– Anjos lamentadores? - pergunto - o que são anjos lamentadores?

– São uma raça - Doutor diz - parecem estátuas em formas de anjos que choram, normalmente,conhecidos como assassinos solitários, ninguém sabe de onde vieram, mas são tão antigos quando o universo, ou quase isso, eles desenvolveram uma tecnologia de defesa e ataque. Quando você ou qualquer coisa viva os olha, eles viram pedra, realmente pedra, mas basta que você pisque para que eles se mexam com uma velocidade absurda. Claro, não dá pra matar uma pedra e também não dá pra uma pedra te matar, mas quando você vira a cabeça, ai assim eles podem te matar. Por isso eles cobrem os olhos, não estão chorando, mas não podem olhar um pro outro. Mas quando eles te tocam, você é mandado para o passado, então eles se alimentam de energia chronon que vem dos dias que você não viveu.

– E eles estão aqui - diz Jack - algumas semanas, enquanto andava pelas ruas, ouvi pessoas falarem sobre um desaparecimento, quatro jovens entraram em uma casa abandonada, no final da rua, e não saíram, outras pessoas entraram lá para procura-los, mas também não saíram, desde então ninguém entra na casa mas eu entrei - ele sorri ao dizer isso - um anjo estava lá, logo acima da escadaria, saí rápido.

Doutor olhava para sua caneca de chá, estava pensando em algo. Jack olhava para mim, e eu olhava para o Doutor. Eu tinha uma vaga ideia sobre os anjos lamentadores, e eles me assustavam.

– Jack, disse que a casa fica no final dessa rua?

– Sim.

– Vamos até lá.

Eles se levantam, Doutor deixa no valor dos chás em cima da mesa, e saem andando em direção a porta.

– Doutor!- eu chamo, me levantando e correndo para alcançá-los, eles já estavam na porta - Nós vamos até lá?

– Eu e Jack vamos - ele vira de frente para mim - você não.

– O que? Claro que vou.

– Não, não vai. Eles são anjos lamentadores - diz, como se tivesse explicado tudo.

Doutor vira de costas para mim e continua andando andando, agora Jack está ao seu lado.

Começo andar atrás deles, eu não vou ficar para trás, não dessa vez.

– Você - Doutor diz, virando de frente para mim de novo - vai ficar do lado de fora, entendido?

Aceno sim com a cabeça.

...

A casa é bem velha, como aquelas casas de filmes. Tem dois andares.

Doutor e Jack entraram na casa a dez minutos, estou sentada na escadaria da frente olhando para minhas unhas. O esmalte vermelho está saindo.

Ouço a a porta ser aberta, Doutor e Jack saem de dentro dela.

– E ai? - digo.

– Nada - diz Jack - não achamos nada, não está mais ...

Uma janela quebrada no segundo andar, os cacos de vidro voam em nossa direção, Doutor se debruça sobre mim para me proteger.

– Mas o quê... - Jack diz com as mãos e os braços protegendo a cabeça.

Os cacos param de cair e Doutor se levanta.

– Tudo bem com você? - ele pergunta, eu aceno que sim com a cabeça.

Um pedaço de papel cai no chão, veio lá de cima. Doutor pega o papel, eu e Jack nos juntamos a ele para ver. O papel tinha três riscos, parecia que uma criança os tinha feito.

– O que é isso? - Jack pergunta.

Doutor olha pra cima, para a janela quebrada - Ele quer que nós três entremos lá dentro - agora ele olha para mim, seu rosto trás uma expressão preocupada.

– E então? - pergunto.

– Acho, que vamos entrar- diz Doutor- você - ele diz apontando para mim- não saia de perto de mim.

Faço que sim com a cabeça e andamos em direção a porta . Doutor abre a porta, eu estou entre ele e Jack.

Entramos devagar, a casa está ligeiramente iluminada com a luz do por-do-sol.