Hope, Mais Uma Vez Amor escrita por Nynna Days


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

QUIIIIIINTA FEIRA. DIA DE CAPÍTULO NOVO.

E esse é o capítulo que todos estavam aguardando. A verdade entre Adriel e Harper. Porque eles se odeiam tanto? Antes de tudo, adorei os palpites de você e apenas UMA pessoa acertou. Claro que a pessoa ainda não sabe kkkkk.

Vamos ao capítulo e dar um fim a esse maldito mistério.



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Nunca o tinha visto tão puto da vida quanto agora. Esperava que fosse alguma alucinação causada pela maconha que ainda habitava o meu organismo. Mas, quando ele abriu a porta do meu quarto e me jogou na cama, percebi que não era uma alucinação.

Era uma das minhas mais pervertidas fantasias.

“Era isso o que você queria?”, ele rosnou.

Dei um meio sorriso.

“Era exatamente isso.”

Bem, tirando o fato de Harper entrando no quarto logo em seguida. Assim que a porta se fechou, a tensão se instalou. Diferente as outras vezes, não fiquei quieta quando vi minha amiga e meu monitor trocando olhares hostis. Fiquei com raiva. Tentei me levantar, mas meu corpo me traiu, enquanto uma força invisível e imaginária me empurrava de volta para a cama.

Com o restante da minha dignidade, levantei o meu tronco, pousando os meus cotovelos no colchão macio. Adriel e Harper estavam em lado paralelos do quarto, mas com uma atenção privilegiada no meu estado não sóbrio, pude perceber que eles posicionaram-se perto o suficiente para impedir qualquer contato indesejado de meu rosto com o chão.

“Vocês dois são um saco!”, exclamei e soltei uma risada. Mesmo entre a raiva, achava aquela situação engraçada. Eles estavam sendo obrigados a cuidar de mim. “Se querem se comer, vão em frente. Não se contenham por minha causa. Sei que tudo isso é tesão reprimido.”, fitei minha melhor amiga com um sorriso maldoso nos lábios. “Estou impressionada, Moore. Sempre imaginei que fosse lésbica.”

Os olhos azuis de Harper se estreitaram, mas se manteve em silêncio. Aquilo me irritou mais ainda e tentei me levantar novamente. Ela veio na minha direção, pegando em meu antebraço e forçando meu corpo a sentar. Me livrei de seu toque. Estava me sentindo traída. Aqueles dois idiotas me tratando como uma criança mimada.

“Me solte!”, ralhei me afastando. Harper permaneceu perto de mim, mas pôs suas mãos para trás. Minha língua parecia pastosa em minha boca. “Sei que estão escondendo algo. Então, ou vocês me contam, ou...”, pausei sem alternativa. Encarei a janela. “Ou me jogo.”, levantei tropeçando em meus próprios pés.

Dessa vez foi Adriel quem me amparou. Ao tentar me soltar, acabei caindo. Sorte que não tinha ido muito longe da cama e senti-o contra o meu rosto. Gemi, sem forças nos braços para me levantar. Harper fez esse favor e meu corpo escorregou até cair sentada no chão. Apontei um dedo para ela e depois para meu monitor.

“Já ameacei.”, eu disse ríspida. “Agora me contem.”

Pela primeira vez, vi Harper olhar nervosa na direção de Adriel. Ele tinha voltado a se recostar na parede. Mesmo estando totalmente bêbada, pude perceber algo em seus olhos esmeraldinos. Ele estava tendo aquela batalha interna novamente. Entre o querer e o que era certo. Harper parecia estar na mesma batalha.

Deus, o que poderia ser tão grave?

“Você está grávida dele?”, arrisquei. Harper bufou e revirou os olhos.

“Ok, estou cansada desse jogo.”, ela declarou e encarou Adriel, determinada. “Ou você conta ou eu conto. Já passou da hora de dizer a verdade.”, pegou minha mão, olhando-me docemente. “Vai ficar tudo bem.”

O fato de eles estarem falando como se eu não estivesse ali me irritou mais ainda.

“Vai ficar o caralho!”, berrei. “Só vai ficar tudo bem quando vocês tiverem coragem de me contar o que está acontecendo. Por que se odeiam? Por que ficam me cercando feito cães de guarda?”

Harper abriu a boca para dizer, mas foi interrompida.

“Amanhã”, Adriel disse impassível. Tentei relutar, mas seria uma batalha perdida. “Ela não está em estado para absorver tudo o que iremos contar.”, se aproximou e tocou meu rosto com a ponta dos dedos. Seus olhos estavam com aquele tom de verde azulado e sua voz se suavizou quase em um sussurro. “Durma, Mellany. Te garanto que amanhã sua vida irá mudar completamente.”

**************************

Acordei com a pior ressaca de toda a minha vida. E a parte mais terrível de tudo era que lembrava tudo o que havia feito na noite passada. Passei os dedos por meu rosto, gemendo em desgosto. O gosto de guarda-chuva em minha boca me fez fazer uma careta. Levantei-me, massageando as têmporas tentando afastar a dor de cabeça que praticamente me possuía.

Depois de escovar o cabelo e remover a maioria da maquiagem – estava parecendo um panda – retornei para o quarto. Não deveria ficar surpresa ao encontrar Harper no quarto, já que era tanto meu quanto seu. Mas ao vê-la conversando em voz baixa com Adriel, a raiva tomou meu rosto. Então aquela tensão era apenas na minha frente.

De súbito, a culpa substitui a irritação, fazendo com que meu rosto ficasse totalmente vermelho e desviasse o olhar para a minha mala. Queria tomar um banho e tirar o cheiro de bebida de cima de mim. O silêncio tomou conta do quarto e eu sentia o calor de seus olhares em minhas costas. Fui até a mala e peguei uma muda de roupa, voltando para o banheiro. Ninguém pronunciou uma palavra.

“Covarde.”, disse para o meu reflexo. Molhei o rosto e gemi. “Cacete, chamei minha melhor amiga de lésbica.”, balancei a cabeça e suspirei. “Vou me fazer de esquecida.”

Mas logo retirei essa ideia da minha mente quando saí do banheiro novamente, totalmente renovada. Quero dizer, corporeamente. Meu espírito estava imundo. Sem mais para onde fugir, sentei-me a cama e tentei parecer o mais determinada possível. Diferente das outras vezes, Adriel e Harper estavam pertos um do outro. Minha amiga se aproximou e pegou minha mão.

“Desculpe por ter te chamando de lésbica.”, soltei sem me conter.

Ela deu um pequeno sorriso.

“Tudo bem.”, deu de ombros. “A culpa é minha se não compartilho das mesmas aventuras sexuais que você.”

Se essa afirmação tivesse vindo de outra pessoa, eu acharia que era um insulto. Mas com Harper, era sincero. Meu peito se agitou ao mesmo tempo em que os vi ficando tensos. Adriel cruzou os braços e desviou o olhar. Pressionei os lábios juntos, me impedindo de comentar sobre meus comentários sobre a sua virgindade na noite passada. E dele ter engravidado minha amiga.

“Olha, se não quiserem me contar...”, deixei a frase em aberto e dei de ombros. Mesmo que internamente estivesse me coçando para que eles acabassem com aquele maldito mistério. “Eu não deveria me meter em uma coisa particular de vocês.”

Harper revirou os olhos azuis e me entregou uma caneca com café. Só percebi que ela estava segurando aquilo quando foi estendido na minha direção. Suspirei, quase chorando de emoção ao sentir minha cabeça parando de latejar aos poucos. Meu estômago reclamou um pouco, mas o ignorei.

“Por favor, não conte a Caliel e Nico.”, supliquei.

Só de imaginá-los decepcionados comigo, fez com que meu peito se apertasse.

“Não se preocupe.”, Adriel disse. Ele balançou a cabeça e ajeitou os cabelos loiros. “A culpa é toda nossa.”, recebeu um olhar severo de Harper. Levantou as mãos. “Ok, a culpa é toda minha.”, seu olhar se amenizou e ele suspirou, arrependido. “Não deveria ter te tratado daquela maneira. É que estava tão preocupado. E você é tão inconsequente.”

Dei um meio sorriso.

“Mais um adjetivo para a minha lista.”

Ele retribuiu o sorriso, fazendo com que meu rosto ficasse ainda mais vermelho. Percebi que Harper não tinha parado de encarar Adriel, como se o acusasse de algo. O loiro engoliu a seco e enfrentou, dando alguns passos na minha direção, mas se mantendo em pé a minha frente. Todo aquele clima de camaradismo tinha se esvaído.

“Mellany.”, Harper me chamou. Seus olhos estavam nebulosos e sua expressão severa. Era como uma mãe que iria contar que o Papai Noel não existia. Senti minha garganta se fechando e pus a caneca no chão. Minhas mãos trêmulas não conseguiam mais sustentá-la. “O que eu vou te dizer agora, vai mudar sua vida de cabeça para baixo. Você tem certeza que quer escutar?”

Estudei-os por alguns segundos. Harper tinha trocado de roupa, usando as habituais saias jeans desmanchando e camisetas de bandas. Seus cabelos castanhos claros presos em um rabo de cavalo, deixando seu rosto enigmático exposto. Ergui o olhar para Adriel. Seus olhos verdes estavam cravados em mim e minha respiração ficou descompassada. Esperançosa, almejei que aquele segredo acabasse de vez com aquela atração perigosa entre nós.

Assenti.

“Ok.”, Harper suspirou e olhou para Adriel. “Quer fazer as honras?”

Adriel pareceu ofendido com a oferta.

“Você sabe muito bem que não posso.”

Minha amiga balançou a mão, como se não importasse.

“Você deveria saber que daqui a pouco todas as regras serão quebradas.”

Adriel continuou impassível.

“Mas não por mim.”

Harper revirou os olhos.

“Porque você é tão perfeito e blá blá blá.”

Isso fez uma chama se acender nos olhos de Adriel. Quase recuei com a intensidade deles, mas Harper apenas sorriu, como se estivesse acostumada. Como se estivesse cansado, Adriel se jogou em uma poltrona no canto do quarto e cruzou os braços. Então gesticulou para que Harper continuasse. Não queria demonstrar, mas estava impaciente. Todos os meus músculos vibravam com a adrenalina.

Os olhos de Harper voltaram a se fixar em mim.

“Eu adoraria contar a história de como o céu foi criado e todas as maravilhas que surgiram depois disso, mas tenho certeza que você não quer assistir a um missionário.”, assenti, concordando com as suas palavras. Ela sorriu, orgulhosa. Mas aquilo durou poucos segundos e a tensão que tomou conta do quarto ficou tão palpável que quase me deixou desorientada. “Mellany, eu sou um Nephilim.”

A confusão me atingiu tão inesperadamente como um tiro.

“Um o quê?”

Um sorriso amargo surgiu em seus lábios.

“Um Nephilim”, ela destacou cada sílaba daquela desconhecida com desprezo. “Filho de um Anjo Caído com um humano.”, ela revirou os olhos como se fosse uma coisa normal. “Minha mãe, Gael, era um Anjo. Mas foi tentada por meu pai e caiu. Por isso que meus pais não estão juntos. Ela tem medo de como o céu pode agir. Ele já foi traiçoeiro com anjos que quebraram as regras.”

Minha cabeça trabalhava em uma velocidade desumana. A minha amiga – que tanto me acompanhou em armações, bebidas e algumas drogas – era um meio anjo? Nephilim? Fechei os olhos por um segundo, lembrando-me de Gael Moore. Não conseguia imaginá-la no cenário correto. Se bem que deveria ter suspeitado de sua beleza. Levantei os olhos para Adriel, que estava rígido em seu lugar.

“Você também é um Nephulim?”

“Nephilim”, ele corrigiu dizendo a palavra com tanto desprezo que trouxe um frio em minha barriga. “E não. Eu sou um Anjo. Guardião.”, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. “Seu Anjo de Guarda.”, piscou para mim.

Senti meu rosto corando totalmente. Eu estava atraída por um Anjo? Lentamente, os pequenos sinais apareceram em minha mente. O jeito como ele sempre parecia certo e errado. Como se me sentia suja toda vez que pensava nele de um jeito mais pervertido. E sua beleza incomum. Afundei o rosto em minhas mãos, soltando um longo lamento. Então, um novo pensamento em tomou.

“Era você na minha janela.”, acusei apontando para o loiro.

Seu sorriso se ampliou.

“Posso garantir que não fui o primeiro.”, deu de ombros. “Caliel deveria ter te prevenido de trancar as janelas.”

Suas palavras me alertaram.

“Caliel também é um Anjo?”, meu olhar foi de Harper para Adriel.

O sorriso do anjo diminuiu.

“Não mais.”, ele desviou o olhar, sentando-se direito na poltrona e cruzando as mãos diante do seu rosto enquanto pousava os cotovelos nos joelhos. “Parece que terei que voltar um pouco no tempo e ser o missionário.”

Harper soltou um riso baixo.

“Vá em frente, Anjo.”

Adriel revirou os olhos e os fixou em mim.

“Nós, Anjos, nascemos do primeiro riso de uma criança, sendo a coisa mais pura que ronda o mundo. Depois que começamos a existir no devido lugar, somos encarregado de missões. Iniciamos como Cupidos, juntando casais que perderam seus rumos, mas estão destinados a estarem juntos.”, ele pausou esperando que eu absorvesse. Mesmo naquele mar de confusão – e com minha dor de cabeça voltando – assenti. “Depois somos promovidos á Guardiões, como eu.”

Harper bufou. Adriel continuou a ignorando.

“Nossa próxima etapa é como Sub Arcanjo, que era Caliel.”, percebi o verbo no passado, mas não o interrompi. “E finalmente chegamos ao auge.”, seus olhos brilharam. “Arcanjo.”

Franzi o cenho.

“Parece ser fácil. Você só tem vinte anos e já é Guardião.”, dei de ombros. “Antes dos trinta já será Arcanjo.”, um dos mais lindos que existirá no céu. Esse pensamento me trouxe dor no peito. Mas a ignorei ao perceber os olhares estranhos na minha direção. “Que foi?”

“As aparências enganam, Mel.”, Harper disse.

Levantei uma sobrancelha.

“Como assim?”

A resposta veio de Adriel.

“Eu tenho mais de quatrocentos anos, Mellany.”

Quase dei um pulo da cama e pressionei os lábios com força, não deixando que um jorro de palavrão saísse de minha boca. Agora entendia o motivo de Nico nunca deixar que eu dissesse aquilo na frente de Caliel. Meus olhos se arregalaram.

“Nicolas sabe, não é?”, olhei para os dois, que se encolheram. “Ele sabe!”, exclamei.

Me senti traída novamente. Meu próprio irmão sabia do mundo além do nosso e nunca tinha se dado ao trabalho de me contar sobre aquilo. Balancei a cabeça, decepcionada. De todas as minhas suposições, nunca imaginei que a verdade seria cercada por tantas mentiras.

“Ele não teve opção, já estava envolvido nisso.”, Adriel prosseguiu, recuperando a minha atenção. “Quando Caliel era um Cupido, conheceu um humano e acabou se apaixonando. Só que ele foi morto em um assalto.”, a voz dele ficou suave e amarga. “Ela reconheceu seu irmão como o seu antigo amor. Nicolas é um Quase-Anjo, Mellany”

“Um o quê?”, olhei para Harper. “Como você?”

Ela balançou a cabeça, negando.

“Quase-Anjos são reencanações.”, ela me explicou. “São tão raros quanto os Nephilim, mas temos nossas diferenças. Eles atraem os anjos. Nós repelimos.”, revirou os olhos. “É por sermos seres não naturais que nascem do pecado. E os Quase-Anjos são cascas com almas imortais.”, seus olhos se fixaram em Adriel. “Mas mesmo que não admitam, os Nephilim são mais semelhantes aos anjos.”

Sabia que uma discussão se iniciaria, por isso interrompi Adriel.

“E Caliel ainda é um Anjo?”

Adriel negou.

“Não desde que reencontrou Nicolas. Ela abriu mão de suas asas.”

Confusa, passei os dedos por meu cabelo.

“Ela é um Anjo Caído?”

“Não.”, Harper respondeu e suspirou. “Caliel desistiu das asas e as perdeu para sempre. Minha mãe ainda mantém as asas, só não tem mais contato com os céus. Esse é o seu castigo eterno por seu pecado.”

“E vocês dois se odeiam por que você é um ser não natural?”

“Na verdade”, Harper disse ríspida. “isso está em nossa essência. Apenas não nos aceitamos.”, deu um meio sorriso. “Nephilim são a prova de que anjos possuem humanidade. E é a última coisa que os céus querem. Anjos que amam.”, pôs a mão teatralmente sobre o peito e fingiu lamentar. “Não tenho asas, mas quase não durmo. Quase não como. E demoro bastante para envelhecer.”

Assim como os Anjos. Ela deixou implícito. Tinha que me dar um crédito. Não tinha desmaiado nem nada. Meu estômago dava voltas, mas me garantia. Minhas mãos formigavam e me sentia perdida. Lamentei por não ter notado todos os sinais óbvios. Aquele jeito de Caliel e como aparentava ter menos do que sua idade. Olhei para Adriel.

Mais de quatrocentos anos, gemi internamente. Duvidava ainda que fosse um humano, se interessasse por uma garota de dezesseis anos bêbada e drogada. Desviei o olhar. Eu o tinha chamado de virgem. Ele nem tinha beijado na boca, Deus! Segurei meu lamento, deixando as informações se encaixarem em seu devido lugar.

“Então você é um Nephilim”, apontei para Harper, que assentiu. Olhei discretamente para Adriel. “Você é Guardião.”, assentiu. “Meu irmão é um Quase-Anjo, Gael Moore é um Anjo Caído e Caliel é um ex-Anjo?”

“Exato”, Adriel disse e sua expressão se amoleceu. “Muito complicado?”

“Sim, mas não é exatamente nisso que estou pensando.”, hesitei por um segundo e passei a língua pelos lábios. “Caramba, eu sou um porre. Não tenho nada de especial.”

Harper gargalhou fazendo com que o colchão tremesse. Acabei sorrindo, envolvida por seu humor descontraído naquela situação tão tensa. Adriel permaneceu quieto, mas vi a sombra de um sorriso em seus lábios e seus olhos brilhando. Meu peito tinha um buraco que não queria demonstrar ali, só latejava. Estava com medo da hora que começasse a doer de verdade.

“Mellany, a última coisa que os céus de te acham é desinteressante.”, Adriel disse enquanto Harper limpava as lágrimas de seus olhos e recuperava o fôlego. “Você é a pupila que mais teve Guardiões até hoje. Três, se contarem comigo. Caliel foi a anterior, mas você já sabe o que aconteceu.”

Meus olhos se arregalaram. Pelo menos tinha um título no reino dos céus. A Pupila que mais tinha trocado de Guardiões. Analisei Adriel. Você é a minha Tentação, Mellany. O que ele queria dizer com aquilo? Impedi-me de perguntar aquilo, quando outra coisa surgiu em minha mente. Manter-me no escuro por tanto tempo tinha graves consequências.

Minha curiosidade infinita era uma delas.

“Aliel.”, sussurrei, com os fios se juntando em uma teoria sólida. “Aliel é a sua prima. Mas ela também é um Anjo, não é? Ou era, já que namora Jeremy.”

“Isso é complicado.”, Adriel disse. “Só posso dizer que ela ainda é um Anjo. Guardião de Jeremy. E seu relacionamento é bastante...”, ele hesitou, procurando a palavra. “Limitado”

Franzi o cenho, tentando interpretar suas palavras. Jeremy parecia tão feliz e tão apaixonado. Mas se Aliel realmente fizesse o básico que se deveria para segurar Read, ela já teria perdido a essência angélica, como Gael. Cocei meu cabelo, empenhando-me em forçar uma explicação para aquele relacionamento.

Harper interrompeu meu racionamento.

“Não ache que eu te traí, Mel.”, ela pegou minha mão e seus olhos se mantiveram dóceis. “Só soube o que eu era de verdade quando Aliel veio para a cidade e eu comecei a ter um contato direto com os anjos. Caliel veio em seguida, mas parecia estar tão focada em ter reencontrado seu Quase-Anjo que não sentiu a nossa aversão. Já, Adriel...”, ela pausou, levantando uma sobrancelha e dando um pequeno sorriso. “Acho que você sabe como isso se desenrolou.”

Afirmei, lembrando-me do jeito como eles se encararam no primeiro dia. Não era tensão sexual. Era tensão angelical. Eles estavam se reconhecendo. Não sabia exatamente como aquilo acontecia, mas era o que os rondava. Algo irreparável, mas que eles estavam superando por mim. Um contribuindo com a explicação do outro, apenas para me manter informada.

Harper se levantou com um olhar distante.

“Vou até Mary e Dex.”, explicou caminhando vagarosamente até a porta. “Além disso, estou cansada de responder perguntar.”, piscou e deu um meio sorriso. “Está na sua vez, Anjo.”

E saiu me deixando sozinha com Adriel. Um sentimento de desolação me tomou. Ele tinha sido o primeiro que havia verdadeiramente me fascinado. E era impossível para mim. Tínhamos passado o limite de sermos opostos. Éramos seres de lugares e missões diferentes. Discretamente pus a mão em meu peito.

Sentindo meu coração se desmanchando lentamente.


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Notas finais do capítulo

Domingo irei postar o capítulo, mas darei uma provinha. Está fora de ordem, hem

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Dei um giro rápido, me preparando para dar um chute, mas com a mente distraída, acabei mirando errado. Para me defender, a culpa era toda de Adriel por estar tão perto. Quando vi o percurso que meu pé faria já era tarde demais. Fechei os olhos, esperando o impacto que nunca chegou. Senti meu tornozelo sendo segurado por seus dedos quente e arfei.
Abri meus olhos surpresa. Primeiro, por ter conseguido mirar tão perfeitamente na direção de seu rosto. Segundo, pela temperatura de seus dedos contra a minha pele e a maneira como ele conseguia me segurar sem machucar, ao contrário de Austin. Terceiro, por sua rapidez em parar meu chute. Não que eu quisesse atingi-lo. Ou talvez quisesse. Só que não fisicamente.

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Os olhos de Austin se arregalaram e eu me orgulhei de mim mesma. Finalmente estava fazendo uma coisa certa. No meu ponto de vista, pelo menos. Pelo ódio que meu ex-namorado me encarava, parecia que eu tinha cometido o maior erro de toda a minha vida. Sua mão levantada e ameaçando em direção ao meu rosto foi uma boa dica.

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Estava preparada para dar uma resposta sarcástica, mas uma forte luz encheu o porão, me calando. Adriel inclinou seu corpo tenso por cima de mim, me protegendo de algo. Tudo em mim entrou em alerta. Não sabia ao certo o que aconteceria em seguida e isso me amedrontava. Meus ossos congelaram com o olhar de Adriel. Ele era a minha base, mas o medo emanava de sua essência. Abaixou a cabeça e lamentou.

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ESTAMOS NO FINAL, PESSOAS. Comentem.



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