Clarkson, eu mesma a ajudei – Minha mãe admitiu.

– E eu estive lá quando Nicole nasceu. – Continuei – Devo dizer “Parabéns, vovô”?

– NUNCA. VOCÊ NÃO TEM CONSIDERAÇÃO PELA NOSSA ESTIRPE? PELO NOSSO SANGUE? ENTREGAR A COROA PARA ESSA MENINA VAI SER A PIOR TOLICE QUE VOCÊ JÁ FEZ. EU DEVIA TER ME LIVRADO DE AMERICA QUANDO PUDE! – Esbravejou.

– ABAIXE A VOZ PARA FALAR DE AMERICA! ABAIXE A VOZ PARA FALAR DE MINHA FILHA! E ABAIXE A VOZ PARA FALAR DE MIM! CONFORME-SE. – Respondi na mesma altura. Os guardas começaram a se posicionar para o caso de terem que proteger seu rei. – Você perdeu!

– Isso não acabou, Maxon. Não acabou.

E virou-se para sair. Três passos depois, tropeçou e caiu no chão. Percebi que todos os funcionários e até alguns conselheiros seguravam o riso. Transtornado, levantou-se e continuou seu caminho, quebrando vasos e batendo a porta com força.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E então? Amaram? Odiaram? O que esperam que aconteça agora?
Até o próximo capítulo... Beijos.



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