O dia estava estranho. Frio demais para um outono.

Hoje é sábado, então podia usar calça.

Havia pedido para as minhas criadas me deixarem bem simples. Estava usando uma calça jeans, uma blusa de seda branca, sapatilhas, cabelo solto e maquiagem básica.

Desci para o café. Tudo estava como de costume. Para minha sorte tinha torta de morango. Quando fui pegar meu pedaço, meu olhar se cruzou com um de certo guarda mancando, que quase caiu ali no seu posto; mas consegui se segurar numa das várias mesinhas de canto com flores espelhadas pelo palácio.

Aspen.

O que fizeram com ele durante o ataque?

Preciso dar um jeito de falar com ele. Fiquei o resto do café pensando nisso.

***

Como hoje era sábado tinha que passar o dia no salão das Mulheres.

Quando cheguei lá dei oi a todos. Fui para um canto ler um livro. A história se passava no século XI . Mas acabei não prestando atenção no livro e sim em uma figura triste do outro lado do salão.

A rainha Amberly. Linda como sempre. Porém sem aquele brilho no olhar, aquele que só ela tinha; Aquele brilho acolhedor, carinhoso e aconchegante, que só com um olhar já fazia qualquer pessoa adorar ela.

Fico me perguntando se na época de sua Seleção ela realmente amou o rei ou se fico contende só em dar uma vida melhor a todos de sua família e a ela mesmo. Mas mesmo com essa "sacudida" em sua vida, ela continuava lá com um sorriso no rosto.

Se eu fosse rainha algum dia, será que aguentaria ficar com um sorriso no rosto não importando as circunstâncias?

Silvia veio anunciar que segunda o novo príncipe chegaria. Teríamos um banquete de boas vindas. O rei pediu (na verdade ordenou), que todos comparecessem.

Percebi que quando Silvia dava o anúncio a rainha se retirou. Pedi licença e fui ao jardim assim que pude.

—Oh, rainha Amberly, ahn... desculpe. Bem, já vou indo.

Tentei fazer uma reverencia. À qual não tive sucesso algum.

—Por favor, senhorita America , sente-se aqui.

Me sentei. Um pedido da rainha não era de se ignorar. O silencio já estava começando a ser vergonhoso.

—Desculpe ter saído mas precisava de .. - Ela fez uma longa pausa antes de continuar - Ar.

—Rainha Amberly, não me deves explicações.

—America, sem tantas formalidades quando estivermos a sós.

Acendi.

—America seja sincera, meu filho me contou que é boa nisso.

Senti o rubor nas minhas bochechas. Maxon falava de mim para a rainha. Será que falava só de mim ou das outras selecionadas também?

—Agora me responda: O que faria se estivesse no meu lugar?

Oh está era demais, eu provavelmente surtaria no lugar dela mas não podia dizer isso.

Então fiz uma coisa que sempre funcionava para mim quando estava triste. Eu abracei ela. E para minha surpresa ela levou apenas alguns segundo para retribuir.

—Obrigada. - Ela me disse, saindo de meu abraço e se levantando - Licença.

Eu imagino o que ela faria a seguir, choraria.

O almoço foi monótono, assim como o resto da tarde.

Na hora do jantar não estava nem com muita fome. Mas minhas criadas me obrigaram a descer.

A família real entrou e soltei um suspiro involuntário quando vi que a rainha não se juntaria a nós.

—Senhoritas - O rei começou a falar - Minha esposa está indisposta e por isso jantará no quarto. Mas quero tratar de outro assunto com vocês. Como já sabem meu filho Giovane, chegará segunda, possivelmente perto da noite. só peço que o respeitem e lembrem-se sempre: Duas de vocês serão as novas princesas de Illea, então comportassem como tal.

Ele passava o olhar por toda a mesa, mas quando disse "comportassem" ele olhava diretamente pra mim. Ótimo, nem o voto do rei eu ainda tinha. Imagino viver no palácio com um sogro que me odeia.

O jantar foi servido.

Eu e Maxon trocamos um olhar, e eu mexi na pontinha da orelha, mas não fui correspondida. Ele mexeu os lábios em um "Minha mãe". Concordei e desviei o olhar.

Quando voltei ao meu quarto, dispensei Anne, Mary e Lucy. Não me lembro de como dormi.