Sobrevivendo pela Sorte escrita por Alexyana


Capítulo 25
Capítulo 25 - Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal. Queria agradecer pela maravilhosa recomendação que a diva da Amélia fez, ficou tão perfeita! Quase chorei de emoção aqui. Obrigada, de verdade.



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Passou-se uma semana desde o incidente com Ashley. Acredito que tenho adquirido um caso de depressão pós-assassinato, caso isso exista. Os zumbis estão vindo mais frequentemente esse lado da floresta, e consequentemente até nós, e isso tem preocupado Nádia. Estamos nos arrumando para mudar de abrigo, o que deveríamos ter feito há muito tempo.

Tenho tido pesadelos todas as noites em que consigo dormir, e minhas olheiras são a única coisa que prevalece em meu rosto. Pesadelos com os olhos de Ashley, com a faca ensanguentada e com os braços de Carl. Nádia diz que eu tenho gritado muito durante o sono, o que pode ter contribuindo para nossa mudança súbita.

– Pegou tudo que precisa Ther? – questiona Nádia com a mochila do exército nas costas.

Essa pergunta faz lembrar-me do meu amado livro, então volto até o quarto e o pego em cima da pequena mesa de cabeceira. O título já está desgastado em suas letras verdes, e há várias orelhas nas páginas.

Olho uma última vez para aquele canto do quarto, em uma singela despedida a minha antiga melhor amiga assassinada por mim.

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Andamos por horas em busca de um abrigo bom o suficiente para se passar a noite, sendo que o pequeno vilarejo perto da floresta estava fora de questão. Lá está tomado pelos zumbis, e uma caminhada longa vale mais a pena que uma caminha curta em direção à morte.

Depois de muito tempo algumas casas começam a aparecer por entre as árvores. Saímos no quintal de uma casa de dois andares verde, a grama está alta e com várias ervas daninhas e tem um balanço vermelho abandonado.

– Será que podemos ficar aqui? – pergunto apontando a casa em nossa frente.

– Vamos ver.

Andamos até a lateral, observamos a rua e a vizinhança, porém não vemos anda além do descaso e do abandono. Nádia tenta abrir a janela, e apesar de estar um pouco emperrada ela consegue. É uma abertura relativamente grande, e conseguimos passar com facilidade.

Nádia entra primeiro e pega minha mochila para me ajudar. Olho mais uma vez para rua, e ela continua limpa. Tenho um pouco de dificuldade de entrar, mas acabo por conseguir.

O chão é de madeira, e range quando pisamos, o que é irritante pra caramba. A mobília é em tons de creme e marrom, e eu particularmente gostei.

– Vou ver os quartos – Nádia avisa, deixando sua mochila no canto da parede e pegando sua arma.

Concordo com a cabeça e vou em direção à cozinha, enquanto ela sobe as escadas na lateral direita da sala. A cozinha possui as mesmas cores da sala, e é relativamente grande. Abro os armários e vejo que todos estão totalmente vazios, o que acho estranho. Olho em cima da pia e vejo uma sacola com vários enlatados dentro ao lado de duas garrafas de água.

Seria sorte demais encontrar isso aqui sozinho. Ouço um barulho de passos no andar de cima, passos de duas pessoas. Nádia, penso e corro até a escada, subindo o mais rápido que consigo até o segundo andar.

Avanço pelo pequeno corredor, parando no último quarto. Estanco no lugar quando vejo Nádia de costas para mim com a arma apontada para um homem, que também está com a arma apontada para ela.

Quando o homem me vê um misto de emoções passam em seu rosto, e tenho certeza que estou da mesma maneira que ele.

– Kath? – ele diz, seu semblante descrente se transformando em um misto de alivio e felicidade.

– Oh meu Deus, Rick!

Eu corro em sua direção, meio que ignorando Nádia e jogando meus braços ao redor de seu tronco. Seus braços me rodeiam também, e quando percebo lágrimas estão escorrendo livremente por meus olhos, molhando a camisa de Rick.

– Carl? Onde ele está? – pergunto me afastando, olhando o quarto, porém não localizo ninguém.

– Ele saiu com Michonne – responde, sorrio com isso. Meu Carl está vivo.

Sua barba e seu cabelo estão bem maiores, e há diversos machucados em sua pele. Seus olhos azuis possuem um brilho um pouco triste, e suas roupas estão rasgadas e sujas.

Ouço um pigarro e lembro-me que Nádia ainda está na sala, e me sinto culpada por ter me esquecido de sua presença.

– Rick, essa é Nádia. Nádia, esse é Rick – apresento, apontando de um para o outro. Eles se encaram profundamente por um momento, logo trocando um aperto de mãos.

– Prazer – Nádia diz sorrindo. Sorrindo até demais, penso cerrando os olhos.

– Igualmente – Rick também sorrindo.

– Certo, deixem o flerte para depois. – digo balançando as mãos. Nádia me fulmina com o olhar, enquanto Rick fica sem graça. Como amo isso.

Apenas sorrio para ela, enquanto Rick indica para irmos até a sala novamente com intuito de esperar os outros. Fico alegre pela primeira vez em semanas com a perspectiva de encontrar Carl. Ainda não acredito que eles estão vivos.

– E os outros? – questiono olhando para Rick, que está se sentando no sofá.

– Eu não sei, cada um foi para um lado, eu só consegui vir com Carl e Michonne... – ele responde cabisbaixo. É então que noto que ele não disse Judith.

Antes que eu possa refletir sobre isso ouço o barulho da porta sendo aberta, o que faz com que eu me levante em expectativa. Michonne e Carl param de rir no momento que nos veem, e também estancam no lugar.

– Katherine? – sua maravilhosa voz preenche a sala, e até acho que estou chorando.

Corro até ele, e me jogo em seus braços. Começo a chorar alto, mas não me preocupo em ficar constrangida. Ele demora um pouco para retribuir, como se estivesse testando se isso é real. Fico um tempo apoiada em seu ombro, apenas sentindo seu cheiro e aproveitando a sensação de estar ao seu lado.

– Eu te amo – digo o beijando, enquanto lágrimas ainda escorrem por meu rosto.

– Eu também te amo – retribui ele, me dando inúmeros selinhos e me puxando novamente para um abraço.


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