Hope, Mais Uma Vez Amor escrita por Nynna Days


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

E entramos na reta final. Como sou uma pessoa muitoooooo boa, resolvi postar no sábado. E só já estou bastante adianta. Mas tem uma coisa que eu ainda não resolvi e preciso da ajuda de vocês. Mas só nas notas finais.


Aproveitem o "capítulo dica"



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Eu não tinha qualidades o suficiente para descrever a beleza de Nova York e modo com ela me atingiu. Só conseguia ficar parada, observando tudo ao redor como uma criança indo ao parque de diversão pela primeira vez. A nostalgia me deixou tonta e esquecida do verdadeiro motivo de estar ali. Além do que tinha feito para chegar. Gostei daquele curto segundo, mas Harper tratou de me expulsar do meu mundo imaginário rapidamente.

O concurso seria dali a dois dias, o que nos deixava com pouquíssimo tempo para ensaiar. Eu e o restante do pessoal nos reunimos e resolvemos nossas prioridades. Tentava ignorar a vibração de meu celular em minha calça, pondo em minha mente que aquele seria um assunto que eu resolveria mais tarde. Bem mais tarde.

“Vamos nos hospedar no hotel.”, Harper disse pegando o endereço no celular.

Queria ter aquela tranquilidade ao pegar o meu. Ela leu algumas informações que o pessoal do concurso tinha passado por e-mail e soubemos que tínhamos uma reunião em um teatro – infelizmente não era o da Broadway – dali a poucas horas. Mary bocejou, expressando o pensamento de todos. Estávamos cansados da viagem, mas não poderíamos simplesmente faltar.

Quando chegamos ao hotel, eu já tinha certeza sobre uma coisa nos nova-iorquinos: Eles nunca paravam. Olhei pelas janelas do táxi o incessante fluxo de pessoas que caminhavam com velocidade para o seu destino. Além do grande número de veículos que transitavam. Senti meus olhos se arregalando e brilhando em apreciação. Nova York dava um chute em Seattle e nem se preocupava em pedir desculpas.

Em falar de pedir desculpas, a primeira coisa que fiz ao colocar minhas malas no quarto do hotel – que dividiria com Harper e Mary ficaria com Dexter – foi atender a décima quinta chamada em meu celular. Fechei os olhos por um segundo, preparando os meus tímpanos para a gritaria que viria em seguida. Eu já tinha fugido algumas vezes, mas nunca tinha pegado um avião. E acho que Nicolas não precisava saber que dessa vez eu tinha o feito.

“Eu deveria te por em um convento, mas seria pegar leve demais!”, Nicolas gritou. Foi tão estridente que tive que afastar o celular por uns segundos do meu ouvido. “Além de fazer a proeza de trancar Adriel no banheiro, ainda fugiu? Eu não sei mais o que fazer com você, Mellany. Sinceramente.”, seu tom de voz foi de abaixando aos poucos e eu engoli a seco ao reconhecer seu tom decepcionado. “Eu sou um irmão tão ruim assim? É por causa de Caliel? Me diga, Mellany. Eu quero te entender, quero que você me diga que não foi um erro te tirar de Seattle.”

Dei um passo para trás com aquelas palavras e tive que sentar na cama, por conta das minhas pernas bambas. Harper parou de desdobrar suas roupas e me deu um longo olhar. Assenti, sabendo exatamente o que se passava em sua mente e ela saiu do quarto, hesitante.

Deixei que meus sentimentos viessem a tona. Mesmo que estivesse seguindo os meus sonhos, estava me sentindo a pessoa mais podre do mundo. Talvez Adriel tivesse razão ao dizer todos aqueles defeitos de mim e que eu fazia questão de sempre deixar isso sobressair em mim. Porque era isso o que estava fazendo. Deixando rastros de dor e decepção em cada pequeno movimento que dava.

“Peça desculpas a Adriel por mim.”, fechei os olhos aos senti-los começar a arder e acariciei a ponte do meu nariz. Minha garganta estava seca e apertada, além de uma dor latente que se instalava em meu peito. “Eu prometo que quando voltar não serei mais a sua decepção, Nico.”, respirei fundo antes de expor a decisão que tinha tomado no segundo em que subi no avião. “Irei voltar para Seattle. Morar com o Phillip – nosso pai.”, dei um sorriso amargo. “Assim você vai ter a chance de construir uma vida ao lado de Caliel sem se preocupar com uma adolescente que faz merda duas vezes ao dia.”

Quando parei, percebi que estava soluçando e tinha lágrimas descendo por minhas bochechas. Caliel tinha me dito uma vez que todas as ações tinham consequências e eu estava lidando com a minha. A ideia de perder tudo o que nem tinha dado valor ao ganhar doeu mais do que o imaginado.

A ideia de voltar para aquele lugar que tinha tanto me ferido e deixado uma marca permanente em minha alma me amedrontou. Passei a língua pelos lábios secos, esperando que Nico dissesse que era a melhor coisa e que nunca deveria ter me tirado de lá. Seria a coisa mais altruísta que tinha feito em toda a minha vida. Adriel teria orgulho se não estivesse puto da vida comigo por tê-lo trancado no banheiro.

“Mellany, por que diabos você está dizendo uma besteira dessa?”, Nicolas sussurrou do outro lado da linha. Mesmo em meio a lágrimas, permiti-me ficar sobressaltada.

“Nico, é melhor.”, sussurrei de volta. “É o que você iria fazer de qualquer jeito...”

Ele me interrompeu, sua voz dura como pedra.

“Eu nunca, em toda a minha vida, te colocaria de volta naquele inferno.”, ele estava determinado. Passei a mão por meu rosto, tirando o rastro de lágrimas que habitavam ali. “Fiquei magoado quando vi seu bilhete, mas não ao ponto de te devolver ao nosso pai como se fosse uma mercadoria. Talvez te mande para o quartel, mas não para Seattle.”, senti um leve sorriso em sua voz. “Caliel e eu queremos você conosco. Somos uma família. E Adriel está preocupado. Assim que conseguimos soltá-lo do banheiro – e a senhorita está sem mesada até pagar a maçaneta – a primeira coisa que ele fez foi te procurar. Você está de castigo, Mellany. Mas aqui. Com a gente.”

Era para eu me sentir melhor, mais aliviada. O medo tinha se esvaído de meu peito, substituído por algo quente ao saber que Adriel estava preocupado. Quero dizer, todos estavam. Me levantei parando na grande janela de vidro que dava para uma pequena varanda. Respirei fundo, tendo noção de que Nicolas estava apreensivo com meu silêncio. Dei um pequeno sorriso.

“Eu vou ficar.”, disse tocando no vidro e olhando para os inúmeros anúncios que cercavam e preenchiam a rua. “Prometo fazer caridade e serviços comunitários para compensar.”

Ele soltou um riso fraco e escutei-o puxar uma cadeira.

“Isso eu duvido. Ficar de castigo pelo restante do ano já basta.”, ele limpou a garganta por um segundo e cogitei a hipótese de não ter sido a única a ter chorado. “E eu prometo te escutar mais. Sei que não sou o irmão mais perfeito do mundo, mas estou me esforçando Mellany. Só queria consertar uma coisa de cada vez em minha vida.”

“Você é o melhor irmão do mundo, Nico.”, mordi o lábio inferior. “Voltarei para casa em breve. Só não mande a SWAT atrás de mim.”

Outro riso.

“Eu deveria, Mellany. Depois de prender em uma camisa de força.”, ele ficou sério novamente e ouvi o arrastar da cadeira enquanto ele levantava. “Pode – pelo menos – me dizer onde está?”

Respirei fundo.

“Estou seguindo o meu sonho, maninho.”, dei um pequeno sorriso. “Só isso que eu posso dizer nesse momento.”, hesitei e finalmente dei o braço a torcer. “Nico, como você sabe que está apaixonado?”

Ele ficou em silêncio novamente e chutava que estava com os olhos cinza arregalados.

“Mellany...”

O interrompi.

“Esquece.”, senti minhas bochechas corando lentamente e me arrependi de dizer aquilo. “Volto em breve. Pode me ligar a hora que quiser.”, ia desligar quando me lembrei de uma coisa importante. “Ah, e como foi o jantar? Caliel aceitou?”

Nicolas demorou um pouco para sair do estado de torpor, o que contribuiu com o suspense. Nesses segundos percebi o quanto verdadeiramente estava apreensiva com aquela resposta. Queria que pudéssemos reconstruir e a culpa de ter tirado a felicidade de meu irmão iria me corroer. Quase gritei com ele, mas sua resposta me impediu.

“Ela aceitou.”, ele gargalhou, feliz. Meu peito se apertou novamente. Queria estar com ele para dividir aquele momento. “Parece insano, mas aceitou. Não tive coragem de pedir durante o jantar inteiro. Suava feio um porco. Estávamos indo embora, quando pensei: É agora ou nunca. E me ajoelhei no meio do estacionamento.”, ele pausou, com certeza balançando a cabeça com um sorriso. “Caliel chorava e sorria ao mesmo tempo. Sua mão tremia tanto que demorei uns cinco minutos só para colocar o anel.”

Fiz uma careta.

“Diga a ela que não irei usar aqueles vestidos ridículos de madrinha.”, caçoei.

“É capaz de você transformá-lo em um vestido tubinho na véspera do casamento.”, Nicolas argumentou. Então, o silêncio retornou me deixando coberta para tristeza novamente. “Por favor, tenha cuidado. E volte. Não importa quando, mas volte.”

“Eu vou.”

Afinal, minha família estava me esperando.

**************************************

Acordei com o barulho da porta de vidro se abrindo. Soltei um muxoxo. Já demorava séculos para cair em um sono e Harper tinha me feito o favor de me acordar. Levantei, olhando para sua cama vazia e cocei os olhos, bocejando. Tinha me esquecido de sua terrível insônia. Não sabia como ela conseguia sobreviver apenas com quatro horas de sono por dia.

Contra os meus princípios, me levantei. Sabia que os meus cabelos estavam em desastre ambulante, mas naquele momento isso não importava. Meu peito estava apertado, como se eu estivesse com falta de ar. Um mau pressentimento me rondava e Harper precisava de mim. Não importava o quanto a tensão teimava em estar entre nós duas. Ela era minha melhor amiga e por mais longa que fosse minha lista de adjetivos, desinteressada não estava nela.

Encontrei Harper na varanda, debruçada e olhando para a agitada cidade. Por mais que o convite implícito de conhecer tudo aquilo fosse bem atraente, tínhamos que estar preparados para amanhã. O ensaio hoje foi satisfatório. Não perfeito, mas também não foi uma merda. Eu só precisava entrar no clima da música. O que era uma coisa irônica já que eu a tinha escrito.

“Fica espionando as pessoas é feio, Mellany.”, Harper disse ainda sem se virar para mim. Cruzei os braços, tentando me fazer de despreocupada, encostando-me na porta. “Te acordei?”

Eu ri.

“O jeito como você me conhece assusta, sabe?”, disse indo até onde ela estava. Vi seu pequeno sorriso e pôs uma mecha de cabelo atrás da orelha. “Tem alguma te incomodando? Além de eu ter desafinado um pouco hoje.”

“Tudo me incomoda, Mellany.”, ela gracejou e me encarou. Seus olhos azuis pareciam perdidos e seu semblante triste. Então parecendo despertar de um longo sonho, balançou a cabeça – fazendo com que alguns fios de seu cabelo claro caíssem em seu rosto – e forçou um sorriso. “Mas o que importa é que nos apresentaremos amanhã para que todos possam ver o quanto somos talentosos.”

Sorri, concordando com seu pensamento. Queria que todos tivessem uma prévia do que éramos capazes. Queria que meus pais vissem o que tinham perdido quando me deixaram escapar ou – no caso de minha mãe – quando fugiram de mim. Com um sobressalto, percebi que talvez fosse exatamente o que Harper quisesse. Reconhecimento de sua família.

Ela e sua mãe nunca foram muito próximas e Gael tinha o péssimo hábito de achar que a banda era apenas um hobby temporário. O que causava muitas discussões entre as duas. Quando Harper finalmente deu uma notícia para a mãe, eu tive a delicadeza de retribuir o favor de hoje cedo e sair do quarto.

“E como sua mãe reagiu?”, perguntei expondo os meus pensamentos. “Nico ficou melhor do que eu planejava. Deve ser porque já está acostumado comigo fugindo de meus inúmeros castigos. Ou por estar planejando me enviar para o exército.”, dei de ombros. “Vai saber o real motivo.”

Harper manteve os seus olhos nos andares inferiores.

“Minha mãe pirou.”, ela sussurrou. Parecia estar presas em seus pensamentos mais longínquos. “A mania dela de querer me manter sempre por perto para que não faça nada de estúpido, é irritante.”, ela pôs as mãos em suas têmporas e as massageou fazendo uma careta de dor. “Ela esquece que tudo o que eu sofro é culpa dela. A culpa é dela por ser apaixonar por meu pai. E depois por deixá-lo.”

Aquilo me surpreendeu. Harper sempre foi superficial sobre seu pai, nunca querendo entrar muito naquele assunto. E eu sempre achei que seu pai havia abandonado-as, assim como minha mãe tinha feito conosco. Parece que não a conhecia tão bem quanto imaginava. Esperei que ela concluísse e desabafasse suas dores, apenas deixando minha presença em destaque para que ela soubesse que eu estava ao seu lado.

“Ela chega a ser hipócrita, sabe?”, minha amiga em encarou com os olhos estreitos. “Sei que não sou a filha mais perfeita do mundo e que fugi de casa, mas isso não é de hoje.”, suas mãos se fecharam em punhos. “Chega a ser irritante essa superproteção. Como se eu fosse uma bomba pronta para explodir.”

Hesitei antes de por minha mão em seu ombro, mas isso pareceu aliviá-la.

“Sabe se seus pais ainda tem contato?”, murmurei.

Ela balançou a cabeça.

“Não. E quer saber de uma coisa?”, estufou o peito, esticando as costas e forçando outro sorriso. “Quero que os dois vão para o inferno.”, ela se virou, abrindo a porta e voltando para o quarto. E por um segundo eu jurei que a tinha escutado dizer: “Já estou condenada á ele mesmo.”


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Notas finais do capítulo

Então, o que Harper e Adriel estão escondendo? E porque se odeiam tanto?

E sobre a questão que eu ainda não consegui dar um fim: O que vocês querem que aconteça com Austin no final? Já sei o final de todos, menos o dele. Me ajudem.



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