Pelo escuro escrita por Olavih


Capítulo 3
As aparências enganam


Notas iniciais do capítulo

Oii povo do meu s2, estou aqui linda e pontual haha'. Então, eu sei que a fic não tá muuito empolgante, mas eu vou me esforçar tá? Obrigada pelas reviews, to amando cada uma. Então esse capítulo tá bom, eu acho. Espero que vocês curtem. Lá vai *-*



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Caio não era nada do que eu pensei que ele fosse. Ele era vegetariano, usava roupas mais desleixadas, não era filhinho de papai e não se achava bonito. Ele era presidente de uma empresa de reciclagem e tinha uma fundação que ajudava as campanhas de conscientização sobre os problemas do planeta Terra e seu paladar sobre bebidas se limitava a um bom e velho vinho. Simplesmente o contrário do que eu achei que ele fosse.

—E a sua sobrinha, ficou feliz com o absorvente?

—Primeiro ela me deu uma bronca dizendo que não era daquele que ela usava e que nunca tinha usado dessa marca. Depois de um tempo ela me abraçou e agradeceu dizendo que aquele estava ótimo. Então, obrigado. — ele sorriu.

—Típico de adolescente e você não precisa agradecer. Eu só estava querendo ajudar. — sorri e bebericamos do vinho.

—Então Eva, você é daqui?

—Não. Eu sou de Oklahoma. Estou morando recentemente com a minha amiga.

—Veio por causa da faculdade?

—Na verdade não, eu não faço faculdade. Eu trabalhava de modelo, até ser despedida sem motivos. — bebi um pouco do vinho olhando fixamente para ele. Caio sorriu. — e você? É da cidade?

—Sim, sou. Morei um tempo em Kansas, mas voltei porque acho que aqui é bem melhor. — assenti.

—E como você virou o presidente de sua empresa? Você é muito novo pra isso. — ele riu parecendo ser algo que já estava familiarizado a responder.

—Bem, eu comecei a fazer estágio na empresa e fui subindo cada vez mais. Quando terminei a faculdade, realizei um dos projetos que mais deu lucro tanto pra natureza quanto pra empresa, e foi assim que me tornei presidente.

—E como é esse trabalho?

—Basicamente eu faço negociações com empresários, ofereço propostas e faço relatórios o dia inteiro. — sorri.

—Entendo. Deve ser cansativo.

—E é. É só que quando se trabalha no que quer, nunca é cansativo o suficiente. — concordei. Achava a mesma coisa em ser modelo. Amava desfilar e aparecer em revistas, era simplesmente a minha paixão.

—Então, já escolheu o que vamos comer? — ele perguntou. Assenti com a cabeça e ele chamou o garçom. Assim que fizemos nossos pedidos voltamos à conversa.

—Olha, eu tenho que confessar: Eu achei que você fosse do tipo que leva as mulheres para a balada, já com segundas intensões na cabeça. — ele arregalou os olhos e percebi que havia falado sem pensar como de costume.

—Desculpe se passei a impressão errada. Na verdade você tem razão, eu fui exagerado em te convidar para sair logo de cara, mas é que já faz um tempo que eu não saio com ninguém e, se me permite dizer, você é linda. E tem um rosto de garota de família entende? — engasguei com meu vinho. Realmente as aparências enganam.

—Oh sim claro. — sorri. — mas fico feliz de você não ser assim.

—Eu também. — sorrimos. A comida chegou e continuamos a conversar. Ele falou a maior parte do tempo, mas não me importei. Era bom escutar em vez de falar de vez em quando e, além disso, as palavras de Ethan ainda soavam em minha cabeça. Não sabia que aquele trabalho era tão importante e se soubesse eu o teria colocado em um pedestal bem longe de mim.

Meu celular vibrou, mas eu não me importei. Já era a sétima vez que o sentia vibrando, porém eu não olhei para ele em nenhum momento. Provavelmente era Kyra achando que eu havia voltado para os braços de Patrick, ou Patrick pedindo misericórdia. Em ambos os casos eu não estava a fim de atender para não estragar a minha noite.

A conversa com Caio fluiu bem a noite toda. Ele era divertido e engraçado e se eu fosse uma dessas garotas que namoram sério ele seria um excelente candidato. Porém eu me conhecia o suficiente pra saber que ele merecia alguém melhor que eu. Alguém que tivesse coisas em comum com ele, ou que pensasse que um ano de namoro era melhor do que uma noite.

Quando deram onze horas saímos do restaurante. Caio disse que havia mesmo uma balada após o jantar, mas que ele tinha as melhores intensões ao me levar lá. Durante toda a noite, ele apenas segurou a minha mão duas vezes e na maior parte do tempo estava mais interessado nas minhas aventuras de criança do que arrumar um jeito de me agarrar e me levar para seu apartamento. Não que isso fosse ruim, mas ao sair de casa essa era minha intensão. Beber, beijar e passar a noite fora de casa. Caio com todo esse seu jeito certo estava simplesmente me frustrando.

Nós bebemos pouco, dançamos afastados e sem muita química e na maior parte do tempo conversamos. Ele falava demais e descobriu em mim uma ótima ouvinte e parecia que tudo ia perfeito. Minha última tentativa de ser agarrada foi na pista de dança onde dancei da forma mais sensual que pude. No começo ele parecia desconfortável e passou a primeira música inteira um pouco mais afastado. Então, percebendo que nada daria certo, aceitei o fato de que Caio e eu seriamos só amigos e que ele não me beijaria em nenhum momento. Quando era uma da manhã, ambos estávamos cansados e resolvemos que era hora de ir para casa.

—Uau, como o tempo voa. Eu tenho uma reunião amanhã, só espero que consiga acordar. Você me deixou cansado Eva. — nós rimos.

—Você também. É um ótimo dançarino Caio.

—Você também Eva. — ele sorriu. Entramos no carro dele, pois ele fez questão de me levar em casa.

—Enfim, seria bom repetirmos a dose a qualquer dia.

—Eu posso ligar agora ou você ainda prefere ligar? — fingi pensar um pouco.

—Não, você pode me ligar. Dá-me seu telefone pra eu anotar meu número. — ele não tirou os olhos da estrada enquanto tirava o celular do bolso e me entregava. — ah, vira a esquerda. — indiquei. Disquei o meu número e o salvei em seus contatos.

—Ótimo. — ele sorriu. De repente esse riso se transformou em uma risada e eu fiquei curiosa.

—O que? O que foi? — perguntei. Ele tentou explicar, mas continuou rindo até que finalmente diminuiu um pouco a risada.

—Àquela hora... — uma risada. — Que aquele gordo... — mais uma risada — Começou a se esfregar em você... — e nós dois caímos na risada. Quando estávamos dançando um homem estranho e gordo começou a se esfregar em mim e eu derramei minha bebida toda nele. O pior foi que ele simplesmente deu de ombros, disse que ele era de mais para mim e saiu rebolando. A cena foi tão engraçada que Caio e eu começamos a rir na hora e pelo visto ela ainda não havia perdido a graça.

—Foi hilário. Pode ir reto. — disse recuperando o fôlego. Ele se aproximou um pouco mais e eu apontei que casa era. Quando ele parou, nós nos encaramos. — eu me diverti muito essa noite. — disse o meu bordão.

—Eu também. De verdade você é muito legal Eva.

—Digo o mesmo Caio. — então um silêncio reinou. Apesar disso nenhum de nós parecia incomodado, apenas cansado de falar. Devolvi o celular do Caio que me deu um beijo na bochecha, bem perto da boca.

—Vou te ligar logo.

—Não vou desgrudar do telefone. — sorri e saí do carro. Procurei as chaves em minha bolsa e assim que as encontrei, enfiei na fechadura. Caio acenou e eu repeti o gesto, então ele acelerou partindo e eu entrei em casa.

A casa não estava escura como eu esperava. Já eram quase duas da manhã e mesmo assim havia uma agitação vinda da sala e as luzes estavam todas bem acesas. Coloquei a bolsa e o casaco pendurados em seus lugares e ouvi Ethan dizer:

—Ela chegou Kyra. — Kyra veio correndo e me abraçou.

—Eva! Graças a Deus. Como você pode fazer isso comigo Eva? Sumir assim do nada? Não atende as minhas ligações, não avisa pra onde vai, eu fiquei super preocupada. — Kyra falou rapidamente não me dando tempo de explicar. Ela me conduziu a sala e me sentou no sofá continuando seu sermão. Até que perdi a paciência, levantei-me do sofá e coloquei a mão em sua boca.

—Ei dá pra se acalmar? Eu saí com alguém. — é incrível como quatro palavras podem mudar uma pessoa. Kyra passou de “eu vou te matar” para “eu vou te amar”.

—Quem? — seu rosto se iluminou. Sentamos no sofá. Então ela pareceu se lembrar de algo. — espera antes de você contar, — ela olhou para Ethan. — Ethan quer te falar uma coisa.

Nós nos encaramos. Ethan colocou as mãos no bolso da frente da calça e balançou o corpo para frente e para trás. Seus olhos estavam focados no chão. Passaram alguns segundos até que ele os focou em mim.

—Desculpa Evangeline. Não foi sua culpa e eu estava nervoso por causa do trabalho. Foi mal. — ele falou dando um meio sorriso no final. Muito fofo por sinal.

—Ah tá tudo bem Ethan. Quer dizer, quase! Quase tudo bem. Se você me chamar de Eva... — nós sorrimos.

—Oba, oba, oba! Então já que está tudo certo, você vai me contar que história é essa de encontro. ­— e lá fomos nós. Comecei a contar-lhe os detalhes. Contei-lhe sobre como o conheci e sobre como foi o encontro até agora.

—E foi isso! — finalizei.

—Não acredito. E eu aqui querendo só um garoto que não queria transar comigo no primeiro encontro. — ela sorriu triste. Sorri de volta com a mesma melancolia.

—Ah amiga, mas você me conhece né? Sabe que ele não é muito meu estilo.

—Só acho que você deveria mudar seu estilo. Quer dizer, você só pega os caras furada. — ela riu.

—É verdade. Mas se você for analisar a situação, eu sou praticamente como eles. — eu ri.

—Tá, mas não precisa ser Eva. Você é linda, não sei por que insiste em se lançar nesses caras. — ela segurou minha mão e procurou meus olhos. Eu por outro lado evitei os seus. Sabia que ela tinha razão e, por mais que no passado tivesse orgulho de ser tão diferente, não era orgulho que eu estava sentindo agora. Era uma espécie de culpa, algo que é difícil de explicar.

—Eu amei o papo Kyra, mas tenho que ir dormir. — sorri forçado. Ela balançou a cabeça e se levantou.

—Eu também. Tenho aula cedo amanhã. — deu-me um beijo na testa e disse: — boa noite Eva.

—Boa noite Kyra.

***

Três horas da manhã. Era esse o horário quando eu finalmente decidi desistir de dormir. Já havia tentado todo tipo de mandinga pra dormir e até agora não havia obtido sucesso em nenhuma delas. O quarto parecia sufocar-me e meus pensamentos eram um turbilhão de sentimentos. Tudo voltava para mim como bombas, bombardeando minha mente e me deixando confusa. Por fim acabei achando que era melhor descer e fazer um lanchinho.

Desci o mais silenciosa que pude. Os degraus da escada estavam frios e o contraste com minha pele provocou arrepios em meu corpo. Alcancei a cozinha rapidamente e busquei algo para comer. Abri a geladeira e me dei com o pior dos questionários: iogurte diet ou uma panela de brigadeiro? Minha mão avançou para pegar o iogurte, mas meus olhos não paravam de observar o brigadeiro. Por fim, acabei optando pelo brigadeiro. Um pouco da panelada não faria mal, faria?

Fechei a geladeira observando apenas o brigadeiro. Quando olhei para frente tive de segurar um grito. Ethan estava a minha frente, os cabelos mais bagunçados que o normal e sua face não aparentavam sono apenas desespero. Ele soltou um sorriso torto quando me viu assustar e se aproximou.

—Fazendo uma boquinha não é? — suas palavras me gelaram.

—Droga. Eu estou parecendo uma gorda desesperada não é? — ele franziu a testa.

—Que isso garota você... — ele olhou-me de cima a baixo. — não está mesmo parecendo desesperada. E muito menos gorda.

—Estou sim. — abri a geladeira e fui colocar a panela de volta. Não vi Ethan se aproximando apenas senti o toque de sua mão na minha, tentando impedir-me.

—Porque não fazemos assim: Será o nosso segredo está bem? — ele tomou a panela de mim e fechou a porta da geladeira. Olhou-me nos olhos o tempo todo e por alguma razão estranha aquilo me confortou. Esqueci-me das calorias de um brigadeiro, ou dos gritos que ele havia soltado na minha face, até mesmo do mundo. A única coisa que parecia existir eram seus olhos castanhos cansados e maduros. Acenei concordando e pegamos as colheres, sentando-se à mesa.

Ficamos comendo em silêncio, o único som que escutávamos era das colheres raspando o brigadeiro. A cada colherada eu sentia um prazer que não me permitia sentir a algum tempo. Por que chocolate tem que ser a melhor coisa do mundo? Toda vez que lambia a colher de brigadeiro, eu fechava os olhos e sentia o chocolate derreter em minha boca. Quando abri os olhos, observei Ethan. Ele parecia cansado, os ombros tensos e mesmo sendo novo ele parecia anos mais velhos que eu.

—Ethan, posso te fazer uma pergunta? — ele olhou-me com curiosidade.

—À vontade. — disse dando de ombros.

—Por que você gritou comigo daquele jeito?


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Notas finais do capítulo

E aí curtiram? Eu espero que sim. O que acharam do Caio? Ele era quem vocês realmente pensavam? E o Ethan? O que será que ele vai falar pra Eva? Sexta, no globo repórter kkkkk, ou quinta, no fanfiction *-*. Beijoos