O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oi, tudo bem com vocês?
Olha, vou falar a verdade.
Esse foi o capítulo que eu mais amei escrever, mais amei mesmo.No capítulo á baixo, pessoal, vocês vão entender, um pouco, da enrascada que a Alexis está metida.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/472207/chapter/12

CAPÍTULO 11 - MEU MUNDO NÃO É MAIS O MESMO

– Fala Ashley - mandei pela quinta vez e, como das outras vezes, ela não respondeu.Ela e William apenas me encaravam e eu sabia, eles também me avaliavam - Ashley eu quero saber.Quero saber porque se trata de mim, da minha vida.

– É complicado... - foi o que saiu daqueles lábios perfeitamente alinhados

– Que bom, que tal descomplicar? - eu perdi a paciência.

Era de mim que eles estavam falando e eu queria saber.E eu ia saber.

– Miller se acalme - William falou - Não é nada.

– Nada, senhor Hãnsel? - zombei - Então vocês costumam chamar alguém de hibri-sei-lá-o-que por nada?Costumam ficar com o rosto pálido, de uma hora para outra, por nada?É isso, Will?

– É William - corrigiu - E se não quisermos falar nada, você não saberá de nada.Fim de papo.

– William - Ashley chamou

– O quê?Ela precisa ser menos mimada, Ashley - ele estava bravo, isso era visível - Se ela quer saber, temos que falar?Só porque ela quer saber?

– Ela merece saber, William - Ashley o encarou

– Nem sabemos se é mesmo ela.

– Não está na cara?

– Eu vou me sentar aqui.Tomar um chá, talvez.E quando os dois acabarem com essa discussão, eu volto com a minha - minha ironia foi ignorada pelos dois.

– Não está na minha cara - William não perdia a oportunidade - Está na sua?

– Não banque o espertinho comigo, William - Ashley retrucou - Isso é sério.Owens está no jogo.

– Isso não é um jogo, doce Ashley - William informou - É uma guerra.Que mata, que destrói e que corrói. Eu não vejo essa cidadezinha no meio do nada, sofrer alguma coisa.Apenas eu sofro, apenas minha família sofre.

– Ela fica doente a cada dia - Ashley parecia mais calma, mas eu notava a fúria em seus olhos.Ela apenas se controlava melhor que William - Não é só você que precisa de ajuda; a cidade também...nós também. E ela pode nos ajudar - a garota loira apontou para mim.

– Ou nos destruir - William lembrou - Sabe melhor que eu isso.

– É nossa chance, nossa única chance.

Peguei o primeiro livro que encontrei e o lancei ao chão, o mais forte que consegui.

Eu estava cansada, simplesmente cansada.

Eu passei a minha vida, toda a minha vida, ouvindo o que eu deveria fazer. ''Alexis você precisa...'';''Alexis você tem...''; ''Alexis faça...''.Até mesmo com a morte de meus pais, as pessoas queriam me controlar.Elas diziam que eu precisava ser forte, que eu tinha que aguentar, tinha que suportar.

Eu não queria ser forte, eu não queria aguentar, e nem suportar.

Mas eu fiz.

Só que dessa vez, algo tinha mudado.A vida era minha, droga, as escolhas também eram minhas.

Era de Alexis Miller que eles falavam, certo?Então, Alexis Miller faria a escolha.E, adivinha?Eu sou Alexis Miller.

Eles me encaram com expressões confusas e assustadas e, talvez, até mesmo minha expressão estivesse assim.Mas ficaram em silêncio.

– Eu quero saber do que diabos vocês estão falando - eu sentia que estava no controle e gostei disso - Quero saber agora.A vida é minha e não vou deixar vocês decidirem ela, como um jogo.

– Miller... - começou William

– Sem Miller, sem Alexis - cortei - Só a verdade.

Ficamos em silêncio por alguns segundos e eu tive medo que toda essa coragem, que eu sei lá de onde tirei, não servisse para nada, no entanto Ashley concordou levemente com a cabeça.

– Se quer assim, assim será - ela disse.

William revirou os olhos, mas não discutiu.

Eu tentei não rir com satisfação e me sentei na cadeira que Ashley apontou.

...

– Owens ganhou ''vida'' em 1398... - Ashley começou a falar, já sentada em uma cadeira em minha frente.

– Eu já sei disso - informei - Vai mesmo querer me distrair contando a história da cidade?

– Você quer saber a verdade, certo? - confirmei - Então a ouça desde o começo.

– Certo, continue - pedi

– A cidade foi fundada por Augustus Adams, mas não porque ele queria ser prefeito, ou criar uma cidade digna para se viver - ela suspirou - Ele queria estar garantido.Estar seguro.

– De quê?

– Do mundo. - ela disse e eu a encarei. - Alexis eu te provei ontem que bruxas existem e você agora acredita, certo? - confirmei - Adams era um bruxo e sabia que um dia o mundo suspeitaria deles e não deixaria barato.Então ele fundou uma cidade longe de tudo e todos e deu o nome de Owens Adams, agora apenas Owens.

– Ele queria apenas se proteger? - Ashley negou com a cabeça e William estava me encarando sem esboçar nenhuma expressão e em pé, além de tudo - Ele queria proteger a raça toda - não foi uma pergunta.

– Sim - ela confirmou - Ele queria proteger nosso povo.

– E então...?

– Por alguns poucos anos, nada aconteceu. O mundo ainda não suspeitava de nada e de ninguém, mas ai o caos chegou.

– O que quer dizer?

– Nenhum segredo pode se manter para sempre, nenhum segredo dura a vida toda, e com o nosso não foi diferente - Ahshley se levantou e foi até uma estante, pegando um livro de capa amarela.Ela o entregou para mim.''Uma época de glória'' dizia a capa - Não foi uma época de glória.Foi o caos, foi o terror.

– Não estou entendo.

– A caça as bruxas - William interrompeu - Essa foi a época do terror.

– A igreja desconfiou de nós e o povo também.E eles não deixaram passar em branco.Eles matarão e matarão, sem piedade. - Ashley não se sentou, apenas me encarou friamente - Vizinhos denunciavam vizinhos, amigos viravam inimigos, e a confiança virou um mito.

– Eu soube da ''Caça as bruxas'' - mencionei - Só que achei que era só mais uma precipitação da igreja, que deixou inocentes mortos.

– E foi - Ashley não aprecia muito bem, mas permanecia firme mesmo assim - Pessoas boas morreram naqueles séculos sangrentos.Bruxas boas, até mesmo mundanos bons.Muitos foram confundidos e mortos, sem misericórdia.Entretanto, não foram apenas inocentes que morreram, bruxos maldosos também.Mas ambos não mereciam morrer daquele jeito.

– Essa situação estava fora de controle e até então Owens estava segura - William continuou de onde Ashley havia parado - Bruxos e mais bruxos vinham a cidade e se escondiam nela.Por um tempo, sobreviveram.Mas não o suficiente.

– O que houve?

– Alexis, eles descobriram Owens - Ashley respondeu - A igreja descobriu a cidade.

– No começo eles apenas estavam verificando, quase como um tipo de rotina.Mas alguns mundanos idiotas, ficaram com medo e estragam tudo - William de repente pareceu abatido - Minha família estragou tudo.

– Não foi só a sua família que fez isso, William - Ashley o repreendeu.

– A maior parte do estrago foi.

– O que aconteceu? - eu sentia que estava chegando em algum lugar.

– As bruxas escondidas foram denunciadas e mortas.

– Minha família... - o garoto dos cabelos pretos em minha frente estava irritado, mas eu sabia que não era comigo ou com Ashley.Era com ele mesmo.

– William você não precisa...

– Você não queria que ela soubesse, Ashley? - ela confirmou - Pois vamos contar tudo.Minha família, Miller, era muito rica e ainda é, quer dizer, eu sou rico - ele riu sem humor algum - O caso é que, eles ficaram com medo que aquilo pudesse atrapalhar os negócios e denunciaram as bruxas escondidas, anonimamente é claro.Eles tiveram culpa daquelas mortes, tanto quanto os assassinos, e eu estou carregando as consequências de erros que não são meus por isso.

– O que você carrega, Will? - eu me arrependi de ter falado seu apelido, mas ele não pareceu se importar.

– Uma maldição idiota - ele vociferou - Uma droga que, como qualquer outra, destrói vidas e irá destruir a minha.

– Que maldição?

– Não estou com vontade de recitar ela, completa pelo menos - ele tinha um olhar meio louco, e naquele instante, eu percebi que não era mais William Hãnsel, o que conhecia pelo menos, que falava comigo - Vou lhe dizer apenas uma parte.

– Diga

– ''Mas, mesmo sendo o que são, tem direito a um ato misericordioso - ele recitou - Um dia, família Hãnsel, vocês terão uma chance de se salvar, se salvar da minha maldição, da minha vingança.Uma hibrida, metade bruxa metade mundana, pode ajudar ou não.Essa hibrida será sua salvação ou sua perdição.Será que seus descendentes confiarão em uma mestiça?Torço para que não.Se assim for, estão perdidos.Mas isso irá demorar, por agora, boa morte á vocês''.

– Quem escreveu isso? - indaguei assustada com o que tinha acabado de ouvir

– Um jornalista estrangeiro, fascinado por bruxas, ele estava lá naquela noite e escreveu tudo. - não foi William que me respondeu, foi Ashley.William parecia muito mal, e confesso, eu também fiquei, só de vê-lo assim.

– E vocês acham que eu sou a hibrida?

– Achamos que sim, Alexis - Ashley parecia com...pena

– A minha mãe era uma bruxa?Amélia era uma bruxa? - Ashley negou com a cabeça - Meu pai, então?Edward?

– Eles eram perfeitamente mundanos ou humanos, se preferir - ela me disse

– Pelo que William disse, ser hibrido nesse caso, é ser metade bruxa e metade mundana.

– E você é, Alexis - Ashley segurou minha mão com força e se ajoelhou em minha frente - Você é.

– Mas eu não entendo...

– Você não é filha biológica de Edward e Amélia Miller - William cortou minha fala - Você é filha de Olaf Miller e Olívia Lancaster, a mulher dos seus sonhos.

E então, o mundo estava oficialmente desmoronando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?
Que coisa, não é mesmo?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Garoto da Última Casa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.