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O dia tinha sido agradável, mas estranho, pelo menos entre mim e Gaara. Olhar para ele agora sob à luz da lua só me fazia sentir mais frustração ainda, mas eu tinha que relaxar, afinal, estamos aqui sozinhos para isso, relaxar e virar a página. Antes da meia-noite, como no conto da Cinderela, fugimos do “baile”, passamos no chalé em que estavam nossas coisas, colocamos nossas roupas de banho e fomos para o lago. Tinha sido ideia dele, de repente enquanto todos se distraiam jogando, o ruivo me puxou de canto e fez a sugestão. “— Está extremamente quente e abafado aqui, o que acha de um mergulho?” Eu não precisei pensar duas vezes, aquele era o nosso negócio.

— Tudo bem? — Gaara perguntou se aproximando de mim e se sentando ao meu lado.

— Sinceramente? — perguntei e ele assentiu com a cabeça, então continuei — Estou melhor, mas ainda estou um pouco frustrada.

— Eu estaria mentindo se dissesse que não estou nem um pouco frustrado também, mas sabe que não me importo, não é? — Ele me olhou fundo nos olhos.

— Eu também não me importo, Gaara. — Abri um sorriso e o abracei, ele apertou os seus braços ao redor de mim, como se quisesse me transmitir toda segurança e conforto naquele gesto.

Nossa primeira vez, se é que eu posso chamar assim, tinha sido um desastre. Talvez por ansiedade demais, falta de experiência de ambos os lados, não éramos mais virgens, mas cada um de nós só havia tido um parceiro na vida. Enfim, todo nosso entusiasmo levou um grande banho de água gelada na hora H da noite anterior, restando apenas uma nuvem de constrangimento acima de nossas cabeças.

— Me desculpe por todo o clima estranho o dia inteiro e agradeço por você ter deixado tudo tão natural. Acho que foi só o choque do momento. — Me separei do abraço e comecei a me desculpar da melhor forma que pude, nosso relacionamento ia muito mais além do que algo físico, desde quando eu o vi pela primeira vez e tive certeza de que precisava me aproximar dele, não teve um dia em que não me apaixonasse mais e mais.

— Ino... — Ele fez uma longa pausa, nossos olhos não se desviam uns dos outros. — Eu... Eu amo você.

Meus olhos se arregalaram, eu não esperava aquilo assim, naquele momento, mas algo dentro de mim se encheu de felicidade instantaneamente. Abaixei o olhar.

— Gaara... Eu...-

— Eu sei que é muito cedo, só fazem alguns poucos meses... — Levantei o olhar para encará-lo, mesmo com a iluminação apenas da lua no céu aberto, eu podia ver que ele estava corando — ...E nossa primeira noite juntos não foi bem como planejamos..., mas... Ino, desde o nosso primeiro passeio juntos, você mudou algo em mim e mexeu comigo. Quero dizer, por que a garota mais bonita da cidade estava dando bola pra mim? Um gótico introvertido e esquisito. — Ele riu — Você atravessou a proteção que eu tinha criado, com delicadeza, com carinho, com tantos beijos... Com amor, Ino. Então, mesmo que seja cedo, ou que não seja exatamente o que você sente por mim, eu não tenho medo de te dizer, que eu te amo, Yamanaka.

Meu coração batia acelerado dentro do peito, o ar parecia ter sumido, ouvir tudo aquilo era surreal, Gaara estava diante de mim, se declarando, me revelando os sentimentos que antes tanto suprimia.

— Eu também amo você. Eu já tinha me apaixonado por você antes de saber se você estava interessado de verdade em mim. No nosso primeiro beijo, parecia que eu tinha morrido instantes antes, com a possibilidade de você ter outra pessoa, mas depois de me tomar em seus braços naquela piscina, eu voltei à vida. Eu não me importo se faz pouco tempo... Eu só estou feliz que você também me ame.

Ele piscou algumas vezes e percebi que estava chorando. Ele sorria e não dizia nada, tentando segurar as lágrimas. Então me inclinei para frente e o beijei, como se nunca o tivesse feito antes, com seu rosto em minhas mãos e o meu nas suas. Nos aproximamos mais e o beijo foi se intensificando. Ele foi me inclinando devagar e me deitando em cima da toalha que havia estendido no chão, encaixou uma das pernas dentro das minhas para se apoiar. Deixei uma lágrima cair e então ele parou.

— Desculpa, eu não- — começou a dizer, mas o silenciei com outro beijo.

— Estou chorando de felicidade, porque eu nunca senti nada assim antes e está transbordando... — Seus olhos brilhavam tanto quanto eu sabia que os meus brilhavam.

— Eu entendo perfeitamente.

Ele passou a mão pelo meu rosto e me beijou novamente, dessa vez com menos ternura e mais desejo, nossos corpos se tocaram e era como se tudo estivesse acesso, o ar quente à nossa volta agora parecia arder como se estivéssemos ao lado de uma fogueira. Percebendo a ansiedade das nossas línguas se devorando, Gaara se deteve, se levantou, tirou toda a roupa e disse:

— Você vem? — Ele piscou para mim e correu até a água, se jogando no lago escuro.

— É claro! — Eu gritei em resposta e me livrei das minhas roupas.

Em alguns segundos estávamos os dois abraçados dentro da água fresca, nossos corpos arrepiados, colados um no outro, enquanto nossas bocas se beijavam. Gaara começou a percorrer meu pescoço com beijos e mordidas, ele descia até o meu colo e voltava até minha orelha, eu podia sentir meu corpo esquentando e a sensação quente conflitante com a água fria estava me excitando cada vez mais — não perdi tempo e entrelacei minhas pernas na cintura de Gaara, quando nossos corpos se tocaram, não consegui conter um gemido alto. Ele passou suas mãos por debaixo da água segurando o meu bumbum, começou a me levar para mais próximo da margem do lago e então sussurrou:

— Posso? — Passei as mãos em volta do seu pescoço e aproximei meu rosto do seu.

— Sim...

Autorizei com a voz embargada e então suas mãos se mexeram, nossos corpos se encaixaram lentamente e gememos juntos.  Já estávamos na beirada da margem e a essa altura, eu sequer me incomodava com o chão molhado nas minhas costas, a água parecia nos envolver como um fino cobertor — meu quadril se movia involuntariamente acompanhando seus movimentos, eu segurava seus cabelos enquanto sua língua brincava com o meu corpo que se derretia em sua boca e em suas mãos que seguravam minhas pernas pelas coxas, as suspendendo um pouco do chão. Era insano, a brisa quente, a água amena, nossos corpos fervendo, o cheiro da floresta no ar, a lua nos iluminando parcamente enquanto nos amávamos sem pudor ao ar livre. Minhas mãos deslizavam por todo o seu corpo e minhas unhas o arranhavam, cada vez que eu passava pelas suas costas, ele arqueava o corpo em prazer. E ficava mais rápido, mais fundo e mais forte. Tomei a sua boca ferozmente e achei que aquele beijo queimaria os meus pulmões, minhas pernas mais uma vez instintivamente se prenderam à cintura de Gaara, prevendo o clímax, que chegou arrebatador, com um som alto e louco das nossas vozes anunciando a onda de prazer. Nos encaramos ofegantes, ainda agarrados um ao outro, nossa percepção do ambiente voltando aos poucos, eu sentia a água envolvendo nossos pés, então comecei a rir e disse:

— O que a água uniu...

— ...Ninguém separa. — Ele concluiu e começou a rir.

Nos levantamos e voltamos para dentro do lago para nos lavar e, outras coisas mais.

Splash.

...

— Eu acho que a versão hétero de nós dois, se resolveram. Seja lá o que estava os incomodando. — Deidara sussurrou para mim e Sasori, que rimos com o papo de “versão hétero”. Estávamos deitados em cima de toalhas tomando sol na beira do lago, enquanto Ino e Gaara nadavam e se divertiam na água.

— Parece que sim, acho que me preocupei atoa. — Comentei aliviada.

— E então, já podemos saber para onde a senhorita foge toda noite? Sabemos que não estão usando os chalés. — perguntou Sasori olhando em direção à Sasuke que estava jogando uma partida de vôlei com Neji, Karin, Tenten, Shikamaru e Sagi, enquanto Konan atuava como juíza.

— É ultrassecreto, mas eu levo vocês lá antes de irmos embora.

— Aham, quanto mistério, Sakura, vocês dois parecem mesmo saídos de um livro de romance. — O ruivo fez um bico contrariado, estava mesmo curioso.

— Todo mundo diz isso. — Eu ri pensando em quantas vezes nos disseram isso, mas o fato era que apenas estávamos absurdamente apaixonados e aproveitando todo o tempo que tínhamos perdido presos às incertezas.

Depois do horário do almoço, nos dividimos em dois grupos, os garotos foram fazer trilha e as garotas decidiram improvisar um “spa day”, relaxamos o resto do dia e conversamos sobre inúmeras coisas, até que o assunto se voltou para o futuro mais uma vez. De todas nós a única com planos sólidos formados era Tenten, quando aquela viagem acabasse, teríamos apenas mais uma semana em casa e a reta final do último ano escolar começaria, quando as cortinas da peça se fechassem de uma vez, teríamos uma nova vida inteira pela frente. Passei o resto da noite pensando no que Sasuke faria, o nosso namoro tinha começado justamente quando nossas vidas naturalmente se separariam. Antes que meus pensamentos se enchessem de vez e eu entrasse em minhas costumeiras paranoias, quando me deitei ao lado dele antes de dormir, decidi que por enquanto aproveitaria o presente e quando chegasse a hora, nós conversaríamos e decidiríamos tudo juntos, sem mais decisões unilaterais ou fantasiosas.

— Até porque, nós somos quase casados...

Sussurrei enquanto passava à mão no colar que Sasuke havia me dado. Aproximei meu rosto um pouquinho mais do seu no travesseiro e depositei um selinho em seus lábios. Ele não abriu os olhos, mas sorriu de canto e passou o braço por debaixo da coberta me abraçando.

...