Sobrevivendo pela Sorte escrita por Alexyana


Capítulo 26
Capítulo 26 - Dona de casa


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Bom, não tenho nenhuma justificativa viável para esse atraso, talvez meu repentino vício em The Big Bang Theory que extinguiu completamente minha vida social.
Enfim, espero que gostem do capítulo. Obrigada por todos os comentários, eu amo vocês.



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Não acredito que estamos vivendo a mercê do mundo por tantos meses. Depois que encontramos Rick, Carl e Michonne há um ano, estamos vivendo como nômades. Posso dizer que não mudou nada. Os zumbis continuam por aí, agora mais famintos e em um estado de decomposição maior. A única coisa boa que aconteceu é que estou mais alta.

Devo ter quase 16 anos, e nunca imaginei que nessa idade estaria em um apocalipse. Imaginava-me em festas e preparando-me para a faculdade. É bem deprimente pensar nisto.

Sou a única acordada na casa em que estamos agora. Posso ouvir a respiração calma de Carl ao meu lado, mas não posso vê-lo devido à falta de iluminação. Ele também cresceu, e está mais lindo ainda, se for possível. É engraçado vê-lo com a barba crescendo e com a voz engrossando.

Reviro-me de lado, tentando achar uma posição confortável. Já deve estar quase amanhecendo, e a neve está por vir. Vai ser difícil enfrentar o inverno sem ter um lugar seguro. Isso tem sido nossa maior preocupação no momento, e estamos tentando juntar o máximo de cobertores que conseguimos carregar.

Não encontramos mais nenhum humano. Nossa teoria de que todos tenham morrido no ataque a prisão se torna cada dia mais verídica, e isso tem atormentado todos os cinco.

Os primeiros raios solares vazam por entre as frestas da janela fechada, anunciando mais um dia. Ouço Carl se remexer na cama, ainda dormindo.

Ele está diferente agora, não só fisicamente, mas também psicologicamente. Está mais frio depois da morte de tantas pessoas, e bem mais racional. Posso dizer que peguei um pouco disto também.

Não tive coragem de contar a ele sobre Ashley até hoje, e acho que não terei por um bom tempo. O fato de ter matado uma pessoa, minha melhor amiga, me faz ter nojo de mim mesma, e não imagino ele tendo outra reação se não essa.

Vejo pela visão periférica que ele abriu os olhos, e viro-me para encará-lo.

– Bom dia – sussurro, e um sorriso brota em meu rosto devido a sua cara amassada.

– Bom dia – diz ele bocejando e encarando o teto.

Viro-me para levantar, mas meu pé se prende na pequena mesa ao lado da cama, fazendo com que eu seja lançada para frente. O impacto do meu corpo com o chão causa um barulho alto e um gemido dolorido escapa por entre meus lábios. Ouço a risada de Carl atrás de mim, o que me irrita.

– Está rindo de mim? – pergunto me sentando, procurando por possíveis machucados.

– Não –, mas o sorriso continua em seus lábios.

– Idiota – murmuro, mas mesmo assim sorrio. É raro momentos assim.

– Machucou? – questiona, vindo até mim para me ajudar a levantar.

– Está tudo bem – digo, soltando-me de seus braços.

– Certo. Estou indo buscar água – ele avisa ajeitando a arma em seu coldre, me dando um beijo rápido e saindo pela porta. Ainda ouço sua risada no corredor.

Suspiro pesadamente, e encaro a cama bagunçada. Um estranho extinto me atinge, e sinto uma estranha vontade de arrumar a cama. Talvez seja meu consciente pedindo a vida normal de volta.

Depois de arrumá-la de um jeito que deixaria tia Charlie orgulhosa, sigo para o corredor, que da na cozinha em tons de laranja. A casa possui somente um andar e o sótão, e pode ser considerada aconchegante.

Há um bilhete em cima da mesa de madeira ressecada, e logo pego para lê-lo. É uma letra redonda e grande, e obviamente de uma mulher.

“Fomos até a mecânica na rua ao lado atrás de ferramentas e Carl foi até o riacho atrás da casa. Voltamos logo. Tem peixe enlatado no armário ao lado da pia.

Nádia”

Suspiro colocando o papel em cima da mesa novamente e me dirigindo para pegar o peixe enlatado. Vejo umas cinco latinhas de peixe. Abriria mão de muitas coisas para ter algum alimento que não seja comida enlatada.

Depois de terminar minha refeição, percebo que não tenho nada para fazer. Olho em volta, vendo muitas coisas fora do lugar, como blusas sujas e diversas outras coisas. Bom, acho que hoje será meu dia de dona de casa.

Vou à procura de mais roupas sujas, e acabo encontrando uma quantidade razoável. Junto-as em um cesto de plástico velho que encontrei no banheiro, e tento procurar um pouco de sabão, mas só encontro uma barra de sabonete vencido.

Pego o pequeno toco de lápis velho que foi usado por Nádia e escrevo no verso de seu bilhete um aviso de que fui ao riacho onde Carl está.

Pego minha faca e coloco no compartimento em minha cintura, fechando a porta e empurrando uma mesa para deixar a casa mais protegida.

Atravesso o pequeno quintal gramíneo, logo entrando na floresta fechada. As folhas das árvores já estão todas caídas, mais um sinal do inverno próximo.

A cesta permanece apoiada em meu quadril, enquanto milhares de pensamentos vagam em minha mente ao som dos meus passos nas folhas secas. Penso que talvez seja uma boa ideia procurarmos um carro e gasolina, que será muito útil quando o frio se tornar mais vigoroso.

Ouço passos a minha esquerda, cautelosos e baixos, o que faz com que a hipótese de ser um zumbi seja desclassificada. Fico tensa por um momento, mas logo me lembro de que estou quase chegando ao riacho, e obviamente deve ser Carl voltando.

–Carl? – questiono em um sussurro baixo, mas o suficiente para ele ouvir.

Os passos hesitam por um momento, como se estivesse surpreso com minha voz. Antes que eu pudesse levar em conta essa atitude os passos recomeçam novamente, e logo a figura aparece em minha frente.

Meu coração para quando percebo que claramente não é Carl.

– Katherine?


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Está claro que a pessoa conhece a Kath. Suspeitas?? Algum pedido especial para esses últimos capítulos?