NARRADOR, ACAMPAMENTO DA PEDREIRA.

Kaya não conseguiu dormir bem, ter que dormir na mesma barraca que Daryl não foi uma coisa que ela pode dizer que gostou, pessoas a encarando também não. Kay queria fazer algo que mostrasse que sabia fazer algo, que era útil. Depois da conversa de Rick com Shane, ela percebeu que nem tudo ia ficar bem, que talvez ela tivesse que ir, mas ela não queria, dormir num com um travesseiro, comer direito, agua, tomar banho, isso era coisas que ela pensava que ia demorar para ter de novo.

— Hey, é melhor acordar — Daryl diz chacoalhando-a —, tem que fazer algo para as pessoas te ajudarem.

Kaya senta e se espreguiça, mesmo tendo pesadelos e tudo mais, ela sente que dormiu bem melhor que as últimas noites. Prende seu cabelo e coloca seus sapatos.

—Trouxe comida para você. — Daryl dá um copo de agua e algumas frutas. — Rick quer que você já saia da barraca trabalhando, o grupo não aceitou você muito bem.

— Vou fazer o quê? – Kaya pergunta, mordendo uma maça.

— Me ajudar com os zumbis, estão espalhados pelo acampamento, depois vou caçar, ai você vê com Rick o que fazer – Ele diz já tentando se livrar dela.

— Eu sei caçar, para sua informação.

— Sabe rastrear? – Daryl pergunta com tom de superioridade.

— Sim, eu sei. – Kay responde com o mesmo tom.

— Vem comigo e iremos ver se você é capaz. — Ele propôs. — Eu com minha besta e você com seu arco.

— Eu topo.

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RICK, ACAMPAMENTO DA PEDREIRA.

— Rick, essa garota tem que ir embora. — Shane diz quando nós se encontramos sozinhos. — Não vamos ajudar todas as pessoas que aparecerem.

— Ela não é qualquer pessoa, — Digo observando Kaya trabalhando junto com Daryl — Ela nos ajudou, protegeu Gleen e Daryl. Levou pontos nos ajudando.

— Rick, temos pessoas para proteger! – Shane quase grita – Sua família! Carl, Rick! Pense no Carl!

— Até agora ela não fez nada que me preocupasse. — Respondo no mesmo tom — Ela está trabalhando, e se fizer algo de suspeito eu mando ela embora. Certo?

— Isso não vai demorar muito... — Shane fala indo embora.

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KAYA, ACAMPAMENTO DA PEDREIRA.

Enfio meu machado na cabeça do 15º zumbi hoje, isso já estava ficando enjoativo. Eu e Daryl verificamos se o monstrinho está morto e T-Dog queima o corpo. As pessoas no acampamento ainda não falaram comigo, parece que eles não gostam da minha presença. Observo eles conversando, provavelmente sobre uma garota morta, a irmã não sai do lado dela:

— Qual é o nome dela? — Pergunto a Daryl.

— Amy, a irmã é Andrea. — Ele responde.

— Ela vai virar, não é? — Faço outra pergunta, sabendo a resposta.

— Bem, morta por mordida de andarilhos, com certeza. — Daryl diz, mas o que é andarilhos?

— Andarilhos? — Terceira pergunta do dia.

— Sim, zumbis que estão de passagem. — Ele responde pela terceira vez.

Fico quieta por mais um tempo, apenas trabalhando, o sol está muito forte, estou com sede, mas não quero pedir agua, nunca estive com tanta vergonha. Com todos me observando, me sinto vulnerável, como se estivesse nua em frente da plateia.

Um senhor vem em minha direção, quando ele fica na minha frente eu paro, para ele falar:

— Meu nome é Dale — Ele diz estendendo a mão. — Desculpe-me por não ter falado nada ontem, muita coisa aconteceu...

— Tudo bem. — Respondo atenciosamente, tenho que ser uma pessoa sensível no começo para depois mostrar quem eu sou. — Meu nome é Kaya.

— Rick disse que você era do exército! — Dale fala com curiosidade.

— Eu fiquei um tempo no Afeganistão... — Respondo com a verdade.

— Deve ter visto muitas coisas. – Ele diz.

— Eh, mas nada comparado ao que está acontecendo. — Declaro a ele.

— Com certeza — Dale fala, chega mais perto e sussurra. — Nem todos estão feliz com sua visita, alguns, como eu e Jacqui, concordamos em te ajudar, parece que fez um bom trabalho em Atlanta, mas os outros a acham perigosa. — Depois de afasta e sorri. — Até mais tarde, Kaya.

Volto a enfiar meu machado na cabeça de andarilhos, acho que agora vou ter que chama-los assim, até que faz sentido. A cada cabeça me dava vontade de vomitar, a cada tripa que saia meu café voltava, mas eu ficava firme. Minha cabeça latejava, coloquei rapidamente minha mão lá e vi que uns dos pontos se abrira. Que droga, que droga, que droga!

— Você está bem? – Gleen pergunta, nem tinha percebido que ele estava por aqui, na verdade ele estava na minha frente.

— Estou, apenas cansada. – Respondo, e claro que estou bem, um ponto aperto, não iria sangrar muito. — O sol está forte.

— Também acho. — Gleen diz e volta sua atenção a Daryl — Rick quer conversar com o grupo.

Como sabia que eu ainda não fazia parte do grupo, apenas continuei a fazer o que estava fazendo, enfiando a bosta do meu machado na malditas cabeças de montrinhos nojentos! As vezes observava eles, as vezes olhavam para mim, depois para a Amy, até que… uma mulher negra, que suponho que seja a Jacqui, começou a gritar algo, que alguém foi mordido, que um tal de Jim foi mordido. Claro que todos pararam de trabalhar e olharam para um homem com barba escura e boné.

Paro e fico observando, claro que depois de tudo isso a reunião continuou por muito tempo, Daryl tentou enfiar sua picareta na cara de Jim, mas mesmo isso sendo o necessário, não parece certo, claro que Rick apontou uma arma a ele. Gleen se aproxima e pede ajuda para enterrar o pessoal do acampamento que morreu.

— Muitas pessoas? — Pergunto.

— Apenas três...mas, sabe... — Gleen resposta num tom ameno.

— Não precisa falar mais nada, eu sei como é difícil... — Falo, bem quando Daryl chega.

— Ei, Kaya, vamos caçar? — Ele diz irritado.

— Claro! — Digo sorrindo, meu dia está muito monótono. — Gleen, precisa mais de ajuda?

— Não, pode ir – Gleen responde.

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KAYA, FLORESTA PERTO DO ACAMPAMENTO.

— Então, o que aconteceu lá? — Pergunto morrendo de curiosidade.

— Jim não nos contou que havia sido mordido, Andrea apontou uma arma para Rick e não quer sair da bomba-relógio que é sua irmã, Shane não quer você aqui, Rick quer ir para o CDC, novamente, Shane não concorda e quer ir para o Forte Benning e mais um monte de outras merdas. — Daryl responde super irritado.

— Okay. — Falo em tom baixo — Agora vamos ficar quietos, acho que ouvi alguma coisa.

Novamente o barulho acontece, passos, pode ser de um andarilho ou de outra coisa, vou em direção do que for e atiro uma flecha num tronco perto de onde deve ser, assim descobrimos que era um zumbi, atiro outra flecha, essa na cabeça do monstrinho. Me aproximo, retiro as duas flechas e limpo na grama.

— Um a menos — Sussurro para mim mesma.

— O quê? – Talvez eu tenha falado um pouco alto.

— Um a menos. — Digo mais alto — Vamos continuar.

Andamos cuidadosamente, sem fazer muito barulho para assustar os animais, o ar estava cheirando grama recém molhada, deve ter chovido não faz muito tempo, entre um ou dois dias, adoro esse cheiro, poderia ficar lá o dia todo, mas infelizmente não posso sobreviver sozinha, minhas olheiras e machucados por todo o meu corpo me lembram disso. Em algum momento os pássaros começaram a cantar, e estavam ficando cada vez mais perto.

— Podemos descobrir em qual arvore eles estão, assusta-los e talvez eu consiga um. — Sugiro levando em conta que, não temos nada depois de meia hora de caçada.

— Vamos tentar. — Daryl diz.

Seguimos o som até uma arvore, chego perto e vejo um sair correndo, apenas um, com certeza tem mais, ouço Daryl disparando a besta dele, vejo que ele acertou aquele pássaro. Depois dele pegar e guardar o corpo num saco eu entrego uma pedra a ele:

— Assuste-os. — Falo ao entregar a pedra.

Daryl joga a pedra na folhas da arvore, uma multidão de pássaros sai, atiro a flecha que já estava no arco, felizmente acerto um, pego outra flecha na aljava e atiro rapidamente, não consegui ver se acertei a segunda:

— Eu acertei? Não consegui ver.

— Acho que sim, vamos lá pegá-los.

Corremos em direção donde os pássaros caíram, ao ver dois começo a sorrir, pego ambos e coloco-os no saco. Voltamos a caçada, mas agora no caminho de volta, infelizmente quando pensava que iriamos voltar apenas com três pássaros, Daryl atira num coelho, nos deixando empatados.

— Então, acho que ninguém venceu... — Falo quando finalmente voltamos.

— Acho que eu venci, olha o tamanho do coelho e dos pássaros. — Daryl diz segurando o animal.

— Bom, eu peguei meus pássaros em movimentos! Isso deve dar uns bons pontos.

— Vamos voltar na coisa que ninguém venceu, vamos ver se eles resolveram se vamos partir.

Caminhamos em direção de Rick, que infelizmente estava com sua esposa e Shane. Ao chegarmos Daryl mostra a sacola:

— Três pássaros e um coelho — Daryl diz — Já resolveram para onde vamos?

— CDC, vamos partir depois de comermos, prepare as coisas. – Rick diz, Shane bufa, o que mostra que ele não gostou.

Gleen vem em nossa direção, seu rosto demonstra cansaço e tristeza, hoje foi um longo dia para eles:

— Amy voltou, Andrea atirou na cabeça dela. — Gleen nos atualiza — Jim quer ser amarrado num local e ser deixado para trás.

— Parece que muitas coisas aconteceram quando saímos... — Falo olhando para o chão, o sol volta a ficar forte.

— Nem tanto. — Gleen diz — Rick e Shane vão fazer a varredura, Daryl pode me ajudar a queimar o que restou dos corpos?

— Okay, Kaya? — Daryl concorda e me chama — Leva a sacola para Jacqui, ela vai fazer a comida.

— Certo — Respondo pegando a sacola.

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NARRADOR, ACAMPAMENTO DA PEDREIRA.

— Jacqui? — Kaya pergunta sem saber se era a pessoa certa.

— Sim? — A moça sentada perto da fogueira diz, confirmando que era ela. — Daryl disse para eu entregar a sacola de comida para você — Kay fala entregando a sacola de comida.

— Pelo jeito caçaram bastante coisa… Sente-se, querida!

Kaya faz o que ela diz e observa Jacqui limpar com facilidade a carne dos pássaros. Fica a observando por bastante tempo, até que Dale vem até ela.

— Eles estão demorando — Ele diz ao chegar. — Vou ir ver se eles estão bem. Kaya, vem comigo?

— Claro. — Kaya responde e se vira para Jacqui — Foi bom te conhecer.

— Posso dizer o mesmo também. — Ela fala sorrindo.

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KAYA, FLORESTA PERTO DO ACAMPAMENTO.

Dale e eu entramos para dentro da floresta, de acordo com ele, Rick e Shane estavam demorando.

Caminhamos no trajeto que Dale me mostrou, em pouco tempo avistamos Shane, apontando a arma para algo, ao chegar mais perto, vemos que não era algo, mas sim alguém, Shane estava apontando a arma para Rick.

Assim que ele nos vê, ri e tenta disfarçar:

— Daqui a pouco teremos que começar a andar com coletes brilhantes. — Shane diz rindo, mas nós não caímos nessa — Rick, vamos voltar!

Rick e Shane vão na frente, eu e Dale esperamos um pouco e continuamos, assim que chegamos puxo Dale para um canto.

— Dava para ver muito bem daquele lugar que ele estava. — Falo num tom baixo, apenas para Dale escutar — Shane sabia que estava apontando a arma para Rick.

— Eu sei, mas vamos deixar isso entre nós, ouviu? — Dale pergunta e fica sério.

— Certo. — Respondo, sabendo que isso não era certo.

Shane tentou matar Rick e tentaria novamente.