O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi. Espero que gostem. Por favor, necessito de motivação. Não esqueçam de dizer o que acharam. Até mesmo se for uma crítica. Boa Leitura



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SENHOR M.

Ás vezes,tudo na vida te leva á um certo caminho.Muitas pessoas chamam isso de destino e talvez seja isso que levou Alexis Miller a Owens.O destino.

Mas, nem sempre ele é bondoso e te leva ao encontro de seu amor verdadeiro,a um futuro grande amigo ou qualquer outra coisa do tipo.Ás vezes,ele te leva de encontro a coisas terríveis e difíceis de encarar.Alexis foi uma das pessoas azaradas,escolhidas para encarar isso, pelo ''Destino''.O Destino a testou.

Minha palavra preferida,mesmo que você não tenha perguntado ou ao menos se importado,é ''ás vezes''.Porquê?O ''ás vezes'' nunca é certo.O ''ás vezes'' é uma dúvida.O ''ás vezes'' é um mistério.

E eu adoro mistérios.

Não me apresentei,não é mesmo?Então,por enquanto,me chame de senhor M (senhor do mistério ).Um pseudônimo agradável para mim.

.Um pouco de mistério para você.Um pouco de diversão para mim.

23 DE JUNHO.OWENS,ESTADOS UNIDOS - UM DOS PRIMEIROS ''ACIDENTES''

Alexis Miller

Olaf me deixaria de castigo para sempre.

Segundo meu relógio, já era meia-noite.Agora era oficial, um inferno maior ainda, começaria.E para piorar tudo, Olaf era suspeito.Só que eu sabia que não era ele.E alguém me escutou?Não.

Passei a tarde e a noite toda naquela biblioteca e, mesmo achando coisas relevantes, não era uma grande vitória.Tudo que eu sabia era arriscado, mas o que poderia fazer?Estava mais enrolada nessa história do que se quer, a garotinha curiosa recém chegada em Owens que fui alguns meses atrás, poderia imaginar.

Minha vida estava realmente complicada, no entanto Olaf não sabia disso - até onde eu sabia ou achava - e eu não iria contar jamais.

Agora aqui estou eu, parada em frente a minha casa tentando inventar uma desculpa convincente e que me livre de um possível castigo.

Tomei coragem e entrei.

A casa estava silenciosa e estranhamente escura.''Deve estar dormindo'' foi meu primeiro pensamento.No entanto,eu sabia que Olaf não dormiria até eu chegar, então, que droga estava acontecendo?

Talvez ele estivesse me esperando no escuro e quando, finalmente, eu ligar a luz,ele aparecerá e me dará um sermão como só ele consegue.Aqueles tipos de sermões que você sabe que não irá respeitar.

Sorri com aquele pensamento.Mas o sorriso se desfez quando eu liguei a luz e não o encontrei.

''Ele deve estar dormindo'' repetia para mim mesma.

Mas por quê eu não conseguia acreditar nisso?

Alguma coisa estava estranha naquela casa.Era tão perceptível que acho que chegava muito perto de ser palpável.

–Olaf me desculpe,não queria ter chegado tão atrasada.Foi o trânsito - disse em voz alta.O trânsito, sério?Em Owens? - Quer dizer, não foi o trânsito, eu apenas estava na casa de uma amiga, resolvendo coisas de garotas. - parei no meio da sala, de frente para o sofá mas ninguém falou nada.

Escutei um gemido vindo da cozinha.E a curiosidade falou mais alto que o medo.O que não era novidade.

Caminhei devagar para a cozinha, enquanto o gemido ficava mais alto.Um, dois, três, quatro, cinco, seis passos até chegar naquele comodo e ver uma das piores cenas da minha vida.Me desculpe,a pior.

Tudo estava bagunçado, mostrando que ali tinha sido um tipo de palco para uma briga. Olaf estava deitado no chão, com uma faca enterrada em um dos lados da barriga e sangrava como nunca vi antes.

Ele gemeu de novo e percebi que estava vivo.

–Olaf! - gritei exasperada e fui para seu lado.

Ele queria falar alguma coisa, mas apenas gemeu de novo.

–Olaf?O que aconteceu?Porque esta me ligando a essa hora?Achei que estivéssemos brigados - era a voz de Jade e vinha do celular, que só agora, percebi se encontrar em uma das mãos de Olaf.O peguei

–Alô?Jade?

–Ah,querida - ela suspirou - Foi você que me ligou?Achei que fosse Olaf.Ele não entende que estamos brigados e um casal que está brigado não conversa com frequência.

–Jade...

–Ele não entende, mesmo eu falando várias vezes.

–Jade, Olaf...

–É um crianção?Pode apostar.

–Jade, meu tio está sangrando aqui na minha frente - gritei - Ele levou uma facada, pode me ajudar, por favor? - falei o ''por favor'' com ironia.Ela não conseguia parar de falar só um minuto?

–Meu Deus, o que houve?

–Não sei, o encontrei assim.Chame uma ambulância e venha rápido.

–Estou a caminho. - e desligou.

Olhei para meu tio e o abracei.

–Não faz muito tempo que eu te achei, idiota - soltei mais seu corpo, com medo de machucá-lo ainda mais - Não me deixe agora, eu imploro.Você também não.Não vou aguentar. - chorei.Não tinha me permitido chorar, mas chorei.Chorei por medo de perdê-lo.Chorei por amá-lo.Chorei por tudo o que estava acontecendo .Chorei pelo idiota que eu ajudava,mesmo sem merecer.Chorei por mim.

Olaf gemeu de novo e abriu com dificuldade os olhos.

–Olaf?! - eu sorri - Você ficará bem, prometo. - ele estava respirando mais rápido agora - Eu te amo tio,não me deixe. - pedi e ele me olhou surpreso.Normal, eu ficaria também, depois de ouvir um ''Eu te amo'' sair de minha boca, mesmo quase morrendo.

Ele soltou mais um de seus gemidos e me olhou com expectativa.Depois sussurrou algo que não entendi.

Mais sangue continuava a sair dele e agora de sua cabeça também, no entanto parecia apenas que ele tinha batido com força.

– Não entendi o que disse Olaf, mas fique quieto - mandei - A ambulância está a caminho.Você vai ficar bem.

Ele era teimoso e falou de novo.Só que dessa vez, eu escutei.

–Wi...Will - foi o que ele disse antes de desmaiar para uma escuridão, da qual eu não sabia se voltaria.

E quanto á mim?A raiva conseguia ser maior que a tristeza, naquele minuto.Ele me deve uma explicação.Will, me deve.

17 DE ABRIL,RUMO Á OWENS,ESTADOS UNIDOS - POUCO MAIS DE DOIS MESES ANTES

Mais uma mudança.Eu não me importo, não mais.

Minha vida mudou de alguns meses para cá e, confesso, eu também mudei.

Tanto eu quanto minha vida iniciaram suas mudanças no exato momento da morte dos meus pais, Edward e Amélia Miller, em um trágico acidente de carro.Os médicos me disseram que o baque foi tão forte que eles não sofreram, morreram de imediato, como se isso fosse me ajudar a superar.Eu não sabia o que iria acontecer comigo dali em diante e ao mesmo tempo tinha medo de saber.Eu não tinha mais parentes, ao que conseguia me lembrar, mas pelo visto minha memória não é muito boa.

O serviço social entrou em contato com um tio - o qual eu não me lembrava que ser quer existia -irmão do meu pai, que aceitou sem pestanejar minha guarda.

Sinceramente?Eu tinha medo.Quem era esse tio?Por quê não o conheço?Por quê diabos meu pai não contaria que tem um irmão?E a única resposta que eu tinha para essas e outras perguntas que insistiam em rondar minha cabeça era : Eu não sei.

Até que em um dia, não tão belo assim, eu o conheci.Seu nome é Olaf e ele é sim um Miller, não é uma bastardo como eu supunha.Filho de meus avós.Dos dois.

''Eu te vi apenas quando você nasceu e depois viajei pelo mundo novamente, é meu trabalho''Foi o que respondeu quando eu o questionei sobre eu não me lembrar dele.

Olaf era um cara legal, acho que isso o resumia.Me fazia rir mesmo com tudo desmoronando e isso era uma boa qualidade a se acrescentar em uma pessoa.Ele era alto, tinha cabelos pretos bastante escuros e olhos iguais aos meus - castanhos - e sempre tinha um sorriso perfeito nos lábios.O que me fazia sempre me questionar ''Ele não pode ser da mesma família que eu.Ou ele é adotado, ou eu''.Olaf é muito diferente do que meu pai era, não estou apenas falando da considerável diferença de idade de 5 anos, mas seu jeito.Enquanto meu pai era extremamente reservado, autoritário e calado; meu tio Olaf é alegre e bem humorado e não parecia ligar muito para responsabilidade.Me encontrei um pouco nele, o que foi bastante satisfatório.

Olaf me disse que se mudava muito por causa de seu trabalho como arqueólogo e pediu para eu não me chatear com essas mudanças.''Você se acostuma, pirralha'' me confortou e me deu um apelido novo também.

E agora?Agora, eu estava a caminho da minha nova casa, em uma cidade chamada Owens no interior dos Estados Unidos.Eu nunca ouvi falar sobre essa cidade, entretanto meu tio disse que era muito famosa entre os arqueólogos.''Há história lá'' sorri fraco com esse comentário.

...

Meu tio parecia bastante concentrado na estrada enquanto dirigia rumo a ''Cidade que tem história'', e acho que de certa maneira fazia isso por mim.Ele sabia o quanto eu comecei a odiar andar de carro - depois do acidente - e quando eu tinha que andar de qualquer jeito, ficava nervosa.

–Como decidiu seguir a arqueologia? - Questionei tentando começar um assunto, o silêncio me estressava.

Ele me olhou e deu um leve sorriso, como se puxar um assunto fosse a ideia mais inteligente já proposta.

–Eu acho que sempre soube - ele deu um suspiro de leve, quase imperceptível - Seu avô não gostava nada da ideia.''Tem que ser alguém importante, menino'' ele falava.E quando seu pai resolveu seguir a advocacia a situação só piorou.Ele queria que eu fosse como seu pai, mas eu não conseguia.Nunca seria como seu pai. - ele me olhou e eu vi tristeza em seus olhos, mas antes mesmo de eu confirmar esta suposição ele fixou seus olhos no horizonte novamente - Mas sua avó sempre me apoiou e eu nunca vou me esquecer disso, devo tudo a ela.

–Bem típico dela - comentei me lembrando de uma doce e linda senhora, de 68 anos, minha avó.Ela morreu á alguns anos.

–Bem típico - ele concordou - E você?Já sabe?

–Não, pra ser sincera não faço ideia, mas tenho uma certeza.

–E qual seria essa certeza, pirralha?

–Não quero advocacia.

Ele gargalhou

–Ah não?E por quê? - Ele parecia um adolescente rindo da melhor piada do mundo

–Eu via meu pai trabalhando e acho que aquele trabalho me estressava mais do que a ele próprio

–Tenho que confessar que a mim também.Quando seu pai fazia faculdade,estava tão animado que não parava de falar.Eu sinceramente quis dar um soco bem na cara dele e depois dizer ''Desculpe, foi sem querer, espero que não me coloque na justiça por isso'' mas eu era pequeno perto dele, e acho que ele ficaria com pena - Agora foi minha vez de rir.

–Se fosse maior,ele colocaria - falei

–No mesmo instante - Nós dois gargalhamos.

Aos poucos as árvores davam lugar a pequenas e lindas casas interioranas.E eu ficava encantada mais e mais a cada quilometro.Sempre fui assim.O novo me assusta, mas também me encanta.

–Vejo que já está animada.

–Parece uma cidade pacata e tudo que eu preciso e almejo agora é paz.


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Notas finais do capítulo

ATÉ MAIS.