You Only Live Once escrita por Vero Almeida


Capítulo 22
Conflitos internos também fazem parte


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!
Desculpem, eu postei o capítulo no sábado e acabei excluindo logo depois. Ele teve que passar por alguns reparos, mas já está aqui prontinho pra vocês.

Muito obrigada Carol Sampaio, Luize Amaral e Vingador das Sombras por darem uma chance a minha fic, sejam bem vindos



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PDV da Stella

Nunca pensei que eu teria paciência pra cuidar de ninguém na vida. Na verdade ter mesmo eu ainda não tenho, mas com Joe é diferente. Ele sempre cuidou de mim, e eu o deixei nessa situação, então é o mínimo que eu posso fazer.

Todos os dias eu o ajudo a sair da cama e o coloco na cadeira de rodas, então o levo pra tomar sol na varanda, converso com ele, levo algumas frutas e café também. A casa de Joe é modesta e pequena, mas é de longe o mais parecido com um lar que eu já tive a oportunidade de conhecer. Eles são uma família sofrida e unida, apesar das dificuldades.

Martha, esposa de Joe, trabalhou como doméstica a vida inteira, mas começou a sentir dores nas costas e articulações e teve que diminuir o ritmo de trabalho. Hoje ela trabalha como diarista, duas vezes por semana numa casa há alguns quarteirões de distância, e lava roupa pra fora no seu tempo livre. Ela não gosta muito de mim, quem vê pensa que eu me preocupo com isso.

A filha Isobel tem dois empregos de meio período e idade pra ser minha mãe. Sério mesmo, deve ter uns 30 anos, tem cabelos negros lindos e um rosto nada mal também, mas está sempre tão carrancuda que é quase impossível olhar. Essa definitivamente me detesta, me odeia, ta louca pra me ver pelas costas.

Hoje ela me tirou do sofá onde durmo às seis horas da manhã me intimando a sair e procurar um emprego. Gritou aos 7 ventos que graças a mim eles estavam com problemas, que precisavam do salário de Joe pra viver e que eu tinha que botar dinheiro em casa se quisesse comer.

Fiz um ótimo trabalho ignorando seu discurso moralista, eu a encarava de maneira petulante, e isso a deixava roxa de raiva. Provocar Isobel com certeza será um ótimo passatempo nesse fim de mundo.

Antes de sair pra trabalhar, deixou bem claro que eu só estava ali porque Joe me amava tanto quanto a ela, mas se eu tivesse um pingo de dignidade iria embora por conta própria. Bom, já que não tenho, estou aqui há três dias e ainda sem previsão de saída.

Hoje o Joe decidiu que queria fazer algo diferente depois do almoço, então eu o levei ao parque. Aquela casa nem internet tinha, era um alívio pro meu tédio sair de lá. O dia foi bastante divertido, roubei o algodão doce de uma criança, a mãe do garoto veio me encher o saco, joguei literalmente na cara dela o dinheiro pra comprar outro. Eu podia estar pobre e minha carteira quase vazia, mas eu não ia descer do meu saltinho, ah mas não ia mesmo.

Depois do episódio do algodão, Joe parecia tão chateado pela minha atitude que fez minha consciência pesar de novo. Que Droga, eu odiava esse poder que só ele tinha de me amansar. Poder esse que vem aprimorando desde o acidente. Enfim, numa tentativa de deixar o velho mais feliz, eu o empurrei na cadeira de rodas ao longo do parque, correndo feito louca.

No começo ele pareceu receoso, mas logo gargalhava e gritava como uma criança. Nos divertimos muito, rimos, conversamos, nem vimos o tempo passar.

Nem vimos mesmo, quando cheguei em casa com Joe já era quase 10 horas da noite, e Isobel e Martha não pareciam muito felizes comigo.

– Você pode ser louca se quiser, mas não vai afundar meu pai junto! – Isobel vociferou assim que coloquei os pés dentro de casa. Eu a ignorei, dando de ombros. Empurrei a cadeira de Joe casa adentro, pretendendo levá-lo ao banheiro para tomar banho antes do jantar, mas antes que concluísse meus planos ela me agarrou pelos ombros e me afastou da cadeira bruscamente. – Está me ouvindo, garota?

– Isobel, solta ela! – Joe interveio, colocando a mão gentilmente no ombro da filha.

– Pai, pelo amor de Deus, você tem que tirar essa garota da sua vida... – Ela virou-se em direção a ele com os olhos suplicantes, o ódio por mim era tão grande que eles chegavam a lacrimejar de raiva. – O senhor perdeu o emprego por culpa dela, foi atropelado por culpa dela. Ela não é da família pai, é uma bomba relógio...

Eu queria empurrá-la no chão e socá-la até que desmaiasse, queria que retirasse o que disse a qualquer custo. Joe era a única pessoa que me restava nesse mundo, e ela estava tentando tirá-lo de mim.

– Ela é uma boa menina, você não a conhece. – Ele me defendeu, bravamente como sempre fez.

– Não, ela é um monstro...

– Essa ainda é minha casa. Eu perdi meu emprego porque quis, e fui atropelado porque não olhei a rua. – Ele falava de maneira objetiva, não dava margem pra discussões mas ao mesmo tempo mantinha a postura calma. – Ela vai ficar, e eu não vou tolerar agressão gratuita contra ela, me entendeu?

– Mas pai...

– Entendeu? – Ele a interrompeu.

– Entendi. – Ela suspirou e abaixou a cabeça. O respeito que tinha pelo pai era maior do que qualquer coisa.

Todos permaneceram quietos, Martha tomou meu lugar e foi ajudá-lo com o banho. Eu não tirava meus olhos de Isobel, logo ela ia aprender que eu não sou uma boa pessoa pra se enfrentar, e eu daria um jeito de ensiná-la de uma maneira que a ajudasse a nunca mais esquecer. As orbes castanhas dela estavam cravadas em mim, e eu a encarava de igual pra igual.

Ela relinchou igual a um cavalo raivoso e rumou com seus passos pesados em minha direção. Eu me mantive firme, desafiando-a com os olhos.

– Eu vou fazer dos seus dias aqui, os piores que já teve na sua vida. – Sibilou ela, e a ameaça era tão ridícula que eu tive que rir.

– Você pode me amarrar de ponta cabeça no sótão e me torturar até que eu morra agonizando, e ainda assim não vai chegar nem perto dos piores dias da minha vida. – Meu sorriso debochado a irritou ainda mais,

– Veremos então. – Ela insistiu. – Amanhã mesmo eu vou tratar de te arrumar um emprego no centro, se quer comer vai ter que colocar dinheiro em casa.

E saiu, toda metida, se rebolando, como se tivesse me colocado no meu devido lugar. Deixa ela pensar o que quiser, logo ela vai ver quem é que precisa entender o seu lugar.

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PDV da Alícia

Entrei no carro de Joshua segura e confiante, sabendo que estava precavida de todas as maneiras possíveis. Ryan deveria sair de casa dali uns 15 minutos, estaria logo atrás da gente se fosse preciso, e graças a Deus iríamos a um lugar público.

Joshua parecia realmente feliz ao me ver, estava elegante como sempre, mas um pouco mais informal do que de costume. A calça social hoje fora substituída por um jeans, e a camisa branca estava aberta nos dois primeiros botões. Me perguntei que tipo de atividade seria informal o suficiente para forçá-lo a trocar sua vestimenta.

Durante todo o trajeto até a cidade, conversamos sobre banalidades. Eu buscava uma brecha pra entrar no assunto do garoto morto sem me comprometer, mas ela não surgira, ao menos não até aquele momento.

Eu deixei meu celular gravando, provavelmente não ia conseguir nada de útil, mas se acontecer quero deixar registrado. Pra quem precisa sair do 0, qualquer coisa vale.

Joshua era agradável e engraçado como no primeiro dia, até cantou em alto e bom som “Hey Jude” dos Beatles. Porra, era difícil desconfiar de uma pessoa tão carismática, mas eu cresci no gueto e aprendi que as vezes carisma demais pode indicar coisa errada.

No fim a viagem acabou sendo divertida e eu baixei a guarda o máximo que podia, mas ainda manteria o combinado.

Estacionamos o carro no vallet de uma rua chique na parte alta da cidade, e de repente me dei conta do motivo de Joshua andar sempre tão formal. Olha o lugar onde ele se diverte, todas as pessoas estão absolutamente arrumadas, uma parte delas tem até motorista. Sabe, se esse garoto um dia se provar inocente, eu vou ensinar a ele como se divertir de verdade.

Descemos do carro, e Joshua deu a chave do veículo pro funcionário do Vallet. Eu olhava ao meu redor, completamente estupefata e envergonhada.

– Estou mal vestida. – Sussurrei pra ele quando seguimos nosso caminho rumo a qualquer que seja o lugar onde esteja me levando. – Olha só as pessoas que freqüentam essa rua!

A rua era maravilhosa, os estabelecimentos possuíam letreiros luminosos e chamativos. Passamos por um cassino, na porta tinha um jovem simpático, muito bonito e bem vestido que tinha a função de recepcionar as pessoas. Mais ou menos como Landon, só que com muito mais glamour.

Uma mulher loura num vestido dourado deslumbrante passou bem na minha frente, ela parecia ter saído direto de um catálogo de moda. Olhei para as minhas sapatinhas pretas comuns e fiz uma careta.

– Insegurança? Sério? – Ele perguntou, seus dedos fizeram um movimento rápido em direção aos meus, logo estávamos de mãos dadas sem que eu pudesse fazer nada pra evitar.

– Não é nada disso! – Retruquei, franzindo as sobrancelhas. Eu hein, sou muito segura de quem sou e do meu valor, obrigada! – Só que as mulheres gostam de estar preparadas para qualquer ocasião. Eu não sabia que ia me trazer num lugar tão chique!

– Huum – Ele murmurou. Agora já tínhamos andado cerca de um quarteirão e passávamos em frente a um restaurante onde eu provavelmente teria que vender um carro pra pagar o prato mais barato. – Eu acho que você está ótima.

– Obrigada.

Entramos na próxima porta, bem ao lado do restaurante. Era uma daquelas portas que levava a um cômodo no andar superior, no subúrbio ela seria escura, mal cheirosa e daria medo de entrar, mas ali era completamente diferente. As luzes eram de um tom verde exótico, e refletiam no chão de mármore que quase me cegava de tão limpo e brilhante. As paredes eram brancas, e conforme subíamos os degraus também de mármore, uma ou outra tela de pintura abstrata aparecia enfeitando as paredes. Tudo muito bonito.

– Olha, antes de chegarmos lá em cima, eu quero deixar claro que foi você quem pediu pra conhecer os lugares onde me divirto com meus amigos. – O tom de voz dele me deixou seriamente preocupada. Oh meu Deus, ele estava me levando num prostíbulo de luxo, ia alugar um quarto, me matar, me fazer em pedacinhos e dar descarga em mim! Só podia.

– Er, porque? O lugar que você freqüenta com seus amigos não é divertido pra mulheres também? – Eu perguntei, assim, como quem não quer nada e não tem medo de morrer. Ele deu uma risadinha marota.

– Sim, claro, mulheres também se divertem. – Os degraus finalmente terminaram em uma espécie pequenina de hall, que dava para 3 lugares diferentes. No cômodo bem a minha frente, tinha um bar chique pra caramba, com luzes coloridas ao redor e bancos enormes também coloridos em frente ao balcão, eu queria entrar ali e ver mais, mas Joshua me guiou através do aro da esquerda. – Mas aqui é onde nós gostamos de... caçar.

Caçar? Urgh, só a palavra me dava calafrios.

A sala da esquerda me parecia “O point dos caras”. Tinha três mesas de bilhar dispostas ao longo do salão, muitos fliperamas em uma das paredes, e um bar na outra parede. Pelo visto beber era prioridade ali. Em volta das mesas estavam vários garotos de tipos, tamanhos, e idades diferentes.

– Olha, a menos que você seja gay, não há muito o que caçar aqui não. – Observei

Ele riu.

– As garotas preferem ficar do outro lado, tem música alta e elas gostam de dançar, mas as vezes aparecem algumas por aqui, e definitivamente sempre tem muitos caras por lá.

– Caçando. – Completei.

Fomos até a mesa de bilhar mais vazia, tinha um casal ali. Eles pareciam bem apaixonadinhos e talz, mas levando em consideração os testemunhos de Joshua sobre o local, não devia ser nada sério. Ele fez um gesto ao outro cara num pedido mudo, e o outro acenou afirmativamente.

– Somos os próximos. Quer beber alguma coisa? – Me perguntou, já remexendo nos bolsos.

– Na verdade eu preciso ir ao banheiro, onde é?

– Ao lado do bar, ao fundo. Te espero aqui então. – Piscou pra mim, eu sorri amarelo. – Ainda vou descobrir que espécie de universo alternativo as mulheres encontram no banheiro.

– Aposto que não. – Retribui a piscadela e segui em direção ao banheiro.

Mal cheguei ao meu destino e já estava com o celular em mãos, discando o número de Ryan. Parei de frente pro espelho, com o celular apoiado entre o ombro e a orelha.

“ – Oi.” – Atendeu. A voz dele ficava mais rouca no telefone

– Oi, aonde você ta? Não atendeu o celular no meio da estrada né? - Eu tinha que perguntar, a última coisa de que precisávamos era de um acidente pra ferrar de vez nossa vida.

“ – Eu parei no acostamento, mãe. Pode ficar tranqüila.” – Respondeu-me entre risos. – “E você, onde está?”

– Numa rua colorida e grã-fina da cidade. Não tinha placa, mas é uma bem peculiar... – A verdade é que eu esqueci de olhar a porcaria da placa. Eu sei, era a única coisa que eu tinha que fazer, mas esqueci. Paciência.

“- Porra Alícia, você ajuda pra caralho.” – Ele reclamou, irônico. – “Liga o GPS do celular, e me passa a senha do seu telefone.”

– Pra quê??

“- O GPS do carro tem um localizador, se você me der sua senha ele consegue te encontrar.”

Assim eu fiz né, aparentemente não tinha nenhuma outra opção.

“- Ahh, eu conheço essa rua. “ – Ele murmurou, retoricamente. – “Tem um café bem na esquina, eu vou ficar ali, qualquer coisa me manda um SOS”.

– Ok, mas eu acho que não vou ter problemas, ele vem aqui com os amigos pra caçar... – Revirei os olhos, esse tipo de comportamento é ridículo. – Ryan, não foi ele quem arrancou minha caixa de correspondência, e arrombou meu armário. Ele é um bocó.

“- Ou isso é o que ele quer que você pense.” – Murmurou, forçando uma voz de suspense completamente ridícula. Eu ri. – “Sério Allie, não dá moleza pra ele, ok? E não deixe ele te caçar também, seja lá o que isso quer dizer”.

– Não! Argh, que nojo! Eu tenho que voltar lá, não me faça ter náuseas por favor. – Ele gargalhava do outro lado da linha, e eu me perguntei se estava franzindo as sobrancelhas daquele jeito fofo que sempre fazia quando ria. – Olha, eu tenho que ir. Tenta se divertir um pouco ok? Eu vou ficar bem.

“- Claro que vai ficar bem, eu te proíbo de não estar bem.” - Eu é que deveria proibi-lo de me dizer essas coisas, droga. Não podia deixá-lo mexer comigo desse jeito, simplesmente não podia. “- Se cuida.”

– Eu vou, pode deixar. – Desliguei o telefone, encarando minhas orbes castanhas em frente ao espelho. De repente eu não tinha mais a menor vontade de voltar pra aquela mesa de bilhar, ou de almoçar com Landon amanhã. A imagem de Ryan gargalhando (ao menos aquela que eu criara em minha mente),fazia minha respiração acelerar. E eu tinha que evitar isso a qualquer custo.

Dei um último suspiro resignado, retoquei meu batom, e voltei pra mesa de bilhar antes que Joshua estranhasse minha demora.

_/_/_

PDV do Adam

Quando Aaron foi embora, eu me vi de novo em meio àquela sensação assustadora. Aquela que me fez sair correndo do observatório naquela noite, e que me fez ficar sozinho com meus pensamentos por todos esses dias.

Eu nunca senti isso antes, muito menos por um cara.

“Isso”, não é nada muito grande ou complexo. É só aquela vontade de ligar pra pessoa, mesmo tendo acabado de falar com ela. Aquele sentimento de quando você imagina algo muito bizarro e precisa contar pra aquela pessoa. Talvez vocês me achem tolo por fazer uma tempestade tão grande por algo tão pequeno, mas pra mim é absolutamente assustador admitir que as vezes tenho vontade de ligar pra ele só pra ouvir a voz.

Eu nunca senti isso, nem mesmo por Jenny.

Esse é o tipo de pensamento que me faz ficar sentado na varanda até 11 horas da noite, numa casa vazia e silenciosa, esperando Marie chegar.

Eu sei que ela está feliz, e que eu não devia aborrecê-la com as minhas chatices, mas sem Lyla por perto ela é o mais próximo que eu tenho da minha família. Eu preciso que ela me diga que nada mudou, as coisas continuam como sempre estiveram, o mundo não está de cabeça pra baixo.

Eu permaneci na varanda, firme e forte esperando os dois pombinhos. Depois de cochilar algumas vezes resolvi que era melhor esperar do lado de dentro, então me deitei no sofá da sala e liguei a TV.

Já era quase 1 hora da manhã quando chegaram. Entraram na sala como um furacão, rindo e se engolindo, e apesar de ser estranho ver um cara com a língua na garganta da minha melhor amiga, eu estava feliz por ela.

Demoraram pra me notar ali, eu tive que fazer uso da boa e velha técnica do pigarro. Sempre útil.

– Ah, Olá! Olha quem resolveu sair do quarto! – Ela disse, ainda pendurada no pescoço de Noah, mas agora roxa de vergonha. Eu me sentia um puta dum estraga prazeres, e era mesmo, mas no momento não me importava muito com isso. – O que está fazendo aqui essa hora?

– Eu queria falar com você, mas podemos deixar pra amanhã, não se preocupe...

– Ah não, magina. – Noah me interrompeu, já se desvencilhando dela de maneira carinhosa. Eu gostava do que via, ele era cuidadoso com ela nos mínimos detalhes. – Eu vou ver se faço um omelete, to morrendo de fome. Vão querer?

Ela acenou afirmativamente e eu recusei, tinha jantado há poucas horas.

Noah deixou-nos a sós, e eu me acomodei direito no sofá, dando espaço pra que Marie sentasse ao meu lado. Ela não conseguia parar de sorrir, e isso de certa forma me fazia sorrir também.

– Você parece feliz. – Observei, fazendo com que seu sorriso se alargasse ainda mais.

– Eu estou muito feliz, mas quero saber o que tem pra me dizer. – Apertou minha mão, confortando-me.

– Aaron esteve aqui hoje. – Eu a encarava, inseguro sobre o que dizer, como prosseguir. Era difícil transformar meus pensamentos em palavras.

– Isso é bom, vocês são amigos de novo?

– Sim, somos. – Encarei meus tênis marrons, pensando e repensando em o que eu queria dizer a seguir, e o que significaria admitir isso em voz alta. Talvez nada, talvez tudo. – Ele saiu daqui quase dez horas da noite, passamos a tarde juntos, conversamos tanto, eu nem sei de onde surgia tanto assunto. E agora... Agora eu to doido de vontade de ligar pra ele e conversar mais.

Ela me encarava como quem espera algo a mais, uma continuação pra história. Quando a continuação não veio, um ponto de interrogação ficou implícito em seu semblante.

– Ok, e porque não liga? – Perguntou, por fim. Eu invejava a mente simples e ingênua de Marie, pra ela, não havia barreiras entre o pensar e o fazer. Tudo estava sempre ao alcance.

– Não posso, ele acabou de sair daqui faz poucas horas.

– Adam, você faz uma tempestade enorme num copo d’água. Quer ligar? Ligue! – Ela apertou ainda mais seus dedos aos meus. – Não dê importância demais às coisas, ok?

Ela abraçou-me de maneira desajeitada, e eu afundei meu nariz em seus cachos cheirosos. O jeito dela sempre me acalmava, me fazia pensar que meus problemas eram menores do que eram.

Nos soltamos apenas quando Noah anunciou que o omelete estava pronto. Eu sabia que Marie sempre me ajudaria independente da situação, mas eu já tinha abusado da boa vontade da garota o suficiente por um dia.

Acabei me despedindo de ambos e voltando ao meu velho quarto. Ao menos aquela noite eu com certeza não ligaria, mas talvez amanhã, lá pro meio dia...

Ele adora me ligar em horários em que eu geralmente durmo, talvez se eu fizer o contrário ele prove do próprio remédio... Ou não. Definitivamente não, eu não deveria ligar pra ninguém.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
Até o próximo meus amores!



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