O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 2
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/472207/chapter/2

CAPÍTULO 1 - VIDA ESTRANHA,CIDADE ESTRANHA E UMA CASA CURIOSAMENTE ESTRANHA

Alexis Miller

–Sei que está longe de chegar se quer aos pés da sua antiga casa, mas é o que tenho.Prometo que farei algumas reformas. - falou Olaf para mim - A casa tem dois andares,dá para fazer várias coisas.Vou me esforçar para fazer dessa casa, um lar legal para você.

''Lar'' Pensei ''Um lar legal''.Aquela casa não seria meu lar, pelo simples fato de que as pessoas que eu amava não estavam lá.Não viveriam comigo.Não seria meu lar, entretanto eu não disse nada, não queria chatear Olaf.

Owens era realmente uma cidade pacata e calma.Enquanto o carro adentrava na cidade pelas ruas cheias de curvas e nem um pouco grandes, a alguns minutos atrás, eu percebi isso.Não havia muitas pessoas nas ruas.Acho que vi três ou quatro no máximo, andando cabisbaixas, no entanto pude perceber que algumas nos observavam de suas janelas.Eu sinceramente, me assustei.Aquilo era incomum para mim , estranho.

Olaf explicou que tinha estudado sobre a cidade antes de se mudar para a mesma.Ele disse que a cidade apresenta poucas informações atuais, ela é mais conhecida sobre seu passado.Ele contou também que a cidade é regada de lendas e mitos, envolvendo, principalmente, bruxas.As quais Olaf disse, que moradores juravam ''de pés juntos'' que existiram e moravam na cidade anos atrás, até a época de Caça as Bruxas, séculos atrás.

Eu fiquei bastante curiosa com toda essa história, o que não era nenhuma surpresa.A curiosidade era uma de minhas maiores qualidades, ou, então, defeitos.

A casa que nós ficaríamos por um tempo indeterminado, como disse Olaf, era relativamente grande - em comparação as demais da rua - e aconchegante.Eu me sentia confortável ali - talvez as cores bege liberavam essa sensação, ou até mesmo as já arrumadas mobílias, eu não sabia.Mas, mesmo assim, não seria meu lar.

Acho que Olaf não percebeu que eu tinha gostado, porque, como perceberam algumas palavras antes, ele não parava de falar que a tornaria melhor e que sentia muito por sei lá o que.

–Olaf, está tudo bem, serio - Eu o encarei tentando passar alguma confiança , enquanto ele fazia o mesmo comigo , e acho que viu a verdade em meus olhos, pois balançou a cabeça como se dissesse'' Tá, tudo bem, se você diz...''

–Quer que eu mostre seu quarto?Aposto que esta cansada e precisa de um bom banho e depois uma boa noite de adoráveis sonhos. - ele sorriu.Estava mesmo anoitecendo e eu mal tinha percebido.

Estava realmente cansada e também precisava de um bom banho.

–Sim,eu quero.

–Ah,cara. - o homem em minha frente se lembrou de alguma coisa e parecia importante - Eu sou péssimo, está vendo? - não entendi nada

–O quê?Eu ainda não...

–Comeu,você ainda não comeu - ele respondeu - Desde quando partimos.Viu?Sou um idiota,ia deixar você morrer.

–Não é para tanto, Olaf.E eu nem mesmo estou com fome.

–Mas vai comer. - disse convicto - Seu pai me mataria se não desse comida á você

–Meio difícil quando se está morto,Olaf

–Não fale assim - ele falou sério e eu acho que não só o feri com esse comentário , mas também acabei me acertando.Atirei em meu pé.E sem dúvida ele deveria ter percebido, pois tentou contornar a situação tensa - Acredite em mim, ele me assombraria e não deixaria eu dormir por um bom tempo e arqueólogos precisam do sono múmiamez

–Sono mú...mú...mú...o quê?

–É uma brincadeira que inventei com um amigo na faculdade.Mulheres dormem por que precisam do sono de beleza ou algo assim,certo? - concordei, mesmo não fazendo isso - Nossas namoradas sempre ficavam falando nisso,''Eu preciso do meu sono, saímos amanhã'' e blá blá blá.Acontecia com nós dois.Então como cursávamos arqueologia e múmias ''dormem muito'' , fizemos essa brincadeira.Quando elas queriam sair conosco, falávamos que não dava, e comentávamos sobre o sono múmiamez, para aumentar nosso encanto com a arqueologia, assim como elas diziam que o sono de beleza aumentava a beleza.Era para elas provarem do próprio veneno e não fazer isso de novo.

–E elas apreenderam a lição?Quero dizer, pararam de falar que precisavam do sono de beleza e começaram a sair com vocês?

–De certa forma. - ele se sentou e deu um leve sorriso - Elas terminaram com a gente dois dias depois, alegando que eramos uns fresquinhos.

–Sinto muito. - falei sem nem ao menos pensar se era o certo a se falar

–Pelo quê? - perguntou-me olhando divertido - Por um, dos tantos namoros fracassados da minha vida?Por ter levado um ''Se manda, idiota'' de uma menina, que nem mesmo me lembro o nome hoje em dia?Ah, não se preocupe, eu supero - nós dois rimos.Estava realmente na cara que ele já tinha superado - Se olhar pelo lado bom, até inventei uma palavra.Eu saí ganhando no final das contas.

–De certa maneira, sim

–Agora vai logo tomar seu banho, é na primeira porta á direita, vou preparar um lanche... - eu ia protestar mas fui interrompida - O qual você vai comer, como se não tivesse comido nada por um longo período, o que não deixa de ser verdade, e ainda vai pedir mais.

–Não quero nem comer direito, imagina pedir mais.

–Tudo bem, a parte do pedir mais é exagero, mas você entendeu.

–É, entendi.

–Ah,tenho que falar sobre a escola depois.

–Certo - droga, eu tinha esquecido.O inferno seria bem maior.

...

–Como está? - Olaf tinha acabado de trazer alguns sanduíches e refrigerante.Logo após meu banho demorado.Enquanto eu comia em cima da minha cama sem me importar, ele me olhava da porta.

–Estou bem - respondi

–Estou me referindo a comida

–Ah,sim.Está boa

–Sempre soube que colocar peru dentro de um pão era meu forte.Acho que vou até desistir de arqueologia.

–Acho que seria proveitoso para você.

–É, também acho. - ele , finalmente, adentrou o meu quarto e se sentou em uma cadeira perto de mim - O que achou do quarto?Sinceramente, eu não fazia ideia de droga nenhuma de arrumação, então pedi ajuda a uma amiga, também arqueóloga.Ela fez tudo.Jade, é o nome dela. - meu tio parecia desconfortável em falar o nome.

–Ele está muito bonito e agradeça a Jade por mim - Olaf concordou com a cabeça.Eu não estava mentindo, o quarto estava magnifico.Era de um azul claro bem aconchegante e harmônico, tinha retratos de alguns lugares do mundo e uma mesa perto da cama para livros e meus outros vícios.Por falar em cama, o que era aquilo?Talvez uma boia gigante do tamanho de um barco?Era muito confortável também.Mas o que eu, sem dúvida, tinha gostado mais era da janela gigante ao lado da boia, agora coberta por uma cortina.Era uma linda vista da rua principal daquela cidade, onde nós morávamos.Eu realmente não acreditei que aquela fosse a rua principal, era tão....pequena e silenciosamente assustadora, alias, toda a cidade era.Mas havia uma casa, em particular, que mais atiçava minha curiosidade e me assustava.Era a última casa da rua.

Quando eu digo última casa, não é eufemismo, é a última casa mesmo.

A rua era reta, digamos que tinha duas pontas.A primeira era a entrada e a segunda era ocupada somente pela casa-curiosamente-assustadora.Era escura e parecia abandonada, mas eu avistei alguém olhar pela janela e percebi que não era.As demais casas ficavam ao redor da rua e eram casas mais alegres - em comparação a casa estranha, porque em comparação ao resto do mundo também eram estranhas.

–...Então, como ia dizendo, a Jade não descasou um segundo sequer, até está tudo pronto.Ela é assim, sabe?Determinada - Olaf parecia admirado, quase abobalhado, ao se referir a ela.Mas me fez voltar ao mundo.

–Você namora com ela? - indaguei depois de terminar meu sanduíche e tentar me esquecer da casa estranha.

–Não...quê?...É lógico que não...Como assim ''namora''?Tipo, namoro? - Afirmei com a cabeça - Tipo toda aquela caretice de andar de mãos dadas e beijinhos de despedida?

–É, acho que isso ai se encaixa

–Não, é claro que não.Eu namorando?Tenho mais o que fazer - ele se levantou e fingiu interesse nos retratos de Londres e Nova Iorque.

–Então, gosta dela? - perguntei, não por realmente me interessar, mas por que adorava deixar ele envergonhado, ele ficava ainda mais engraçado.

Ele parou subitamente e se virou

–Eu?Gostar dela?Ora, por favor.... - Olaf parou de rir em deboche e me olhou sério - Está tão na cara assim?

–Talvez um pou...

–Pouquinho?

–Poucão - disse e ele fez uma careta.Suas famosas caretas.

– Ah, droga, já fui melhor nisso

–Nisso o quê?

–De esquecer garotas - o homem alto e olhos castanhos se sentou de novo

–Parece um adolescente. - observei

–Coloque isso na lista de coisas-terríveis-que-o-amor-faz.

–Espero que realmente não tenha uma, é patético.

–Não tenho em papel, apenas na minha cabeça.É uma lista bem grande para um preguiçoso, como eu, escrever.

Rimos os dois e ficamos em silêncio logo depois

–Ela vem para cá, daqui alguns dias.É minha parceira nessa ''missão'' - Olaf acabou com o silêncio.

–Quem?

–Jade, e eu vou agir feito um idiota e acabar falando imbecilidades.

–Não se eu ajudar.

–Como?

–Tipo, se você tiver falando coisas idiotas ou algo do gênero, cutuco você ou te dou um leve empurrão, algo assim - propus

–É, bem, é uma boa ideia, melhor que nada.Depois pensamos nos detalhes, tipo quando você não estiver por perto,mas obrigado mesmo assim.Como me deu essa boa ideia, conversamos sobre a escola amanhã - Isso era uma boa coisa,adiar o assunto ''Escola'' por um tempo,entretanto ainda tinha uma coisa que precisava saber, por isso impedi que ele saísse.

–Sim? - ele se virou

–Preciso que me diga uma coisa.

–Pode pedir - e se sentou de novo.Estava até ficando engraçado.Levanta.Senta.Levanta.Senta.

–Me conte tudo o que sabe sobre uma coisa.

–Sobre que coisa?

–A última casa da rua. - disse por fim


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se quiser dar sua opinião, caro amigo, fica a vontade.
Me desculpe qualquer erro,não tive tempo de revisar.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Garoto da Última Casa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.