SOPHIA

Aquela tempestade aparentemente sugou toda a força que eu tinha no meu corpo, por que assim que eu avistei os chalés do acampamento, várias cabanas, todas diferentes, desabei no chão, só me lembro de Edson gritando por ajuda e uma silhueta de cavalo vindo na nossa minha direção.

Acordei um pouco tonta, mas Amber e David estavam ao lado esperando que eu acordasse, aquele menino loiro de olhos claros fazia meu coração disparar sempre que podia. Amber tinha as mesmas características, loira com olhos claros, não havia dúvidas que seria uma super modelo quando crescesse...

– Onde nós estamos? – Perguntei, ainda tonta.

– Aqui é a enfermaria do Acampamento Meio-Sangue. – Disse Edson do outro lado da maca, com um sorriso largo no rosto. – Vocês estão seguros aqui.

– Seguros? Mas e aqueles monstros?

– Eles não podem adentrar o acampamento sem a permissão de alguém de dentro, a última vez que isso aconteceu foi há muitos anos atrás, muito antes de vocês dois nascerem. – Edson explicou.

– Eu ainda não entendo por que você fala como se fosse um velho – David disse olhando para Edson. – Você é meu melhor amigo, o que esconde de nós?

– Vocês saberão quando Sophia puder andar, a ambrosia está começando à fazer efeito. – Quando Edson disse isso, senti em minha boca, um gosto de brownies recém-assados, como os que Sra. Baynes fazia sempre que nos machucávamos, e como mágica, nossas feridas desapareciam em minutos.

Cochilei novamente e quando acordei eles não estavam mais lá, mas sim um rapaz loiro com uma camiseta roxa que tinha estampada as letras "SPQR" em dourado, um homem bonito, com uma pequena cicatriz no seu lábio superior.

– Você está bem, irmãzinha? – O homem perguntou, me olhou como se estivesse me avaliando.

– Irmãzinha? Como assim, não conheço você. – Eu respondi. – Mas estou bem sim, obrigado por perguntar.

– Bom... não é certeza, mas tem boas chances de você ser filha de Júpiter, quero dizer... Zeus, meu pai, rei do Olimpo e deus do céu. Edson nos contou que você invocou uma tempestade quando chegaram aqui, é o que os filhos de Zeus fazem, invocam ventos furiosos para proteger aqueles que amam. – Eu corei.

– Ahn... tá, mas... Há quanto tempo eu estou nessa maca?

– Ah, acho que 4 dias.

– 4 dias?! O que meus amigos fizeram durante esses dias todos? O que eu perdi? – Perguntei quase chorando.

– Você não perdeu nada, só um jogo de Capture a Bandeira, 3 dias de treinamento com armas e escalada, mas fora isso, nada de mais. Nenhum de seus amigos foi reclamado por seus pais ainda, embora achemos que sejam filhos de Apolo, por que, pelo que Edson disse, Amber recitou uma profecia para vocês na porta do acampamento e David é um bom arqueiro aparentemente, ele também soube cuidar muito bem de você, os filhos de Apolo são nossos melhores curandeiros, e Apolo é o deus das profecias.

– D- David, cuidou... De mim? – Meu rosto começou a formigar novamente.

– Cuidou, muito bem por sinal. A propósito, meu nome é Jason Grace, muito prazer. – Disse ele com um sorriso estampado no rosto.

– Prazer, Sophia... Sophia Forbes.

– Certo, Sophia... você acha que já pode se levantar? Vou pedir para um de meus irmãos lhe mostrar o acampamento e depois te encaminhar para a Casa Grande, seus amigos estão lá conversando com Quíron, nosso diretor de atividades.

– Quíron nos mitos gregos não era um centauro? Tipo... metade cavalo e metade homem ?

– Exatamente. – Respondeu ele com um olhar irônico.

Me levantei e vesti as roupas que deixaram pra mim na mesa ao lado da maca, Jason chamou sua irmã Ellen Howard para me mostrar o Acampamento. Fiquei completamente maravilhada... uma quadra de vôlei, uma parede de escalada com lava, um capo de tiro-ao-alvo, 20 chalés todos diferentes, eu os havia visto antes do topo da colina. Havia um todo de mármore branco com portas de bronze que pareciam estar atravessadas por raios, provavelmente seria o de Zeus, que provavelmente era o que eu ficaria. Ao lado do de Zeus tinha outro feito de mármore branco, mas esse era maior que o de Zeus, porém parecia desocupado, no lado de fora tinha a figura de um pavão em cima da porta, talvez o de Hera, como ela era fiel ao marido, não tinha filhos semideuses, pelo menos é o que todo mundo acha... Viu muitos chalés, um todo feito de puro ouro com paredes pintadas com notas musicais, outro de mármore preto com caveiras, um coberto de vinhas e caxos de uvas e um que mais se parecia com um chalé de acampamento, de madeira, velho com a pintura descascando e a imagem de um bastão entrelaçado por duas cobras. Teve um que eu me interessei bastante, também parecia desocupado, era vermelho com lareiras e um ar de aconchego que me lembrou de quando Sra. Baynes me abraçava, ela me criou como sua neta mimada, e por nossa culpa, a parede do seu amado Orfanato estava em destroços, me odiava por isso e odiava ainda mais quem quer que fosse meu pai ou mãe mortal que se interessou por ninguém menos que um DEUS, sabe-se lá, qual.

Eu e Ellen caminhamos para a Casa Grande, conversamos sobre a vida dela, garota rica, morava em Beverly Hills, tinha tudo que queria, menos pais presentes, estavam sempre trabalhando e nunca tinham tempo pra ela. Chegando na "casa grande" entendi por que se chamava assim, era realmente grande, uma casa que parecia ter sido pintada recentemente de azul com listras brancas, rodeada por um muro que separava a casa do acampamento.