SOPHIA

Sra. Baynes tirou 3 mochilas sabe-se lá de onde e jogou uma roxa pra mim (minha cor favorita), uma rosa da Moranguinho pra Amber e uma Laranja pra David com o desenho de uma lira.

– Vamos pessoal, não temos tempo a perder! – disse Edson já com uma mochila jeans nas costas.

Sra. Baynes jogou a chave de seu carro para Edson, me perguntei por que ela confiaria o seu carro à um garoto de 11 anos de idade, mas achei que não era a hora certa pra pensar nisso, já que tinha um monstro de 3 metros de altura nos perseguindo. Saímos em disparada em direção a um Ford azul estacionado na garagem do orfanato e seguimos pela 5° Avenida a 80 km por hora.

– Desde quando você tem carteira de motorista? – David perguntou. Estava se segurando no banco como se fosse a última coisa que pegaria na vida.

– Hum... Eu acho que... Há 6 anos. – Edson respondeu com um sorriso no rosto, porém um sorriso breve, logo estava com expressão de nervosismo novamente.

– Mas você só tem 11 anos, como você tirou carteira de motorista aos 5 anos de idade?

– David... Quando chegarmos ao nosso destino, explicarei tudo com calma, vocês estarão seguros lá.

Viajamos por cerca de 1 hora e meia sem ninguém dizer absolutamente nenhuma palavra. Os únicos barulhos que ouvíamos eram os das buzinas dos carros ao nosso lado e o som do motor do carro. Chegamos à Long Island e Amber estava dormindo com a cabeça apoiada em meu ombro, vê-la relaxar me deixou feliz, mas por pouco tempo...

– Esse cheiro... – Edson murmurou farejando o ar. – Ah, não! – Edson puxou o volante do carro para a esquerda em uma colina no meio da floresta, uma floresta escura, mas cheia de vida, como se todos os dias os habitantes fossem regar as flores e árvores que haviam ali, mas como fariam isso se não haviam habitantes por ali?

Olhei de relance para fora da janela apenas para me arrepender. Mais um monstro, um totalmente diferente de uma Dracaenae, mais veloz e peludo, não dava para distinguir sua forma de dentro do carro com vidros fumê e uma floresta totalmente escura que não ajudava minha visão. Parecia correr sobre quatro patas e tinha um rabo comprido como o de um escorpião, foi só o que pude enxergar. Tão rápido como corria, o monstro desapareceu.

Edson bateu no braço de David para acordá-lo. Chegamos a uma barricada com troncos de árvores e pedras, só tinha um lugar por onde passar e nosso carro não caberia naquela entrada, nós mesmos teríamos que nos abaixar, com exceção de Amber... Déssemos às pressas do carro e corremos em direção à barricada. De onde estávamos, eu só conseguia ver um Pinheiro extremamente alto e fracas luzes que poderiam ser tochas acesas mais à frente, mais ou menos uns 300 metros de distância. David teve que carregar Amber nas costas, a menina estava exausta, ela era só uma pequena criança... (Certo... Todos nós éramos crianças, mas ela era sua irmãzinha e parecia estar que realmente estava cansada.).

Finalmente avistamos um portal em forma de arco feito de mármore branco com pilares gregos e tochas que crepitavam à luz da lua, quando passamos em frente ao grande pinheiro todos pareceram sentir um calafrio, vinha da ponta no meu dedo mindinho do pé, e subia até a ponta dos fios do meu cabelo. Ali
as coisas começaram a ficar um pouco tensas... Todos nós havíamos cruzado o portão, exceto Amber... A menina tinha descido das costas do irmão 10 metros atrás e havia parado à apenas 1 metro. Ela estava agora ajoelhada no chão e seus olhos estavam verdes como esmeraldas, ela abriu a boca e palavras foram ditas em uma língua que eu conhecia, mas não sabia como conseguia traduzi-las, parecia ser grego, mas não era a voz normal de Amber, era como se sua voz tivesse sido duplicada e uma delas sofria um pouco de delay. Palavras gregas ditas em versos que eu traduzi no pensamento sem saber como estava fazendo aquilo.

– De um novo profeta você tomará conhecimento.
O deus ciumento trouxe traição,
O sol e o casamento se unirão.
Aquele considerado inimigo no fim auxiliará...
E os que eram separados, juntos irão triunfar.

– Amber, o que você está falando?! – David gritou. – Corra pra cá! Aquele monstro está nos seguindo!

Mas Amber, ao terminar de recitar seu poema maluco, desmaiou no chão e seus olhos voltaram ao normal. David correu para ajudá-la, e ao chegar lá, uma sombra passou por cima de sua cabeça, a sombra do monstro que eu havia visto de dentro do carro. O monstro pousou no chão com um estrondo que fez o piso de mármore da entrada do acampamento tremer e atrás dele, saindo das árvores
vinha a Dracaenae sibilando com sua língua bifurcada, quando a mulher-cobra abriu a boca pra falar, uma flecha acertou seu olho com uma precisão extraordinária atirada pelas mãos de David, o que era estranho, por que não tinham arcos no Orfanato Baynes e na nossa escola não tinha aulas de tiro-ao-alvo.

– Há quanto tempo você tem isso? – Perguntei surpresa.

– Há... Uns 5 segundos atrás. – Ele respondeu

– E quando aprendeu a usar?

– Há 5 segundos. – Eu quase ri quando ele disse isso.

O monstro com rabo de escorpião não deu tempo nem para David respirar, quando olhei novamente, David estava no chão ao lado de Amber, ambos desmaiados, o arco e a aljava de flechas que estava nas costas de David haviam se transformado em sua mochila laranja. Agora o monstro estava avançando na direção dos dois, o que me deixou furiosa, como ele se atrevia à ferir o garoto que eu amo e me ignorar assim? Minha raiva foi grande demais até pra mim mesma.

Quando me dei conta, uma tempestade de ventos havia jogado o monstro contra o pilar grego, e aquele vento... Eu invocara aquilo, EU TENHO PODERES?! O monstro se desintegrou em areia dourada quando uma das tochas caiu em sua cabeça e carbonizou seu corpo. Edson me olhava admirado.

– Nós não temos tempo pra você ficar me olhando com esses olhos arregalados, temos que levar esses dois pra dentro. – Eu disse como se fosse a diretora do acampamento, tanto é que Edson me respondeu:

– Sim, senhora!