Novos Começos escrita por Tenshikass


Capítulo 15
Capítulo 15 - De seu admirador, talvez, secreto.


Notas iniciais do capítulo

Link para a música citada no capítulo: https://youtu.be/aTHzPhaiw6Q



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O sol de fim de inverno estava brilhando forte, mas o ar em volta era um pouco gelado. Em um banco na praça em frente ao colégio, estava sentada a garota de cabelos longos escuro-azulados — os quais pareciam brilhar intensamente na luz daquele dia, juntamente com seus olhos cinzas que se destacavam ainda mais. Com a cabeça em seu colo, estava deitado no restante do banco o garoto de cabelos loiros espetados. Ele passava os dedos entre as mechas de cabelo dela que caíam ao seu lado e ela passava os dedos suavemente entre os cabelos dele deslizando-os para frente até a sua testa. Os dois se olhavam nos olhos tão intensamente como se conversassem por telepatia, ou como se estivessem perdidos um dentro da alma do outro. Era assim que estavam Naruto e Hinata quando eu cheguei, fiquei os observando de longe até que o Uzumaki se levantou e começou a andar na direção do colégio.

— Bom dia. — Me aproximei.

— Ah, bom dia Sakura. — Hinata abriu um sorriso e eu a cumprimentei com um beijo no rosto.

— Vi Naruto saindo quando cheguei. — Me sentei ao lado dela.

— Ele foi comprar um café pra gente, você quer? Eu posso- 

— Hina... O que exatamente aconteceu ontem? — A cortei e ela se assustou um pouco. Eu tinha um tom de voz suave, um sorriso leve no rosto e o olhar vidrado no dela.

— D-d-do que v-vo-cê... — Ela começou a gaguejar e evitar me encarar.

— Você sabe o que. O que vocês pretendiam exatamente? — Pressionei.

— C-como a-assim? — Eu apenas a encarei um pouco mais em sinal de que não recuaria, então de repente ela suspirou fundo e me encarou de volta determinada. — Foi algo de última hora, Naruto, Karin e eu estávamos estudando na minha casa, quando o Sasuke ligou pra ele falando de um jogo novo. Depois o Naruto acabou lembrando que seu irmão também queria conhecer o jogo e foi isso.

— E foi isso? — Ela estava mentindo, muito bem por sinal, mas estava.

— Sim, sinto muito se estragamos alguma coisa...

— Não, tudo bem, vocês não estragaram nada.

— Ah, que bom. — Ela sorriu e apertou as mãos, foi quando eu tive certeza da mentira.

— Bom dia, Saki! — Naruto voltava com dois cafés.

— Bom dia. — Peguei um copo de sua mão e sai andando em direção à escola, deixando para trás um loiro totalmente confuso.

...

— E como foi a noite ontem? — Sasori me perguntou, estávamos no vestiário nos preparando para a aula de educação física.

— Melhor do que eu esperava, apesar de um pequeno imprevisto. “meu irmãozinho não perde por esperar”

Na volta para a casa, o fim do encontro...

— Obrigada por me emprestar um casaco, eu acho que me esqueci que estaria mais frio à essa hora.

— Não que eu realmente quisesse perder a visão desse decote nas suas costas, mas, de nada.

— Você não perde um comentário, né? — Ela riu, eu estava indo bem.

— Ponto pra mim. Você gostou da comida?

— Estava incrível, os tomates que eu cortei fizeram toda diferença no sabor. — Eu estava começando a curtir muito seu bom humor, ela parecia mais à vontade em minha presença do que antes.

— Com certeza, foi como um ingrediente secreto.

— Só não melhor que batata palha caseira.

— Você não vai esquecer isso, né?

— Não, de jeito nenhum. — Ela riu de novo e involuntariamente segurou o meu braço na altura do pulso, então eu o ergui um pouco e deslizei minha mão para segurar a dela. — Posso? — Ela apenas assentiu com a cabeça, tinha parado de rir e sua face corava.

— Não se preocupe, eu não vou dar nenhum passo sem que você queira. — Ela me olhou e pareceu gostar, senti seu corpo relaxar um pouco.

— Gostei do que fez com o cabelo.

— Ah, obrigada, quis mudar um pouco. — Ela passou a mão por uns fios atrás do pescoço.

— Só não gostei mais por não poder tirá-lo do seu rosto e ter assim uma desculpa para tocá-lo. — Falei em tom de brincadeira, mas então ela levantou sua mão livre e desprendeu a presilha deixando os fios caírem soltos.

— Melhor? — Ela parou e me olhou, foi como no teatro, aquela vontade de a agarrar me consumiu novamente, mas me contive.

— Melhor. — Passei a mão pela maçã do seu rosto e deslizei para o canto, segurei uma mecha e depositei atrás da sua orelha. Nós rimos e continuamos andando.

Quando chegamos no portão da sua casa pouco tempo depois, ela não entrou de imediato, me elogiou pelo meu desempenho na peça e um assunto começou a puxar outro, menos de dez minutos depois seu irmão chegou e ainda estávamos conversando no portão, ele entrou direto sem falar nada, apenas me fuzilou com os olhos, mas eu dei pouca atenção porque estava preso naqueles lábios, a cada vez que ela ria eu tinha mais vontade de beijá-la. Não demorou para estarmos sentados na calçada, encostados na grade do portão; eu falando algumas coisas do meu trabalho e ela, do seu jardim. Quando nos despedimos era quase uma hora da manhã e só notamos porque seu irmão apareceu na porta avisando — quase berrando — que dali a pouco tínhamos aula. Me despedi depositando um beijo na bochecha dela — com todo o esforço do mundo — e esperei que entrasse, depois caminhei de volta para casa sem pressa, esperando que o vento da madrugada me acalmasse.

...

— Nossa, acho que é a primeira vez que vejo você aproveitar tanto um encontro, quer dizer, um que não tenha terminado em sexo. — Sasori soltou uma risadinha. — Você está gostando mesmo dela?

— Pode ser... A atração é inegável. — Respondi com sinceridade.

— Acho que já ouvi isso umas mil vezes.

— É diferente, tá legal.

— Pro seu próprio bem, e pro dela, eu também espero que seja. — Eu sabia que o comentário era sobre o irmão dela e o meu.

— Minha reputação é mesmo péssima. — Eu ri sem graça.

— Não é pior que a do Hidan, veja pelo lado bom.

— Obrigada, eu acho.

— Vocês sabem que eu posso ouvir tudo daqui, né, seus putos? — Hidan estava usando o banheiro a poucos metros de nós.

— Aham, continue aí. — Gritei de volta. — E você? Não te vejo saindo muito ultimamente, e ainda vai começar na oficina esse final de semana, do que está fugindo exatamente?

— E do que eu fugiria? — Sasori ficou da cor de seu cabelo.

— Como você mente mal, nem parece amigo nosso. — Zombei.

— Cala a boca. Que demora, Hidan, vamos nos atrasar. — Ele trocou de assunto como sempre fazia quanto ele era o centro da atenção.

— E por acaso você nasceu grudado comigo? Pode ir na frente moranguinho.

— Por que mesmo eu me importo com esse idiota? — Sasori suspirou.

— E o Deidara, como vai? — Perguntei despretensiosamente enquanto saíamos do vestiário.

— Quem? Hã? E como é que eu vou saber, Itachi, sei lá.

— Aham, você me disse que ele estava sem um emprego... e agora não sabe de nada?

— Era só uma informação aleatória.

— HAHA, claro, perdão, uma informação aleatória, tipo, você ser super afim dele.

— SHHHH, fala baixo, o que? Quem te disse isso?

— Você sabe, eu tenho minha fontes, e porque eu falaria baixo, ele não pode te ouvir a quilômetros de distância. — Se é que tinha como, ele ficou ainda mais vermelho, andava todo travado ao meu lado sem sequer me olhar.

— Fala sério, odeio vocês, é sério.

— Acredito, mas então, você já perguntou pra ele?

— Se ele é gay ou bissexual? — Seu tom era de indignação, ele arregalou os olhos como se eu tivesse dito e não ele.

— Não, que? HAHAHAHA, é claro que não, quer dizer, não assim pelo menos, você já perguntou se ele sairia com você? “bom, o Deidara se envolve com tanta gente que bissexualidade poderia ser um chute baixo”

— Não... Eu não sou como vocês, eu não sei como.

— Tente com palavras.

— Ah claro, jura? Quem iria imaginar. — Dessa vez ele me olhou só para me mostrar a língua.

— Eu posso dar uma forcinha, se você quiser. — Sugeri.

— Não precisa, é sério, não faça nada. — Ele prontamente recusou, eu balancei a cabeça em afirmação e levantei os braços em sinal de rendição, mas manteria alguma ideia em mente.

...

— Eu sei que você sabe, desembucha. — Sentei-me ao lado da carteira de Ino.

— Sei o que? Dessa matéria de física? Você só pode estar maluca, eu não entendo nada que o professor Nagato fala-

— Nem começa, Yamanaka. Você não estava lá, mas eu sei que a ideia saiu dessa sua mente brilhantemente perversa. — Disparei.

— Uau, muito obrigada pelo quase elogio, deixe-me ver, você está falando do jantar? Se sim, é, eu já fiquei sabendo. Não foi um jogo de videogame novo que causou tudo isso?

— Incrível, você mente muito melhor que a Hinata.

— Sakura, eu não sei o que você tá achando que aconteceu...

— Um plano, sei lá, foi de propósito, não foi uma coincidência.

— Admito que achei estranho também, mas, seja o que for, eu não planejei nada, ok? Agora deixa eu ir, preciso entregar este livro. — Ela sacudiu um livro de história na minha frente e saiu depressa.

Eu já tinha confrontado meu irmão pela manhã e não consegui nada — a mesma história sobre o tal jogo novo, que curiosamente todos chamavam assim e não pelo nome dele. Eu sabia que se Naruto estivesse por trás daquilo, ele jamais me falaria, era infantil demais para ser derrotado em sua própria armação. Nem passou pela minha cabeça perguntar para a Karin. Decidi que não perguntaria ao Sasuke, nem o procuraria, mesmo que eu estivesse curiosa para saber o que ele queria me mostrar ontem.

— Ah, droga, esquece, eu não vou descobrir nada assim... — Suspirei e afundei um pouco na cadeira, adormeci. Acordei com os passos das pessoas entrando na sala na volta do intervalo, alguns me olhavam, com certeza eu estava engraçada dormindo. Não tinha sido uma boa ideia ficar acordada até quase duas da manhã, conversando com Itachi até uma hora e depois ligada demais para pegar rápido no sono, pensando em Sasuke, mesmo que o encontro tivesse terminado bem, eu estaria mentindo se dissesse que não tinha passado o resto da noite pensando no Uchiha mais novo, até me sentia culpada depois de todo o esforço de Itachi.

Olhei pela janela e passei uma mecha de cabelo para trás da orelha. De repente Gaara se sentou na minha frente.

— Já estou sabendo de tudo. — Ele disse, também olhando pela janela.

— Que bom que a minha vida não amorosa é um assunto bom pra vocês. — Soei mais ríspida do que pretendia. — Se você sabe de algo, me fala agora.

— Eu não sei, só o que me contaram sobre um jogo novo de videogame. — Ele parou de olhar a janela e se virou para mim, agora eu entendia o que Ino tantas vezes me dissera, aqueles olhos azuis beirando o verde pouco nos dizia sobre o que ele estava pensando, era misterioso. Pela falta de expressão que pudesse identificar, resolvi acreditar.

— Entendi. — Apoiei meu rosto em uma das mãos e voltei a olhar pela janela.

— Você está bem?

— Estou, você sabe, irritada com aqueles..., mas eu to bem sim, obrigada por perguntar. — Me surpreendi com o interesse, algo me dizia que era obra da minha amiga loira traidora.

— Tudo bem então, se quiser conversar. — Ele disse, mas não em um tom que realmente me convidasse a me abrir com ele, soou mais como uma formalidade social. Eu agradeci e ele se levantou indo para o seu lugar.

...

Fomos dispensados mais cedo do colégio por causa de um evento extraordinário que aconteceria com alguns empresários e políticos da cidade. Eu não entendia por que eles não podiam simplesmente alugar uma sala comercial, mas talvez aquilo fosse bom para a diretoria da escola. Depois de muito discutir — sem me deixarem ir para a casa — decidimos ir passar o resto da tarde no parque: Eu, Naruto, Hinata, Ino, Gaara, Shikamaru, TenTen e Neji.

— Vocês não deviam estar ensaiando com a banda ou algo assim? — Perguntou Ino.

Estávamos sentados em um círculo não perfeito na grama, as bolsas empilhadas juntas, Hinata deitada com a cabeça no colo de Naruto, Shikamaru sentado atrás de TenTen a acomodando entre suas pernas, Gaara e Ino sentados um ao lado do outro e ao que me parecia, Neji e eu segurando vela.

— Sasuke não pôde hoje. — Shikamaru respondeu.

— Não sou a única coisa que ele estraga... — Sussurrei para mim mesma.

— Vamos passar o som no final de semana, sábado, vocês podem ir. — Convidou Gaara.

— Se a minha mãe me liberar da loja, com certeza. — Respondeu Ino.

— Fica pra próxima. — Passou Neji.

— É, pra mim também não vai dar.

— Ah, Saki, por que não?

— Vou estar ocupada em casa. — Ino me olhou como se soubesse o real motivo — evitar Uchiha Sasuke.

— Precisa de ajuda com alguma coisa? — Perguntou Hinata.

— Não, é apenas dia de cuidar do meu jardim, eu dou conta. — Essa parte era verdade.

— Eu posso te ajudar? — Perguntou Neji, e todos se viraram para ele atônitos, eu inclusive. O Hyuuga não tinha a fama de ser o mais sociável, menos ainda que Gaara, às vezes ele nem se dava ao trabalho de nos dizer oi.

— No jardim? Por quê? — Perguntei e torci para ele não me achar rude demais, mas logo em seguida todos disseram: — Por quê? — E então eu parecia um doce.

— Eu tenho me interessado pelo paisagismo, lembro que minha prima comentou que você era muito boa nisso. — Mais um choque percorreu nossos rostos, eu particularmente não sei dizer se achei mais estranho eu ter surgido em uma conversa do Neji com a Hinata, ou eles de fato terem conversas.

— A-aah, claro, Neji. Se você acha que te ajudaria. “com seja lá o que for”

— Certo. Vocês já podem parar de me olhar assim agora. — Ele disse enquanto colocava os fones de ouvido e se jogava para trás se deitando na grama.

Não resistimos e caímos na risada. Depois de um tempo conversando, logo me vi sozinha sentada no meio de três casais, claro, Ino e Gaara não estavam trocando beijos e intimidades como os outros dois casais felizes, mas mexiam no celular entre si e para mim parecia a mesma coisa, então me levantei e me despedi.

...

Sagi não estava em casa quando cheguei, o que era bom pra saúde dele. Depois de passar pelos cômodos vi que nem mamãe tinha chegado ainda. Subi para o quarto e joguei a mochila no chão próximo à janela, depois fui até o banheiro para tomar um banho rápido, quando voltei, ainda com a toalha na cabeça, reparei que minha janela estava aberta e a mochila também. Eu poderia jurar que não estava antes, nenhuma das duas, mas talvez eu nem tivesse percebido ter esquecido abertas, me abaixei para fechar a mochila e notei que dentro tinha um bilhete. Por um momento achei que um poltergeist estava no meu quarto, senti um vento frio e me arrepiei, balancei a cabeça tentando afastar o pensamento bobo, Naruto vivia me contando histórias de fantasmas e eu era facilmente influenciada por esoterismos. Abri o bilhete e tomei mais um susto, agora me levantando — era um bilhete escrito com letras feitas de recorte de jornal.

MINHA LINDA FLOR

MEU JASMIM SERÁ

MEUS MELHORES BEIJOS SERÃO SEUS

 

DE SEU ADMIRADOR, TALVEZ, SECRETO

 

Eu tive que ler três vezes para acreditar que aquilo era real e que eu não estava lendo algum tipo de bilhete do além. Aquilo me parecia familiar, então corri para o computador e o liguei. Analisando o bilhete eu não tive nenhuma pista, até um perfume de essência de jasmim se desprendia do papel. Quando o computador finalmente ligou, eu abri meu navegador e digitei os versos no campo de pesquisa da internet. Era um trecho de uma música chamada Amado, então era isso, uma música, por isso soou tão familiar, eu a conhecia. Contudo, o principal não saía da minha cabeça: quem. Quem poderia ser? De meu admirador talvez secreto. Eu o conhecia, provavelmente... Não podia ser o Itachi, a troco de que ele se colocaria no lugar de um admirador secreto? Já passamos desse ponto, não fazia o estilo dele. De repente um calafrio percorreu minha espinha e eu endureci na cadeira segurando o mouse do computador com força. Flor... Jasmim... Jardim...

NEJI?


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ♥



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