Sobrevivendo pela Sorte escrita por Alexyana


Capítulo 27
Capítulo 27 - Apesar de tudo


Notas iniciais do capítulo

Oi, demorei mas cheguei. Bom, esse ainda não é o último capítulo. Espero que gostem.



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– Katherine? – ele questiona tão surpreso quanto eu. Willian está aqui, bem na minha frente.

– Senhor! É você mesmo? – pergunto retoricamente, deixando o cesto de roupas cair em meio as folhas meu lado.

Ele avança em minha direção, e de repente estou cercada por seus braços. Retribuo de imediato, me deliciando da sensação de encontrar mais uma pessoa conhecida. Isso é o paraíso.

– Você cresceu! – ele exclama percorrendo os olhos pelo meu corpo, claramente incrédulo e surpreso.

Willi-Will continua mais alto que eu, já que aparentemente ele também cresceu. Seus cabelos loiros estão mais longos, e seu rosto perdeu completamente as feições infantis.

– Meu Deus Will! Você é um homem! – digo, e ele se mostra um tanto ofendido pelo tom exagerado em minha voz.

– Bom, eu sempre fui – ele ri, parando para me encarar intensamente com seus olhos azuis escuros. – Como senti sua falta.

Ouço a mata se mexendo e a figura de Carl aparece por entre as árvores. Ele estanca no lugar quando nota que há outra pessoa além de mim.

– É você mesmo, cara? – pergunta, vindo em nossa direção.

– Porra, hoje é meu dia de sorte – Willian brinca, dando um abraço desajeitado típico de seres masculinos.

– Você está sozinho? – pergunto tentando conter minha esperança. Ele lança um olhar alegre e ansioso em direção a Carl e na minha.

– Estou com todos os outros da Prisão, bom, quase todos. Estamos em uma faculdade próxima a Atlanta, a encontramos há pouco mais de um mês.

– Judith está lá? – Carl pergunta, e dessa vez ele que está controlando a esperança.

– Sim, ela está.

Sorrio abertamente, acompanhando Carl, que me abraça. Ele me beija intensamente, a alegria transbordando em seu semblante feliz.

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Duas horas depois estamos todos colocando nossas coisas dentro do carro antigo em que Will chegou. Todos ficaram extasiados com a aparição de Willian, principalmente depois que ouviram que há outros sobreviventes. Até mesmo Nádia, que não os conhece ficou tremendamente feliz.

A animação no rosto de todos é tão boa e confortável, que não se encaixa nem um pouco no cenário apocalíptico.

Dois zumbis aparecem no fim da rua, mas como já está tudo pronto apenas entramos no carro e Willian dá a partida. Ainda sinto um aperto no peito por estar em um automóvel, mas superei quase completamente isto no decorrer desses longos anos de sobrevivência. É impossível não utilizar carros.

A noite está tremendamente fria, não a ponto de nevar, mas quase. Minha blusa enorme parece que não é suficiente para me aquecer, por isso procuro sentar no meio das três pessoas no banco de trás.

Michonne está encostada na janela, Nádia está ao meu lado esquerdo e Carl no direito, o que me possibilita grande quantidade de calor humano, ainda mais quando me agarro a Carl.

– Você parece uma criança se encolhendo assim – Carl brinca, envolvendo-me com seu braço.

– Cale-se e durma – digo, e ele ri.

– Você acha que lá é realmente um bom lugar? – pergunto depois de um tempo, erguendo a cabeça para encará-lo.

– Não sei, mas encontrar as pessoas que amamos é, com certeza, maravilhoso – responde ele.

Fico em silêncio pensando no que ele disse. Ainda não caiu a ficha de que realmente irei encontrá-las novamente depois de tantos anos.

Depois de algum tempo Willian – que aprendeu muito bem a dirigir – entra em uma rodovia secundária, e vejo uma placa amassada na beira da estrada, porém não consigo ler o que estava escrito. A partir daí começo a ficar atenta a tudo, apesar de ser impossível ver alguma coisa além do que os faróis estão iluminando.

O carro vira novamente, dessa vez em uma pequena avenida, que aparentemente é a entrada de uma cidade. Consigo ver somente a silhueta assombreada das construções abandonadas ao redor das ruas, mas consigo imaginar o quão destruídas estão.

Após um tempo circulando pela cidade destruída, o carro entra em outra avenida, e com o passar dos minutos as beiras da estrada vão se tornando cada vez mais desabitada de construções.

Então em uma última curva, o carro entra em uma rua menor e rodeada de pinheiros, finalmente começando a reduzir a velocidade.

O automóvel para, e os faróis iluminam o que parece ser um grande portão, com muros igualmente altos ao redor. O portão, que provavelmente era aberto antes, agora está protegido com tábuas de madeira, que impossibilita a visão do lado de dentro.

Os portões começam a se abrir, mas ainda é difícil ver o lado de dentro. O carro avança pela entrada, e só depois eu vejo que havia pessoas em uma espécie de “torre” perto dos muros. Enquanto eles fecham o enorme portão, nós descemos do carro.

Começo a observar o ambiente a minha volta e vejo a sombra de inúmeros prédios de poucos andares pelo campus do que parece uma antiga faculdade. No centro deles há uma construção maior, onde deve ser o centro de tudo, e onde há luzes acesas. As ruas que levam aos outros prédios são iluminadas por tochas em pequenos intervalos, e é impossível não lembrar de Woodbury.

Meus olhos se enchem de lágrimas quando Maggie e Glenn avançam em nossa direção. Nós estamos realmente aqui, a tortura acabou.

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Todos se abraçam sorridentes e chorosos. Rick e Carl começam a chorar deliberadamente quando Beth aparece trazendo uma garotinha pela mão. Apesar de receosa quanto à presença de pessoas novas, Judith está visivelmente alegre. Talvez ela tenha compreendido como aqueles dois homens chorando de felicidade são importantes para ela.

Logo todos da faculdade estão ali reunidos. Daryl, Carol, Beth, Sasha, Bob, Tyreese e mais algumas pessoas que não reconheci. Foi maravilho abraçar cada um deles, pessoas que passaram por coisas horríveis, e que mesmo assim continuam vivas. Abracei até mesmo as que não conhecia, e elas estavam igualmente alegres.

Claro que notei a falta de algumas pessoas, mas preferi não comentar nada, estávamos todos felizes demais para isso. Felizes por finalmente estarmos todos juntos novamente. Felizes apesar de toda morte e podridão ao nosso redor. Felizes apesar das perdas, dos medos e das dores. Felizes apesar de tudo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Pedidos para o último capítulo?