Son of Hephaestus escrita por Lissandré, Sherllye


Capítulo 12
Chapter 12 - Heart by Heart


Notas iniciais do capítulo

OE!!!

Desculpa a demora, gente. Eu tava de castigo e, quando saí, o Nyah tava fora do ar :p Mas o bom é que o castigome rendeu inspiração pra DOIS capítulos u_u um deles é o que segue agora :) Só pra lembrar: Sinopse nova o/

GO GO GO o/

Laís! Valeu pela capa, sua diva!



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Charlie arrumou sua mochila entoado o mantra mentalmente: “Vai ficar tudo bem... Vai ficar tudo bem... Vai ficar tudo bem...” Ela não conseguia ignorar o nervosismo que sentia na boca do estômago. A primeira missão, relativamente, sozinha. Ela só havia passado um mês no Acampamento e agora, talvez, ela não voltasse.

“Vai ficar tudo bem... Leo vai estar lá... Ally vai estar lá... Vai ficar tudo bem...”

Ela foi até o espelho (incrivelmente grande, diga-se de passagem) que havia em uma parede do chalé, guardou a pequena codorna em seu bolso, colocou a mochila e embainhou sua espada.

–Hora de ir. – murmurou, e saiu do chalé.

Leo perdeu o fôlego quando viu Charlie subindo a colina, como ela podia ficar tão linda usando roupas simples? Botas de caminhada, calças pretas, uma blusa branca, colete jeans e a espada presa ao seu quadril. Ela estava meio pálida e seus olhos estavam cinza. Leo se perguntou que tipo de sentimento aquela cor representava. Quando ela o viu, sorriu aliviada, a cor voltando ao verde escuro de sempre.

“Vai ficar tudo bem... Leo vai estar lá.”

–Você vai mesmo! – disse ela, abraçando Leo. O gesto o pegou de surpresa, ele sentiu o rosto queimar e, hesitante, passou as mãos nos cabelos dela.

–Eu... Hum... Não ia deixar você sozinha, Charlie. – disse ele, torcendo pra ela não sentir seu coração acelerado.

–Obrigada, Leo... – murmurou Charlie, se afastando e sorrindo. Parte de Leo queria puxar ela para mais um abraço. – A Ally já...

–Ei, seus bocós, to chegando! – disse Ally, acompanhada por Percy. Ela tinha seus cabelos vermelhos presos em uma trança lateral, uma camiseta quadriculada azul, tênis e calças jeans. Pronta pra fazer uma caminhada ou matar monstros. O que vier primeiro. – Não se preocupem, ele só veio me acompanhar. Dar uma de irmão protetor.

Ela olhou para Percy, que revirou os olhos, e sorriu.

–Você é muito chata, sabia? – disse ele.

–Você também. – disse ela, empurrando-o de leve.

Ele sorriu e a abraçou.

–Promete que vai se cuidar? – perguntou ele.

–O melhor possível. – respondeu ela.

–Isso não é muito tranquilizador.

–Calado, cuide-se você. Tem a mania de se meter em problemas...

–Hum... Gente? Argos está esperando... – disse Leo, apontando por cima do ombro.

–É... Claro – disse Percy, ele deu um beijo na testa de Ally e disse: - Cuide-se.

Ela afirmou e se uniu a Leo e Charlie.

–Aqui vamos nós... Que de tudo certo. – suspirou Charlie.

–Espera! Leo! – disse uma voz ofegante.

Piper corria colina acima, chamando ele.

–Piper? O que... Você ta bem? – perguntou ele.

Ela pegou o pulso dele e o puxou para uma parte afastada. Charlie levantou as sobrancelhas, olhando-os se afastar. Ally percebeu e deu uma leve risada.

–Eu sabia... – murmurou ela.

–Ally, o que...

–Hey, garota de Afrodite... – chamou uma Calipso, subindo a colina, calmamente.

–O quê...? – Charlie franziu o cenho, ela sentiu uma queimação em seu peito em relação àquela garota. Ela a odiava. Charlie desceu a colina em direção a Calipso. – O que faz aqui?

–Eu só vim te avisar, fique longe do Leo. – disse ela, em um tom ameaçador.

Charlie a encarou e começou a rir, muito.

–Você só pode estar de brincadeira, não é?

–Tenho cara de quem esta brincando?

–De quem ta brincando, eu não sei. Mas de mal-amada... – provocou Charlie.

–O quê?

–Exatamente o que ouviu. E, Calipso, você não manda em mim, não vou ficar “longe do Leo” apenas porque você quer. Se você foi burra pra agir daquela maneira, eu não tenho culpa.

–Burra? Não se ache, minha querida, o Leo ainda gosta de mim. É só esse seu... estúpido charme de Afrodite que está mexendo com a cabeça dele. Fique longe!

–Charme de Afrodite? Essa é a sua desculpa? Aceite que Leo não gosta mais de você, Calipso. Você o perdeu.

–Eu sei que Leo ainda gosta de mim, apenas pelo jeito que ele me olha...

–Quer discutir sobre romance com uma filha da deusa do amor?

–Você mesma diz que não é “uma Filha de Afrodite convencional”. – rebateu Calipso.

–Você ouviu minha conversa com o Leo? – perguntou Charlie, exasperada. A não ser que Calipso estivesse do lado deles no caís, aquela tarde, ela não poderia ter ouvido a única vez em que ela disse isso em voz alta.

–Ah, aquele patético joguinho? Quem sabe? – disse Calipso, dando de ombros com um sorriso afetado no rosto.

Charlie a fitou, irritada, e Calipso não desviou o olhar. Ela podia sentir seu rosto queimando, de tanta raiva. Mas, em compensação, podia sentir seu nervosismo se esvaindo, dando lugar ao ódio e a determinação de ir nessa missão com Leo. Apenas para jogar na cara de Calipso que não era ela quem comandava.

–Posso não ser uma filha de Afrodite convencional, - disse Charlie, tentando pôr um toque cruel em seu tom de voz. – mas sei que você desperdiçou sua chance com Leo, e ele está chateado com você.

–Não vou desistir. – disse Calipso.

–E eu não vou me afastar de Leo. – rebateu Charlie.

–Sim, você vai. – disse ela se aproximando de Charlie.

–Não, eu não vou. Agora, se me der licença, tenho algo útil a fazer, ao invés de ficar plantando florzinhas por aí. – respondeu Charlie, encarando-a fixamente.

–Você vai ver, Charlotte! – gritou Calipso.

Charlie mandou um beijo para ela, sorrindo, e puxou Ally em direção ao carro onde Argos os esperava.

–O que ela queria? – perguntou Ally, colocando sua mochila no porta-malas.

–Dizer pra eu ficar longe do Leo, acredita? – respondeu Charlie.

Ally riu e disse:

–O pior é que eu acredito... Ela tem essa cara de...

–Louca? – arriscou Charlie, com um sorriso.

–Eu ia dizer possessiva, mas serve.

–Leo ainda está falando com Piper? – perguntou Charlie.

–Acho que, agora, ele está falando com Jason. Ele chegou em seguida que você desceu para falar com a Calipso.

–Bom... O que temos estocado?

–Um cantil de néctar, um de água, um pacote de ambrosia, acho que... 300 dólares, uns dracmas de ouro e umas roupas... Pegou o espelho, não é?

–Claro, né, Ally! Isso tudo é por causa dele...

–Eu sei, eu sei...

–Prontas? – perguntou Leo, se juntando a elas. Ele tinha o rosto corado e evitava olhar Charlie. Parecia nervoso com alguma coisa.

–Ta tudo bem? – perguntou Ally.

–Hum... Claro, porque não?

–Sei lá... É algo com a conversa entre você, Piper e Jason, né?

Ele assentiu mas, antes que pudesse responder, Argos pigarreou, chamando a atenção deles. Ele indicou o carro com a cabeça como se dissesse: “Hora de ir”.

***

Eles passavam pela ponte Manhattan e o nervosismo de Charlie voltara. Ela tentou se distrair, olhando o sol nascendo atrás do Edifício Empire State, que se via da ponte, mas aquilo só lembrava-a de que ali ficava o Olimpo e que tinha uma missão pela frente. Argos os largou na rodoviária, deu um aceno com a cabeça e entrou no carro.

–Ele não fala, mesmo? – perguntou Charlie.

–Deve falar, mas não o faz por que deve ter olhos na língua. – disse Ally, colocando a mochila no ombro e olhando Argos se afastar.

–Ou nos dentes, sei lá. – disse Leo.

Charlie e Ally sorriram.

–Alguém já comeu alguma coisa? – perguntou Ally.

Os outros dois balançaram a cabeça.

–Ao amanhecer, é cedo demais até para acordar. – disse Leo.

–Venham, vamos gastar esses dólares em algo bom: Comida. – sorriu Charlie.

Eles foram até uma pequena lanchonete que havia na rodoviária. Não tinha tanta gente, apenas algumas pessoas idosas e jovens que voltavam de uma noite de festa. Cada um pediu um prato de ovos com bacon e suco de laranja. Menos Ally, que preferiu um copo de milkshake.

–O que faremos agora? – perguntou Leo, fazendo algum tipo de desenho com os palitos de dente. Charlie estava tão distraída com a expressão de concentração de Leo, que ela amava, que só se deu conta da pergunta quando o olhar dele encontrou o seu, sorriu marotamente e disse: - Está me cuidando?

Ela sentiu o rosto queimar.

–Cala a boca, Leo. – murmurou, contendo um sorriso.

–Uhum – pigarreou Ally. – detesto ser uma estraga prazeres, mas também quero saber o que vamos fazer agora, Charlie.

– Espere, como assim “o que vamos fazer, Charlie”? Quem me elegeu líder?

Ally lançou um olhar a Leo e, ambos, começaram a rir.

–Isso não tem graça. Ally, você é filha de um dos três grandes. Leo, você participou da última grande profecia e ajudou a salva o mundo. Por que uma filha de Afrodite, que só tem o Charme de útil, é a líder?

–Bem, o espelho aparece para você. “Pra ter sucesso, a filha da Beleza deve ir”, a profecia é sua. – disse Ally, dando de ombros e tomando um gole de seu milkshake.

–E, não, - disse Leo, pegando a mão de Charlie. Ally desviou o olhar para o balcão, como se garçonete gorda tivesse ficado, repentinamente, muito interessante. – você não tem só o Charme. Caramba, Piper ligou Festus com ele. Mas, enfim, você é forte, boa com a espada, habilidosa, inteligente... É a líder dessa missão.

Charlie encarou os olhos de Leo o tempo todo. Ela teve vontade de beijá-lo. Como ele podia ser tão...? Ela podia sentir o calor da mão dele sobre a sua, e se espalhar por todo seu corpo. Ela pensou em fogo, mas não se afastou ou hesitou. Pela primeira vez, ela não se importava se ele irrompesse em chamas ali mesmo, ela não ia e nem queria se afastar dele.

Ally olhou de soslaio e deu um leve sorriso.

–Ok, porque não vamos checar o perímetro? Pensar em locais para ficar, vias de fuga... Caso algo aconteça. – sugeriu Charlie.

Eles afirmaram e se prepararam para sair do restaurante. No meio do caminho, Charlie pegou a mão de Leo e sussurrou em seu ouvido: - Obrigada.

–Pelo o quê?

–Pelo o que disse.

Ele ficou em silêncio por um tempo, apenas sorrindo.

–Você sabe que é verdade. – murmurou ele, dando um leve aperto na mão de Charlie.

***

–Então, - disse Ally olhando, atentamente, as casas da vizinhança. – É oficial?

–O quê? – perguntou Charlie, distraída com um pássaro em uma cerca.

–Vocês estão namorando, não é? Vivem juntos no acampamento, estão de mãos dadas desde que saíram do restaurante...

Charlie e Leo sentiram o rosto queimar, separando as mãos ao mesmo tempo, evitando trocar olhares.

“Como pude ser tão estúpida?” pensou Charlie. “Deixei bem na cara!”

–Não, Ally. – balbuciou Leo, tão vermelho quanto ela.

–Não somos namorados, apenas amigos. – disse Charlie.

Ally começou a rir e não parou mais.

–Nossa... – disse ela, recuperando o fôlego. – Ai, meus deuses, desculpe. É só que... – ela começou a rir, outra vez.

–Cale a boca, Ally – murmurou Charlie, sentindo o rosto queimar mais.

A menina riu mais.

–Espere. – disse Leo.

–O quê? – perguntou Charlie, vendo a expressão dele. Ally continuava rindo.

–Não, é sério, escute. – disse ele.

Os três pararam subitamente, com os ouvidos atentos. Eles escutaram um barulho ritmado, como passos, mas muito mais pesados. O barulho se aproximava, mas a rua estava totalmente vazia, com exceção de alguns gatos que a atravessavam, de um beco para o outro.

–Está rua já estava tão vazia antes? – sussurrou Charlie, desembainhando a espada.

–Estava distraída se apaixonando? – provocou Ally, dando uma leve risada, girando o dispositivo em sua adaga para virar um arco.

Charlie sentiu o rosto queimar, outra vez, e lançou um olhar assassino a Ally, que apenas sorriu. Ela se virou para Leo, mas este não parecia ter ouvido, estava distraído retirando algo grande de seu cinto.

–Um martelo? – perguntou Ally, incrédula.

–Martelo não! – disse Leo, ofendido. – Marreta!

–É a mesma coisa. – disse Ally, dando de ombros.

–Não é não! – exclamou Leo. – Tem uma puta diferença, principalmente no peso. – disse ele, e parecia realmente ofendido por Ally não saber a diferença.

–Mas...

–Deixa para lá! – disse Charlie, segurando o riso. – Pode matar um monstro?

Ele sorriu, ladinamente, girando o martelo – marreta – na mão.

–Possivelmente.

–Possivelmente?! – ecoou Ally.

–Melhor que nada. – disse Charlie. “E melhor que fogo, também.” Pensou, mas não disse.

–Eu sou melhor com meu cérebro do que com uma arma. – disse ele, dando de ombros. – Mas, caso precise me defender.

O barulho de passos ficou mais alto e eles ficaram de costas um para o outro, cada um virado para uma direção da rua.

–Alvo avistado. – sussurrou Leo.

Elas viraram a cabeça na direção dele e viram um homem se aproximando. Parecia um veterano do exército ou algo do tipo. Ally escondeu seu arco, transformando-o em adaga, Leo e Charlie colocaram suas armas atrás das pernas. Eles estavam prontos para prosseguir, como se nada tivesse acontecido, quando o homem disse:

–Onde pensam que vão?

Charlie sentiu um arrepio passar pela sua espinha. Aquele cara não era normal.

–Desculpe, o quê? – arriscou Ally. O homem continuou a se aproximar.

–Allycia Sparks, Charlotte Madison... Leo Valdez? Interessante... Poseidon, Afrodite e Hefesto, não? – disse ele, com uma risada cruel.

–Quem é você e o que quer? – exigiu Charlie. O homem a olhou interessado.

Ele se aproximara suficiente para eles verem sua aparência. Camiseta branca, aquelas placas de identificação do exército, calças camufladas e enormes coturnos, o que explicava o forte barulho de passos. Charlie quis dizer para o cara que o estilo Army já passara, mas sua atenção se focou em seus olhos. Ele tinha aquela rara variação genética que deixava os olhos de cores diferentes – um castanho e o outro azul – Essa era a aparência dele antes de Charlie piscar. Se o tal militar era assustador antes, agora estava pior. Seus olhos, de duas cores, brilhavam malevolamente. Mas, o mais perturbador, era seu corpo. Era de leão, certamente, o corpo era dourado, de porte grande e com enormes patas com garras. Perfeito para estraçalhas semideuses que estavam no lugar errado, na hora errada. O pior era a cauda, parecia com a de um escorpião, só que coberta de espinhos, do tamanho das flechas de Ally.

–Me chame de Dr.Espinheiro, – disse o militar. – quanto ao que eu quero... Isso é relativo... Machucar? Torturar? Me divertir?... Matar? – ele sorriu maliciosamente, algo que não parecia usual dele. Se Charlie prestasse atenção, ela podia jurar que haviam rachaduras onde o rosto deveria franzir com a expressão. – O que importa é que eu ganho o perdão do Olimpo se... Impedi-los... Em sua missão.

–Cara, - ofegou Leo. – isso é uma manticore.

–Meus Deuses... – sussurrou Ally.

–O perdão do Olimpo? – ecoou Charlie.

–Oh sim, um pequeno favor de uma... colega, por assim dizer. Mas vamos ao que interessa. – disse ele sorrindo.

Charlie percebeu a cauda dele ondular, antes de enrijecer e uma saraivada de espinhos voar em sua direção.

–Separar! – ela gritou.

Eles se dispersaram no instante em que os espinhos alcançaram o lugar onde estavam. Cada um rolou para trás de um carro, deixando Espinheiro pensar em quem atacar primeiro. Ele se focara em Charlie. Ally, que já havia transformado a adaga em arco, outra vez, posicionou uma flecha e a mirou nas patas da manticore, mas não parecia afetá-la. Continuava andando, decidido, para Charlie. Quando Ally conseguiu acertá-lo no ombro, ele se virou, rosnando, para ela.

–Percy me contou sobre você! – gritou ela, mirando outra flecha. Ela errou por cinco centímetros do ombro da manticore. Ally pareceu hesitar, Charlie se lembrou que ela ainda não estava 100% certa sobre o arco.

–Ally, você consegue... – murmurou Charlie, ela não queria chamar a atenção de Espinheiro. Agora que estava distraído, seria mais fácil atacá-lo.

–Há! – riu ele, com escárnio – Ha, ha, ha, Percy Jackson? Aquele garoto não me derrotou! Creio eu que ele lhe contou que teve de implorar a Dionísio para salvar seu pescoço. “Por favor, Sr. D, socorro” – disse Espinheiro, fazendo uma imitação distorcida da voz de Percy e, em seguida, soltou uma gargalhada.

Charlie pensou em fazer um sinal com a mão para Ally continuar a enrolá-lo, mas não era necessário. Ela tinha uma expressão de fúria para Espinheiro. Como esse cara tem a audácia de chamar meu irmão de covarde? Depois de tudo que aconteceu!, pensou ela.

Charlie já estava a meio caminho, entre o carro e a manticore, quando arriscou um olhar na direção em que Leo correra. Ele estava parado, estudando a cena. Charlie podia imaginar seu cérebro trabalhando rapidamente. Ele fez um movimento unindo as mãos e apontando para o Dr.Espinheiro. Ela franziu o cenho, como quem não entendeu, e voltou sua atenção para Ally.

–Quer dizer, então, que tem medo de Dionísio? – arriscou Ally, falando alto para manter a atenção da manticore, enquanto Charlie se aproximava. Mas ele percebeu, e sua calda enrijeceu outra vez. No momento seguinte, uma saraivada de espinhos foi em direção a Charlie.

Algo a abraçou, rapidamente, empurrando-a para o chão, quando um espinho passou a centímetros de seu rosto.

–Uff – ofegou Leo, caindo ao lado de Charlie, um espinho preso ao seu ombro.

–Não! – gritou Charlie.

–Charlie, ataque! – gritou Ally, transformando seu arco em adaga e correndo na direção da manticore, que ficou paralisado com o poder da voz de Charlie, ao gritar. Tomada por uma fúria do monstro, por ter machucado Leo, ela se levantou e correu na direção de Espinheiro. Ally atacou a manticore pelas costas, enfiando a adaga em seu pescoço e, quando o monstro se virou para Ally, Charlie atacou o dorso dele com a espada. Uma coluna de chamas brancas irrompeu ao lado de Charlie, fazendo-a parar momentaneamente. O Dr. Espinheiro grunhiu e gritou antes de se desmanchar em um monte de cinzas.

Charlie ofegou e assoprou um cacho de se cabelo que havia caído em seu rosto. Ela trocou um olhar com Ally e ambas sorriram. Atrás delas, Leo gemeu. Charlie viu o sorriso de Ally desmanchar e se virou para a direção dele. Estava no mesmo lugar em que os espinhos atacaram Charlie, apoiado em um cotovelo, tentando se sentar. Uma das mãos estava sobre o ombro em que o espinho se projetava. Ele estava fraco, as chamas tiraram muito de sua energia e, quando Charlie deu o primeiro passo em sua direção, ele desabou com uma leve careta de dor. Charlie sentiu suas defesas caírem.

–Você, - disse ela, chorando, se ajoelhando ao seu lado. – seu grandessíssimo idiota. O que estava pensando?

–Ia ser pior se eu não tivesse te ajudado. – murmurou ele – Você poderia estar...

–Shh, - sussurrou ela. – Ally, ambrosia, néctar, alguma coisa... – pediu Charlie, secando uma lágrima.

Ally tateou a mochila, sem desviar o olhar e a abriu, puxando um cantil e entregando a Charlie. Em seguida, se ajoelhou ao lado de Charlie, olhando apreensiva e preocupada para Leo.

–Sabe... Ta doendo. E ardendo, acho que tem veneno.

Ally ofegou e olhou para Charlie perdida.

–Nós... Nós retiramos o espinho? – sussurrou Charlie, sem tirar os olhos de Leo.

–P-possivelmente. – balbuciou Ally.

–Pelo amor dos deuses, diga que trouxe bandagens.

Ally tateou mais uma vez, atrás da mochila e retirou um pacote branco. Ela o entregou a Charlie, que o abriu e colocou as gazes em volta do ombro de Leo.

–Leo eu... Preciso retirar o espinho. Vai doer, mas...

–Você já fez isso antes? – perguntou ele.

–Bem, não... Prepare-se.

–Mas você... Ah! – gritou ele, quando ela começou a puxar o espinho.

–Minha nossa, minha nossa... – Ally começou a chorar, segurando o ombro de Leo o mais delicadamente que pôde.

Charlie piscou, afastando as lágrimas que embaçavam sua visão. Leo começara a morder os nós dos dedos para não gritar. Seu coração batia mais rápido e ela tremia. Ficava murmurando “tudo bem” mais para si mesma do que para Leo e, com um movimento rápido, retirou a ponta do espinho. Leo soltou um último grito antes de tombar a cabeça, ofegante e trêmulo. Ally soltou um suspiro aliviada e ajudou Charlie a limpar o sangue. O problema é que, agora que o espinho fora retirado, o sangue começou a sair mais. Elas usaram quase todo o pacote de gases para poder, realmente, estancar o sangramento. Charlie pegou um pouco do néctar e pingou em cima do machucado, antes de fazer um curativo e dar para Leo um cubo de ambrosia.

Charlie se afastou, pegando a mochila que havia deixado atrás do carro. Lágrimas insistiam em cair mais, quando mais ela tentava secá-las.

“Uma manticore nos atacou... respira fundo... tinha interesse em nos matar... respira fundo... jogou espinhos envenenados em meus amigos... respira fundo... quase matou Leo...” pensou ela.

Um soluço escapou por entre as lágrimas e ela respirou fundo, outra vez.

–Hein, Charlie? – perguntou Ally.

–Desculpe, o quê?

–Você não me ouviu? Um hotel... Alguma coisa. Precisamos de um lugar pra ficar. – disse Ally, ajudando Leo a se sentar.

–Claro... Como você está? – perguntou para Ally.

–Ilesa... Por assim dizer. – disse ela, dando de ombros.

–E você? – perguntou para Leo.

–Um pouco melhor... Sem o espinho.

–Faremos uma tipoia. – disse Ally, pegando mais gazes e entregando a Charlie, que passou pelo antebraço e pelo ombro bom de Leo, dando um nó.

Ally se levantou, pegando sua mochila e limpando o sangue de suas mãos. Charlie depositou um beijo na bochecha de Leo e disse:

–Nunca mais faça isso.

–O quê? – murmurou ele, massageando a mordida em sua mão.

–Se machuque. Principalmente por mim.

Leo riu.

–Nunca mais salve sua vida?

–Se for pra se machucar desse jeito, não.

–E deixar que você se machuque? Nunca. – disse ele sorrindo.

Charlie o encarou, sorrindo também. Leo levou a mão ao rosto dela e secou uma lágrima que ela nem percebera que havia escorrido. Outra vez, ele teve vontade de beijá-lo, mas se conteve. Ele devia estar delirando com a dor ou algo do tipo.


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Notas finais do capítulo

Eae? Gostou? Review eu amo!

Bjs de Amortentia da EP :*



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