Novos Começos escrita por Tenshikass


Capítulo 13
Capítulo 13 - Jantar para sete. Parte 1




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...

— Ei, Sakura, abre logo essa porta! — Sagi batia loucamente na porta do meu quarto.

— Sakura, é melhor você abrir antes que seu irmão derrube essa porta e eu suba aí pra descontar nos dois. — Ouvi minha mãe gritando do pé da escada, abri.

— O que você quer?

— Eu já te pedi desculpas, maninha! Eu sei que prometi parar de me meter, mas o Itachi me tira do sério, e ele fica provocando e...

— É só isso? — Eu ia fechar a porta novamente quando ele colocou o pé na frente.

— Não, não bate a porta na minha cara de novo, o que aconteceu? Você estava chorando? — Ele fitou meu rosto com mais atenção.

— Não, caiu alguma coisa no meu olho e irritou, só isso.

— Tem certeza? Você está estranha, achei que Naruto tinha melhorado um pouco as coisas...

— E ele melhorou. É sério, eu preciso me deitar, tá tudo bem. — Fechei a porta antes que ele insistisse mais. Me virei de costas e encostei na porta, fui deslizando até sentar-me no chão, voltei a chorar.

No momento em que parei Sasuke na saída do colégio, eu estava decidida em não jantar com Itachi e no lugar disso, convidar Sasuke para dar uma volta, o contaria sobre os meus sentimentos e mostraria o colar. Eu precisava saber o que ele pensava sobre mim antes de tomar qualquer decisão ou dar qualquer passo em qual direção fosse..., mas então, aquilo aconteceu. Ele me cortou, disse que iria se encontrar com a Karin e depois, que não se importava. Ele não se importava comigo? Com o Itachi? Ou comigo saindo com o Itachi? Não fazia diferença, qualquer opção era horrível. Olhei pela janela e encarei o céu — mais uma noite da minha vida chorando pelo mesmo garoto. Eu sabia que não deixaria de amá-lo de uma hora para outra, mas estava cansada daquilo doer tanto, de que quando algo parecesse fácil entre nós, uma avalanche nos atingisse. E no final, ele não se importava, eu era a tola sofrendo sozinha.

Me levantei e sequei as lágrimas, peguei meu celular de cima da mesa de cabeceira e desbloqueei a tela. Abri a agenda de contatos e fui até a letra “I”, cliquei em seu nome e liguei.

(((( Haruno chamando ))))

— Alô? Sakura? — Ele atendeu e eu hesitei por um momento, sua voz ficava um pouco mais grave ao telefone.

— Itachi?

— Bem, se não é um engano, sou eu. — Ele riu.

— Ahn, não é um engano...

— Ótimo. Só um momento... SASUKE! ABAIXA ESSE SOM QUE EU TO NO TELEFONE COM A SAKURA! — Pude jurar que ele gritou ainda mais alto o meu nome. — Pode falar.

— Eu só liguei para aceitar o seu convite. Ainda está de pé? — Confesso que vacilei quando ele disse o nome do irmão, que agora sabia que eu estava na linha, pois o volume do som foi realmente abaixado, pareceu até que foi desligado.

O.K.A.Y, espera, você vai jantar comigo, mesmo? — Ele pareceu genuinamente surpreso.

— Ahn, sim, se você ainda quiser.

— Mas é claro que eu quero! Eu só não achava que tinha chances.

— Bem, então tá bom, você vem me buscar amanhã ou...?

— Você pode vir até aqui?

— Se prefere assim, pode ser. — Estranhei o pedido, ele tinha a moto, não fazia sentido eu ir até lá para depois sairmos.

— Então te vejo amanhã, às oito?

— Claro. Você não vai ao colégio? — Fiquei curiosa.

— Amanhã não, muito trabalho. — Eu não achei que fosse por isso, já que ele costumava só assumir a oficina durante parte da noite e nos finais de semana, mas não insisti.

— Ok, te vejo às oito. Boa noite.

— Boa noite, gatinha.

(((( chamada encerrada ))))

...

Eu fiz tudo errado, tudo errado, tudo. E agora ele estava do outro lado da parede falando com ela no telefone.

— É claro que ela ligou pra ele, idiota, você simplesmente disse que não se importava. — Praguejei enquanto andava de um lado para o outro no quarto, me joguei na cama.

Meti os pés pelas mãos, como diria minha falecida mãe. Ah, mamãe... O que diria me vendo escolher o sofrimento no lugar do amor? Sim, amor, eu a amava e acho que sempre amei, talvez não fosse esse tipo de amor no começo, mas eu me apaixonei cedo, e é provável que ela nem saiba que me interessei desde o primeiro momento em que a vi e com o passar do tempo era ela quem tomava a maior parte dos meus pensamentos. Eu queria que ela soubesse, tentei me convencer várias vezes a tomar a iniciativa e não consegui. Passei um ano fora e quando voltei, estava determinado a contar tudo para ela, todos os meus sentimentos. Não esperava um terceiro elemento entre nós, já estávamos distantes o bastante antes do meu irmão e seus hormônios fora de controle se meterem. Foi só eu perceber que ela poderia se interessar um pouco que fosse por ele que não aguentei, e qual a melhor escolha a se fazer? A ignorar e dizer que não me importava. Que-eu-não-me-importava. Quando eu estava me despedaçando de ciúmes, preocupado se ela estava se alimentando bem, dormindo bem, se ela estava feliz. Tudo com o que eu me importava imediatamente passava por ela.

— E eu estraguei tudo. — Senti um aperto no peito sufocante, a imagem dela sorrindo e jantando com o meu irmão era insanamente perturbadora, pior ficava quando eu pensava que eles podiam... Peguei um travesseiro e cobri minha cabeça, gritei até perder o fôlego.

Sonhei com o último domingo, nós dois juntos, simplesmente sendo nós mesmos e apoiando um ao outro, sua mão segurando a minha enquanto eu procurava fazer-nos pegar o caminho mais longo até sua casa. Aquele dia já era um dos meus favoritos, mas agora parecia uma lembrança muito distante e desconexa — apenas um sonho.

...

VOCÊ O QUE? Sasuke, seu grande idiota! — Naruto me encarava perplexo.

— Que ótimo, o idiota me chamando de idiota.

— Pelo menos eu não joguei a garota que eu gosto em cima de outro cara.

— Tá a fim de morrer?

— E eu to errado? Tipo, eu to errado, cara? Eu tinha conversado com ela ontem sobre isso e você meio que ajudou ela a escolher um caminho que não estava realmente seguindo!

— Eu não... Não consegui me conter... — Além do Uzumaki ter toda razão, eu estava envergonhado por levar um sermão dele, era totalmente incomum.

— Você mais do que ninguém sabe que eu também não sou o melhor nesses assuntos, mesmo que a Hinata tenha aceitado me namorar eu ainda fico nervoso perto dela, quase nunca acho que estou dizendo a coisa certa ou a agradando... — ele suspirou e coçou a cabeça — mas o melhor conselho que puderam me dar, foi para eu ser sincero comigo mesmo, se eu consegui, você também consegue. — Naruto tocou o meu ombro em sinal de apoio.

— Agora não tem mais jeito, ela aceitou o jantar.

— E daí? Você vai desistir então?

— Isso não é um game, Naruto, quer que eu faça o que? “apesar de eu ter desafiado ele...”

— Eu não disse que era, mas eu não iria me perdoar se eu não insistisse na Hinata e deixasse outra pessoa tomar o meu lugar, sabendo que é de mim que ela gosta. — Ele pareceu hesitar no final da frase, como se estivesse revelando um segredo que não era seu.

— Isso quer dizer que a Sakura gosta de mim?

— É tão difícil assim de notar?

— Ela te disse?

Ele hesitou, pareceu que estava imaginando o que ela faria com ele se descobrisse que ele havia me contado.

— É, sim, ela me disse e ontem não foi a primeira vez, mesmo que sempre tente negar. Pronto, é agora que eu vou morrer, dattebayo.

Por um momento eu não soube o que dizer — em alguns momentos eu tinha certeza de que ela me odiava — afinal, a gente mal se falava antes desse ano letivo começar e depois com o Itachi ficou ainda mais difícil imaginar que a proximidade dela comigo fosse algo mais que um carinho de amiga. Eu deveria estar feliz, até fiquei por um momento, mas a realidade me ocorreu e foi avassaladora: lembrei de como ela começava a olhar para ele.

— Então eu a perdi antes mesmo de ter uma chance...

DATTEBAYO! — Naruto berrou e foi como se me tirasse de um transe. — Não perdeu nada, você ainda nem tentou, tentou? Ou ficou só esperando momentos que nunca aconteceram? Você passou um domingo quase inteiro sozinho com ela, idiota!

Ok, espertão e o que eu faço agora? — Me arrependi quase que imediatamente depois de perguntar.

Yes, Sir. You will fight! — Então ele disse “Sim, senhor, você irá lutar!” em inglês enquanto saía de costas pelo corredor e fazia sinais de “check” apontando para mim com as duas mãos, rodopiou nos pés se virando de costas e levantando um braço com o punho cerrado.

Eu só olhei em volta e agradeci por estarmos sozinhos.

...

Operação sasusaku, start!

— Qual é a do inglês hoje?

— Ah — Hinata riu. — Ele está fazendo aulas particulares.

— É a cara dele fazer isso, como se fosse um personagem.

— É verdade. — A Hyuuga riu mais um pouco.

Hey, I’m here e eu posso ouvir vocês!

— Tá, tá, o que exatamente é sasusaku?

— Sasuke e Sakura, juntos. — Hinata respondeu e corou um pouco, falar em voz alta fazia parecer ainda mais bobo.

— A gente vai morrer, ‘cês sabem né?

— Decidimos que vale o risco, e não tem outro jeito, o jantar é hoje à noite. Então, você topa?

O Haruno fechou os olhos e os apertou em uma careta, como se seus miolos estivessem queimando. Depois de alguns instantes sua expressão se aliviou e ele ficou muito sério.

— Tudo bem, provavelmente a minha irmã vai mesmo me matar, na verdade eu sou um alvo maior que você dois, PORÉM... se isso vai estragar a noite do Uchiha, eu to dentro.

— Ótimo! Que bom que a felicidade da sua irmã não é a sua prioridade! — disse o loiro com ironia e uma bola de papel voou em sua direção. — Nossa informante me contou que ela vai se encontrar com ele em sua casa às oito, achamos que talvez eles saiam de lá depois de um aperitivo, então o plano não pode passar das oito e dez.

— Você anotou o que a Ino falou e memorizou, né? — Zombou Sagi.

— Claro que não... Ela mandou por mensagem, não precisei anotar. — O loiro respondeu mostrando a língua. — Enfim, agora só falta eu convencer àquela pessoa, mas vai ser fácil. Nos vemos à noite. — O Uzumaki e a Hyuuga se despediram e deixaram a sala de Sagi que estava vazia pouco antes do sinal do fim do intervalo bater.

...

— Vocês acham mesmo que isso vai dar certo? — Perguntou Gaara com ar apreensivo.

— Se quer saber, eu não tenho certeza... E na verdade eu só quero que ela fique com quem ela quer ficar, mas se ele está disposto a se esforçar, é bem romântico, né? Ele tem o direito de tentar. — A loira estava terminando de comer uma salada de frutas enquanto os dois estudavam matemática em uma mesa da cantina.

— É, tentar não vai matar ninguém.

— Ahn, não, nesse caso pode matar sim, você não a conhece como nós. — Ino levantou as sobrancelhas e balançou a cabeça negativamente.

— Deu pra notar isso no intervalo ontem. E você vai?

— Hoje não, já tem gente demais envolvida nisso, e concordamos que seja lá como for, alguém “de fora” tem que estar disponível, ah, e isso inclui você.

— Eu? Mas o que eu poderia fazer?

— Todos acham que somos como um casal — a loira pigarreou como se aquilo tivesse custado à sair e corou. — Então esperam que você também se envolva...

— Seus amigos têm uma imaginação bem fértil mesmo. — A Yamanaka se sentiu como dentro de uma geladeira, mas não tanto ao ponto de barrar sua personalidade confrontadora.

— É tão difícil assim de imaginar nós dois juntos?

— Ahn, eu... — O ruivo foi pego de surpresa e corou intensamente, era a primeira vez que Ino o via tão desconfortável e ela amou.

— Relaxa — ela riu. — Você tá me olhando como se eu fosse te morder.

— Desculpa... — Ele desviou o olhar, estava ainda mais encabulado e a loira continuou comendo sua salada de frutas o olhando com deleite.

...

— Sua irmã está bem?

— Acho que sim, na medida do possível.

— Por que é tão duro com ela? Me disseram que você e o Itachi quase se estapearam na frente dela, e pior, na frente dos amigos dela.

— Já foram te contar é? “droga, logo agora que ela começou a me tolerar”

— Já, estamos ficando em evidência desde o episódio no refeitório. — Konan riu e meu mundo pareceu se iluminar, estava sentada de frente para mim enquanto resolvíamos alguns problemas de matemática em dupla.

— Sei... O que me incomoda é saber que o Itachi só vai brincar com ela, como fez com tantas outras... “por favor, não diga ‘como você´”

Como você.

“AIIII, ela disse”

— E como você sabe que ele só está brincando com ela? Quer dizer, somos próximos, eu tenho achado ele um pouco diferente ultimamente.

— Até parece. — Revirei os olhos e voltei a olhar para as contas no caderno.

— Então eu não devo acreditar que você esteja... — Ela soou despretensiosa e mais uma vez me atingiu como um soco no estômago.

— Será que podemos não falar do Itachi, por favor? — pedi derrotado.

— Tudo bem. — Konan riu de novo e dessa vez se jogou para trás na cadeira para me olhar melhor.

Eu não resisti e ri de volta, simplesmente estava a seus pés.

...

— O que está pensando em usar hoje?

— Eu acho que algum vestido mais formal, talvez? Eu não sei, é um jantar que eu nem sei onde, e ele me disse para encontrar com ele em casa.

— Hm, pode ser para um aperitivo... Tá, vestido parece bom, mas quanto formal? Não pode ser nada muito formal como sei lá, um casamento, tem que ser quase como se fosse para uma balada, porém um pouco mais chique. — TenTen enrolava uma mecha de cabelo que despendia do seu coque enquanto refletia em voz alta.

— Acho que tenho algo assim... Tem problema se for curto?

— Curto quanto? Tipo, curto nos joelhos, curto um pouco acima do joelho, curto no meio das coxas?

— Pensando no tempo em que eu não o uso... No meio das coxas, talvez uns três centímetros mais longo que isso. — Mostrei a altura em que ele ficaria com as mãos, estávamos em frente ao espelho do banheiro feminino no segundo andar, ambas liberadas depois de um teste de espanhol.

— Garota, então é sexy! Decote? E o tecido?

— Ele é reto na frente, sem decote, só realça. O tecido é um algodão, mesmo justo não deixa nada transparente, sabe? Ah, é, ele é de alça fina e um pouco aberto nas costas, isso é demais?  — Corei sem graça.

— Tá brincando? É perfeito, então nada de sutiã para estragar esse detalhe importante... uau, eu to até pensando em trocar de lugar com o Itachi agora. — Ela me olhou de cima a baixo e assoviou.

— Ah, para com isso. — Eu ri e relaxei um pouco, a roupa já era um obstáculo a menos. — E os sapatos?

— Considerando que o cara tem quase 2 metros de altura, eu diria que nenhum vai te deixar alta o suficiente — ela riu — use o que te deixar mais confortável, e com tudo isso e aquele vestido — apontou para mim toda — você pode até usar all stars.

Nós rimos e continuamos conversando, ela me contara como foi seu primeiro encontro com o Shikamaru, e como ele conseguia ser totalmente mais intenso quando os dois estavam à sós. Em determinado momento ela perguntou:

— Mas aqui, eu podia jurar que era do outro Uchiha que você gostava.

— Ahn, então... — pensei muito no que dizer por alguns instantes — é complicado. — disse por fim. “ele não tá nem aí, é a verdade”

— Hm, entendi, deixa eu adivinhar, até era, ou é, mas não foi ele quem teve a iniciativa de te chamar pra jantar, né? — Ela deu um sorriso leve, como se para me apoiar.

— É, por aí.

— Bem, eu não ia querer ser o cara que vai te perder em um vestido fantástico. — Ela piscou para mim.

“é, azar o dele” pensei e arrumei minha postura diante do espelho me imaginando maravilhosa.

...

Na hora da saída nem meu irmão estava no portão me esperando. Quase 40 minutos atrás eu estava toda confiante diante de um espelho e agora arrastava meus pés para casa enquanto minhas mãos suavam frias segurando as alças da minha mochila. A ficha de que aquele era meu primeiro encontro estava começando a cair, e para completar, a cena de Itachi passando os dedos nos meus lábios e depois dizendo com a voz mais arrastada e sexy que ele podia fazer “ainda não”, não parava de se repetir na minha cabeça. Eu aceitei o jantar, mas não sabia se estava pronta para um beijo se chegasse a esse ponto. Inspirei fundo, segurei o ar e depois expirei. Eu não estava pronta ainda para dar esse passo, então não daria e rezaria para isso não estragar o jantar ou ofendê-lo, mas se ofendesse, saberia que era mesmo o certo não ir adiante com mais nada.

— Então é isso, Haruno, hoje você vai para um encontro. — Comecei a acelerar o passo, eu ainda precisava me arrumar e contar para a mamãe.

...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ♥



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