Tear and Rain escrita por Rock and Perfect


Capítulo 4
Wildfire - Part.2


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer a todos os leitores, especialmente a aqueles que comentem, estou tão animada que fiz uma capa mais elaborada e para as próximas temporadas.
Boa Leitura....



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KAYA, ACAMPAMENTO DA PEDREIRA.

Entro na barraca que divido com Daryl e começo a arrumar minhas coisas, Rick decidiu que vamos para o CDC, não posso dizer que estou animada, mas também que estou triste. Deixo separado uma troca de roupa e guardo o resto, Dale disse que poderia tomar banho no chuveiro de seu trailer, mal podia esperar para fazer isso.

Saio da barraca e entro no trailer, Dale me espera com uma toalha, não tinha uma, quando o Apocalipse Zumbi começou eu não lembrei de pegar uma toalha. Quem lembraria? Agradeço por tudo que ele fez por mim e entro no banheiro. A agua, mesmo sendo gelada, vem com força em minhas costas, adoro aquela sensação, pego o shampo que Jacqui me emprestou e lavo com todo o cuidado o meu cabelo, ao chegar no meu machucado, percebo que o ponto aberto já parara de sangrar, o que é bom, agora apenas preciso cuidar para não infeccionar.

Antes de sair visto minha calça jeans e camiseta verde, procuro meu prendedor de cabelo, mas não o acho, então saio de cabelo solto mesmo.É a primeira vez em meses que eu deixo-o solto, acho que é muito cabelo para uma pessoa só. Saio do banheiro e vejo Jim deitado no sofá:

— Poderia trazer um copo d’agua para mim? — Ele pergunta, com voz de cansaço.

Vejo a jarra de agua e o sirvo.

— Não quer comida? — Pergunto ao entregar o copo.

— Nah, sinto mais sede do que fome, e logo não sentirei nada.... — Jim diz muito desanimado.

— Perder esperança é perder tudo, ela tem que ser a última ser perdida, depois de perder sua vida.

Jim me observa por um tempo e eu saio do trailer, ainda não sabendo de onde essas palavras saíram.

Ando rapidamente em direção da minha barraca, antes de entrar, penduro minha toalha numa espécie de varal, percebo que Shane e Lori estão brigando, o que não é uma coisa legal. Entro na barraca e reviro minhas coisas em procura do meu prendedor. Daryl entra na barraca e fica assustado:

— Que bosta está fazendo? — Ele praticamente grita. — Você deveria estar arrumando as coisas!

— Eu já arrumei minhas roupas, só falta a cama, mas eu não acho o meu prendedor! — Começo a gritar tembém.

— Sério? Tudo isso por causa de um misero prendedor? Arrumamos outro amanhã! — Daryl diz, mas, não sei, não posso explicar para ele por que ele é tão importante.

Você deve estar se perguntando por que ele é importante, o que posso dizer é que foi um presente de quando estava no Afeganistão, meus colegas deram para mim em campo quando perdi o meu. Tinha mais valor sentimental do que o resto, era pequeno e caindo aos pedaços, mas, sério, iria usá-lo até virar uma tripinha de pano.

— É....você está certo... — Digo e sento na cama, não tem mais nada para fazer, sinto até falta de enfiar meu machado em cabeças de zumbis.

Deito na cama e fico observando o teto na barraca, Daryl sai e vai fazer alguma coisa, semana passada eu passava a noite acordada, não podia dar o luxo de dormir a vista de todos, andava em busca de paz, mesmo achando meio impossível de achá-la. Agora eu tomo banho de chuveiro, tenho uma cama, travesseiro, amigos, boa comida, posso desejar mais? O problema é que eu continuava a achar coisas para reclamar, como um provável assassinato, pessoas que não olham na minha cara e por ai vai.

Acho que permaneci nessa posição durante um bom tempo, até Gleen vir até mim, o asiático é o cara mais simpático por aqui, ele é jovem e emocionalmente forte, o que precisamos esses dias.

— Você está bem? — Ele pergunta me entregando um copo d’agua.

— Estou, apenas não sei o que fazer – Respondo sem olhar muito para ele —, todos tem milhares de coisas, eu apenas uma mochila, então foi rápido.

— Eh… — Gleen senta na cama de Daryl e diz — Jim disse para Rick o que você falou a ele....

Sento-me na cama e falo:

— E então? Ele desistiu?

— Jim disse que pensou muito, até pensou em reconsiderasse, mas… — Assim que esse “mas” saiu da boca dele, eu já soube. —, ele não quer virar, não quer machucar ninguém.

— Eu entendo...

— Vem, vamos jantar. — Gleen se levanta e sai para a fora.

Tento ajeitar meu cabelo, mas depois de anos preso é difícil mudar muito, então apenas deixo do jeito que estava. Saio da barraca e sento entre Gleen e T-Dog. Vejo as aves e o coelho assando na fogueira, sinto um pouco de orgulho, que logo passa. Morales me serve um pouco do coelho, agradeço e como quieta no meu canto, até que Jacqui puxa assunto:

— Então, você esteve no Afeganistão?

— Sim, sai recentemente. — começo. — Quando cheguei nem deu tempo de ver minha família, a coisa toda começou e eu fiquei presa no aeroporto, minha casa era na cidade vizinha, então peguei minhas coisas e saí por ai... — Respondo com mais verdade que mentira, isso tem que acontecer de vez em quando.

— E, conseguiu achar sua família? — Dale pergunta, com um pouco de restrição, pois sabia que isso podia ser um assunto delicado.

— Quando digo família, me refiro a um homem que cuidava de mim, ele era amigo da minha mãe, quando ela faleceu, Richard me ajudou...— Falo mais do que pretendia,que raiva! —, e eu não sei se ele está vivo, deve ter se escondido na sua casa em LA... realmente não sei.

— Não se preocupe, isso só faz cair o cabelo. — Jacqui diz o que faz todos rir, inclusive eu.

Depois de comermos todos nós vamos dormir, eu deito na cama e me cubro com o cobertor até o pescoço, essa sensação é tão boa. A barraca fica escura até Daryl entrar para dormir, não trocamos nem uma palavra. Eu realmente não liguei para isso, como se tivesse muitos amigos, mas sei que irá chegar uma hora que vou realmente estar solitária, vai ter um momento que terei que ir embora. Deveria aproveitar enquanto pudesse.

Durmo tão profundamente que até sonho, comigo no Afeganistão, um dia normal, mas não estávamos lutando contra os terroristas, mas sim andarilhos, e vários estavam ao meu redor, estava encurralada, lutei o quanto pude, porém eram muitos, e acabei sendo comida por eles.

Acordo assustada, o que deveriam ser boas noites de sono se tornam noites em colchões confortáveis acordada, Daryl estava ao meu lado, pegando suas coisas, ele me encara e diz:

— Você está bem?

Sento-me e tiro o cabelo do meu rosto:

— Sim, ótima. — Respondo respirando fundo — Foi apenas um pesadelo.

— Bom, vá pegar suas tranqueiras, vamos partir logo. – Daryl diz com seu tom grosso de sempre.

Saio da barraca com minhas coisas já dentro da mochila, coloco-a na minha Harley e vou em direção de Rick, ele está com Carl, ambos estão conversando, ao ver que estou me aproximando, o policial se afasta e vem em minha direção:

— Temos um carro que dá para levar sua motocicleta, junto com a do Daryl, vocês podem dividir o carro, seria melhor. — Rick diz ao chegar perto — E, o que você queria?

— Saber no que posso ajudar.

— Estamos acabando, eu já falei com Daryl, apenas o ajude a colocar a sua motocicleta na caminhonete, okay?

— Certo.

Faço exatamente o que ele pede, ao me aproximar da caminhonete já vejo Daryl mexendo na minha Harley, corro e seguro o guidão, não queria ninguém arranhando a pintura dela, ralei para deixa-la impecável:

— Deixa comigo. — Digo e tiro-a das mãos dele. Daryl sai e vai pegar a Triumph dele.

Depois que terminamos, ouvimos Shane chamar todos do grupo, vou até lá, mas fico atrás de todos. Ele diz o plano, fácil de entender, se tiver algum problema, buzinar e continuar em frente. Morales dá um passo para frente e diz que não irá conosco, mesmo não sabendo se ele é forte ou não, sabia que ele não iria sobreviver por um bom tempo, sozinhos e com crianças.

Mas, na verdade, nenhum de nós temos grandes chances.

–--*---

NARRADOR, ACAMPAMENTO DA PEDREIRA.

Kaya entra na caminhonete e se prepara para partir, o acampamento era calmo e bonito, mas a andança voltou, andar para sobreviver, é o que todos têm que fazer agora. Ela pega seu óculos escuros e o coloca. Kay sempre gostou de viajar, tirava fotos de todos os lugares, em sua mochila tinha três câmeras, quando teve tempo, fotografou o acampamento sem que ninguém percebesse. Isso era o que a fazia se acostumar com a realidade, suportar a si mesma, o que a segurava, mas isso não estava adiantando fazia um mês, cada vez mais Kaya tinha vontades estranhas, de pegar uma faca e acabar com tudo.

Não haviam viajado nem um quilometro, quando Daryl começa a falar, sem tirar muito a atenção da estrada:

— Eu sei que você está mentindo.

Kaya tira os óculos e o encara surpresa, não conseguia falar, apenas pensava em como ele havia descoberto isso, ou se Daryl estava jogando.

— Pessoas que chegam do exército ainda tem aquela postura de soldado, coisa que você tem bem pouco, como se já esteve na batalha, mas que faz um bom tempo. Então, o que você faz?

— Daryl, se eu menti, é por que eu tenho um motivo, e se tenho um motivo que é forte não irei contar para qualquer um. E você é um qualquer um. — Kaya responde com dureza, recuperando a sua postura séria.

— Acho que Rick não iria gostar de saber que você mentiu...

— Não, Daryl! Você não iria fazer isso! — Ela grita desesperada.

— Você está aqui pela misericórdia dele, e duvido que isso vai continuar se ele descobrir que você está mentindo.

— Okay, eu irei contar...

–--*---

KAYA, ESTRADA DE GEORGIA.

— Assim que sai da faculdade entrei para o exército, alguém deve ter me visto no campo para eu ser designada para a seção anti-terrorismo, eu ia para o campo, mas também ajudava na investigação, meu trabalho não era um dos melhores… eu era a torturadora. Logo o inimigo soube quem eu era, infelizmente ou felizmente, eu entrei na “lista”. Quem entra nessa lista, está morto. E tentaram me matar várias vezes, tenho cicatrizes em meu corpo por causa disso, tive que voltar quando quase morri a facadas. — Não queria dizer isso, parece tão sujo e tão privado, tão...eu. — Voltei, e o trabalho no escritório não era para mim, Richard conseguiu uma boa vaga em uma faculdade de medicina, me formei e fiquei dois anos de residência — Não contei tudo, claro que não. —, fui viajar por um tempo e não consegui voltar, por que tudo isso aconteceu.— Bufo e bebo um pouco de agua. — Feliz?

— Não — Daryl diz e vira por um segundo o olhar para mim, ainda dirigindo —, você não contou tudo.

— Eu contei.

— Não, sua boca faz uma forma estranha quando mente, acho que já sabe disso, pois é bem disfarçado, mas se prestar atenção pode percebê-lo. — Ele diz sem nem olhar para mim.

— Eu fui casada. — soltei de uma vez. — Me casei quando voltei por um tempo do Afeganistão. — Declaro e um peso saiu do meu peito, a muito tempo eu guardei isso para mim mesma — E eu não sai do exército por que fui esfaqueada, o que aconteceu foi que, depois que voltei a trabalhar minha base foi atacada e nos mantiveram reféns, não sei o que faziam com os homens, mas as mulheres eram humilhadas e as como eu, que possuíam informações, eram torturadas, ficamos uma semana e meia lá, onde fui esfaqueada — Lágrimas se formavam em meus olhos, não era fácil lembrar disso —, quando voltei eu era mais corpo que alma, não falava, não mexia, ficava dia e noite dento do quarto, fiquei dois meses assim, e em algum momento meu marido me deixou. Richard levou-me para LA, tive tratamento, quando finalmente estava bem fiz faculdade e segui minha vida. — Limpo as lágrimas que ameaçavam sair. — Pronto. Falei tudo que você devia e não devia saber, agora me deixe em paz.


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Notas finais do capítulo

Gostou?Odiou? Comente sua opinião! E fale o que achou da nova capa!! Kisses e até o próximo cap!